Política

GOVERNO FEDERAL

Novo chefe da Abin de Lula é aprovado em comissão do Senado após atraso e pressão

Apesar de aprovado por unanimidade na Comissão de Relações Exteriores, o nome ainda precisa passar pelo plenário do Senado, o que acontece na próxima terça-feira (9).

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A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou nesta quinta (4) a indicação do delegado da PF Luiz Fernando Corrêa para o comando da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). O nome foi aprovado por unanimidade na comissão, mas ainda será submetido ao plenário do Senado na próxima terça-feira (9).

A sabatina do indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Abin estava prevista para março, mas foi cancelada na véspera por decisão do senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da Comissão de Relações Exteriores.

Embora a justificativa dada por ele tenha sido a ida do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao Senado no mesmo horário, o motivo por trás do cancelamento foi a informação sobre Corrêa ter escolhido supostos bolsonaristas para ocupar os cargos de números 2 e 3 na agência.

Mais de um mês depois, Renan decidiu marcar a sabatina após pedido do próprio presidente da República e da sinalização do governo de que não haveria recuo nas indicações dos cargos.

Durante a sabatina, Corrêa saiu em defesa do delegado federal Alessandro Moretti, escolhido diretor-adjunto, segundo na estrutura da Abin; e de Paulo Maurício Fortunato para Secretaria de Gestão e Planejamento, terceiro cargo na hierarquia da agência.

"Gozando da confiança do presidente, jamais correria o risco de expor qualquer governo a uma situação no mínimo constrangedora de indicar alguém que não tivesse esse status para a posição que estamos indicando", disse ele à comissão.

Sobre Moretti, disse que o considera, "se não o mais, um dos mais preparados delegados para qualquer função de segurança pública e inteligência". "Leal, disciplinado e de Estado. Provavelmente por ser inflexível nessa posição de Estado, deve ter desagradado alguns setores. E esses se encarregam de desgastar reputações", completou.

Moretti foi número dois de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, na Secretaria de Segurança do Distrito Federal, entre 2018 e 2021, e diretor de inteligência na PF no último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Fortunato, servidor aposentado da Abin, por sua vez, ocupou cargos de chefia na Abin durante a gestão do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), chefe da agência no governo Bolsonaro e amigo da família do ex-presidente.

A aprovação de Corrêa representa uma derrota para a cúpula da PF, que tem investido contra as nomeações de Moretti e Fortunato pelos cargos que ocuparam em governos anteriores. O atual diretor da PF, Andrei Rodrigues, não tem boa relação com Moretti por causa do período da campanha eleitoral e, após ter sido nomeado por Lula, barrou a ida do delegado para um cargo no exterior.

A tentativa de evitar as nomeações já havia chegado no Palácio no Planalto em março, mas as indicações foram liberadas após Corrêa apontar que Moretti e Fortunato também ocuparam cargos de chefia na PF nos primeiros governos Lula e na gestão Dilma Rousseff (PT) e são de sua extrema confiança. Corrêa foi diretor-geral da PF no segundo governo Lula.

Ele assumiu o comando da instituição no final de 2007, quando a corporação passava por crises decorrentes das primeiras grandes operações realizadas no primeiro governo petista. Durante a sabatina, ele destacou dois eixos de ação: o aperfeiçoamento de processos, garantindo que eles sejam rastreáveis, e o trabalho em conjunto com a chamada CCAI, Comissão de Controle de Atividade de Inteligência.

Corrêa afirmou que é preciso proteger conhecimentos sensíveis e atividades de contra-espionagem. A manifestação ocorre em meio ao uso político da Abin durante o governo Bolsonaro e à troca de informações de inteligência pelo aplicativo de mensagens WhatsApp, como mostrou a Folha de S.Paulo na semana passada.

