Política

TENTATIVA DE GOLPE

Julgamento de Bolsonaro sensibiliza a direita e entusiasma a esquerda em MS

Parlamentares bolsonaristas criticam o STF, enquanto os petistas acreditam que será feita justiça contra ex-presidente

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Começa na manhã hoje, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), o julgamento de Jair Messias Bolsonaro (PL), o primeiro ex-presidente da República na história do Brasil a enfrentar a Justiça por tentativa de golpe de Estado. O ineditismo do ato mexeu com as vertentes da direita e da esquerda política em Mato Grosso do Sul.

Para os parlamentares bolsonaristas, é motivo de lamentação o futuro político do ex-presidente estar nas mãos de cinco ministros do Supremo que iniciam o julgamento da Ação Penal nº 2.668, que apura a participação de Bolsonaro e de sete aliados da cúpula de seu governo em uma trama para anular o resultado das eleições presidenciais de 2022 e mantê-lo no poder.

Já para os petistas o julgamento fará justiça contra o ex-presidente, pois a acusação tem como base as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) ao longo de dois anos, centradas sobretudo na delação premiada do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, as quais motivaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) fazer a denúncia apontando os crimes de organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência ou grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Na avaliação do senador Nelsinho Trad (PSD), o julgamento, apesar de complexo por todas as circunstâncias que o envolve, com pessoas sem direito a foro privilegiado julgados como se detentores fossem, tem uma celeridade que no mínimo causa estranheza. 

“Esse filme já se viu e acabou com o julgamento anterior do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sendo anulado. Tudo isso dá, no mínimo, uma sensação esquisita de se procurar respostas rápidas, talvez com outros objetivos”, lamentou.

Ele ressaltou que, em 8 de janeiro de 2023, dia da invasão à Praça dos Três Poderes, em Brasília, o principal acusado dentre os réus já não era mais presidente, portanto, não poderia ser julgado em instância de detentores de foro privilegiado. 

“Assim como inúmeras pessoas que por lá estavam, penso também que aqueles que depredaram patrimônio público (e se tem imagens da grande maioria que assim agiu), deveriam, sim, serem julgados nas instâncias corretas e responsabilizados pelos danos causados”, conclamou.
Nelsinho completou que, “infelizmente, essa pauta toda está sendo tóxica para o desenvolvimento do País, do nosso Estado e dos nossos municípios”. 

“Não se fala em outra coisa e as pautas importantes para o Brasil ficam sobrestadas. Apesar de estar torcendo para acabar logo, sinto que o julgamento desse primeiro grupo (ainda terão mais três) será longo e as pautas importantes serão sempre postergadas. Uma situação muito ruim para todos”, afirmou.

DIREITA

O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) pontuou que tem observado esses acontecimentos com bastante indignação. “Nota-se um movimento gradual, que alguns interpretaram como uma forma de ‘dessensibilização coletiva’, em que determinadas medidas vão sendo introduzidas pouco a pouco. Nesse cenário, o presidente Bolsonaro foi enfrentando restrições progressivas e hoje está preso”, criticou.

Para ele, apesar de todas as dificuldades, todo o prestígio e apoio popular que Bolsonaro conquistou não foram abalados. 

“Ele segue sendo uma das maiores lideranças políticas do Brasil e alguém que marcou a história como um dos maiores puxadores de votos. Esses acontecimentos, em vez de diminuírem sua força, acabam reforçando a imagem que tem diante de milhões de brasileiros, que o veem como um homem que não se envolveu em esquemas de corrupção e que representa uma oposição real e consistente no cenário político nacional”, assegurou.

Já o deputado federal Marcos Pollon (PL) disse que “não é o início do julgamento, mas o início da condenação de Bolsonaro”. 

“Bolsonaro já foi prejulgado sem acesso ao devido processo legal, sem direito ao contraditório, a partir de fatos criados pela imaginação doentia de Alexandre de Moraes [ministro do STF], com objetivo de colocar medo na população. Isso tudo nada mais é do que tentativa de humilhar o maior símbolo de toda direita do Brasil”, argumentou. 

