Política

CORREIO EXPLICA

Saiba quem é: André Puccinelli, candidato ao governo de MS

Conheça o perfil pessoal, histórico profissional, repercussões midiáticas e questões jurídicas da vida de cada concorrente ao cargo de governador

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André Puccinelli, 74 anos, é candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Natural de Villaregio, na Itália, filho de Carlo Puccinelli e Giuseppa Fiaschi Puccinelli, veio para o Brasil em 1953, morando um período em Porto Alegre (RS) e logo em Curitiba (PR) onde cursou medicina na Universidade Federal do Paraná (1966-1971).  

Em 1974, transferiu-se para a cidade de Fátima do Sul (MS) e atuou como médico no Hospital Nossa Senhora de Fátima. É casado com Elizabeth Maria Machado com quem teve três filhos: Vanessa Puccinelli, André Puccinelli Júnior e Denise Puccinelli. 

Além de médico e figura pública, André Puccinelli é também produtor rural no setor do agronegócio. Nessa eleição, ele concorre ao lado da  candidata a vice, Tania Garib.

Histórico 

Conforme informações do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), divulgadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em janeiro de 1979, André Puccinelli filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), à época opositor do regime militar de 1964. 

Após o final do bipartidarismo de 1979, com a reformulação partidária, tornou-se membro do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) onde foi presidente do diretório de Fátima do Sul de 1981 a 1986. 

Entre 1983 e 1984 – no governo de Wilson Martins (1983-1986) – passou também pelo cargo de Secretário da Saúde de MS, e foi secretário-geral do diretório regional no Estado. 

Em novembro de 1986, foi eleito deputado estadual, tomando posse da cadeira na Assembleia Legislativa em fevereiro de 1987. André permaneceu neste cargo por dois mandatos consecutivos, até 1996. 

Em 1990, filiou-se ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), sendo reeleito em outubro do mesmo ano, voltando à cadeira de deputado em fevereiro de 1991.

Retornou como membro efetivo da comissão de divisão territorial em 1992. No mesmo ano saiu do PSDB e voltou para o PMDB sendo titular nas comissões de Finanças e Orçamento e de Desenvolvimento Econômico, vice-presidente da comissão de Meio Ambiente e presidente da Comissão de Saúde e Promoção Social. 

Neste mesmo ano, tornou-se secretário executivo do diretório regional do PMDB.

Ainda segundo informações divulgadas pela FGV, durante o ano de 1993, Puccinelli foi membro das comissões especiais de instituição do Código de Proteção ao Meio Ambiente e de representação do Comitê de Ação de Cidadania contra a fome e a Miséria, e pela Vida. O candidato também voltou a participar das comissões de Saúde e Promoção Social e de Finanças e Orçamento. 

Em 1994, foi eleito deputado federal, pelo partido do PMDB, com 65.091 votos. Em fevereiro do ano seguinte, tomou posse de seu cargo e passou a integrar a Comissão de Agricultura e Política Rural na Câmara dos Deputados.

Já no ano de 1996, concorreu ao cargo de prefeito de Campo Grande, vencendo o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) José Orcírio Miranda dos Santos – conhecido como “Zeca do PT” – no segundo turno, por 411 votos a mais. 

Mesmo o resultado tendo sido contestado na Justiça Eleitoral pelo PT, sob a justificativa de que André Puccinelli teria praticado fraude eleitoral, a denúncia não teve nenhum desdobramento prático e, em 1° de janeiro de 1997, Puccinelli foi empossado pela prefeitura. 

André foi reeleito como prefeito em 2000, permanecendo no cargo até o fim de 2004. Ele foi considerado o primeiro prefeito de naturalidade estrangeira na história de uma capital brasileira.

Nas eleições de 2006, candidatou-se ao governo do estado de Mato Grosso do Sul pelo PMDB, tendo como principal adversário, o senador Delcídio Amaral (PT). 