Praticamente esquecida desde que foi criada, a CCAI --formada por 6 deputados federais e 6 senadores-- ganhou a atenção do Congresso, como mostrou a Folha de S.Paulo, após os ataques de 8 de janeiro e às suspeitas de espionagem. Corrêa afirmou que ainda não tem legitimidade para acessar informações sobre o ataque às sedes dos Poderes, mas se comprometeu a esclarecer as dúvidas dos senadores no âmbito da CCAI.

Também houve questionamento sobre o papel da Dint/Seopi (Diretoria de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça) e da CIISP/DF (Célula de Inteligência Integrada de Segurança Pública do Distrito Federal) nas atividades de inteligência.

As duas estruturas são citadas pela Abin no relatório entregue à CCAI sobre o atentado de 8 de janeiro. Corrêa afirmou que a Célula de Inteligência foi criada para "grandes eventos" para receber "alerta direto" do "pessoal de campo", no que classificou como "avaliação mais operacional".

"[A Dint] na realidade tem um duplo papel porque é o órgão central do subsistema de segurança pública. O Sisbin tem a Abin como órgão central, e dois eixos: segurança e defesa. A projeção no subsistema é o Ministério da Justiça, que opera através dessa unidade [Dint] para dialogar, para interagir no âmbito da segurança pública", afirmou.

"Eu estou me atendo às siglas porque as datas da operação eu não estava na ativa. Agora, o que fizeram ou deixaram de fazer, eu vou tomar conhecimento a partir de agora, se os senhores aprovarem meu nome aqui", completou.

JUSTIÇA

Juristas de MS aprovam criação de um código de ética para tribunais superiores

Proposta parte do presidente do STF, Edson Fachin, ao defender que magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade

23/12/2025 08h20

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário Rosinei Coutinho/STF

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A proposta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, de criar um código de conduta para os tribunais superiores, por entender que os magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade, foi bem-aceita pelos juristas de Mato Grosso do Sul.

O advogado Benedicto Arthur Figueiredo Neto lembrou que, etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos, que significa costume, caráter e modo de agir.

“Em meio às diversas críticas que alguns ministros do STF têm sofrido por receberem valores para proferirem palestras, o que é totalmente lícito à magistratura, Fachin se inspira no código de conduta da Suprema Corte da Alemanha para a criação de uma normatização ao modo de agir dos seus membros”, explicou.

Ele completou que o código de conduta da Suprema Corte alemã é bastante pragmático e objetivo, no sentido de sempre preservar em primeiro lugar a imagem da Corte e de que a conduta de seus membros sempre siga regras para que essa imagem venha a ser preservada.

“É o caso de como se prevê na Alemanha que os seus membros devem ponderar se o evento do qual vão participar não tem conflito com a reputação e com a honra da Corte. A normatização de um código de ética para tribunais superiores é a franca demonstração de reconstrução da imagem independente pela magistratura, afastando-se da política”, analisou.

Sandro de Oliveira, professor doutor da Faculdade de Direito (Fadir) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acrescentou que um código de ética da magistratura é pertinente e necessário porque traduz, de forma clara e acessível, os valores que já estão consagrados na Constituição Federal e que devem orientar a atuação de todo agente público, mais especialmente daqueles que exercem a função de julgar.

“O código não cria obrigações novas, mas organiza princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, oferecendo parâmetros objetivos de conduta que reforçam a confiança da sociedade no Poder Judiciário. Além disso, a magistratura ocupa uma posição singular na estrutura do Estado, pois dela se espera independência, equilíbrio e compromisso permanente com os direitos fundamentais”, pontuou.

Sandro de Oliveira ressaltou que um código de ética funciona como instrumento pedagógico e preventivo, ajudando o magistrado a refletir sobre sua postura dentro e fora da jurisdição, à luz do interesse público, da dignidade da função e do dever de imparcialidade, que decorre diretamente do princípio republicano.