No entendimento do parlamentar, o brasileiro está vivendo uma ditadura. “Estão perseguindo a oposição para não terem concorrentes nas eleições gerais do próximo ano. A história vai julgar o ministro Alexandre de Moraes e será colocado na mesma prateleira que outros ditadores”, assegurou.
O também deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP) completou que a Justiça deve ser instrumento da verdade e não da perseguição política. 

“Todos os condenados legitimamente, com trânsito em julgado, devem cumprir suas penas. Esse é o princípio da ordem e da legalidade, entretanto, o que se vê no Brasil é um contraste inaceitável: Lula, condenado em várias instâncias, foi solto e reabilitado politicamente, enquanto Jair Bolsonaro, sem prova de crime e sem sentença definitiva, é alvo de um processo arbitrário que atropela o devido processo legal. Dois pesos e duas medidas”, comparou. 

No julgamento em curso, de acordo com o parlamentar bolsonarista, os brasileiros estão presenciando a mais grave distorção jurídica do Direito: “Um ministro que se coloca como acusador, juiz e promotor ao mesmo tempo”. 

“Essa prática fere frontalmente a Constituição Federal, desrespeita garantias fundamentais e revela o que chamo de ditadura de toga. Não há democracia sem imparcialidade da Justiça”, reiterou.
Conforme o Dr. Luiz Ovando, “o povo brasileiro não pode aceitar que a Suprema Corte se transforme em palco de prepotência e perseguição”. 

“A arrogância precede a ruína e a prepotência a queda [Provérbios 16:18]. Minha aspiração, como cidadão e deputado federal, é de que o Brasil retorne aos trilhos da verdadeira Justiça – aquela que pune com rigor os culpados, mas que também protege os inocentes contra abusos de poder”, pontuou.

PREOCUPAÇÃO

Com relação ao julgamento de Bolsonaro, o deputado estadual Coronel David, presidente do PL em Campo Grande, disse que vai acompanhar com muita atenção, mas não pode deixar de registrar a preocupação com a forma como tudo vem sendo conduzido. 

“Infelizmente, temos visto um processo que mais parece de cartas marcadas, em que a decisão já está predefinida contra o ex-presidente Bolsonaro”, lamentou.
No entender do parlamentar, o ministro Alexandre de Moraes, que deveria atuar com equilíbrio e imparcialidade, assumiu um protagonismo excessivo, acumulando papéis de investigador, acusador e julgador. 

“Isso compromete a confiança da sociedade na Justiça e levanta sérias dúvidas sobre o respeito ao devido processo legal e às garantias constitucionais”, afirmou.

Para ele, a decisão que vir desse julgamento terá reflexo direto no cenário político e para as eleições de 2026. “É importante dizer que a força das ideias, o apoio popular e o desejo de mudança não se anulam por decisões judiciais. O que precisamos é de eleições livres, com todos os atores políticos tendo o direito de disputar, e não de um jogo manipulado pelo Judiciário. Quem deve decidir o futuro do Brasil é o povo, nas urnas, e não um tribunal fechado em Brasília”, ressaltou.

Colega de partido, o deputado estadual Neno Razuk afirmou que sua expectativa era de que houvesse um julgamento justo, em que seriam reconhecidas todas as folhas do processo. “O presidente Bolsonaro é inocente, mas, pelo que a gente acompanha, já dá para sentir um prejulgamento contra ele, principalmente pelas posições que o STF vem tomando, e creio que a anistia seria um caminho de pacificação para acabar com essas injustiças”, destacou.

Neno Razuk acrescentou que, na sua visão, todo o sistema judiciário brasileiro atualmente está prejulgando as pessoas e isso, ao seu ver, precisa de uma reformulação. “Se isso acontece com pessoas de forte influência política, imagina o que não acontece com pessoas sem projeção pública, com os cidadãos comuns. Por isso, eu defendo que uma mudança no sistema judiciário é necessária”, sugeriu.

ESQUERDA

Para os parlamentares mais à esquerda, o julgamento representa o momento mais crítico para o ex-presidente desde que deixou o Palácio do Planalto, e a provável condenação pode levar não apenas a uma longa pena de reclusão de até 43 anos, mas selar sua inelegibilidade, já imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em outra ação.

No entendimento do deputado federal Vander Loubet, presidente estadual do PT, o julgamento do ex-presidente Bolsonaro está seguindo todo o rito jurídico necessário. 

