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Polêmica, PEC da Anistia já está dividindo deputados federais de MS

Os três do PSDB e um do PP se posicionaram contra, enquanto uma do PT se diz a favor e os dois do PL querem analisar

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A aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados da admissibilidade de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que anistia partidos políticos por problemas nas prestações de contas e pelo descumprimento de cotas eleitorais, a polêmica PEC da Anistia, já está dividindo os deputados federais de Mato Grosso do Sul.

O Correio do Estado entrou em contato com os oito parlamentares do Estado com cadeiras na Casa de Leis, e os três do PSDB – Beto Pereira, Dagoberto Nogueira e Geraldo Resende – e um do PP – Dr. Luiz Ovando – já se posicionaram contra, enquanto os dois do PL – Rodolfo Nogueira e Marcos Pollon – querem analisar melhor a proposta.

Já a deputada federal Camila Jara disse que é favor por orientação da executiva nacional do PT, enquanto o deputado federal Vander Loubet, também do PT e coordenador da bancada federal de Mato Grosso do Sul no Congresso Nacional, não atendeu à reportagem até o fechamento desta matéria, porém, é bem provável que também siga a orientação da nacional.

“Essa legislação acaba fazendo esse complemento, deixando as regras mais claras, mas tem um ponto negativo que é o fato de anistiar os partidos. Internamente, o PT já criou mecanismos para garantir o financiamento dessas candidaturas até mais avançados que a legislação atual, mas, infelizmente, não são todos os partidos que fazem isso. Por um acordo comum, a bancada fechou o apoio ao projeto”, declarou Camila Jara.

O deputado federal Beto Pereira disse que é “contra qualquer tipo de retrocesso das legislações que garantam a participação efetiva das mulheres no processo eleitoral”. Geraldo Resende também disse que é contra e classificou a PEC da Anistia como um retrocesso, pois, se os partidos não cumprirem a lei eleitoral, têm de ser penalizados.

“Sou contrário, pois, para mim, é um desserviço ao País e a causas muito caras do povo brasileiro. Essa PEC vai servir só para aumentar o descrédito aos políticos, enquanto precisamos é de resgate da atividade política. Além disso, ela é contrária às decisões do Tribunal Superior Eleitoral [TSE] e do Supremo Tribunal Federal [STF] em causas relacionadas às minorias e às mulheres”, argumentou Geraldo Resende.

O deputado federal Dagoberto Nogueira disse ao Correio do Estado que se a PEC da Anistia for aprovada, vai gerar uma insegurança jurídica nas pessoas. “Afinal, qual lei vai prevalecer? Quer dizer, ninguém vai obedecer mais a nada, pois sabe que lá na frente vai ter anistia, sabe que sempre a classe política vai perdoar os políticos que fizeram coisas erradas”, lamentou.

Ele reforçou que é totalmente contra e que “lei é lei, tem que ser obedecida e tem que ser cumprida”. “Nós podemos até mudar, mas mudar daqui para frente, mas terá efeito retroativo e dando anistia àqueles que fizeram os erros, sou totalmente contra, vou votar contra”, garantiu.

O deputado federal Dr. Luiz Ovando apenas respondeu que é contra a PEC da Anistia e não quis dizer o motivo, enquanto o deputado federal Rodolfo Nogueira disse que “ainda não se tem uma definição exata sobre o mérito da questão, pois muitos pontos deverão ser acordados”. 

Por sua vez, o deputado federal Marcos Pollon lembrou que agora a PEC vai para um grupo de estudos, no qual os parlamentares se aprofundarão sobre seu mérito.

“No momento, nós temos que olhar com zelo por conta da importância da participação das mulheres no pleito eleitoral. No entanto, algumas injustiças aconteceram, como é o caso do processo do deputado estadual Rafael Tavares [PRTB], e isso, aparentemente, ocorreu em outros estados também. Entretanto, temos de analisar melhor todo o conteúdo da PEC para poder fixar o que é melhor para o sistema eleitoral brasileiro, aprovação da anistia ou não”, ressaltou.

ENTENDA O CASO

Agora, a PEC da Anistia será analisada em outras comissões da Câmara dos Deputados antes de chegar ao plenário da Casa de Leis. A CCJ não analisa o mérito da matéria, mas a constitucionalidade, embora ponderações sobre o conteúdo geralmente já sejam feitas em discursos pelos deputados federais no colegiado.

Fizeram parte da articulação para a criação da PEC, que foi protocolada no dia 22 de março na Câmara dos Deputados, aliados do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e também do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre outros parlamentares. 

Os deputados que assinaram em apoio à proposta são do PP, do PL, do PSD, do União Brasil, do Republicanos, do PSDB, do MDB, do PV, do Podemos, do Avante, do PT e do PDT. 

