Política

CORREIO EXPLICA

Saiba quem é: André Puccinelli, candidato ao governo de MS

Conheça o perfil pessoal, histórico profissional, repercussões midiáticas e questões jurídicas da vida de cada concorrente ao cargo de governador

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André Puccinelli, 74 anos, é candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Natural de Villaregio, na Itália, filho de Carlo Puccinelli e Giuseppa Fiaschi Puccinelli, veio para o Brasil em 1953, morando um período em Porto Alegre (RS) e logo em Curitiba (PR) onde cursou medicina na Universidade Federal do Paraná (1966-1971).  

Em 1974, transferiu-se para a cidade de Fátima do Sul (MS) e atuou como médico no Hospital Nossa Senhora de Fátima. É casado com Elizabeth Maria Machado com quem teve três filhos: Vanessa Puccinelli, André Puccinelli Júnior e Denise Puccinelli. 

Além de médico e figura pública, André Puccinelli é também produtor rural no setor do agronegócio. Nessa eleição, ele concorre ao lado da  candidata a vice, Tania Garib.

Histórico 

Conforme informações do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), divulgadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em janeiro de 1979, André Puccinelli filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), à época opositor do regime militar de 1964. 

Após o final do bipartidarismo de 1979, com a reformulação partidária, tornou-se membro do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) onde foi presidente do diretório de Fátima do Sul de 1981 a 1986. 

Entre 1983 e 1984 – no governo de Wilson Martins (1983-1986) – passou também pelo cargo de Secretário da Saúde de MS, e foi secretário-geral do diretório regional no Estado. 

Em novembro de 1986, foi eleito deputado estadual, tomando posse da cadeira na Assembleia Legislativa em fevereiro de 1987. André permaneceu neste cargo por dois mandatos consecutivos, até 1996. 

Em 1990, filiou-se ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), sendo reeleito em outubro do mesmo ano, voltando à cadeira de deputado em fevereiro de 1991.

Retornou como membro efetivo da comissão de divisão territorial em 1992. No mesmo ano saiu do PSDB e voltou para o PMDB sendo titular nas comissões de Finanças e Orçamento e de Desenvolvimento Econômico, vice-presidente da comissão de Meio Ambiente e presidente da Comissão de Saúde e Promoção Social. 

Neste mesmo ano, tornou-se secretário executivo do diretório regional do PMDB.

Ainda segundo informações divulgadas pela FGV, durante o ano de 1993, Puccinelli foi membro das comissões especiais de instituição do Código de Proteção ao Meio Ambiente e de representação do Comitê de Ação de Cidadania contra a fome e a Miséria, e pela Vida. O candidato também voltou a participar das comissões de Saúde e Promoção Social e de Finanças e Orçamento. 

Em 1994, foi eleito deputado federal, pelo partido do PMDB, com 65.091 votos. Em fevereiro do ano seguinte, tomou posse de seu cargo e passou a integrar a Comissão de Agricultura e Política Rural na Câmara dos Deputados.

Já no ano de 1996, concorreu ao cargo de prefeito de Campo Grande, vencendo o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) José Orcírio Miranda dos Santos – conhecido como “Zeca do PT” – no segundo turno, por 411 votos a mais. 

Mesmo o resultado tendo sido contestado na Justiça Eleitoral pelo PT, sob a justificativa de que André Puccinelli teria praticado fraude eleitoral, a denúncia não teve nenhum desdobramento prático e, em 1° de janeiro de 1997, Puccinelli foi empossado pela prefeitura. 

André foi reeleito como prefeito em 2000, permanecendo no cargo até o fim de 2004. Ele foi considerado o primeiro prefeito de naturalidade estrangeira na história de uma capital brasileira.

Nas eleições de 2006, candidatou-se ao governo do estado de Mato Grosso do Sul pelo PMDB, tendo como principal adversário, o senador Delcídio Amaral (PT). 

Puccinelli ganhou com 726.806 votos, assumindo seu novo mandato em janeiro do ano seguinte. Ele permaneceu no cargo de governador por dois mandatos, encerrando sua função no fim de 2014. 

Questões jurídicas 

Em 2015, foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) a operação Lama Asfáltica, voltada para a desarticulação de uma organização criminosa que desviava recursos públicos com licitações superfaturadas e fraudadas em obras durante o período de governo Puccinelli entre 2007 e 2014. 