“Inclusive, ele está tendo direito a um julgamento imparcial e baseado em provas, coisa que o presidente Lula não teve, pois o ex-juiz Sérgio Moro estava em conluio com setores do MPF [Ministério Público Federal], manipulando e direcionando todo o processo que fez com que Lula fosse preso, Bolsonaro fosse eleito e ele [Moro]se tornasse ministro da Justiça”, relembrou.

Vander Loubet ainda acrescentou que o julgamento de Bolsonaro não deve atrapalhar as eleições gerais do próximo ano. “Vejo pouca interferência, afinal, o ex-presidente Bolsonaro já está inelegível por conta de outras ações, então, a prisão – ou não – dele não deve afetar aqui o que está se desenhando para 2026”, projetou.

Para o deputado estadual Zeca do PT, o Brasil vive um momento histórico importante, peculiar e diferenciado. “Afinal, pela primeira vez, um ex-presidente vai ser julgado – com seus comparsas, incluindo vários militares de alta patente – por atentado à democracia brasileira, ao Estado Democrático de Direito. Entendo que o processo foi tranquilo, com amplo direito de defesa e do contraditório. Vamos aguardar o julgamento e que se faça justiça a partir das provas que foram coletadas”, afirmou.

Na análise do deputado estadual Pedro Kemp (PT), o Brasil não pode mais conviver com tentativas de golpe e ameaças às instituições democráticas. “Por isso, espero que o julgamento do ex-presidente Bolsonaro e do chamado núcleo crucial do golpe resulte na condenação dos envolvidos e que sirva de exemplo para as futuras gerações de que não vale a pena apostar em saídas autoritárias para nossos problemas”, garantiu.

Ele acrescentou que o Brasil é uma potência econômica e exerce hoje uma liderança importante no cenário político internacional, por meio da respeitabilidade conquistada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Precisamos dizer ao mundo que nossas instituições funcionam e a justiça prevalece”, destacou.

O deputado federal Geraldo Resende (PSDB) acredita que o julgamento de Bolsonaro está sendo bem encaminhado. “Eu espero que haja, de fato, um bom debate, que haja o princípio do contraditório, que ele possa ofertar a sua defesa e que esse julgamento definitivamente possa ser um julgamento pedagógico para as futuras gerações de brasileiros”, relatou. 

Geraldo Resende completou que os brasileiros precisam entender e respeitar os processos democráticos no País. “E o que aconteceu dia 8 de janeiro de 2023 foi um desrespeito muito evidente às instituições brasileiras. Então, esse julgamento, certamente, vai marcar não só as eleições de 2026, mas a história deste País. Se queremos ser um país sério, é preciso, de fato, termos um julgamento correto, com toda a ampla defesa, e que o veredito final seja acatado pelo conjunto da população brasileira”, finalizou.

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CÓDIGO DE CONDUTA

CNJ proíbe juiz coach e limita participação em eventos e cursos

Conselheiro da OAB-MS no CNJ, Mansour Karmouche explicou que a medida foca quem faz promoção pessoal

13/12/2025 08h00

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF)

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF) Divulgação

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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou em setembro e entrou em vigor este mês a Resolução nº 650/2025, que regulamenta em todo o Poder Judiciário como os magistrados podem atuar como docentes e participar de eventos, reforçando limites para evitar conflitos com o expediente forense e com a independência judicial.

Pelo texto, magistrados da União e dos estados continuam proibidos de exercer outro cargo ou função, ainda que com disponibilidade, com exceção do magistério.

Mesmo assim, a atividade docente fica condicionada à compatibilidade de horários com o trabalho no fórum.

A regra vale também para o ensino a distância (EAD), que deverá seguir os mesmos princípios do formato presencial, incluindo a exigência de conciliação com o expediente forense.

A resolução determina ainda que cada tribunal deverá regulamentar o limite máximo de carga horária semanal dedicada à docência de EAD, levando em conta “peculiaridades locais”.

Além disso, fica vedado ao magistrado exercer cargo administrativo ou técnico em instituição de ensino, com exceção de funções como coordenação de curso, projetos de pesquisa e extensão, ou atividades em escolas de aperfeiçoamento dos próprios tribunais e entidades vinculadas.

