Política

PENTE-FINO

Mato Grosso do Sul tem quase R$ 500 milhões sob a mira do STF

Desde o ano passado, o ministro Flávio Dino fecha o cerco sobre as "emendas Pix" e também ao "orçamento secreto"

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Desde o ano passado, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem fechado o cerco sobre o Congresso Nacional e o governo federal, exigindo um maior controle sobre as emendas individuais impositivas por meio de transferências especiais, as chamadas “emendas Pix”, e sobre as emendas das comissões temáticas, o chamado “orçamento secreto”, por não especificar quem são os autores.

Na prática, Flávio Dino já determinou mudanças nas regras para aumentar a transparência e iniciou um pente-fino nos mais de R$ 24,5 bilhões enviados aos municípios e estados de todo o Brasil desde 2020. 

No caso do “orçamento secreto”, só resta apurar a aplicação correta dos recursos, pois essa modalidade foi extinta em 2022 pela falta de transparência sobre os autores das emendas.

De acordo com dados do portal governamental – Transferegov – que reúne as informações sobre emendas e outras transferências de recursos da União para outros entes da Federação, ao longo dos últimos cinco anos, Mato Grosso do Sul já recebeu, até agosto deste ano, quase meio bilhão de reais por meio dessas duas modalidades –  “emendas Pix” e “orçamento secreto” –, totalizando mais de R$ 478,6 milhões.

Nesse período de tempo, as 79 prefeituras sul-mato-grossenses receberam R$ 316,6 milhões em recursos por meio das duas modalidades nos últimos cinco anos, valor que corresponde a 66,15% dos mais R$ 478,6 milhões, enquanto os mais de R$ 162 milhões restantes foram destinados direto para os cofres do governo estadual.

Esses quase meio bilhão de reais integra os R$ 24,5 bilhões que a União repassou aos estados e municípios de todo o País por meio das “emendas Pix” desde 2020, que a partir do último ano passaram a ser monitoradas pelo STF após denúncia de uso indevido dos recursos para fins políticos, já que os gestores municipais e estaduais beneficiados estavam isentos da prestação de contas e hoje são parcialmente monitorados, já que foi instituído como obrigatório a apresentação de um plano de trabalho.

Um dos casos suspeitos envolve a prefeitura de Vicentina. A Controladoria-Geral da União (CGU) apura o porquê do ex-prefeito Marcos Bennetti (PSDB), o Marquinhos do Dedé, que, em 2024, levou a leilão cinco veículos seminovos do modelo Kwid, da Renault, ano 2022, modelo 2023.

Eles haviam sido comprados com verbas federais de “emenda Pix” e o gestor municipal não informou o destino do recurso obtido.

Essa constatação levou o ministro Flávio Dino, que julga Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 854, a determinar que a CGU apertasse o cerco contra a má utilização de recursos da União por meio do “orçamento secreto” pelas prefeituras de Mato Grosso do Sul e de outras Unidades da Federação nos últimos anos.

Desta forma, os ex e atuais gestores de todas as prefeituras de Mato Grosso do Sul podem ser investigados pelo uso dos mais de R$ 316,6 milhões que receberam via “emendas Pix” e “orçamento secreto”, bem como o governo estadual pelos R$ 162 milhões recebidos também por meio dessas duas modalidades de pagamento de emendas parlamentares.

Isso porque este dinheiro começou a chegar em 2020, primeiro ano dos repasses por este procedimento, quando foi destinado 100% aos municípios. Naquele ano, o valor foi R$ 8,6 milhões. As “emendas Pix” enviadas ao Estado foram crescendo.

Em 2023, no ápice dos repasses, a União mandou aos gestores municipais R$ 123,5 milhões, o que corresponde a 73,9% dos R$ 167,1 milhões destinados ao Estado pelos parlamentares federais sul-mato-grossenses.

Em 2022, os gestores municipais receberam R$ 62 milhões, 87,5% dos R$ 70,8 milhões que chegaram aos cofres públicos. Em 2021, o valor foi bem menor: R$ 26,8 milhões, só que totalizou 95% dos R$ 28,2 milhões.