Puccinelli ganhou com 726.806 votos, assumindo seu novo mandato em janeiro do ano seguinte. Ele permaneceu no cargo de governador por dois mandatos, encerrando sua função no fim de 2014. 

Questões jurídicas 

Em 2015, foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) a operação Lama Asfáltica, voltada para a desarticulação de uma organização criminosa que desviava recursos públicos com licitações superfaturadas e fraudadas em obras durante o período de governo Puccinelli entre 2007 e 2014. 

Durante as investigações, Puccinelli chegou a ser preso preventivamente, ficando detido  por cinco meses em 2018, após ser enquadrado como chefe do esquema de corrupção.

Neste período, André estava prestes a concorrer ao governo do Estado e o partido chegou a manter a pré-candidatura, porém teve que acatar a recusa da Justiça às solicitações de soltura. O nome da senadora Simone Tebet (MDB) foi cotado para substituí-lo, mas quem representou a chapa foi, o então deputado, Junior Mochi, que não chegou ao segundo turno. 

A Operação Lama Asfáltica demandou esforços do Ministério Público Federal, a partir da qual foram apontadas denúncias acerca de irregularidades em contratações relacionadas à construção do Aquário do Pantanal, bem como de outras obras e fatos que envolviam o governo Puccinelli. 

Em meio às investigações, as obras do aquário foram paralisadas por anos e só retomadas em 2019, tendo um atraso de cerca de uma década para a entrega. 

Inicialmente, a obra foi orçada e licitada por R$ 84,7 milhões, com duração estimada de 900 dias, mas acabou custando mais de R$ 200 milhões aos cofres do Mato Grosso do Sul, segundo informações da administração atual, do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Em janeiro de 2021, André Puccinelli foi absolvido da ação por improbidade administrativa em obras de avenida em Campo Grande, em processo derivado da operação Lama Asfáltica, iniciada pela Polícia Federal.    

Segundo a sentença, as provas apresentadas pela acusação não foram suficientes para indicar a participação deles em qualquer ilícito.  

Nesse caso, a absolvição envolve obras na Avenida Lúdio Martins Coelho, em Campo Grande, no trecho executado pelo governo do Estado em parceria com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.

Em uma entrevista à rádio Capital 95 FM, em setembro de 2021, Puccinelli afirmou que a prisão preventiva foi ilegal e não tinha motivação. "Não tenho condenação nenhuma até agora. Então, condena primeiro, pelo menos em primeira instância. Naquele momento, foi um ato político", afirmou o ex-governador. 

Conforme veiculado pelo Correio do Estado, em 2021, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região anulou todos os processos da Lama Asfáltica. Com isso, todas as acusações de corrupção contra Puccinelli voltaram à estaca zero. 

O registro de André junto ao TRE foi deferido sem nenhum empecilho legal, tanto para concorrer, quanto para assumir o governo do Estado. A equipe de André ressalta, ainda, que houve anulação do Tribunal Regional Federal (TRF) em relação aos processos dele por suspensão do juiz, ou seja, por comprometimento da autoridade julgadora. 

Repercussões na mídia 

Desentendimento com ministro do Meio Ambiente

Segundo informações da Folha de São Paulo, no mês de setembro de 2009, Puccinelli fez declarações que acabaram ofendendo o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc e repercutiram negativamente na mídia. 

O fato ocorreu após o veto de Minc ao cultivo de cana-de-açúcar na bacia do Alto Paraguai, o que contrariava um projeto do governo estadual que permitia a lavoura açucareira nesta região, na ocasião, Puccinelli chamou o ministro de “veado e fumador de maconha”, e disse que, se Minc fosse a Campo Grande, "ia correr atrás dele e estuprá-lo em praça pública".

Com a repercussão de suas declarações, Puccinelli publicou na página do governo uma nota na qual diz ter feito apenas "referências, em tom de brincadeira, a outras críticas recebidas pelo ministro do Meio Ambiente". 