“Ao fortalecer a ética institucional, o código contribui para a transparência e para a legitimidade democrática do Judiciário. Ele reafirma que a atuação judicial não está dissociada da administração pública, mas submetida aos mesmos princípios constitucionais que exigem responsabilidade, probidade e prestação de contas à sociedade, elementos que são necessários à consolidação do Estado Democrático de Direito”, assegurou.

Para ele, é importante registrar que códigos de ética e de conduta não são estranhos ao ordenamento jurídico brasileiro. “Ao contrário, diversas carreiras de Estado e do serviço público, de modo geral, já contam com diplomas próprios que orientam a atuação de seus membros. Nesse contexto, a instituição de um código de ética da magistratura não apenas se mostra legítima, como também relevante, na medida em que contribuiria para balizar comportamentos, fortalecer a confiança social no Judiciário e servir de referência normativa e ética para as demais carreiras do Estado brasileiro”, argumentou.

O advogado André Borges citou que a proposta surge depois de fatos recentes, como esposa de ministro do STF com contrato milionário e advogando na Corte do esposo e ministro viajando no jatinho em que estava advogado que posteriormente teve pedido atendido, revelarem a necessidade urgente de ser atualizado o Código de Ética da Magistratura editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Judiciário é importante demais para que sobre ele recaiam dúvidas sobre a honra e a decência de seus integrantes. Proteção ética surge exatamente de um código de ética. Na Suprema Corte dos Estados Unidos isso já foi aprovado. Trata-se de algo que precisa ser aplicado no Brasil, incluindo ministros das cortes superiores de Brasília [DF]. Vivemos em uma república, que tem como característica principal a responsabilidade dos servidores públicos em geral, no que se incluem os magistrados”, comentou o jurista ao Correio do Estado.

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Política

Lewandowski agora apoia recriação do Ministério da Segurança Pública e cobra mais recursos

Ministro afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade

22/12/2025 22h00

Lewandowski

Lewandowski Agência Brasil

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O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, mudou de posição e passou a concordar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a recriação do Ministério da Segurança Pública, caso avance no Congresso a proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata do tema. A avaliação foi feita em entrevista ao Valor Econômico, publicada nesta segunda-feira, 22.

Ao defender a volta da pasta, Lewandowski afirmou que a mudança só fará sentido se vier acompanhada de uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade e de um reforço significativo de recursos federais. Segundo ele, sem "verbas substanciais", o novo ministério tende a ser ineficaz.

"Eu concordo com o presidente que essa divisão (Ministério da Justiça e Ministério da Segurança Pública) faria sentido, primeiro, se houvesse uma ampliação do papel da União no combate à criminalidade. Em segundo lugar, se viessem verbas substanciais, porque hoje nós temos no nosso Fundo Nacional de Segurança Pública a verba irrisória de R$ 2 bilhões", afirmou.

Na entrevista, o ministro também criticou as mudanças promovidas pela Câmara dos Deputados no texto da PEC da Segurança enviado pelo governo. Embora tenha elogiado a disposição do relator, deputado Mendonça, para o diálogo, Lewandowski avaliou que a versão aprovada se distancia do eixo central da proposta do Executivo.

"A principal crítica que eu faço é que o texto está, de certa maneira, na contramão da proposta que nós apresentamos. O principal ponto da PEC era a coordenação de forças, e isso ficou de fora", disse. Para ele, ao priorizar a descentralização e o fortalecimento das forças locais, o texto pode representar um retrocesso em relação ao modelo de coordenação nacional previsto no Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado em 2018.

Lewandowski também comentou o Projeto de Lei da Dosimetria, aprovado pela Câmara e pelo Senado. Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ele afirmou que a revisão da norma ainda passará por sua mesa. O presidente Lula já declarou que pretende vetar o texto, que reduz penas de condenados por tentativa de golpe de Estado.

"Na medida em que você ameniza as sanções contra esse tipo de atentado contra as instituições, que é gravíssimo, você pode estimular futuros atentados contra o Estado Democrático de Direito", comentou.

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