Como no ano passado o STF começou a fiscalizar efetivamente a aplicação dos recursos dessas emendas ao criar regras de controle, as prefeituras receberam 38,92% (R$ 52,5 milhões) dos R$ 134,9 milhões que chegaram aos cofres públicos do Estado (municípios e governo do estado).

Este ano, sob um controle maior por determinação Judicial, os municípios de Mato Grosso do Sul receberam R$ 43,2 milhões, o que corresponde 62,7% dos R$ 68,9 milhões já liberados.

Nesse período, o município que mais recebeu “emendas Pix” foi Campo Grande: R$ 43,8 milhões. Em seguida vem Três Lagoas, com R$ 18,4 milhões; e Dourados, com R$ 17,1 milhões. Ponta Porã teve a sua disposição R$ 4,6 milhões e Corumbá R$ 2,8 milhões.

Em cinco anos foram beneficiados 506 entes públicos no Estado. Isso ocorre porque os parlamentares destinaram mais de uma “emenda Pix” para a mesma localidade. Esse é o caso de Angélica, que tem três este ano.

Uma do deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB), no valor de R$ 495 mil, e outras duas do senador Nelsinho Trad (PSD) de R$ 247,5 mil e R$ 891 mil. Em Corumbá são duas – uma no valor de R$ 1,7 milhão da deputada federal Camila Jara (PT) e outra do deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), de R$ 198 mil.

MAIOR CONTROLE

No ano passado, o ministro Flávio Dino, do STF, cobrou do Congresso Nacional e do governo federal um maior controle sobre as “emendas Pix” e ao “orçamento secreto” por não especificar quem são os autores.

O STF chegou até interromper os repasses até que fosse apresentado um esquema que garantisse a rastreabilidade dos repasses e suas aplicações e foi suspenso o pagamento de 5.449 emendas de comissão, que somam R$ 4,2 bilhões, até que a Câmara dos Deputados apresentasse as atas das sessões das Comissões Permanentes da Casa nas quais teriam sido aprovadas as destinações das emendas.

Essa e outras determinações do Supremo foram para dar visibilidade e capacidade de rastreamento de dados das emendas. Desta forma, a CGU divulgou no Portal da Transparência, no mês passado, informações, como documentos, planilhas e links enviados pelo Congresso Nacional dentro das seções de emenda de comissão (RP8) e de relator (RP9).

A divulgação atende a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 854, que trata sobre o “orçamento secreto”, de acordo com o órgão público. Em resposta ao Supremo, em março deste ano, o Congresso Nacional aprovou a Resolução nº 1/25 do Congresso Nacional, que alterou o rito das emendas parlamentares ao Orçamento.

Entre as mudanças está definido que as emendas individuais de transferência especial, chamadas de “emendas Pix”, deverão ser destinadas preferencialmente à conclusão de obras inacabadas, de acordo com a Agência Câmara de Notícias.

Nas emendas de comissões, intituladas de “orçamento secreto”, a resolução diz que elas devem ter caráter institucional e representar interesse nacional ou regional, observando o que diz a Lei Complementar nº 210/24 sobre ações estruturantes.

Na redação anterior, havia apenas o interesse nacional. Permaneceu vedada a destinação a entidades privadas, salvo se contemplarem programação constante do projeto, e, agora, se for relativa a ações e serviços públicos de saúde.

*SAIBA

Denominadas tecnicamente de emendas individuais impositivas por transferência especial, as “emendas Pix” estão previstas no inciso I do artigo 166-A, da Constituição Federal. São destinadas por parlamentares federais para estados e municípios, sem a exigência de convênios ou instrumentos similares. A obrigatoriedade de sua execução foi estipulada pela Emenda Constitucional (EC) nº 86/2015.

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Política

PT oficializa pré-candidatura de Fábio Trad ao governo do Estado

Nome de ex-deputado foi oficializado em encontro realizado neste sábado (13)

13/12/2025 18h00

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Foto: Pedro Roque / Reprodução

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Ex-deputado federal, Fábio Trad foi oficializado como o postulante à governadoria estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A indicação ocorreu na tarde deste sábado (13), em reunião da cúpula petista na Capital, que contou com a presença do presidente nacional da sigla Edinho Silva e diversas lideranças do partido. 

