Uma comissão de deputados do PSDB protocolou nesta terça-feira, junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no Ministério da Fazenda, um pedido de esclarecimentos sobre eventuais investigações relativas a transações bancárias realizadas pelo ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, ou pelas empresas das quais ele é sócio. Nesta terça também, o PPS pediu formalmente ao Ministério Público a abertura de investigação, com ajuda da Polícia Federal, para apurar suposta prática de crime do ministro.
As indagações feitas pelos parlamentares se referem a movimentações de valor acima de R$ 100 mil, que são alvo de monitoramento por parte do órgão. Segundo o líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), também foram pedidas informações sobre eventuais procedimentos administrativos para investigar o ministro, que já tenham sido arquivados. "O Coaf pode até alegar que essas informações estão protegidas por sigilo, mas pode também informar, ao menos, se houve investigação. Dependendo da resposta, vamos dar sequência às nossas indagações", afirmou o líder tucano.
O objetivo dos parlamentares é investigar o aumento do patrimônio de Palocci, em quatro anos. De acordo com o deputado Vanderlei Macris (SP), os deputados do partido protocolaram nesta terça, na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, um pedido para que Palocci preste esclarecimentos na comissão. A votação do requerimento deve ocorrer amanhã, pela manhã. "É uma oportunidade para que o ministro possa responder às acusações", disse Macris.
Ministério Público. Na representação entregue ao Ministério Público, o PPS sugere que a empresa de Palocci aparentemente "esteja sendo utilizada como um mero anteparo para escamotear o crescimento vertiginoso" do patrimônio pessoal do ministro da Casa Civil e pergunta quais eram os clientes, os serviços de consultoria prestados e o faturamento da empresa.
"Para afastar qualquer dúvida sobre a retidão e a lisura do comportamento de um importante Ministro de Estado, seria necessário que a Procuradoria-Geral da República abrisse uma investigação - talvez com o auxílio da Polícia Federal, para investigar os fatos aqui relacionados", afirma o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), na representação.
O partido questiona as informações prestadas por Palocci para justificar a evolução patrimonial e sua participação na empresa de consulturia. "Se o ministro detinha 99,9% do capital social, porque ele não optou por fazer a retirada de lucro e registrar os imóveis em seu próprio nome, ou seja, como pessoa física? Como o Ministro encontrava tempo para administrar a empresa, se exercia o mandato de deputado federal e seu sócio minoritário reside nos Estados Unidos?", questiona o texto.
"Como se vê, muitas dúvidas permanecem, posto que tais questões não foram devidamente esclarecidas pela reportagem. É possível que, por trás dessas dúvidas, exista a prática de algum (ou de alguns) crime (s) contra a administração pública", afirma o documento.