Política

AJUDA DE CUSTO

Simone Tebet nega rumores de candidatura por São Paulo e diz que fica em MS

A ministra do Planejamento e Orçamento reforçou que Mato Grosso do Sul é seu estado e jamais mudaria de domicílio

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Após a imprensa nacional divulgar, na semana passada, que a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, pretende trocar Mato Grosso do Sul por São Paulo e o MDB pelo PT para disputar uma cadeira ao Senado nas eleições do próximo ano, ela procurou o Correio do Estado para negar tal possibilidade.

“Meu estado se chama Mato Grosso do Sul”, afirmou a ministra com exclusividade à reportagem, rebatendo as notícias que foram publicadas a esse respeito pela mídia nacional e reproduzidas pela estadual. “Muita gente falando isso por aqui em Brasília [DF], mas não procede”, reforçou.

No mês passado, durante agenda em Campo Grande, Simone Tebet falou sobre a chance de sair candidata a senadora nas eleições do próximo ano. 

“Eu acho que está um pouquinho longe do processo eleitoral. Hoje o meu papel é servir Mato Grosso do Sul servindo o Brasil. Não é pouca coisa, hoje, cuidar de todo o Orçamento brasileiro e, diante de todas as dificuldades, quero continuar ajudando Mato Grosso do Sul”, afirmou.

Ela assegurou que, se tiver de ficar até o dia 31 de dezembro de 2026 e for importante para Mato Grosso do Sul, permanecerá no cargo de ministra. 

“Se eu tiver que servir ao Brasil cumprindo alguma missão com alguma candidatura, eu vou conversar com o presidente Lula, com o governador Riedel [de MS] e com o meu partido”, avisou.

Caso decida sair candidata a senadora por Mato Grosso do Sul, Simone terá de encontrar espaço no MDB, cujo diretório local está se agrupando mais à direita e não quer prejudicar a candidatura de Reinaldo Azambuja (atualmente no PSDB, futuramente no PL) ao Senado. Uma das opções é que ela mude de partido e se candidate pelo PT, e outra é que encontre respaldo do MDB nacional. 

Além disso, para a ministra, “o mais importante é conversar com as pessoas, olhando nos olhos delas, tirando os extremos de um lado e de outro e ver o que elas querem”. 

“E [ver] se eu ainda tenho condições de contribuir como mulher, como mãe, como professora e como advogada para o Estado”, assegurou.

Simone lembrou que já tem 30 anos de carreira política e conseguiu uma certa independência financeira, portanto, poderá escolher estar onde Mato Grosso do Sul precisar dela.

“Eu sirvo a Mato Grosso do Sul independentemente de mandato”, garantiu.

A ministra recordou que foi para uma candidatura à Presidência da República sabendo que tinha de cumprir outra missão e que não seria eleita porque o País estava polarizado.

“Portanto, eu estava pronta para não ter mandato eletivo, e hoje estou na mesma posição, pois, como ministra, eu estou pronta para servir Mato Grosso do Sul da forma que entender ser a melhor para o nosso estado. Agora, eu não tenho dúvida que eu fiz a melhor opção, porque, se não estivesse como ministra do Planejamento e Orçamento, muitos desses investimentos federais conquistados pelo Estado não teriam vindo”, analisou.

Ela acrescentou que o fato de estar no Ministério do Planejamento e Orçamento e sabendo o quanto isso pode ajudar Mato Grosso do Sul a faz pensar duas vezes se deve ou não sair em abril do próximo ano para disputar um cargo eletivo.

A ministra ainda falou sobre os comentários de que mudaria o domicílio eleitoral para o estado de São Paulo para sair candidata ao Senado por lá, em decorrência de Mato Grosso do Sul ser muito bolsonarista.

“Meu estado é Mato Grosso do Sul, não há a menor possibilidade de trocar de domicílio. Na política, você precisa ter lado. E, quando você tem lado e tem postura, as pessoas, no mínimo, reconhecem. Elas podem não gostar, mas elas se reconhecem. E o fato de ter lado, de ter posturas firmes e de mostrar o que a gente acredita me ajudou a aparecer bem nas pesquisas de intenções de votos para senadora”, pontuou.

Ela citou que a pesquisa qualitativa lhe colocou como um dos melhores nomes no sentido de credibilidade. 

“Isso não tem preço, independentemente de ganhar uma eleição, de ter 1 voto, ou ter 10 votos, ou ainda ter 1 milhão de votos. A credibilidade na vida da gente é o que vale, é o que me permite andar de cabeça seguida”, afirmou.

A ministra ainda recordou do fato de ter sido vaiada durante cerimônia de celebração em Três Lagoas, cidade onde foi prefeita.