Filiado ao partido desde agosto último, Fábio Trad migrou para o campo mais à esquerda após deixar o Partido Social Democrático (PSD), sigla a qual pertencia há 10 anos.

Fábio Trad, ressaltou o simbolismo político da visita do líder da sigla à Capital e afirmou que a presença da direção nacional recoloca o campo progressista sul-mato-grossense no centro do debate nacional.

“A vinda do presidente nacional do PT significa que a esquerda de Mato Grosso do Sul está, sim, no radar político nacional. Não é possível que um Estado da importância geopolítica de Mato Grosso do Sul não tenha um palanque competitivo, ideologicamente coerente com o campo progressista liderado pelo presidente Lula”, afirmou.

Ao Correio do Estado, o ex-deputado destacou que os partidos que compõem a frente progressista construirão um grande palanque para o Lula em Mato Grosso do Sul, voltado "às conquistas sociais e econômicas para o nosso povo", disse.

À reportagem, destacou que, a disputa pelo executivo estadual partiu de uma decição do presidente nacional do partido, decisão que viu com bons olhos.

"Sobre a construção em torno da minha participação na campanha, o presidente Edinho destacou a preferência do PT de MS para que a jornada seja encabeçada por mim. As definições estão se concretizando e eu espero contribuir com o presidente Lula para fazer em MS o papel que ele me incumbiu de exercer", declarou. 

Além de mirar o posto mais alto do executivo estadual, o partido deve priorizar a corrida pelo Senado, já que Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, não possuem vaga garantida para o próximo ano. 

"O presidente Lula está muito atento ao cenário aqui do estado e fará todo o esforço para que o campo progressista tenha êxito em todas as instâncias de disputa, inclusive o Senado com o companheiro Vander", disse. 

À direita da imagem, Fábio Trad acompanha fala de Edinho Silva Ex-deputado Fábio Trad / Foto: Marcelo Victor / CE

À época de sua filiação, Trad já era cotado para disputar as eleições para governador no pleito geral de 2026, contudo, havia rechaçado o embate contra o atual governador Eduardo Riedel (PP) nas urnas.

Diferente dos irmãos, ele vem de uma formação mais à esquerda. Advogado formado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), conheceu o movimento brizolista (ligado à Leonel Brizola).

Em Mato Grosso do Sul, já teve dois mandatos de deputado federal pelo PSD, onde sua família esteve abrigada durante quase toda década passada.

Após a pandemia de Covid-19, voltou-se mais à esquerda quando se colocou como um dos oposicionistas do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, não conseguiu se reeleger. Disputou a eleição pelo antigo partido e também foi derrotado na disputa pelo governo do Estado.

Em 2023, recebeu um cargo na Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), no governo Lula.

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CÓDIGO DE CONDUTA

CNJ proíbe juiz coach e limita participação em eventos e cursos

Conselheiro da OAB-MS no CNJ, Mansour Karmouche explicou que a medida foca quem faz promoção pessoal

13/12/2025 08h00

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF)

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF) Divulgação

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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou em setembro e entrou em vigor este mês a Resolução nº 650/2025, que regulamenta em todo o Poder Judiciário como os magistrados podem atuar como docentes e participar de eventos, reforçando limites para evitar conflitos com o expediente forense e com a independência judicial.

Pelo texto, magistrados da União e dos estados continuam proibidos de exercer outro cargo ou função, ainda que com disponibilidade, com exceção do magistério.

Mesmo assim, a atividade docente fica condicionada à compatibilidade de horários com o trabalho no fórum.

A regra vale também para o ensino a distância (EAD), que deverá seguir os mesmos princípios do formato presencial, incluindo a exigência de conciliação com o expediente forense.

A resolução determina ainda que cada tribunal deverá regulamentar o limite máximo de carga horária semanal dedicada à docência de EAD, levando em conta “peculiaridades locais”.

