Política

GESTÃO WALDIR NEVES

Tribunal de Contas de MS pagou por serviço que é disponibilizado gratuitamente, acusa PGR

DataEasy, pivô de esquema de desvio de dinheiro público do TCE-MS, recebeu R$ 106 milhões entre 2018 e 2022

Continue lendo...

Em 2017, o Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), ao contratar da DataEasy para fornecer soluções de informática e apoio técnico para atividades de tratamento de informação, decidiu pagar por um software que já é oferecido gratuitamente por pelo menos 40 repartições públicas do Brasil, inclusive a Polícia Federal. 

O contrato da DataEasy integra um esquema de peculato (desvio de dinheiro público) e fraude em licitação envolvendo as administrações dos conselheiros Waldir Neves Barboas e Iran Coelho das Neves na corte, investigado pela Polícia Federal.

A investigação da Polícia Federal apurou que a DataEasy, contratada na gestão Waldir Neves, forneceu apenas um dos softwares dentre os dois que estavam previstos no pregão em que ela saiu vencedora e, pasmem!, o software que ela forneceu ao Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul, poderia ter sido fornecido gratuitamente mediante convênio com outras repartições públicas. 

“O único software fornecido pela DATAEASY em tal contratação com o TCE/MS, tem baixa utilização, tendo em vista que, em uma amostragem de 19 empregados da DATAEASY, apenas uma funcionária efetivamente o utiliza, de forma que possivelmente poderiam ser utilizados outros softwares já existentes no TCE/MS ou gratuitos como o SEI do TRF4, reforçando novamente a constatação de que a exigência dos 2 softwares no Pregão Presencial n. 10/2017 do TCE/MS visou tão somente o direcionamento da licitação”, consta em trecho da denúncia da vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo.

Na denúncia, Waldir Neves e Iran Coelho das Neves, além dos servidores do TCE-MS, Parajara Moraes Alves Júnior e Douglas Avedikian foram enquadrados em crimes como peculato e fraude em licitação. 

O delegado da Polícia Federal, ao interrogar Douglas Avedikian, que autorizou a contratação da DataEasy, chegou a indagar ao servidor do TCE, se não passou pela cabeça dele utilizar um software gratuito utilizado em mais de 40 repartições públicas federais e estaduais e desenvolvido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, chamado SEI. Mas ele preferiu o “Workflow”, oferecido pela DataEasy (não há indícios que foi a empresa que foi a desenvolvedora).

Veja o diálogo:

“DOUGLAS: Não, não sei, eu não conheço o SEI. O Workflow eu conheço, porque eu trabalho com ele, o SEI não conheço, nunca trabalhei.
DPF MARCOS: Só que o SEI é uma ferramenta grátis.
DOUGLAS: Sim.
DPF MARCOS: Aí o senhor não conhece, mas adota uma ferramenta paga?
DOUGLAS: Existem várias funções de software livre e gratuito, e muitos órgãos que preferem contratar os serviços,
por conta da...
DPF MARCOS: É (...)

A denúncia

A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo enquadrou os conselheiros do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul Waldir Neves Barbosa, Iran Coelho das Neves e Ronaldo Chadid, e os denunciou por crimes como peculato e fraude em licitação (Waldir e Iran) e lavagem de dinheiro e corrupção (Ronaldo Chadid).

Eles já estavam afastados de suas funções desde 8 de dezembro do ano passado, quando foram alvo da operação que deu origem à denúncia. 

Em duas denúncias oferecidas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a vice-PGR pede a perda do cargo dos três conselheiros do TCE-MS, além da condenação criminal pelos fatos narrados.

Waldir Neves, por exemplo, foi denunciado por fraudar licitação (crime cuja punição é de 2 a 4 anos de prisão) e três vezes por peculato (pena de 2 a 12 anos de prisão), com um agravante de a pena aumentar em até um terço pelo fato de o delito imputado a ele ter sido praticado por um servidor público no exercício da função. 