“Uns vão aplaudir, outros vão apoiar, outros vão criticar, outros vão elogiar. Isso faz parte do processo, e isso é importante. Então, estou extremamente satisfeita e até surpresa com os resultados das pesquisas qualitativas que eu tenho visto”, revelou.

PT

O Correio do Estado apurou, com fontes ligadas ao PT, que desde o início do ano a direção nacional da sigla discute internamente a possibilidade de Simone Tebet trocar o MDB pelo partido do presidente Lula, entretanto, tal assunto nunca chegou oficialmente até a ministra, ficando apenas nos bastidores da legenda.

Ainda segundo essas fontes petistas, a ideia é fazer uma pesquisa para saber o potencial da ministra em São Paulo e, depois, apresentar o resultado à direção-executiva da legenda.

Em 2022, Simone Tebet ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, com cerca de 4,8 milhões de votos – o equivalente a 4,21% do total, tendo conquistado 1,6 milhão de votos apenas no estado de São Paulo.

Na avaliação de Simone, o desafio central para os aliados do presidente em 2026 será a disputa por cadeiras no Congresso, mais do que o controle de governos estaduais. 

“A manutenção da democracia”, segundo ela, dependerá da vitória de forças contrárias ao bolsonarismo no Legislativo.

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MATO GROSSO DO SUL

Com 38 denúncias em 2024, MPT alerta contra o assédio eleitoral no trabalho

Nas duas últimas eleições, o órgão fiscalizador recebeu 74 denúncias, celebrou 10 TACs e expediu 28 recomendações

10/11/2025 08h40

A procuradora-chefe do MPT no Estado, Cândice Gabriela Arosio

A procuradora-chefe do MPT no Estado, Cândice Gabriela Arosio Divulgação

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A pouco menos de um ano da volta de sul-mato-grossenses às urnas, o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) já acende o alerta para o assédio eleitoral, isto é, a tentativa de os patrões influenciarem o voto dos funcionários por meio de coação, intimidação ou ameaças para votar neste ou naquele candidato.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, a procuradora-chefe do MPT-MS, Cândice Gabriela Arosio, informou que, nas duas últimas eleições no Estado, foram 74 denúncias, sendo 36 no pleito de 2022 e 38 na votação do ano passado.

“Apesar deste ano não ser eleitoral, nós já recebemos a primeira denúncia de assédio eleitoral, uma prática de intimidação do empregador, que utiliza a sua estrutura empresarial e seu poder diretivo para influenciar e manipular o voto do funcionário a ele vinculado”, declarou, revelando que a denúncia teve origem em Campo Grande e está sendo apurada sob sigilo.

Ela informou que, como resultado da mobilização do MPT-MS no combate a esse crime eleitoral, foi possível prevenir práticas ilícitas e coibir condutas ilegais no Estado, com a celebração de 10 Termos de Ajuste de Conduta (TACs) e a expedição de 28 recomendações para orientar os empregadores e gestores quanto às condutas corretas, promovendo o respeito à liberdade de escolha dos trabalhadores.

“Nenhum empregador, seja da iniciativa privada, seja da administração pública, pode pressionar ou influenciar o voto de seus empregados, conduta que constitui tanto uma infração trabalhista quanto eleitoral”, alertou Cândice Gabriela Arosio.

Ela recordou que, embora essas práticas tenham origem no período do coronelismo, o termo assédio eleitoral foi oficialmente reconhecido e incorporado ao vocabulário jurídico apenas nas eleições de 2022.

A procuradora-chefe do MPT-MS explicou que foi somente nas eleições de 2022 que o órgão fiscalizador passou a integrar o conjunto de instituições atuantes no processo eleitoral, com legitimidade para adotar medidas extrajudiciais e judiciais destinadas a prevenir e reprimir o assédio eleitoral nas relações de trabalho.

Em todo o País, foram mais de cinco mil denúncias nos últimos quatro anos, com 4.225 investigações e mais de 700 TACs firmados entre o MPT e empregadores, mostrando que o assédio eleitoral, antes visto como pontual, consolidou-se como um problema estrutural, que mistura relações de poder e disputas políticas em um campo especialmente sensível.

EXEMPLOS

Entre os exemplos de assédio eleitoral nas relações de trabalho ou outras formas de coação citados por ela, estão: as ameaças de demissão em razão da escolha de candidatos ou do resultado das urnas; a imposição do uso de roupas ou uniformes com referências a campanhas políticas; a oferta de benefícios financeiros ou de promoções condicionadas à vitória de determinado candidato; a realização de reuniões para direcionar o voto dos empregados; e a restrição da locomoção dos trabalhadores no dia da votação.