Um dos pontos centrais é a proibição explícita da prática de coaching e atividades similares para preparação de candidatos a concursos, mesmo quando envolvam conteúdos jurídicos.

O CNJ estabelece que esse tipo de serviço – descrito como treinamento organizado e oneroso voltado a “objetivos predefinidos”, como aprovações e ganhos – não é considerado docência e, por isso, é vedado a magistrados.

A norma equipara ao coaching a assessoria coletiva via mídias e redes sociais quando houver monetização digital ou captação de clientela para venda de produtos e serviços.

Há, porém, uma ressalva: mentoria gratuita, individual ou coletiva, direcionada a alunos de políticas afirmativas construídas no âmbito do CNJ e voltada à pluralização do perfil da magistratura, não é tratada como coaching, mas deverá ser formalmente comunicada ao tribunal competente, em registro eletrônico.

Para atividades regulares de docência em instituições de ensino, o magistrado terá de registrar eletronicamente no tribunal informações como entidade, horários e disciplinas ministradas, preferencialmente no início de cada semestre, mantendo os dados atualizados.

O CNJ e a Corregedoria Nacional de Justiça farão acompanhamento periódico dessas informações.

A resolução também amplia o conceito de atividade docente para fins de controle: participação de magistrados como palestrantes, conferencistas, moderadores, debatedores, integrantes de comissão organizadora, membros de bancas de concurso e de comissões de juristas (inclusive instituídas pelo Legislativo ou o Executivo) passa a ser considerada docência.

EVENTOS

Uma exceção é criada para participações virtuais breves e não remuneradas: eventos online (ao vivo ou gravados) de até 20 minutos, em horário compatível com o expediente, ficam dispensados do registro eletrônico.

No capítulo sobre eventos, o CNJ estabelece que congressos, seminários, simpósios e encontros similares promovidos, realizados ou apoiados por conselhos e tribunais devem observar princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

O texto permite patrocínio de empresas com fins lucrativos até o limite de 30% do custo total do evento e autoriza patrocínio parcial ou total por entidades filantrópicas e fundações de direitos humanos, desde que compatíveis com o tema.

Já quando o evento for promovido ou subvencionado por entidade privada com fins lucrativos e houver custeio de transporte e hospedagem, a participação de magistrados fica limitada a papéis específicos, como comissão organizadora ou atuação como palestrante, moderador e debatedor – com exceção para eventos custeados exclusivamente por associações de magistrados.

A resolução ainda prevê a possibilidade de magistrados receberem premiação da administração pública ou de entidades sem fins lucrativos por obra jurídica ou prática inovadora de interesse da administração judiciária, desde que não haja comprometimento da independência funcional.

Também admite o recebimento de itens de cortesia em situações específicas, desde que o valor patrimonial não descaracterize o caráter simbólico.

ANÁLISE

Segundo Mansour Elias Karmouche, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional em Mato Grosso do Sul (OAB-MS) e conselheiro federal no CNJ, essas restrições aos magistrados foram o último ato do ministro Luís Roberto Barroso, antes de se aposentar do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A medida foca os magistrados que costumam promover e oferecer cursos paralelos de mentoria e coaching, e, a partir de agora, essa prática foi completamente vedada. A proibição está alinhada a um código de conduta para magistrados, com o magistério ainda sendo aprovado, mas não podendo mais participar das redes sociais na capacidade de empreendedores”, detalhou.

Mansour Karmouche reforçou que a resolução chega em um momento de necessidade de mais transparência no sistema judicial brasileiro e foca a preocupação sobre potenciais conflitos de interesse dos magistrados.

“A partir de agora, todos os magistrados que participam de eventos precisam registrar e comunicar informações, incluindo valores recebidos e patrocinadores. Isso é importante para a segurança da sociedade, porém, infelizmente, a resolução se aplica apenas até o Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois o STF está fora do alcance das regulamentações do CNJ”, pontuou.

O conselheiro federal da OAB no CNJ destacou que o ministro Luiz Edson Fachin, presidente do STF, pela limitação do conselho, propôs uma resolução específica para disciplinar a participação dos magistrados do Supremo.