De acordo com a nota, as declarações de Puccinelli – não reproduzidas no texto – foram "entendidas pelos presentes no contexto de brincadeira, sem caráter de ofensa pessoal". 

No site do Ministério do Meio Ambiente, a assessoria de Minc publicou uma nota de duas linhas na qual Puccinelli foi descrito como "um truculento ambiental que quer destruir o Pantanal com a plantação de cana-de-açúcar". Segundo a nota, a declaração dada pelo governador "revela o seu caráter".

Agressão 

Nas eleições de 2010, Puccinelli concorreu à reeleição, durante a campanha foi acusado de agredir fisicamente um eleitor que teria lhe proferido acusações. Segundo o conteúdo noticiado no Istoé, o caso aconteceu em uma passeata, onde Puccinelli perguntou para o eleitor se ele havia visto o “quanto eu fiz por Campo Grande”. A vítima teria respondido “vi também que o senhor é ladrão”. 

Na ocasião, o candidato teria respondido com um tapa no rosto do eleitor. A vítima foi identificada como Rodrigo de Campo Roque, 23, que foi detido por policiais militares e levado para a delegacia local. No entanto, no boletim de ocorrência, Roque foi identificado como agressor e teria que responder por “injúria real contra o governador”.

“Medalha por cada bandido morto”

Em setembro de 2013, André Puccinelli elogiou o sargento da Polícia Militar, Evanildo Gomes, que reagiu a um assalto em uma lotérica da Capital e matou dois assaltantes. 

Conforme informações do jornal Pragmatismo Político ou Campo Grande News, Puccinelli parabenizou o trabalho do sargento e disse que a ação foi em legítima defesa. No momento da troca de tiros na época, sete clientes estavam na fila.

Já durante a solenidade de formação de novos sargentos da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Puccinelli declarou: "Vou dar uma medalha para cada bandido que ele mandou para o inferno”. 

Em resposta a declaração de Puccinelli, na época, o Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (SINPOL-MS), postou uma nota criticando o governo estadual e informando que os policiais tanto civis como militares, não possuem cobertura completa do plano de saúde para algumas cirurgias, e que, se por acaso, se machucarem durante o combate, seja no trabalho ou na folga, devem bancar 30% do tratamento com o dinheiro do próprio bolso.

Capital sem favela 

Em seu site oficial encontramos a seguinte afirmação no tópico Realizações: “André acabou com as favelas [...]”, a equipe do Correio Verifica fez uma investigação e identificou que essa afirmação não está correta, considerando que esta não é uma realidade em Campo Grande. 

O material completo, em que explicamos como essa expressão caiu no senso comum, pode ser encontrado neste link aqui

Por que explicamos

O Correio Verifica investiga conteúdos suspeitos sobre eleições em Mato Grosso do Sul que viralizam nas redes sociais. Já o Correio Explica é uma ferramenta utilizada para que os leitores entendam um conteúdo que está viralizando midiaticamente.  

Como estamos a pouco tempo das eleições, apresentaremos o perfil de cada candidato - em sorteio definido por ordem alfabética (segundo nome de candidatura dos concorrentes) - informando aos leitores um pouco da vida pessoal e principalmente a carreira política daqueles que concorrem ao governo do Estado, a fim de desfazer boatos, para que a sociedade tenha direito de votar com base em informações verídicas.

O governo de MS é disputado por sete candidatos, maior número desde a criação do Estado, em 11 de outubro de 1977, ano quando teve o território separado do vizinho Mato Grosso.

Além de André Puccinelli do MDB em suas publicações a equipe do Correio Verifica traça também os perfis: do ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, do PSD; Adonis Marcos, do PSOL; a deputada federal Rose Modesto, do União Brasil; o deputado estadual capitão Contar, do PRTB; Eduardo Riedel, do PSDB; Giselle Marques, do PT e Magno de Souza, do PCO.