Além disso, fica vedado ao magistrado exercer cargo administrativo ou técnico em instituição de ensino, com exceção de funções como coordenação de curso, projetos de pesquisa e extensão, ou atividades em escolas de aperfeiçoamento dos próprios tribunais e entidades vinculadas.

Um dos pontos centrais é a proibição explícita da prática de coaching e atividades similares para preparação de candidatos a concursos, mesmo quando envolvam conteúdos jurídicos.

O CNJ estabelece que esse tipo de serviço – descrito como treinamento organizado e oneroso voltado a “objetivos predefinidos”, como aprovações e ganhos – não é considerado docência e, por isso, é vedado a magistrados.

A norma equipara ao coaching a assessoria coletiva via mídias e redes sociais quando houver monetização digital ou captação de clientela para venda de produtos e serviços.

Há, porém, uma ressalva: mentoria gratuita, individual ou coletiva, direcionada a alunos de políticas afirmativas construídas no âmbito do CNJ e voltada à pluralização do perfil da magistratura, não é tratada como coaching, mas deverá ser formalmente comunicada ao tribunal competente, em registro eletrônico.

Para atividades regulares de docência em instituições de ensino, o magistrado terá de registrar eletronicamente no tribunal informações como entidade, horários e disciplinas ministradas, preferencialmente no início de cada semestre, mantendo os dados atualizados.

O CNJ e a Corregedoria Nacional de Justiça farão acompanhamento periódico dessas informações.

A resolução também amplia o conceito de atividade docente para fins de controle: participação de magistrados como palestrantes, conferencistas, moderadores, debatedores, integrantes de comissão organizadora, membros de bancas de concurso e de comissões de juristas (inclusive instituídas pelo Legislativo ou o Executivo) passa a ser considerada docência.

EVENTOS

Uma exceção é criada para participações virtuais breves e não remuneradas: eventos online (ao vivo ou gravados) de até 20 minutos, em horário compatível com o expediente, ficam dispensados do registro eletrônico.

No capítulo sobre eventos, o CNJ estabelece que congressos, seminários, simpósios e encontros similares promovidos, realizados ou apoiados por conselhos e tribunais devem observar princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

O texto permite patrocínio de empresas com fins lucrativos até o limite de 30% do custo total do evento e autoriza patrocínio parcial ou total por entidades filantrópicas e fundações de direitos humanos, desde que compatíveis com o tema.

Já quando o evento for promovido ou subvencionado por entidade privada com fins lucrativos e houver custeio de transporte e hospedagem, a participação de magistrados fica limitada a papéis específicos, como comissão organizadora ou atuação como palestrante, moderador e debatedor – com exceção para eventos custeados exclusivamente por associações de magistrados.

A resolução ainda prevê a possibilidade de magistrados receberem premiação da administração pública ou de entidades sem fins lucrativos por obra jurídica ou prática inovadora de interesse da administração judiciária, desde que não haja comprometimento da independência funcional.

Também admite o recebimento de itens de cortesia em situações específicas, desde que o valor patrimonial não descaracterize o caráter simbólico.

ANÁLISE

Segundo Mansour Elias Karmouche, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional em Mato Grosso do Sul (OAB-MS) e conselheiro federal no CNJ, essas restrições aos magistrados foram o último ato do ministro Luís Roberto Barroso, antes de se aposentar do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A medida foca os magistrados que costumam promover e oferecer cursos paralelos de mentoria e coaching, e, a partir de agora, essa prática foi completamente vedada. A proibição está alinhada a um código de conduta para magistrados, com o magistério ainda sendo aprovado, mas não podendo mais participar das redes sociais na capacidade de empreendedores”, detalhou.

Mansour Karmouche reforçou que a resolução chega em um momento de necessidade de mais transparência no sistema judicial brasileiro e foca a preocupação sobre potenciais conflitos de interesse dos magistrados.

