Política

CAMPO GRANDE

Folha secreta tem salário de R$ 88 mil por mês para servidora do 1º escalão

Comissionada do alto escalão recebe salário muito acima do vencimento de quem a nomeou, a prefeita Adriane Lopes

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Servidores do alto escalão do Poder Executivo de Campo Grande não têm encontrado dificuldade para receber altos salários. O Correio do Estado teve acesso, nesta semana, ao contracheque oculto de uma servidora de iniciais T.F.M.N.L., do alto escalão, que trabalha muito próxima da prefeita Adriane Lopes (PP) e que recebeu nada menos que R$ 88.384,67 em apenas um mês. O valor foi pago em novembro do ano passado.

Por tratar-se de folha de pagamento secreta, que tenta burlar a maioria dos mecanismos de transparência, não há como comprovar se os pagamentos além do teto do serviço público municipal, que é de R$ 21.263,62, continuaram ao longo deste ano.

O salário de R$ 21,2 mil que serve de teto para o serviço público do município de Campo Grande é, diga-se de passagem, o da prefeita Adriane Lopes, que deu a função de confiança à servidora que já chegou a ganhar R$ 88 mil em apenas um mês. 

O nome da servidora não será revelado para não violar informações protegidas por lei da beneficiária do pagamento. Não é a primeira vez, contudo, que o Correio do Estado denuncia a existência de uma folha de pagamento secreta na prefeitura. 

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Contradições

Coincidentemente, neste fim de ano, a prefeita Adriane Lopes tem alegado que não pode cumprir as reposições salariais de determinadas categorias de servidores públicos para não sair do limite estabelecido pela Emenda Constitucional n° 41/2003. 

Ou seja, com base no holerite obtido pela reportagem, o Executivo municipal está passando informações obscuras à Corte de Contas, e o fato merece um olhar mais apurado do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para fiscalizar a real existência de uma “folha secreta”.

Além disso, o holerite desmistifica também que a chefe do Executivo municipal não quis conceder reajuste do teto para alguns servidores para não agravar a já combalida folha salarial da prefeitura, pois os seus “apadrinhados” estão sendo muito bem remunerados.

Outro agravante é que a servidora comissionada em questão está tendo um vencimento muito superior ao de um vereador, que hoje recebe um salário bruto de R$ 18.991,69, e com uma vantagem, sem precisar disputar uma eleição.

TCE

Para encaminhar ofício à prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, e ao presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão, com uma recomendação cautelar a respeito do aumento de subsídios de agentes públicos, o conselheiro Márcio Monteiro, do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), alegou que foi verificado que as despesas com pessoal do Poder Executivo municipal, informadas no Relatório de Gestão Fiscal (3º quadrimestre de 2022), estão acima do teto de gastos previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Portanto, a garantia constitucional de revisão anual de vencimentos deve se limitar ao reajuste acumulado no período de um ano, e as alterações superiores implicam em aumento real ao funcionalismo. 

A recomendação cautelar diz que, nos projetos de lei que promovam aumento real ao funcionalismo, sejam observadas a necessidade de iniciativa do Poder Executivo, a existência de prévio e amplo estudo de impacto orçamentário e financeiro sobre todas as despesas de pessoal do

Poder Executivo municipal e a necessidade de dotação na Lei Orçamentária Anual e de previsão na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

O relator ainda destacou que deve ser observada a regra imposta pela LRF, que veda a concessão de aumentos ou reajustes quando as despesas com pessoal já tenham excedido 95% do teto. 

De acordo com o relatório divulgado pelo TCE-MS em abril, a documentação apresentada anteriormente pela prefeitura da Capital demonstrou que a despesa total com pessoal nos exercícios de 2021 e 2022 atingiu, respectivamente, 59,16% e 57,02% da receita corrente líquida ajustada, ficando acima do limite estabelecido pela LRF, que é de 54%.

