O partido Socialismo e Liberdade, o PSOL, de Mato Grosso do Sul, denunciou ao ao MPE (Ministério Público Estadual) o deputado estadual João Henrique Catan, do PL, por ele ter exibido em discurso nesta semana na Assembleia Legislativa o livro “Mein Kampf (minha luta), produzido pelo ditador nazista Adolf Hitler.
O deputado disse ter mostrado o exemplar como meio de criticar colegas governistas que reprovaram um requerimento de autoria sua que solicitava o acesso ao relato das contratações para cargos comissionados pela gestão do governador Eduardo Riedel, do PSDB. A intenção do parlamentar empacou por 16 votos contrários e apenas dois favoráveis.
Em nota divulgada à imprensa, nesta sexta-feira (10), o PSOL de MS sustentou que o deputado, ao empunhar o Mein Kampf , de maneira completamente demagógica e desnecessária, “como forma de ilustrar seu argumento, acabou por legitimar um dos maiores símbolos da existência de uma ideologia que culminou nos horrores da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, ferindo princípios constitucionais do Estado Democrático de Direito e a dignidade do cargo”.
O comunicado da legenda acrescenta que depois das críticas públicas que recebeu, João Henrique afirmou que seu discurso foi distorcido e sua assessoria divulgou que o livro foi citado num determinado contexto.
Para o PSOL, segue a nota, o contexto não diminui a gravidade do ato. Ao contrário, demonstra que não havia a menor necessidade de levantar na tribuna o “Mein Kampf”, ainda mais fazendo um desagravo ao nazismo quando o deputado diz que o juiz que “suspendeu a entrada e as vendas do Mein Kampf” tenha sido “talvez mais ditador do que Adolf Hitler”, ou ao comparar o atual governo do Estado ao regime nazista.
“De forma deliberada e desmedida, portanto, João Henrique acabou por propagandear a obra prestando um verdadeiro desserviço à sociedade, trazendo aos holofotes uma ideologia que vai de encontro aos objetivos da República Federativa do Brasil, mormente ao quanto previsto no art. 3º, IV, da CRFB/88”, afirmou o diretório do partido.
A representação ainda cita, avança a nota, como fator preocupante relacionado ao tema, o estudo divulgado no início de 2022, da antropóloga Adriana Dias, especialista no assunto, que identificou um crescimento de 270,6% no número de células neonazistas no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021. Tratam-se de grupos violentos e propagadores do racismo e da intolerância, demonstrando o perigo que essa ideologia representa para o nosso país.