Se aprovada, a proposta mudará a Constituição para estabelecer que as legendas não poderão ser punidas com “sanções de qualquer natureza, inclusive de devolução e recolhimento de valores, multa ou suspensão do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, nas prestações de contas de exercício financeiro e eleitorais dos partidos políticos que se deram anteriormente à promulgação” do texto.

No ano passado, as siglas receberam quase R$ 5 bilhões dos cofres públicos para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, conhecido como Fundo Eleitoral. Outro R$ 1 bilhão foi distribuído ao longo de 2022 para 24 partidos por meio do Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos – o Fundo Partidário.

A PEC também anistia as legendas que descumpriram a cota mínima de recursos ou por não destinarem os valores mínimos para candidaturas de negros e de mulheres nas eleições de 2022 para trás. 

“Não serão aplicadas sanções de qualquer natureza, inclusive de devolução e recolhimento de valores, multa ou suspensão do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, aos partidos que não preencheram a cota mínima de recursos ou que não destinaram os valores mínimos em razão de sexo e raça nas eleições de 2022 e anteriores”, diz o texto.

Uma emenda constitucional promulgada em abril do ano passado – que essa nova PEC tenta mudar – destaca que a anistia vale apenas para o período anterior à promulgação do texto, portanto, hoje vale apenas para as eleições de 2020 e as anteriores a ela. As cotas e os recursos mínimos a candidaturas de negros e mulheres foram estabelecidos após anos de discussões e implementação, para estimular a entrada dessas parcelas da população na política.

Na justificativa da PEC, o deputado federal Paulo Magalhães (PSD-BA) diz que, nas últimas eleições, “muitos dos entes partidários tiveram dificuldade em se ajustar ao novo comando constitucional, em decorrência da inexistência de outra regra que apresentasse as balizas ou uma maior elucidação sobre a matéria pertinente à distribuição das referidas cotas”. “Não se sabia ao certo, em meio ao processo eleitoral, se a contagem da regra teria sua abrangência federal ou se deveria ser cumprida pelos partidos em âmbito nacional”, ressaltou.

“Muitos partidos, agindo de boa-fé e com o maior esforço para que as regras fossem cumpridas, se viram inadequados após o período eleitoral, em virtude de muitas alterações de registro de candidatura em todo o País”, complementou.

A PEC também propõe que se permita a arrecadação de recursos de pessoas jurídicas pelos partidos políticos, em qualquer instância, para quitar dívidas contraídas com fornecedores ou assumidas até agosto de 2015, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a doação de empresas para o financiamento de campanhas eleitorais. Os partidos então passaram a depender de doações de pessoas físicas e do Fundo Eleitoral para bancar as campanhas.

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Quatro dos oito deputados de MS votam para reduzir cadeia de Bolsonaro

Com a mudança aprovada na Câmara, parlamentares preveem, para Bolsonaro, que o regime fechado caia para 2 anos e 4 meses

10/12/2025 07h13

Proposta inicial dos deputados da direita era conceder anistia, mas o relator Paulinho da Força alterou rumo da proposta

Proposta inicial dos deputados da direita era conceder anistia, mas o relator Paulinho da Força alterou rumo da proposta Montagem / Correio do Estado

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Metade da bancada sul-mato-grossense da Câmara dos Deputados votou, na madrugada de hoje (10), a favor da redução de penas de pessoas condenadas pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe de Estado, entre eles ex-presidente Jair Bolsonaro e generais das Forças Armadas. O Projeto de Lei da Dosimetria (Projeto de Lei 2162/23) foi aprovado por 291 votos a favor e 148 contrários. 

A redução ocorre porque a matéria acaba com a soma de penas e estipula que será aplicada a mais grave nos crimes de tentativa de acabar com o Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, quando praticados no mesmo contexto. 

As regras aprovadas poderão retroagir para beneficiar o réu, desta forma os já condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) vão ter direito à revisão do total para esses dois crimes, prevalecendo a pena maior (4 a 12 anos) por tentativa de golpe de Estado. Agravantes e atenuantes ainda serão aplicáveis sobre o cálculo.

Outra mudança ocorreu na progressão de regime fechado para semiaberto. Atualmente, exceto para condenados por crimes hediondos, o réu primário obtém progressão de pena se cumprir 16% dela em regime fechado, mas o crime não pode ter sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça. 

O texto muda a Lei de Execução Penal para fazer valer os 16% de regime fechado para crimes com ou sem violência ou grave ameaça. Sem a mudança, a progressão ocorreria apenas com o cumprimento de 25% da pena pelo réu primário. Para os reincidentes, o índice de cumprimento no regime fechado passa de 30% para 20%.