De lá para cá, porém, nada foi feito para mudar a situação. 

Sem transparência

No documento apresentado pela prefeitura, a equipe de fiscalização da Corte de Contas detectou outras inconsistências, como ausência da consolidação dos cargos e sua publicidade no Portal da Transparência, cargos comissionados sem a descrição das atribuições ou com atribuições genéricas, transformação de cargos efetivos por ato infralegal e elevado volume de contratação temporária de pessoal.

Também foram detectadas irregularidades ou ilegalidades que podem ter causado a elevada despesa com as folhas de pagamento de 2022, Portal da Transparência sem o cumprimento dos requisitos legais, não encaminhamento das remessas obrigatórias de dados e documentos de atos de pessoal ao TCE-MS, despesa com pessoal do exercício de 2022 apurada conforme folhas de pagamento incompatíveis com a despesa executada orçamentariamente e despesas que indevidamente não passaram pela execução orçamentária.

Diante disso, a Corte de Contas determinou à atual gestora responsável pela prefeitura a correção e a retificação dos dados e das informações constantes nas folhas de pagamento encaminhadas, bem como a realização de estudo técnico para análise de eventual alteração na lei que regulamenta os cargos públicos, para estabelecer e delimitar minuciosamente as atribuições de seus cargos e funções de confiança.

O Tribunal de Contas ainda solicitou a abstenção de admissões de servidores comissionados cujos cargos não têm atribuições claramente definidas em lei até a regularização legislativa e a revisão de seus atos normativos e administrativos que dispõem por ato infralegal sobre a criação, a transformação e a alteração dos cargos públicos efetivos.

Solicitou também a realização de profundo estudo técnico para averiguar o quantitativo real de servidores para atender às suas necessidades, com o objetivo de elaborar e apresentar um plano de providências ou estratégico para o saneamento do elevado número de contratações temporárias, inclusive contemplando a viabilidade da realização de concurso público.

Também foi pedido que cessem os pagamentos das gratificações de dedicação exclusiva e de representação aos servidores comissionados e das gratificações por encargos especiais e de dedicação exclusiva aos servidores contratados por tempo determinado e que, até a devida regulamentação legislativa da matéria, cessem os pagamentos de todas as gratificações e jetons que, somados, ultrapassem o salário-base dos servidores públicos municipais (o salário da prefeita), o que não foi respeitado, conforme indicam os holerites secretos a que o Correio do Estado teve acesso. 

Outros casos

Também no ano passado, este veículo mostrou que servidores do primeiro escalão tiveram rendimento líquido de R$ 51.749 em novembro e têm folha de pagamento oculta, documento que não é disponibilizado no Portal da Transparência do município. 

Para inflar o supersalário pago a secretários, secretários-executivos e outros servidores escolhidos pela administração, a Prefeitura de Campo Grande atribui rubricas suspeitas e pouco transparentes para justificar o pagamento do salário extra para seus funcionários, como jetons e encargos especiais. 

No ano passado, uma secretária, também integrante do primeiro escalão, teve o supersalário de R$ 51,7 mil (R$ 54,7 mil no valor bruto). O mês também foi novembro de 2022.

No primeiro contracheque em que o servidor ou servidora faz jus à sua função de secretário municipal, foram pagos R$ 17.285,85 líquidos, no mês de novembro. 

A decomposição desse contracheque ocorre da seguinte forma: R$ 11.818,70 decorrem da função de secretário ocupada pelo gestor, outros R$ 4.647,00 entraram em uma rubrica chamada de “liquidação da Emha” e ainda há R$ 3.944,41 de indenização de transporte. 

Depois são aplicados os descontos de Imposto de Renda e para a Previdência Social. Esse primeiro contracheque é o que normalmente é lançado no Portal da Transparência.

Ocorre que, em consulta feita ontem pelo Correio do Estado no Portal da Transparência, nem os valores e tampouco o integrante do primeiro escalão foram encontrados. 