“Essa proposta surgiu, em parte, após uma viagem controversa do ministro Dias Toffoli, que gerou grande polêmica”, recordou.

Fachin tem apresentado a ministros da Corte a intenção de criar um código de conduta para integrantes de tribunais superiores, como na Alemanha, onde o Tribunal Constitucional elaborou um código de conduta em 2017.

São 4 artigos e 16 itens no total, que são um conjunto de regras para os integrantes da Corte considerada a guardiã da Constituição alemã e que tem inspirado o ministro Fachin.

O primeiro artigo do Código de Ética alemão diz que: “Juízas e juízes devem se comportar, dentro e fora de suas funções, de modo a não prejudicar o prestígio do Tribunal, a dignidade do cargo e a confiança em sua independência, imparcialidade, neutralidade e integridade”.

O texto afirma que precisa existir um “zelo para que não surja qualquer dúvida quanto à neutralidade perante grupos sociais, políticos, religiosos ou ideológicos”. Ele cita também o cuidado com as “relações pessoais”.

O código tem, ainda, um parágrafo sobre a ética de aceitar presentes: “Juízas e juízes só aceitam presentes e benefícios de qualquer tipo apenas na medida em que isso não possa gerar dúvidas sobre sua integridade pessoal e independência”.

Diz também que os magistrados podem “receber remuneração por palestras, pela participação em eventos e por publicações somente e apenas na medida em que isso não prejudique o prestígio do Tribunal nem gere dúvidas quanto à independência, à imparcialidade, à neutralidade e à integridade de seus membros” e que “os rendimentos obtidos em atividades extrajudiciais devem ser divulgados”.

Por determinação do Código de Ética alemão, esses dados são públicos e ficam liberados para consulta. A tabela de 2024 é a mais recente disponível.

Mostra exatamente o quanto cada integrante do Tribunal Constitucional da Alemanha ganhou em atividades fora do Judiciário – publicação de livros e artigos, palestras, participações em eventos independentes.

O código também determina que os magistrados da Corte não podem emitir pareceres sobre questões de direito constitucional nem fazer previsões sobre o resultado de processos pendentes ou que podem vir a ser decididos pelo Tribunal.

O texto prevê ainda regras para depois do término do mandato. Fala, por exemplo, que os juízes não podem assumir atividades de consultoria nem emitir pareceres técnicos no primeiro ano fora do Tribunal e que, mesmo depois desse período, está vedada a atuação em casos da Corte para não dar a impressão de utilização indevida de conhecimentos internos.

O Reino Unido também tem código de ética para magistrados de tribunais superiores.

O documento determina que os juízes são expressamente proibidos de aceitar remuneração por atividades extrajudiciais e tem uma parte específica que fala o que é preciso ser levado em conta para que um magistrado se declare impedido de julgar uma determinada ação.

Nos Estados Unidos, a Suprema Corte adotou um código de ética em 2023, depois que reportagens revelaram que juízes ocultaram ter recebido presentes e benefícios de empresários. Um dos magistrados é Clarence Thomas, que está na Corte desde 1991.

Segundo investigações de agências de notícias do país, ele aceitou, durante anos, viagens de luxo pagas por um bilionário texano, que comprou uma casa do juiz. A transação não foi informada às autoridades. O código americano estabelece, por exemplo, que juízes precisam explicar os motivos de se declararem impedidos de julgar um caso.

Logo no início, o texto afirma: “A ausência de um código levou à falsa impressão de que os juízes desta Corte se consideram imunes a regras éticas. Para acabar com essa percepção enganosa, estamos publicando esse código, que representa uma codificação dos princípios que nós sempre respeitamos”.

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advogados e juristas

Prerrogativas homenageia Tebet e a convida para integrar chapa lulista em SP

"Nesta política do Brasil precisa ter coragem. E coragem não me falta", declarou Simone depois de ser convidada para mudar domicílio eleitoral para SP

13/12/2025 07h23

Simone Tebet recebeu homenagem de grupo de juristas ao lado de Geraldo Alckmin e Fernando Hadad

Simone Tebet recebeu homenagem de grupo de juristas ao lado de Geraldo Alckmin e Fernando Hadad

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Uma homenagem do grupo Prerrogativas a Simone Tebet (MDB), Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) voltou a flertar com a possibilidade de ter os três ministros em uma chapa em São Paulo como palanque de Lula na eleição do ano que vem. Atualmente, o título eleitoral de Simone Tebet está em seu Estado natal, o Mato Grosso do Sul. 