O projeto aprovado permite que o estudo ou o trabalho passe a valer para reduzir a pena no caso de prisão domiciliar, como já é permitido no regime fechado.

Com o texto apresentado pelo relator da matéria, os deputados iniciaram a votação do PL às 1h36min de hoje (quarta-feira) e a estenderam por quase uma hora, até às 2h26min. Ao todo foram 441 votos, sendo 291 favoráveis e 148 contrários e uma abstenção. 

Proposta inicial dos deputados da direita era conceder anistia, mas o relator Paulinho da Força alterou rumo da proposta

A bancada do estado se dividiu. Metade a favor e metade contra. Foram favoráveis ao texto Beto Pereira (PSDB), Dr. Luiz Ovando (PP), Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira (os dois do PL). Os parlamentares contrários foram Camila Jara e Vander Loubet (ambos do PT) e Dagoberto Nogueira e Geraldo Resende (os dois do PSDB). 

Este resultado possibilita que todos os condenados pela tentativa de golpe sejam beneficiados com a nova fórmula de soma de penas, entre eles o ex-presidente da República Jair Bolsonaro; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil; Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e Alexandre Ramagem, deputado federal.

Esse grupo foi condenado a penas que variam de 16 anos a 24 anos em regime fechado pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em caráter definitivo, em 25 de novembro deste ano. Outras penas de detenção devem ser cumpridas depois daquelas de reclusão.

Parlamentares da oposição preveem, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o total da redução pode levar ao cumprimento de 2 anos e 4 meses em regime fechado em vez dos 7 anos e 8 meses pelo cálculo atual da vara de execução penal, segundo a Agência Câmara de Notícias. Mas a definição dos novos prazos será do STF e pode ser influenciada pelo trabalho e estudo em regime domiciliar, que diminuem o período de prisão.

O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.

Multidão

Para os crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e de tentativa de golpe de Estado, quando praticados em contexto de multidão, como o caso dos participantes dos atos de 8 de janeiro de 2023 nas sedes dos três Poderes, em Brasília, o texto reduz a pena de 1/3 a 2/3, desde que o agente não tenha financiado o ato ou exercido papel de liderança.

Política

Saiba como votou a bancada de MS na regularização de terras de fronteira

Projeto que flexibiliza regras para regularização de terras na faixa de fronteira divide votos entre parlamentares sul-mato-grossenses

09/12/2025 22h08

Plenário da Câmara dos Deputados

Plenário da Câmara dos Deputados Agência Câmara

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O deputado federal Vander Loubet (PT), integrante da base de apoio ao governo Lula, votou contra o Projeto de Lei 4.497/24, enquanto o deputado Marcos Pollon (PL), da oposição, não participou da votação — apesar de ter registrado presença na sessão. O texto, aprovado na noite desta quarta-feira, permite a regularização de propriedades rurais em faixa de fronteira com origem em títulos de alienação ou concessão de terras devolutas emitidos pelos estados até outubro de 2015. Os demais parlamentares sul-mato-grossenses votaram a favor da proposta.

O projeto afeta uma faixa de até 150 quilômetros a partir da linha de fronteira em Mato Grosso do Sul, autorizando que os atuais ocupantes obtenham registro da terra mediante apresentação de declaração escrita e assinada, quando não for possível emitir certidões diretamente do órgão responsável ou nos casos em que o prazo de resposta ultrapassar 15 dias.

O texto também abre caminho para regularizar grandes propriedades — acima de 15 módulos fiscais — mesmo em áreas que tenham processos administrativos de demarcação indígena em andamento, incluindo territórios tradicionalmente ocupados. No entanto, imóveis superiores a 2,5 mil hectares só poderão ser regularizados com anuência do Congresso Nacional e mediante o cumprimento dos requisitos legais.

Com essa redação, Vander Loubet votou contra a matéria. Já Marcos Pollon, embora presente na sessão segundo registros da Câmara, não registrou voto. Minutos antes, porém, o deputado havia votado a favor de um requerimento para encerrar a discussão da proposta.

Os deputados Beto Pereira (PSDB), Camila Jara (PT), Dagoberto Nogueira (PSDB), Dr. Luiz Ovando (PP), Geraldo Resende (PSDB) e Rodolfo Nogueira (PL) apoiaram o projeto e votaram pela sua aprovação.

Como votou cada deputado de MS

A favor do projeto:

 

  • Beto Pereira (PSDB)
  • Camila Jara (PT)
  • Dagoberto Nogueira (PSDB)
  • Dr. Luiz Ovando (PP)
  • Geraldo Resende (PSDB)
  • Rodolfo Nogueira (PL)

 

Contra o projeto:

  • Vander Loubet (PT)

 

Não votou (com presença registrada):

  • Marcos Pollon (PL)

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