JETONS E ENCARGOS

O problema mesmo é o segundo contracheque, que não aparece no Portal da Transparência e garante ao ocupante do cargo do primeiro escalão a renda bem superior ao teto do serviço público, que atualmente é de R$ 39 mil.

Somente nessas rubricas especiais, foram pagos R$ 34.454 ao ocupante do primeiro escalão da administração de Adriane Lopes. Esse ganho a mais (oculto da maioria da população) supera o salário líquido declarado da prefeita, que em outubro foi de R$ 15.684,90.

Somente de jetons, que são as verbas que o poder público paga para pessoas que participam de conselhos deliberativos (normalmente elas participam de reuniões), foram 
R$ 9.740.

De encargos especiais, o mesmo servidor de primeiro escalão ganhou mais 
$ 24.713. Os valores estão declarados nas seguintes rubricas: “Gapre C Social”, “Sefin Recupera Econon”, “Seges Controle e Conven”, “Segov Assessoria Técnica e Jurídica” e também de um encargo relativo a trabalhos prestados à Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).

MAIS CASOS

O Correio do Estado também teve acesso a mais contracheques ocultos emitidos pelo município de Campo Grande. Nos bastidores, servidores que recebem apenas o “pagamento por dentro” têm se queixado da “injustiça” praticada pelo primeiro escalão do município de Campo Grande.

CADEIRA COBIÇADA

Quatro deputados estaduais "brigam" por Primeira-Secretaria da Assembleia

Para a presidência da Casa de Leis, o nome de Gerson Claro (PP) é consenso para ficar por mais dois anos no comando

18/09/2024 08h00

A nova composição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa está na pauta dos parlamentares

A nova composição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa está na pauta dos parlamentares Foto: Luciana Nassar/alems

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Mesmo com as eleições municipais tomando a maior parte das agendas dos deputados estaduais, as articulações para a escolha dos novos componentes do segundo mandato da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) continuam movimentando os bastidores da Casa de Leis.

Se no fim do mês de maio o Correio do Estado divulgou com exclusividade que o assunto já estava a todo vapor nos gabinetes e nos corredores da sede do Poder Legislativo, agora, faltando apenas cinco meses para o fim do primeiro mandato de dois anos, a questão entrou em ebulição, e há quatro nomes interessados na Primeira-Secretaria da Alems.

Segundo informações obtidas pela reportagem, o atual presidente, deputado estadual Gerson Claro (PP), será reconduzido ao cargo, porém, mais uma vez, não há consenso sobre o segundo cargo mais importante da Casa de Leis, que hoje é ocupada pelo deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB), que está tentando continuar na cadeira.

FOGO AMIGO

O Correio do Estado apurou que, para infelicidade do parlamentar tucano, pelo menos até o momento, o seu nome não é consenso, e ele enfrenta concorrência dentro do próprio ninho, pois tanto o deputado estadual Zé Teixeira quanto o deputado estadual Jamilson Name estão em plena campanha pela Primeira-Secretaria.

Até maio, a deputada estadual Mara Caseiro, também tucana, estaria propensa a ingressar nessa “briga”, mas decidiu pensar melhor e teria informado aos colegas que não tem mais esse interesse.

Porém, em seu lugar surgiu um novo nome, e com grandes chances de embolar a disputa: o deputado estadual Coronel David (PL).

A indicação do nome do parlamentar nem partiu do próprio, mas de um grupo de colegas do Legislativo que enxergam no oficial da Polícia Militar a melhor opção e já teriam conseguido convencê-lo da empreitada. 
Portanto, a “guerra” pelo cargo terá pesos pesados no fronte, dificultando a construção de uma chapa de consenso.

FIM DE CICLO

Se Coronel David representa o novo dentro da Casa de Leis, o mesmo não pode ser dito do atual primeiro-secretário, Paulo Corrêa, nem de um dos postulantes, o deputado estadual Zé Teixeira.