Ficha do Candidato:

  • Nome: André Puccinelli
  • Vice: Tânia Garib (MDB)
  • Partido: MDB
  • Idade: 74
  • Data de nascimento: 02/07/1948
  • Ocupação: Médico
  • Grau de Instrução: Superior Completo
  • Estado Civil: Casado
  • Município de nascimento: Viareggio - Itália

Saiba mais  

O Correio Verifica já publicou a explicação do perfil do candidato Adonis Marcos. Entre checagens que já realizamos, estão: PSDB-MS não apoia Simone Tebet, ao contrário do que ela afirmou em entrevista ao Jornal Nacional; e agência de Iara Contar não recebeu R$90 milhões em propagandas políticas, ao contrário do que afirma vídeo

 

Impasse

Lula pede que União Europeia mostre 'coragem' por acordo

Pressão exercida principalmente pelo governo francês adiou uma solução final

21/12/2025 11h00

Presidente Lula se reúne com Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia

Presidente Lula se reúne com Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia Foto: Presidência da República / Arquivo

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Ainda sem conseguir fechar um acordo com a União Europeia, os países integrantes do Mercosul tentam diversificar suas parcerias comerciais. Em discurso no sábado, 20, durante a 67.ª Cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu (PR), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que há negociações em curso com países como Japão e Vitenã.

"Infelizmente, a Europa ainda não se decidiu. Líderes europeus pediram tempo adicional para decidir sobre acordo", afirmou Lula, que voltou a instar os dirigentes do bloco europeu. "Sem vontade política e coragem por parte dos líderes, não será possível concluir negociações que se arrastam há 26 anos."

A ideia inicial era que um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia fosse assinado durante a cúpula - que marcou o encerramento da presidência rotativa brasileira do bloco, agora transferida para o Paraguai pelos próximos seis meses -, mas pressão exercida principalmente pelo governo francês adiou uma solução final.

Lula disse ter recebido, na última sexta-feira, uma carta dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa, na qual ambos manifestam expectativa de ver o acordo aprovado em janeiro.

"Estávamos como o noivo esperando a noiva no altar", lamentou o presidente do Paraguai, Santiago Peña. "Perdemos uma oportunidade."

Já o presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a fazer uma série de críticas ao Mercosul durante a plenária do bloco. Ele disse que os objetivos da união aduaneira nunca foram atingidos e que há excesso de burocracia interna, o que travou acordos como o com a União Europeia.

"O Mercosul nasceu com uma missão clara de promover o comércio, aumentar a prosperidade, integrar mercados e elevar a competitividade das nossas sociedades e nenhum dos objetivos centrais se cumpriu", disse Milei. "Não há mercado comum, não há livre circulação efetiva, não há coordenação macroeconômica, não há harmonização normativa real, não há incremento significativo de comércio interno, não há abertura suficiente ao mundo."

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ENTREVISTA

"Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas"

O ex-deputado federal também revelou que, caso seja confirmada a sua candidatura, a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda será a sua vice

20/12/2025 09h00

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal Marcelo Victor/Correio do Estado

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Após ser lançado como pré-candidato a governador de Mato Grosso do Sul pelo PT, o ex-deputado federal Fábio Trad concedeu entrevista exclusiva ao Correio do Estado para comentar sobre esse novo desafio político na sua carreira pública.

“Posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do Estado brasileiro”, declarou.

Ele também destacou que suas prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Já na área ambiental, Fábio Trad disse que o Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. “Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente”, ressaltou.

Para a segurança pública, o ex-deputado federal disse que agirá com inteligência, rigor, integração entre forças, cooperação federativa e investimento em tecnologia.

“Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade”, afirmou o pré-candidato a governador.

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O que levou o senhor a disputar o governo de Mato Grosso do Sul neste momento da sua trajetória política?

Por enquanto, sou pré-candidato. Pré! Portanto, não falo como candidato, mas respondendo à sua pergunta, posso dizer que cheguei a este momento com certa maturidade política, experiência no trato com a coisa pública e conhecimento do funcionamento do estado brasileiro.

