Pesquisadores já identificaram pelo menos duas variedades de cana-de-açúcar altamente suscetíveis à ferrugem alaranjada – doença provocada por um fungo do gênero puccinia e que, no Brasil, foi descoberta no mês passado tendo se propagado principalmente em lavouras da região oeste de São Paulo. Segundo especialistas, Mato Grosso do Sul deve ser o próximo a apresentar focos por fazer fronteira com aquele Estado. “Não há como fugir. Mato Grosso do Sul certamente apresentará casos da doença, pois, assim como a ferrugem da soja, os esporos do fungo se espalham pelo vento e estamos bem ao lado de municípios contaminados. É uma questão de tempo apenas”, afirmou o diretor da Associação de Bioenergia de MS (Biosul), Isaías Bernardini. Em São Paulo já há lavouras de cana com a ferrugem alaranjada em Presidente Prudente, Araçatuba e Ribeirão Preto, entre outras cidades. Para que o Estado não seja pego de surpresa pelo fungo, pesquisadores já iniciaram testes para minimizar os efeitos da doença. Segundo Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul, todos os segmentos do setor estão atentos e buscando alternativas. “Pesquisadores estão verificando as variedades mais resistentes, usinas e produtores estão em busca de informação para evitar variedades suscetíveis à ferrugem alaranjada”, informou. Atualmente três entidades brasileiras pesquisam inúmeras variedades existentes no País: a Rede Universitária para Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa), o Centro Técnico Canavieiro (CTC), e a Canavialis – empresa da Monsanto especializada em melhoramento genético da cana-de-açúcar. Variedades Como não há defensivo para a ferrugem alaranjada e o empenho do setor é que sejam criadas plantas resistentes, e não agrotóxicos que possam aumentar os custos e prejudicar o meio ambiente, pesquisas já levaram à identificação de, pelo menos, duas variedades que devem ser descartadas pelos produtores e usinas, pois são sensíveis à doença. Entre elas está uma pertencente ao tipo RB (República do Brasil), que há cerca de 30 anos é utilizada no mundo todo. Trata-se da RB 454, que atualmente é uma das três mais cultivadas em Mato Grosso do Sul e que também responde por 40% das lavouras de cana da Austrália – país onde a ferrugem alaranjada surgiu há cerca de 10 anos e em seguida se propagou pela América Central. A segunda mais sensível é uma variedade paulista, a SP 1115, criada pelo CTC. Esta é uma planta extremamente suscetível à doença e, segundo especialistas, terá que ser eliminada com o tempo ou aprimorada por novas pesquisas.