Iran Coelho das Neves, conforme o material da PGE ao que o Correio do Estado teve acesso, teve denúncia parecida com a de Waldir, mas foi acusado cinco vezes de peculato, por causa dos aditivos ao contrato com a empresa DataEasy, pivô do escândalo de corrupção que deu origem à Operação Terceirização de Ouro, em dezembro do ano passado, e agora, a esta acusação criminal. 

Já Ronaldo Chadid e sua ex-assessora Thais Xavier Ferreira da Costa foram enquadrados em outra denúncia, por suposta venda de decisões (venda de sentença) favoráveis à parceira público-privada da Prefeitura de Campo Grande, o Consórcio CG Solurb. Eles são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro e o valor envolvido nas transações de aproximadamente R$ 1,6 milhão. 

Esquema DataEasy

Conforme narrado pela vice-procuradora-geral da República, o esquema envolvendo a contratação da DataEasy teve início já na contratação da empresa, que teria ocorrido mediante fraude em licitação. 

Além dos conselheiros Waldir Neves e Iran (ambos ex-presidentes da Corte de Contas, e que contrataram ou renovaram o contrato da DataEasy em suas respectivas gestões) também foram denunciados os servidores Douglas Avedikian e Parajara Moraes Alves Júnior. 

Entre as pessoas ligadas à DataEasy estão Murilo Moura Alencar e Ricardo da Costa Brockveld. Também aparece na denúncia o sobrinho de Waldir Neves, William das Neves Barbosa Yoshimoto, que era funcionário da DataEasy, mas que a apuração da Polícia Federal apontou que ele, na verdade, trabalhava como um assessor particular do tio, uma espécie de “faz tudo” dele. 

O esquema da DataEasy teria desviado pelo menos R$ 106 milhões dos cofres públicos, dinheiro que agora a PGE pede dos acusados na forma de condenação por danos morais coletivos. 

A empresa operava em duas frentes, como cabide de emprego, contratando “funcionários fantasmas” para o TCE-MS, e também contabilizava suas despesas como  serviços comerciais prestados ao TCE-MS, como no exemplo citado a seguir:.

“Cite-se, nesse especial, a empresa VERT SOLUÇÕES (recebeu R$7.993.810,17 entre 2018 e 2021, sem causa aparente); as empresas DOCSYSNET e DOCSYS (receberam juntas, no período, R$9.323.500,00); a empresa EDRISSE E SANCHES, que tem como sócio MARCUS EDRISSE, exsócio da DATAEASY e ex-Diretor da CAST (recebeu R$2.131.625,37); as empresas D & M ASSESSORIA (07608280000164), JCU – ASSESSORIA TÉCNICA (07955985000158), DAMEL DOCERIA (26328240000103) e INTELIPREDIAL INSTALAÇÕES (32635094000161), que receberam R$4.367.928,14 no período, sendo que algumas despesas foram contabilizadas pela DATAEASY como “Despesas Comerciais TCEMS”; dentre outras”.

Contratada em 2017, quando Valdir Neves presidia a corte, a DataEasy permaneceu prestando serviços até 2022, quando a operação foi desencadeada. Esta continuidade é um dos motivos de o presidente da corte à época, Iran Coelho das Neves, ter sido enquadrado.

Cabide de emprego

Conforme apontou a investigação, a empresa servia de cabide de emprego (contratava com altos salários pessoas indicadas pelos conselheiros) e ainda era uma espécie de caixa paralelo dos envolvidos no esquema: foram descontados mais de R$ 9 milhões em cheques com destinação duvidosa, e ainda declarados serviços comerciais prestados ao próprio tribunal. 

No caso do sobrinho de Waldir Neves, William Yoshimoto, também foi verificado que ele contava com apoio de funcionários da empresa que usavam o sistema do TCE-MS, para gerar produtividade para justificar os pagamentos a ele. 