Durante as investigações, Puccinelli chegou a ser preso preventivamente, ficando detido  por cinco meses em 2018, após ser enquadrado como chefe do esquema de corrupção.

Neste período, André estava prestes a concorrer ao governo do Estado e o partido chegou a manter a pré-candidatura, porém teve que acatar a recusa da Justiça às solicitações de soltura. O nome da senadora Simone Tebet (MDB) foi cotado para substituí-lo, mas quem representou a chapa foi, o então deputado, Junior Mochi, que não chegou ao segundo turno. 

A Operação Lama Asfáltica demandou esforços do Ministério Público Federal, a partir da qual foram apontadas denúncias acerca de irregularidades em contratações relacionadas à construção do Aquário do Pantanal, bem como de outras obras e fatos que envolviam o governo Puccinelli. 

Em meio às investigações, as obras do aquário foram paralisadas por anos e só retomadas em 2019, tendo um atraso de cerca de uma década para a entrega. 

Inicialmente, a obra foi orçada e licitada por R$ 84,7 milhões, com duração estimada de 900 dias, mas acabou custando mais de R$ 200 milhões aos cofres do Mato Grosso do Sul, segundo informações da administração atual, do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Em janeiro de 2021, André Puccinelli foi absolvido da ação por improbidade administrativa em obras de avenida em Campo Grande, em processo derivado da operação Lama Asfáltica, iniciada pela Polícia Federal.    

Segundo a sentença, as provas apresentadas pela acusação não foram suficientes para indicar a participação deles em qualquer ilícito.  

Nesse caso, a absolvição envolve obras na Avenida Lúdio Martins Coelho, em Campo Grande, no trecho executado pelo governo do Estado em parceria com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.

Em uma entrevista à rádio Capital 95 FM, em setembro de 2021, Puccinelli afirmou que a prisão preventiva foi ilegal e não tinha motivação. "Não tenho condenação nenhuma até agora. Então, condena primeiro, pelo menos em primeira instância. Naquele momento, foi um ato político", afirmou o ex-governador. 

Conforme veiculado pelo Correio do Estado, em 2021, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região anulou todos os processos da Lama Asfáltica. Com isso, todas as acusações de corrupção contra Puccinelli voltaram à estaca zero. 

O registro de André junto ao TRE foi deferido sem nenhum empecilho legal, tanto para concorrer, quanto para assumir o governo do Estado. A equipe de André ressalta, ainda, que houve anulação do Tribunal Regional Federal (TRF) em relação aos processos dele por suspensão do juiz, ou seja, por comprometimento da autoridade julgadora. 

Repercussões na mídia 

Desentendimento com ministro do Meio Ambiente

Segundo informações da Folha de São Paulo, no mês de setembro de 2009, Puccinelli fez declarações que acabaram ofendendo o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc e repercutiram negativamente na mídia. 

O fato ocorreu após o veto de Minc ao cultivo de cana-de-açúcar na bacia do Alto Paraguai, o que contrariava um projeto do governo estadual que permitia a lavoura açucareira nesta região, na ocasião, Puccinelli chamou o ministro de “veado e fumador de maconha”, e disse que, se Minc fosse a Campo Grande, "ia correr atrás dele e estuprá-lo em praça pública".

Com a repercussão de suas declarações, Puccinelli publicou na página do governo uma nota na qual diz ter feito apenas "referências, em tom de brincadeira, a outras críticas recebidas pelo ministro do Meio Ambiente". 

De acordo com a nota, as declarações de Puccinelli – não reproduzidas no texto – foram "entendidas pelos presentes no contexto de brincadeira, sem caráter de ofensa pessoal". 

No site do Ministério do Meio Ambiente, a assessoria de Minc publicou uma nota de duas linhas na qual Puccinelli foi descrito como "um truculento ambiental que quer destruir o Pantanal com a plantação de cana-de-açúcar". Segundo a nota, a declaração dada pelo governador "revela o seu caráter".

Agressão 

Nas eleições de 2010, Puccinelli concorreu à reeleição, durante a campanha foi acusado de agredir fisicamente um eleitor que teria lhe proferido acusações. Segundo o conteúdo noticiado no Istoé, o caso aconteceu em uma passeata, onde Puccinelli perguntou para o eleitor se ele havia visto o “quanto eu fiz por Campo Grande”. A vítima teria respondido “vi também que o senhor é ladrão”. 