Entendo que Mato Grosso do Sul precisa dar um salto de qualidade na gestão pública, com mais sensibilidade social, planejamento e compromisso democrático.

Penso que, confirmada a candidatura, posso contribuir para um debate público com equilíbrio, diálogo e responsabilidade, até porque Mato Grosso do Sul precisa ter uma campanha eleitoral de verdade, honesta, leal, franca.

Caso contrário, os quatro anos do atual governador não serão submetidos a qualquer escrutínio público e isso não é bom para a população e para o Estado.

Qual é a principal diferença entre o seu projeto de governo e o da atual administração estadual?

Sendo confirmada a candidatura, proporei um modelo totalmente diferente da atual gestão. Isto porque a diferença central está na concepção de Estado.

Defendo um governo que enxergue desenvolvimento e justiça social como dimensões inseparáveis, com políticas públicas avaliáveis, transparência real e foco em resultados concretos para a população, especialmente nas áreas essenciais.

Quais serão as três prioridades do seu governo nos primeiros cem dias, se eleito?

Se confirmar minha candidatura, porque sou pré-candidato, as prioridades serão as áreas essenciais que mais afetam a vida cotidiana das pessoas: saúde, educação e segurança pública.

Na saúde, organizar a rede para reduzir filas e melhorar o acesso. Na educação, garantir condições adequadas de funcionamento das escolas e valorização dos profissionais. Na segurança, fortalecer ações integradas e inteligentes para ampliar a proteção da população.

Enfim, estabelecer um pacto institucional com os municípios para revisar prioridades orçamentárias e garantir que recursos públicos cheguem onde a população mais precisa.

Como o senhor pretende gerar emprego e renda em um estado fortemente dependente do agronegócio?

Se confirmar a candidatura, valorizando o agronegócio, mas diversificando a economia. Isso passa por incentivar cadeias produtivas locais, agregar valor à produção, fortalecer a indústria, a bioeconomia, a ciência, a inovação e apoiar pequenas e médias empresas.

De que forma seu governo pretende conciliar produção agrícola e preservação do Pantanal?

Se for confirmada a candidatura, com base na ciência, no cumprimento da lei e no diálogo. O Pantanal é patrimônio ambiental e ativo econômico. Preservá-lo não é obstáculo ao desenvolvimento, mas condição para que ele seja sustentável e permanente.

Mato Grosso do Sul vive conflitos históricos envolvendo terras indígenas. Qual será a sua postura como governador diante desse cenário?

Se for candidato, proporei uma atuação com firmeza institucional, respeito à Constituição e diálogo permanente.

Conflitos não se resolvem com omissão nem com radicalismo, mas com mediação qualificada, segurança jurídica e presença efetiva do Estado. Os direitos serão conciliados com muita escuta, diálogo paritário, respeito e estrito cumprimento da lei.

A saúde pública é uma das maiores queixas da população. O que o senhor fará para reduzir filas e melhorar o atendimento?

Sendo confirmada a candidatura, o tripé será: gestão, planejamento e integração. É preciso melhorar a regulação, fortalecer a atenção primária, otimizar o uso da rede existente e apoiar com muita força os municípios, que são a porta de entrada do sistema de saúde pública.

Como enfrentar o crime organizado e o tráfico nas regiões de fronteira do Estado?

Sendo confirmada a candidatura, com inteligência, rigor, integração entre forças de segurança, cooperação federativa e investimento em tecnologia. Segurança pública não se faz apenas com discurso, mas com estratégia, coordenação, legalidade e profissionalismo. Polícia valorizada é garantia de segurança para a sociedade.

Caso não tenha maioria na Assembleia Legislativa, como pretende governar e aprovar projetos?

Se se confirmar a minha candidatura, asseguro que haverá permanente diálogo institucional, respeito às diferenças e construção de consensos em torno do interesse público. Governar não é impor, mas construir o que é possível visando o bem comum. O Legislativo será respeitado e valorizado.

