Política

FALSO

Lula não defendeu o uso de mentiras na política, ao contrário do que sugere post

As declarações foram dadas em entrevista concedida pelo candidato ao Flow Podcast, transmitido no YouTube na última terça-feira, 18 de outubro

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É falso que o ex-presidente e candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha defendido que políticos precisam mentir. Na realidade, Lula defendeu o contrário, que político “não precisa mentir”, e disse haver políticos que não mentem.

As declarações foram dadas em entrevista concedida pelo candidato ao Flow Podcast, transmitido no YouTube na última terça-feira, 18 de outubro.

Trecho recortado da entrevista engana ao induzir quem assiste a acreditar que Lula teria defendido a mentira como método, mas na verdade o petista referia-se a uma suposta fala do presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem ele chamou de “mentiroso compulsivo”.

Na realidade, o próprio Lula distorceu uma declaração de Bolsonaro, que não falou que político tem que mentir.

  • Conteúdo investigado: Um vídeo que circula nas redes sociais mostra trecho de entrevista do ex-presidente Lula ao Flow Podcast no dia 18 de outubro de 2022. O post alega que o petista defende que políticos precisam mentir. “Tenho que mentir. É preciso mentir. O político tem que mentir. Porque sempre é mais fácil acreditar numa mentira. Uma mentira, minha mãe dizia, uma mentira, ela voa, a verdade engatinha. É sempre assim”, diz Lula no trecho recortado da entrevista.
  • Onde foi publicado: Kwai.
  • Conclusão do Comprova: É falso que o ex-presidente Lula tenha defendido que políticos precisam mentir. O vídeo alvo da checagem é um recorte de uma fala do petista em entrevista ao Flow Podcast, do último dia 18 de outubro, que foi retirado de contexto. Na entrevista, o candidato do PT defendeu o oposto. Disse que político “não precisa mentir” e que acredita haver políticos que não mentem.

A frase em questão foi uma referência de Lula ao comportamento do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro.

O petista disse que o atual presidente teria afirmado que “político tem que mentir” e chamou o adversário de “mentiroso compulsivo” na entrevista. O próprio ex-presidente, por sua vez, distorceu uma declaração de Bolsonaro, que disse ter sido aconselhado a mentir.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

  • Alcance da publicação: No Kwai, o vídeo alvo da checagem tinha mais de 813,2 mil visualizações; 47 mil curtidas; 16,4 mil comentários e 121,5 mil compartilhamentos até o dia 21 de outubro de 2022.
  • O que diz o responsável pela publicação: O Comprova tentou contato com o autor da publicação no aplicativo Kwai, mas não obteve resposta até a publicação desta checagem.
  • Como verificamos: Primeiramente, o Comprova identificou que o trecho havia sido retirado da entrevista ao Flow por meio da inscrição vista no microfone utilizado por Lula na peça alvo da checagem. No dispositivo, é possível ver a logo do podcast. Com essa informação, a equipe buscou no Google pelos termos “Lula”, “entrevista” e “Flow” e encontrou a íntegra da entrevista concedida pelo ex-presidente no último dia 18 de outubro.

Ao pesquisar pelos termos “Lula” + “político” + “mentira” + “Flow”, o buscador retornou checagens feitas por diversas agências (Fato ou FakeLupa e Aos Fatos) sobre a fala de Lula; todas elas desmentiram a alegação de que o petista teria defendido a prática da mentira por políticos.

Lula defendeu que políticos não precisam mentir  

Na versão integral da entrevista do Flow, foi possível encontrar o trecho completo com as frases ditas por Lula e recortadas no vídeo alvo da checagem.

A partir dos 9 minutos e 15 segundos, o apresentador Igor 3K começa a falar sobre o debate presidencial da TV Bandeirantes, realizado no último domingo, 16 de outubro.

Neste momento, Lula elogiou o formato do debate e citou discussões anteriores que teve, em segundos turnos eleitorais, com outros candidatos como Geraldo Alckmin e José Serra.

Aos 9 minutos e 44 segundos, Lula faz a referência a Bolsonaro, alegando que o problema de debater com o adversário é ele ser “um mentiroso compulsivo”.

A partir dos 9 minutos e 56 segundos, Igor 3K diz que “todo político é mentiroso”, e Lula discorda. “Não, não é verdade [que todo político é mentiroso]. Deixe eu lhe falar uma coisa. É que se cria uma imagem do político que causa prejuízo à política. Você tem político sério de direita, você tem político sério de esquerda. Você tem político sério de centro, você não precisa mentir”, disse o petista.

Na sequência (10 minutos e 17 segundos), começa o trecho recortado na peça de desinformação. Na versão integral do vídeo, é possível constatar que o petista fazia uma referência ao presidente Bolsonaro antes de realizar o comentário.

“Eu estava vendo um vídeo do Bozo [em referência ao presidente Bolsonaro] esses dias. Ele, naquele vídeo em que ele está falando das meninas venezuelanas, ele fala textualmente: ‘tenho que mentir, é preciso mentir, o político tem que mentir’ porque sempre é mais fácil acreditar numa mentira. Uma mentira, minha mãe dizia, uma mentira, ela voa, a verdade engatinha. É sempre assim. Mas eu acho que você tem muitos políticos no Brasil que não mentem, que são pessoas sérias, sabe?”, disse Lula.

A suposta fala de Bolsonaro citada por Lula  

Sobre a suposta fala que Lula atribui a Bolsonaro, agências de checagem mostraram que houve uma distorção por parte do petista. 

A checagem do Aos Fatos apontou que Bolsonaro teria dito, na verdade, que foi aconselhado por outras pessoas a mentir para conseguir ampliar o apoio à gestão.