Na ocasião, o candidato teria respondido com um tapa no rosto do eleitor. A vítima foi identificada como Rodrigo de Campo Roque, 23, que foi detido por policiais militares e levado para a delegacia local. No entanto, no boletim de ocorrência, Roque foi identificado como agressor e teria que responder por “injúria real contra o governador”.

“Medalha por cada bandido morto”

Em setembro de 2013, André Puccinelli elogiou o sargento da Polícia Militar, Evanildo Gomes, que reagiu a um assalto em uma lotérica da Capital e matou dois assaltantes. 

Conforme informações do jornal Pragmatismo Político ou Campo Grande News, Puccinelli parabenizou o trabalho do sargento e disse que a ação foi em legítima defesa. No momento da troca de tiros na época, sete clientes estavam na fila.

Já durante a solenidade de formação de novos sargentos da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Puccinelli declarou: "Vou dar uma medalha para cada bandido que ele mandou para o inferno”. 

Em resposta a declaração de Puccinelli, na época, o Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (SINPOL-MS), postou uma nota criticando o governo estadual e informando que os policiais tanto civis como militares, não possuem cobertura completa do plano de saúde para algumas cirurgias, e que, se por acaso, se machucarem durante o combate, seja no trabalho ou na folga, devem bancar 30% do tratamento com o dinheiro do próprio bolso.

Capital sem favela 

Em seu site oficial encontramos a seguinte afirmação no tópico Realizações: “André acabou com as favelas [...]”, a equipe do Correio Verifica fez uma investigação e identificou que essa afirmação não está correta, considerando que esta não é uma realidade em Campo Grande. 

O material completo, em que explicamos como essa expressão caiu no senso comum, pode ser encontrado neste link aqui

Por que explicamos

O Correio Verifica investiga conteúdos suspeitos sobre eleições em Mato Grosso do Sul que viralizam nas redes sociais. Já o Correio Explica é uma ferramenta utilizada para que os leitores entendam um conteúdo que está viralizando midiaticamente.  

Como estamos a pouco tempo das eleições, apresentaremos o perfil de cada candidato - em sorteio definido por ordem alfabética (segundo nome de candidatura dos concorrentes) - informando aos leitores um pouco da vida pessoal e principalmente a carreira política daqueles que concorrem ao governo do Estado, a fim de desfazer boatos, para que a sociedade tenha direito de votar com base em informações verídicas.

O governo de MS é disputado por sete candidatos, maior número desde a criação do Estado, em 11 de outubro de 1977, ano quando teve o território separado do vizinho Mato Grosso.

Além de André Puccinelli do MDB em suas publicações a equipe do Correio Verifica traça também os perfis: do ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, do PSD; Adonis Marcos, do PSOL; a deputada federal Rose Modesto, do União Brasil; o deputado estadual capitão Contar, do PRTB; Eduardo Riedel, do PSDB; Giselle Marques, do PT e Magno de Souza, do PCO.

Ficha do Candidato:

  • Nome: André Puccinelli
  • Vice: Tânia Garib (MDB)
  • Partido: MDB
  • Idade: 74
  • Data de nascimento: 02/07/1948
  • Ocupação: Médico
  • Grau de Instrução: Superior Completo
  • Estado Civil: Casado
  • Município de nascimento: Viareggio - Itália

Saiba mais  

O Correio Verifica já publicou a explicação do perfil do candidato Adonis Marcos. Entre checagens que já realizamos, estão: PSDB-MS não apoia Simone Tebet, ao contrário do que ela afirmou em entrevista ao Jornal Nacional; e agência de Iara Contar não recebeu R$90 milhões em propagandas políticas, ao contrário do que afirma vídeo

 

CÓDIGO DE CONDUTA

CNJ proíbe juiz coach e limita participação em eventos e cursos

Conselheiro da OAB-MS no CNJ, Mansour Karmouche explicou que a medida foca quem faz promoção pessoal

13/12/2025 08h00

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF)

Mansour Elias Karmouche durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília (DF) Divulgação

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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicou em setembro e entrou em vigor este mês a Resolução nº 650/2025, que regulamenta em todo o Poder Judiciário como os magistrados podem atuar como docentes e participar de eventos, reforçando limites para evitar conflitos com o expediente forense e com a independência judicial.

Pelo texto, magistrados da União e dos estados continuam proibidos de exercer outro cargo ou função, ainda que com disponibilidade, com exceção do magistério.