Não demonizo a classe política, exceções e malfeitos estão em todas as áreas humanas.

Só se avança em gestão se conjugarmos as ações na primeira pessoa do plural, nunca no personalismo. Será um governo de parcerias institucionais sólidas, transparentes e republicanas focadas nos interesses da população.

Por que o eleitor sul-mato-grossense deve confiar no senhor para governar o Estado?

Essa pergunta deve ser feita ao eleitor. De minha parte, só posso dizer que não proporei nada que não possa ser cumprido.

Como o senhor pretende contornar o fato de o seu irmão senador Nelsinho Trad disputar a reeleição apoiando a direita?

Com serenidade e respeito. Somos pessoas públicas com trajetórias, posições e responsabilidades próprias. O eleitor sabe distinguir relações familiares de projetos políticos. Não nascemos irmãos para sermos aliados na política, mas no afeto e no amor. Isso é inquebrantável!

Quem está cotado para ser seu pré-candidato a vice-governador?

Será a ex-primeira-dama do Estado Dona Gilda, esposa do deputado estadual Zeca do PT. A Dona Gilda é muito querida, respeitada, eticamente conceituada e trabalhadora, com experiência bem-sucedida em programas sociais de redistribuição de renda.

Ela dialoga bem com povos originários, quilombolas e indígenas, focando nos mais vulneráveis e na grande quantidade de pessoas pobres no Estado.

Como o senhor avalia a gestão do presidente da República?

O governo federal teve um bom desempenho, apesar de ser atrapalhado e sabotado por um congresso inimigo do povo. A conquista da isenção do Imposto de Renda para 58% da classe trabalhadora [até R$ 5.000, com benefício adicional até R$ 7.500] equivale a um 14º salário para muitos.

Essa medida é crucial para aumentar a renda da classe média trabalhadora e dos mais vulneráveis, embora possa não fazer diferença para salários mais altos”.

O senhor se sente à vontade no PT defendendo seus projetos de Estado?

Fui recebido com carinho e respeito pelos militantes do PT e do campo da esquerda, em virtude de minhas posições críticas ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) desde 2019.

Com relação ao preconceito que as pessoas têm em relação ao PT, posso desmistificar essa ideia dizendo que é um partido muito aguerrido e combativo.

O PT é uma legenda programática, propositiva, muito preocupada com a questão social e a maior da América Latina.

O Brasil, sob o governo do presidente Lula, experimentou profundas transformações econômicas. O País saiu do mapa da fome, retirou 2 milhões de famílias do Bolsa Família, reduziu a taxa de desemprego e controlou a inflação, que hoje está compatível com a meta.

Houve uma diminuição significativa da desigualdade social, um problema histórico no Brasil. Os indicadores econômicos apontam para uma era de prosperidade, aumentando a renda e a dignidade das pessoas mais vulneráveis no nosso Estado.

*PERFIL

Fábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federalFábio Ricardo Trad - Advogado, professor universitário e ex-deputado federal - Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado
 

Fábio Trad

É advogado e professor universitário, com atuação reconhecida nas áreas de Direito Penal e Constitucional. Foi deputado federal por três mandatos consecutivos, período em que se destacou nacionalmente pela qualidade técnica de sua atuação parlamentar, sendo reiteradamente apontado como um dos melhores legisladores do País.

No Congresso Nacional, teve participação relevante em comissões estratégicas e nos principais debates sobre democracia, direitos fundamentais, justiça social, saúde, educação e segurança pública, sempre com postura independente, republicana e fiel à Constituição.

Na advocacia, atua no foro e nos tribunais, inclusive em instâncias superiores. Na docência, dedica-se à formação jurídica com foco na técnica e na função social do Direito. É palestrante e articulista, participando ativamente do debate público sobre temas jurídicos e institucionais.

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