A declaração foi dada durante entrevista do presidente ao canal Paparazzo Rubro-Negro, no último dia 14, que foi retirada do ar pelo YouTube.

“E eu lembro, usando essa passagem do João 8:32, quantas vezes nego chegar pra mim e falar: ‘Ó, falando a verdade, tu não vai chegar a lugar nenhum. Você tem que mentir, cara. Falar que vai criar 10 milhões de empregos, 50 milhões de casas populares, ‘vou triplicar o salário mínimo’. Se não falar isso aí tu não vai chegar’. E a regra é mentir. Quem mente mais, com alguma inteligência, chega. E não estou falando nenhuma mentira aqui”, disse Bolsonaro na ocasião.

É possível escutar a fala de Bolsonaro em um arquivo de áudio disponibilizado online pelo Aos Fatos, a partir dos 14 minutos e 26 segundos.

 

Política

Argentina emite mandados de prisão para 61 foragidos do 01/08

Brasil pediu extradição dos condenados por ações antidemocráticas; já há dois detidos no país de Javier Milei

15/11/2024 21h00

Vidros quebrados em atentado ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro de 2023

Vidros quebrados em atentado ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro de 2023 Joedson Alves/ Agência Brasil

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A Justiça da Argentina emitiu mandados de prisão contra os 61 foragidos brasileiros que tiveram pedidos de extradição enviados pelo Brasil, segundo a Folha confirmou com interlocutores da área. Eles foram condenados a diferentes penas devido à participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A decisão coube ao juiz Daniel Rafecas, chefe do 3ª Vara Federal. As ordens de captura foram emitidas e, até aqui, já há dois brasileiros detidos no país. Eles terão audiências com o juiz Rafecas, que decidirá sobre a extradição, e poderão apelar à Corte Suprema de Justiça.

Na última ocasião em que foi questionado sobre o tema, o governo de Javier Milei afirmou, por meio de seu porta-voz, Manuel Adorni, que a Casa Rosada apenas seguiria as ordens judiciais no que diz respeito às decisões sobre extradição. Milei é um aliado de Jair Bolsonaro (PL).

Como mostrou a reportagem, um dos detidos foi Joelton Gusmão de Oliveira, durante esta quinta-feira (14), em La Plata, na província de Buenos Aires. Ele foi condenado no Brasil a 17 anos de prisão. A segunda detenção ocorreu na tarde desta sexta-feira.

Também havia uma ordem de detenção contra Alessandra Faria Rondon, esposa de Oliveira, mas ela conseguiu deixar o local antes de ser capturada pelos policiais.

De acordo com informações obtidas pela reportagem por meio da lei de acesso à informação local, até meados de outubro 185 brasileiros haviam pediram refúgio na Argentina. Para efeitos de comparação, em 2023 foram apenas três. A maioria (109) é de homens, e a maior fatia de pedidos ocorreu no mês de maio (47).

Os detidos permanecerão presos até que uma audiência para avaliar a extradição seja feita. O juiz Rafecas é também professor na Faculdade de Direito da UBA, a Universidade de Buenos Aires, a mais prestigiada do país. Tem atuação na área de direitos humanos.
 

*Informações da Agência Brasil 

Justiça

Turma do STF tem maioria para manter prisão de Domingos Brazão

Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio é acusado de ser mandante do assassinato de Marielle Franco

15/11/2024 20h00

Domingos Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco (PSOL).

Domingos Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco (PSOL). Arquivo - Bruno Spada/Câmara dos Deputados

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A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria nesta sexta-feira (15) para manter a prisão de Domingos Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco (PSOL).

A defesa do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro pedia a soltura dele argumentando que não havia razão para mantê-lo preso preventivamente.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, foi contra a soltura de Brazão. Ele foi seguido pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. Falta o voto de Luiz Fux.

"As razões apresentadas revelam que a prisão preventiva do agravante está lastreada em fundamentação jurídica idônea, chancelada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal", diz Moraes em seu voto.
O julgamento está no plenário virtual do Supremo, com término previsto para segunda-feira (18).

Os advogados de Brazão argumentam que a prisão era desnecessária porque ele não representa um risco para a investigação. Ele é suspeito de obstruir a apuração da polícia em 2017 e 2018 —o que, para a defesa do conselheiro do Tribunal de Contas, são "fatos remotos" que "não autorizam a imposição da medida extrema".

Moraes discorda. "A presença de elementos indicativos da ação do agravante para obstruir as investigações [...] também reforçam a necessidade da manutenção da sua prisão preventiva e impedem a sua substituição por medidas cautelares diversas da prisão".
Domingos Brazão está preso desde março de 2024. Ele foi alvo de operação da Polícia Federal após investigadores identificarem indícios de que ele e seu irmão, Chiquinho Brazão, tentariam fugir. os dois negam participação no crime.

A operação da PF ocorreu cinco dias após Moraes homologar a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, suspeito de ser o executor do crime.

Lessa foi preso em 2019 durante o período de atuação de Giniton Lages no caso. Em depoimento ainda naquele ano, o delegado afirmou que a investigação teve falhas que atrasaram a identificação dos acusados do crime. Os erros teriam ocorrido na coleta e análise de imagens a fim de identificar o trajeto feito pelo Cobalt usado pelos assassinos.

De acordo com trecho da representação enviada pela PF a Moraes, o assassinato de Marielle Franco foi "arquitetado" por Domingos e Chiquinho Brazão e pelo delegado Rivaldo Barbosa. O texto diz que o crime foi idealizado pelos irmãos e "meticulosamente" planejado pelo policial.

 

*Informações da Folhapress 
 

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