Mesmo assim, a atividade docente fica condicionada à compatibilidade de horários com o trabalho no fórum.

A regra vale também para o ensino a distância (EAD), que deverá seguir os mesmos princípios do formato presencial, incluindo a exigência de conciliação com o expediente forense.

A resolução determina ainda que cada tribunal deverá regulamentar o limite máximo de carga horária semanal dedicada à docência de EAD, levando em conta “peculiaridades locais”.

Além disso, fica vedado ao magistrado exercer cargo administrativo ou técnico em instituição de ensino, com exceção de funções como coordenação de curso, projetos de pesquisa e extensão, ou atividades em escolas de aperfeiçoamento dos próprios tribunais e entidades vinculadas.

Um dos pontos centrais é a proibição explícita da prática de coaching e atividades similares para preparação de candidatos a concursos, mesmo quando envolvam conteúdos jurídicos.

O CNJ estabelece que esse tipo de serviço – descrito como treinamento organizado e oneroso voltado a “objetivos predefinidos”, como aprovações e ganhos – não é considerado docência e, por isso, é vedado a magistrados.

A norma equipara ao coaching a assessoria coletiva via mídias e redes sociais quando houver monetização digital ou captação de clientela para venda de produtos e serviços.

Há, porém, uma ressalva: mentoria gratuita, individual ou coletiva, direcionada a alunos de políticas afirmativas construídas no âmbito do CNJ e voltada à pluralização do perfil da magistratura, não é tratada como coaching, mas deverá ser formalmente comunicada ao tribunal competente, em registro eletrônico.

Para atividades regulares de docência em instituições de ensino, o magistrado terá de registrar eletronicamente no tribunal informações como entidade, horários e disciplinas ministradas, preferencialmente no início de cada semestre, mantendo os dados atualizados.

O CNJ e a Corregedoria Nacional de Justiça farão acompanhamento periódico dessas informações.

A resolução também amplia o conceito de atividade docente para fins de controle: participação de magistrados como palestrantes, conferencistas, moderadores, debatedores, integrantes de comissão organizadora, membros de bancas de concurso e de comissões de juristas (inclusive instituídas pelo Legislativo ou o Executivo) passa a ser considerada docência.

EVENTOS

Uma exceção é criada para participações virtuais breves e não remuneradas: eventos online (ao vivo ou gravados) de até 20 minutos, em horário compatível com o expediente, ficam dispensados do registro eletrônico.

No capítulo sobre eventos, o CNJ estabelece que congressos, seminários, simpósios e encontros similares promovidos, realizados ou apoiados por conselhos e tribunais devem observar princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

O texto permite patrocínio de empresas com fins lucrativos até o limite de 30% do custo total do evento e autoriza patrocínio parcial ou total por entidades filantrópicas e fundações de direitos humanos, desde que compatíveis com o tema.

Já quando o evento for promovido ou subvencionado por entidade privada com fins lucrativos e houver custeio de transporte e hospedagem, a participação de magistrados fica limitada a papéis específicos, como comissão organizadora ou atuação como palestrante, moderador e debatedor – com exceção para eventos custeados exclusivamente por associações de magistrados.

A resolução ainda prevê a possibilidade de magistrados receberem premiação da administração pública ou de entidades sem fins lucrativos por obra jurídica ou prática inovadora de interesse da administração judiciária, desde que não haja comprometimento da independência funcional.

Também admite o recebimento de itens de cortesia em situações específicas, desde que o valor patrimonial não descaracterize o caráter simbólico.

ANÁLISE

Segundo Mansour Elias Karmouche, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional em Mato Grosso do Sul (OAB-MS) e conselheiro federal no CNJ, essas restrições aos magistrados foram o último ato do ministro Luís Roberto Barroso, antes de se aposentar do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A medida foca os magistrados que costumam promover e oferecer cursos paralelos de mentoria e coaching, e, a partir de agora, essa prática foi completamente vedada. A proibição está alinhada a um código de conduta para magistrados, com o magistério ainda sendo aprovado, mas não podendo mais participar das redes sociais na capacidade de empreendedores”, detalhou.

Mansour Karmouche reforçou que a resolução chega em um momento de necessidade de mais transparência no sistema judicial brasileiro e foca a preocupação sobre potenciais conflitos de interesse dos magistrados.