Em evento com tom de campanha eleitoral, os três foram citados pelo coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, como representantes da frente ampla que deu a vitória a Lula em 2022 e como trunfos para a eleição de 2026. O Prerrogativas é formado por advogados e juristas pró-PT e ampliou sua influência no governo com a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"Nós vamos ganhar em São Paulo e no Brasil, em todos os Estados. Essa é a aliança pela democracia que vai vencer as eleições em 2026", disse Carvalho. Em uma referência indireta às crises recentes envolvendo o Congresso, ele também afirmou que Lula é o único adulto na sala e não quer "abocanhar" as competências dos outros Poderes.

"É um luxo para São Paulo ter três opções. É uma chapa que representa a união da direita civilizada, da centro-direita, centro-esquerda e esquerda em torno das instituições e da defesa da democracia", disse Carvalho ao Estadão.

Questionado se a ministra do Planejamento estaria disposta a mudar o domicílio eleitoral para São Paulo, respondeu: "Eu acho que ela estava esperando o chamado. Hoje nós fizemos o chamado para ela se apresentar à população de São Paulo. O Prerrogativas dá sorte". O grupo fez parte da articulação que levou Alckmin a vice de Lula em 2022.

Apesar de o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ter lançado sua pré-candidatura à Presidência há poucos dias, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) segue sendo alvo preferencial do PT e foi citado pelo menos duas vezes em discursos no palco.

Haddad lembrou a declaração de Lula direcionada ao governador mais cedo nesta sexta-feira, de que os prognósticos de especialistas para a economia não se concretizaram. Marco Aurélio também fez críticas à gestão de Tarcísio em São Paulo.

"Hoje o presidente Lula falou uma coisa muito importante. Ele falou olhando pro governador de São Paulo: ‘Você viu Tarcísio que todos os prognósticos feitos por economistas não deram certo?’", disse Haddad. "Não é comemorar que o caras que apostaram contra o Brasil estavam errados. É comemorar que nós demos certo", continuou.

Haddad resiste a ser candidato novamente. Nesta semana, ele disse em entrevista ao jornal O Globo que pode deixar o ministério para ajudar na campanha de Lula no ano que vem, mas que já avisou ao presidente que não quer disputar uma nova eleição.

O petista é cotado tanto para disputar o governo de São Paulo quanto o Senado pelo Estado. Ao ser questionado novamente por jornalistas na noite desta sexta-feira, Haddad disse que já havia falado sobre o tema na entrevista.

Ex-presidente do PT e ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann afirmou a jornalistas no evento que ainda não há uma definição.

"É óbvio que qualquer lançamento de nome, de composição, a gente tem que conversar. Não se faz de uma hora para a outra. Mas, com certeza, são 3 nomes muito potentes, muito importantes na política nacional e local aqui em São Paulo", afirmou.

Apesar de seu partido, o MDB, ainda não ter definido qual caminho seguirá em 2026, Tebet foi taxativa e disse que estará no palanque de Lula. A ministra do Planejamento recebeu aplausos da plateia ao dizer que Lula é maior presidente que o Brasil já teve. O MDB já teve José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer como presidentes.

Para estar no palanque de Lula em São Paulo, ela teria que deixar o Mato Grosso do Sul e mudar de partido, já que o MDB paulista apoia Tarcísio. Tebet é cotada para uma vaga ao Senado, mas ao final de seu discurso algumas pessoas na plateia gritaram "governadora".

"Nesta política do Brasil precisa ter coragem. E coragem não me falta", declarou.

No caso de Alckmin, a prioridade é repetir a chapa com Lula para o Palácio do Planalto. Ele afirmou que o petista salvou a democracia ao derrotar Bolsonaro em 2022 e foi o orador mais aplaudido ao iniciar seu discurso cumprimentando a plateia com "companheiros e companheiras", marca do presidente.

Além dos três, o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), já manifestou o desejo de ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Ele não compareceu ao evento.

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