“É bom lembrar que as promessas de pagamento de 14º salário, distribuição de cestas básicas, promoções na carreira ou qualquer outro benefício oferecido por empregadores em troca do voto de seus empregados configuram não apenas assédio eleitoral, mas também compra de votos. Essas práticas sujeitam os responsáveis à responsabilização trabalhista e podem ainda ensejar penalizações na esfera eleitoral”, assegurou.

Para Cândice Gabriela Arosio, o assédio eleitoral pode ser praticado não apenas por empregadores da iniciativa privada, mas também por gestores públicos, ocorrendo na administração direta ou indireta, em empresas terceirizadas contratadas pelo poder público ou em qualquer forma de relação de trabalho.

“Importante diferenciar o empregador, na condição de contratante, de sua pessoa física enquanto cidadão. Assim como qualquer eleitor, ele tem o direito de expressar suas opiniões políticas e preferências partidárias, seja em sua vida pessoal, em redes sociais ou em outros contextos privados e sociais. O que lhe é vedado é o uso de sua posição hierárquica ou dos recursos da empresa para pressionar, influenciar ou constranger empregados quanto à sua escolha de voto”, comentou.

 A procuradora-chefe do MPT-MS acrescentou que, depois que o órgão fiscalizador recebe uma denúncia, ela pode resultar na instauração de inquérito civil, em que são investigados os fatos, podendo haver a expedição de recomendações, propositura de TACs e ajuizamento de ações civis públicas na Justiça do Trabalho, com pedidos que visam a retratação cabal, a cominação de obrigações de fazer e não fazer, o pagamento de indenizações e quaisquer outras medidas apropriadas à reconstituição dos bens lesados.

“Todo trabalhador que é vítima ou presenciou casos de assédio eleitoral no ambiente de trabalho pode fazer uma denúncia anônima ao MPT-MS, que vai atuar para responsabilizar o empregador e garantir que o eleitor exerça seu direito de escolha de forma livre, sem pressões, intimidações ou ameaças, condição indispensável para a efetivação da democracia”, argumentou.

Em nível nacional, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou, em parceria com o MPT, uma cartilha nacional que orienta trabalhadores e empregadores sobre como identificar e denunciar a prática.

Cidadãos que se sintam pressionados ou coagidos em razão de suas preferências políticas podem registrar denúncia diretamente no site do MPT, sob anonimato, e também é possível recorrer aos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs), ao Ministério Público Federal (MPF), aos sindicatos laborais e à Ouvidoria do TRT da 24ª Região.

*SAIBA

A denúncia anônima pode ser apresentada pelo site do MPT-MS: www.prt24.mpt.mp.br/servicos/denuncias ou presencialmente em uma das três unidades da instituição, que ficam nas cidades de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. O atendimento presencial é realizado de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 17h.

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Política

Ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina, diz Lula

Presidente afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional"

09/11/2025 20h00

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva FOTO: CanalGov/Reprodução

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 9, que "a ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe", em um sinal indireto às ameaças promovidas pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela. Ele afirmou que "democracias não combatem o crime violando o direito internacional".

O governo de Donald Trump tem usado como pretexto para intensificar sua presença militar no Caribe o combate ao narcotráfico. Nos últimos meses, destruiu barcos que trafegavam pela região alegando que se tratava de embarcações de traficantes. Os tripulantes foram mortos.

O discurso de Lula foi feito na Cúpula Celac-União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O presidente brasileiro disse que a América Latina é uma "região de paz" e pretende continuar assim

"A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais. Somos região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", declarou.

Segundo Lula, a "democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvaziam espaços públicos e destroem famílias e desestruturam negócios". O presidente brasileiro disse que garantir "segurança é dever do Estado e direito humano fundamental" e que "não existe solução mágica para acabar com a criminalidade". O presidente defendeu "reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas".

Lula citou a última reunião da cúpula Celac-União Europeia, há dois anos, em Bruxelas. Disse que, naquela época, "vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria", mas, "deste então, experimentamos situações de retrocessos".

O petista criticou a falta de integração entre os países latinoamericanos. Afirmou que "voltamos a ser uma reunião dividida" e com ameaças envolvendo o "extremismo político".

"A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região dividida, mais voltada para fora do que para si própria. A intolerância cria força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar na mesma mesa. Voltamos a viver com a ameaça do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado. Projetos pessoais de apego ao poder muitas vezes solapam a democracia", afirmou.

Em seu discurso, Lula também citou a realização da COP30, em Belém, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Disse que o fundo "é solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas" e que a "transição energética é inevitável".

O petista também lamentou o tornado que atingiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, e manifestou suas condolências às vítimas da tragédia climática dos últimos dias.

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