“A partir de agora, todos os magistrados que participam de eventos precisam registrar e comunicar informações, incluindo valores recebidos e patrocinadores. Isso é importante para a segurança da sociedade, porém, infelizmente, a resolução se aplica apenas até o Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois o STF está fora do alcance das regulamentações do CNJ”, pontuou.

O conselheiro federal da OAB no CNJ destacou que o ministro Luiz Edson Fachin, presidente do STF, pela limitação do conselho, propôs uma resolução específica para disciplinar a participação dos magistrados do Supremo.

“Essa proposta surgiu, em parte, após uma viagem controversa do ministro Dias Toffoli, que gerou grande polêmica”, recordou.

Fachin tem apresentado a ministros da Corte a intenção de criar um código de conduta para integrantes de tribunais superiores, como na Alemanha, onde o Tribunal Constitucional elaborou um código de conduta em 2017.

São 4 artigos e 16 itens no total, que são um conjunto de regras para os integrantes da Corte considerada a guardiã da Constituição alemã e que tem inspirado o ministro Fachin.

O primeiro artigo do Código de Ética alemão diz que: “Juízas e juízes devem se comportar, dentro e fora de suas funções, de modo a não prejudicar o prestígio do Tribunal, a dignidade do cargo e a confiança em sua independência, imparcialidade, neutralidade e integridade”.

O texto afirma que precisa existir um “zelo para que não surja qualquer dúvida quanto à neutralidade perante grupos sociais, políticos, religiosos ou ideológicos”. Ele cita também o cuidado com as “relações pessoais”.

O código tem, ainda, um parágrafo sobre a ética de aceitar presentes: “Juízas e juízes só aceitam presentes e benefícios de qualquer tipo apenas na medida em que isso não possa gerar dúvidas sobre sua integridade pessoal e independência”.

Diz também que os magistrados podem “receber remuneração por palestras, pela participação em eventos e por publicações somente e apenas na medida em que isso não prejudique o prestígio do Tribunal nem gere dúvidas quanto à independência, à imparcialidade, à neutralidade e à integridade de seus membros” e que “os rendimentos obtidos em atividades extrajudiciais devem ser divulgados”.

Por determinação do Código de Ética alemão, esses dados são públicos e ficam liberados para consulta. A tabela de 2024 é a mais recente disponível.

Mostra exatamente o quanto cada integrante do Tribunal Constitucional da Alemanha ganhou em atividades fora do Judiciário – publicação de livros e artigos, palestras, participações em eventos independentes.

O código também determina que os magistrados da Corte não podem emitir pareceres sobre questões de direito constitucional nem fazer previsões sobre o resultado de processos pendentes ou que podem vir a ser decididos pelo Tribunal.

O texto prevê ainda regras para depois do término do mandato. Fala, por exemplo, que os juízes não podem assumir atividades de consultoria nem emitir pareceres técnicos no primeiro ano fora do Tribunal e que, mesmo depois desse período, está vedada a atuação em casos da Corte para não dar a impressão de utilização indevida de conhecimentos internos.

O Reino Unido também tem código de ética para magistrados de tribunais superiores.

O documento determina que os juízes são expressamente proibidos de aceitar remuneração por atividades extrajudiciais e tem uma parte específica que fala o que é preciso ser levado em conta para que um magistrado se declare impedido de julgar uma determinada ação.

Nos Estados Unidos, a Suprema Corte adotou um código de ética em 2023, depois que reportagens revelaram que juízes ocultaram ter recebido presentes e benefícios de empresários. Um dos magistrados é Clarence Thomas, que está na Corte desde 1991.

Segundo investigações de agências de notícias do país, ele aceitou, durante anos, viagens de luxo pagas por um bilionário texano, que comprou uma casa do juiz. A transação não foi informada às autoridades. O código americano estabelece, por exemplo, que juízes precisam explicar os motivos de se declararem impedidos de julgar um caso.

Logo no início, o texto afirma: “A ausência de um código levou à falsa impressão de que os juízes desta Corte se consideram imunes a regras éticas. Para acabar com essa percepção enganosa, estamos publicando esse código, que representa uma codificação dos princípios que nós sempre respeitamos”.