“A partir de agora, todos os magistrados que participam de eventos precisam registrar e comunicar informações, incluindo valores recebidos e patrocinadores. Isso é importante para a segurança da sociedade, porém, infelizmente, a resolução se aplica apenas até o Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois o STF está fora do alcance das regulamentações do CNJ”, pontuou.

O conselheiro federal da OAB no CNJ destacou que o ministro Luiz Edson Fachin, presidente do STF, pela limitação do conselho, propôs uma resolução específica para disciplinar a participação dos magistrados do Supremo.

“Essa proposta surgiu, em parte, após uma viagem controversa do ministro Dias Toffoli, que gerou grande polêmica”, recordou.

Fachin tem apresentado a ministros da Corte a intenção de criar um código de conduta para integrantes de tribunais superiores, como na Alemanha, onde o Tribunal Constitucional elaborou um código de conduta em 2017.

São 4 artigos e 16 itens no total, que são um conjunto de regras para os integrantes da Corte considerada a guardiã da Constituição alemã e que tem inspirado o ministro Fachin.

O primeiro artigo do Código de Ética alemão diz que: “Juízas e juízes devem se comportar, dentro e fora de suas funções, de modo a não prejudicar o prestígio do Tribunal, a dignidade do cargo e a confiança em sua independência, imparcialidade, neutralidade e integridade”.

O texto afirma que precisa existir um “zelo para que não surja qualquer dúvida quanto à neutralidade perante grupos sociais, políticos, religiosos ou ideológicos”. Ele cita também o cuidado com as “relações pessoais”.

O código tem, ainda, um parágrafo sobre a ética de aceitar presentes: “Juízas e juízes só aceitam presentes e benefícios de qualquer tipo apenas na medida em que isso não possa gerar dúvidas sobre sua integridade pessoal e independência”.

Diz também que os magistrados podem “receber remuneração por palestras, pela participação em eventos e por publicações somente e apenas na medida em que isso não prejudique o prestígio do Tribunal nem gere dúvidas quanto à independência, à imparcialidade, à neutralidade e à integridade de seus membros” e que “os rendimentos obtidos em atividades extrajudiciais devem ser divulgados”.

Por determinação do Código de Ética alemão, esses dados são públicos e ficam liberados para consulta. A tabela de 2024 é a mais recente disponível.

Mostra exatamente o quanto cada integrante do Tribunal Constitucional da Alemanha ganhou em atividades fora do Judiciário – publicação de livros e artigos, palestras, participações em eventos independentes.

O código também determina que os magistrados da Corte não podem emitir pareceres sobre questões de direito constitucional nem fazer previsões sobre o resultado de processos pendentes ou que podem vir a ser decididos pelo Tribunal.

O texto prevê ainda regras para depois do término do mandato. Fala, por exemplo, que os juízes não podem assumir atividades de consultoria nem emitir pareceres técnicos no primeiro ano fora do Tribunal e que, mesmo depois desse período, está vedada a atuação em casos da Corte para não dar a impressão de utilização indevida de conhecimentos internos.

O Reino Unido também tem código de ética para magistrados de tribunais superiores.

O documento determina que os juízes são expressamente proibidos de aceitar remuneração por atividades extrajudiciais e tem uma parte específica que fala o que é preciso ser levado em conta para que um magistrado se declare impedido de julgar uma determinada ação.

Nos Estados Unidos, a Suprema Corte adotou um código de ética em 2023, depois que reportagens revelaram que juízes ocultaram ter recebido presentes e benefícios de empresários. Um dos magistrados é Clarence Thomas, que está na Corte desde 1991.

Segundo investigações de agências de notícias do país, ele aceitou, durante anos, viagens de luxo pagas por um bilionário texano, que comprou uma casa do juiz. A transação não foi informada às autoridades. O código americano estabelece, por exemplo, que juízes precisam explicar os motivos de se declararem impedidos de julgar um caso.

Logo no início, o texto afirma: “A ausência de um código levou à falsa impressão de que os juízes desta Corte se consideram imunes a regras éticas. Para acabar com essa percepção enganosa, estamos publicando esse código, que representa uma codificação dos princípios que nós sempre respeitamos”.

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