Entretanto, Zé Teixeira, apesar da idade, não enfrenta a rejeição de Paulo Corrêa junto aos demais parlamentares. Para a maioria dos deputados estaduais, o ciclo do atual primeiro-secretário já teria acabado e chegou a hora de renovação, abrindo espaço para um novo nome dentro da atual legislatura.

Para ser o escolhido em fevereiro de 2023, fontes ouvidas pelo Correio do Estado garantem que Paulo Corrêa teve de recorrer ao ex-governador Reinaldo Azambuja, presidente estadual do PSDB, para que os colegas Jamilson Name e Mara Caseiro abrissem mão da disputa pela Primeira-Secretaria da Casa de Leis.

SEM CARTA NA MANGA

Na época, a reportagem foi informada que Azambuja teria dito para Corrêa que aquele teria sido o derradeiro pedido dele, portanto, nas próximas eleições da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, marcadas para fevereiro de 2025, o parlamentar não terá a quem recorrer e será obrigado a enfrentar uma disputa no voto.

A reportagem ainda recebeu informações de que também poderá haver trocas nos demais cargos da Mesa Diretora, que hoje tem, além de Gerson Claro e Paulo Corrêa, os deputados Renato Câmara (MDB), como 1º vice-presidente, Zé Teixeira (PSDB), como 2º vice-presidente, Mara Caseiro (PSDB), como 3ª vice-presidente, Pedro Kemp (PT), como 2º secretário, e Lucas de Lima (PDT), como 3º secretário.

ENTENDA

Conforme o artigo 25 do regimento interno da Assembleia Legislativa, os deputados que compõem a Mesa Diretora são escolhidos pelo corpo parlamentar por meio de votação nominal e aberta. Os eleitos cumprem mandato de dois anos, permitida a reeleição.

O ano de 2025 não é de encerramento da Legislatura, mas é de encerramento de mandato da atual Mesa Diretora e, por isso, será necessária a realização de uma nova eleição. 

Saiba

O primeiro-secretário é responsável pelos serviços administrativos e por supervisionar procedimentos ligados à gestão interna da Casa de Leis, tais como a fiscalização das despesas, a inspeção dos trabalhos, a verificação de comparecimento dos parlamentares, a leitura de ofícios das autoridades e, também, o recebimento das correspondências destinadas à Assembleia Legislativa.

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Política

CNJ autoriza recurso do Judiciário para combate às queimadas

Repasse será arrecadado com multas e penas pecuniárias

17/09/2024 20h00

CNJ autoriza recurso do Judiciário para combate às queimadas

CNJ autoriza recurso do Judiciário para combate às queimadas Rafa Neddermeyer

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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) autorizou nesta terça-feira (17) o repasse de recursos arrecadados pelo Poder Judiciário com multas e penas pecuniárias para o combate às queimadas em todo o país.CNJ autoriza recurso do Judiciário para combate às queimadasCNJ autoriza recurso do Judiciário para combate às queimadas

Durante a sessão de hoje, o CNJ também decidiu que juízes de todo o país deverão dar prioridade ao julgamento de processos sobre a punição de infrações ambientais e de medidas cautelares para busca a apreensão e prisões preventivas envolvendo o tema.

O repasse dos valores deverá ser feito nos moldes do modelo adotado pelo Judiciário para socorrer a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, órgão que ficou responsável pela assistência aos atingidos pelas fortes chuvas que inundaram parte do estado em maio deste ano. Cerca de R$ 198 milhões foram repassados.

Ontem (16), o presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, cobrou seriedade do Poder Judiciário no combate às queimadas criminosas no país.

Durante discurso proferido na abertura da reunião do Observatório do Meio Ambiente e de Mudanças Climáticas do conselho, Barroso disse que recebeu um telefonema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que demonstrou preocupação com a impunidade de quem pratica queimadas dolosas.

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