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advogados e juristas

Prerrogativas homenageia Tebet e a convida para integrar chapa lulista em SP

"Nesta política do Brasil precisa ter coragem. E coragem não me falta", declarou Simone depois de ser convidada para mudar domicílio eleitoral para SP

13/12/2025 07h23

Simone Tebet recebeu homenagem de grupo de juristas ao lado de Geraldo Alckmin e Fernando Hadad

Simone Tebet recebeu homenagem de grupo de juristas ao lado de Geraldo Alckmin e Fernando Hadad

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Uma homenagem do grupo Prerrogativas a Simone Tebet (MDB), Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) voltou a flertar com a possibilidade de ter os três ministros em uma chapa em São Paulo como palanque de Lula na eleição do ano que vem. Atualmente, o título eleitoral de Simone Tebet está em seu Estado natal, o Mato Grosso do Sul. 

Em evento com tom de campanha eleitoral, os três foram citados pelo coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, como representantes da frente ampla que deu a vitória a Lula em 2022 e como trunfos para a eleição de 2026. O Prerrogativas é formado por advogados e juristas pró-PT e ampliou sua influência no governo com a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"Nós vamos ganhar em São Paulo e no Brasil, em todos os Estados. Essa é a aliança pela democracia que vai vencer as eleições em 2026", disse Carvalho. Em uma referência indireta às crises recentes envolvendo o Congresso, ele também afirmou que Lula é o único adulto na sala e não quer "abocanhar" as competências dos outros Poderes.

"É um luxo para São Paulo ter três opções. É uma chapa que representa a união da direita civilizada, da centro-direita, centro-esquerda e esquerda em torno das instituições e da defesa da democracia", disse Carvalho ao Estadão.

Questionado se a ministra do Planejamento estaria disposta a mudar o domicílio eleitoral para São Paulo, respondeu: "Eu acho que ela estava esperando o chamado. Hoje nós fizemos o chamado para ela se apresentar à população de São Paulo. O Prerrogativas dá sorte". O grupo fez parte da articulação que levou Alckmin a vice de Lula em 2022.

Apesar de o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ter lançado sua pré-candidatura à Presidência há poucos dias, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) segue sendo alvo preferencial do PT e foi citado pelo menos duas vezes em discursos no palco.

Haddad lembrou a declaração de Lula direcionada ao governador mais cedo nesta sexta-feira, de que os prognósticos de especialistas para a economia não se concretizaram. Marco Aurélio também fez críticas à gestão de Tarcísio em São Paulo.

"Hoje o presidente Lula falou uma coisa muito importante. Ele falou olhando pro governador de São Paulo: ‘Você viu Tarcísio que todos os prognósticos feitos por economistas não deram certo?’", disse Haddad. "Não é comemorar que o caras que apostaram contra o Brasil estavam errados. É comemorar que nós demos certo", continuou.

Haddad resiste a ser candidato novamente. Nesta semana, ele disse em entrevista ao jornal O Globo que pode deixar o ministério para ajudar na campanha de Lula no ano que vem, mas que já avisou ao presidente que não quer disputar uma nova eleição.

O petista é cotado tanto para disputar o governo de São Paulo quanto o Senado pelo Estado. Ao ser questionado novamente por jornalistas na noite desta sexta-feira, Haddad disse que já havia falado sobre o tema na entrevista.

Ex-presidente do PT e ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann afirmou a jornalistas no evento que ainda não há uma definição.

"É óbvio que qualquer lançamento de nome, de composição, a gente tem que conversar. Não se faz de uma hora para a outra. Mas, com certeza, são 3 nomes muito potentes, muito importantes na política nacional e local aqui em São Paulo", afirmou.

Apesar de seu partido, o MDB, ainda não ter definido qual caminho seguirá em 2026, Tebet foi taxativa e disse que estará no palanque de Lula. A ministra do Planejamento recebeu aplausos da plateia ao dizer que Lula é maior presidente que o Brasil já teve. O MDB já teve José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer como presidentes.

Para estar no palanque de Lula em São Paulo, ela teria que deixar o Mato Grosso do Sul e mudar de partido, já que o MDB paulista apoia Tarcísio. Tebet é cotada para uma vaga ao Senado, mas ao final de seu discurso algumas pessoas na plateia gritaram "governadora".

"Nesta política do Brasil precisa ter coragem. E coragem não me falta", declarou.

No caso de Alckmin, a prioridade é repetir a chapa com Lula para o Palácio do Planalto. Ele afirmou que o petista salvou a democracia ao derrotar Bolsonaro em 2022 e foi o orador mais aplaudido ao iniciar seu discurso cumprimentando a plateia com "companheiros e companheiras", marca do presidente.

Além dos três, o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), já manifestou o desejo de ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Ele não compareceu ao evento.

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