Declaração do procurador do Estado de Mato Grosso do Sul, Felipe Marcelo Gimenez, serviu de arma para que o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, do PL, propagasse fake news ontem, terça-feira (10), por meio de suas redes sociais.
Logo depois, o ex-mandatário, nos Estados Unidos da Amércia desde o fim do ano passado, dois dias antes da posse do presidente Lula, conforme noticiou o portal UOL, apagou a falsa notícia.
Em nota, a Procuradoria Geral do Estado de Mato Grosso do Sul (PGE) disse que foi instaurado procedimento, no âmbito da Corregedoria, para apurar a conduta do procurador referente as falsas informações.
O procedimento foi aberto em função de representação formal recebebida na PGE, mas está suspenso devido ao período de recesso forense, retomando a tramitação a partir de 21 de janeiro.
Entenda
De acordo com o site Uol, Bolsonaro compartilhou uma postagem mentirosa em que diz que Lula não foi eleito pelo povo, e sim escolhido pelo serviço eleitoral junto a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O argumento de Bolsonaro, conforme publicado na rede social, foi sustentado em parte de uma entrevista do procurador Felipe Marcelo Gimenez, apoiador declarado de Bolsonaro, concedida a emissora da rádio Hora.
No diálogo do procurador, de acordo com noticiado pelo Correio do Estado, no dia 11 de novembro passado, ele diz que "cabe a intervenção das Forças Armadas para reestabelecer a Ordem".
Segundo a reportagem, na entrevista Gimenez acusou o presidente TSE, Alexandre de Moraes de ameaçar, caluniar e cometer crime de tortura contra os bolsonaristas que não concordam com o resultado das urnas, além de compará-lo com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e dizer que o ministro usa o cargo público para "causar sofrimento físico e psíquico nas pessoas."
Na entrevista em questão o procurador do Estado de MS convocou a população para participar dos atos promovidos desde o dia 31 de outubro na frente do Comando Militar do Oeste (CMO), em Campo Grande.
As manifestações não acontecem mais desde ontem (10) por determinação judicial.
"A população não aceitou e não deve aceitar, o cidadão precisa acordar, sair da rotina", disse o procurador, que acrescentou: "se as pessoas continuarem só no whatsapp batendo palminhas, nós vamos chegar ao mesmo lugar que os venezuelanos chegaram".
Ainda na entrevista à emissora de rádio, o procurador disse que a maioria do povo brasileiro não sabe o que é democracia: "na verdade nem os senadores e deputados, a maioria.
O Congresso Nacional e o Senado são uma plantação de analfabetos", afirmou o procurador do Estado de MS.
Na reportagem do UOL, divulgada nessa quarta, foi dito que Lula foi eleito de forma legitima com 60.345.999 de votos (50,9% dos votos válidos), contra os 58.206.354 de Bolsonaro (49,1%).
Informou também que as urnas eletrônicas eleitorais são seguras e todas passaram por auditorias e que nunca houve registro de fraude eleitoral desde a adoção do voto eletrônico, em 1996.
Bolsonaro compartilhou entrevista de procurador de MS, com fake news, e apagou pouco depois (Foto: Reprodução)JÁ SOFREU PROTESTO
No dia seguinte à entrevista do procurador, o deputado estadual eleito de MS, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, informou ao Correio do Estado, que ia protestar contra a sustentação de Gimenez, no STF e também no MPF (Ministério Público Federal).
"Denunciei [procurador] pois ele levanta uma inverdade, uma mentira muito grave contra o TSE, dizendo que quem elegeu o Lula foi o sistema eleitoral e não o povo. Isso é de uma gravidade, uma tentativa de botar em dúvida o processo democrático reconhecido no mundo todo que o Brasil viveu eleitoralmente. Além do que, incentiva os atos de baderna antidemocráticos que cada vez mais se esvaziam. Denunciei ele para o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), para o governador eleito Eduardo Riedel (PSDB) e encaminhei para a página do STF pedindo providência em relação a isso", afirmou, em novembro passado, Zeca do PT.
Já a Ordem dos Advogados do Brasil, seção Mato Grosso do Sul, afirmou à época que não comentaria sobre as eleições e manifestações, apenas falaria de assuntos que envolvam a advocacia.
* Colaborou Leo Ribeiro