Para aumentar ainda mais os indícios, a DataEasy recebia por tarefas executadas, e não por número de funcionários. As tarefas realizadas são exatamente as mesmas realizadas por servidores de carreira. 

Defesas

O Correio do Estado conseguiu ouvir a defesa do acusado Iran Coelho das Neves, ex-presidente do TCE-MS, que enviou a seguinte resposta: “conselheiro ainda não foi notificado para a defesa; no momento certo provará ser inocente; Iran tem uma longa e bonita  história no serviço público; a absolvição, mais adiante, deixará isso claro como a luz do dia”. O espaço está aberto aos outros acusados. 

Neste dia 10, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão, deu 15 dias para que todos os denunciados se pronunciem a respeito das acusações. 

Caso Falcão e os ministros que compõem a Segunda Turma aceitem a denúncia da PGR, os conselheiros do TCE-MS e os outros envolvidos se tornarão réus.

Assine o Correio do Estado

ELEIÇÕES 2024

A partir de hoje eleitores não podem ser presos até dia 29

Veto está presente na Legislação Eleitoral, mas há exceções; segundo turno das eleições acontecem neste domingo (27), em 51 municípios, sendo 15 capitais, incluindo Campo Grande

22/10/2024 12h30

Determinação de veto de eleitores cinco dias antes da eleição perdura até dia 29

Determinação de veto de eleitores cinco dias antes da eleição perdura até dia 29 Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

Continue Lendo...

Entrou em vigor a partir desta terça-feira (22) a proibição para eleitores serem presos e persiste até dia 29, dois dias após o segundo turno das eleições municipais, porém há exceções.

Previsto na legislação eleitoral, a regra exclui prisões em flagrante ou casos de prisões determinadas a partir de sentença criminal condenatória por crime inafiançável ou desrespeito a salvo-conduto.

No próximo domingo (27), cerca de 33,9 milhões de eleitores de 15 capitais, incluindo Campo Grande, e 36 municípios voltam às urnas para eleger os prefeitos que disputam os cargos. Não há segundo turno para a disputa ao cargo de vereador.

Exceções

A regra, porém, não vale em três situações: em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou ainda por desrespeito a salvo-conduto de outros eleitores, impedindo o exercício do voto.

Também ficam fora da regra aqueles que cometerem crimes eleitorais no dia do pleito, 27 de outubro, como usar alto-falantes e amplificadores de som; promover comício ou carreata; realizar boca de urna; divulgar propaganda de partido político ou candidato; tentar convencer eleitora ou eleitor a votar em determinada candidatura ou partido; ou impulsar propaganda eleitoral na internet.

Segundo turno - Campo Grande

No último dia 6, os mais de 600 mil eleitores campo-grandenses definiram que a prefeitura será comandada por uma mulher pelos próximos quatro anos. Adriane Lopes (PP) somou 31,67% dos votos válidos, enquanto Rose Modesto (União Brasil) ficou com 29,56%. Na sequência, apareceram os candidatos Beto Pereira (PSDB), com 25,96%, e Camila Jara (PT), com 9,43%.

  • Adriane Lopes (PP): 140.913 votos (31,67%)
  • Rose Modesto (União Brasil): 131.525 votos (29,56%)
  • Beto Pereira (PSDB): 115.516 votos (25,96%)
  • Camila Jara (PT): 41.966 votos (9,43%)
  • Beto Figueiró (Novo): 10.885 votos (2,45%)
  • Luso de Queiroz (PSOL): 3.108 votos (0,70%)
  • Ubirajara Martins (DC): 1.067 votos (0,24%)

Pesquisa

Levantamento Paraná Pesquisas/Correio do Estado para o segundo turno das eleições municipais em Campo Grande mostra a atual prefeita e candidata à reeleição, Adriane Lopes, numericamente à frente da ex-deputada federal Rose Modesto.

No cenário estimulado, em que os nomes das candidatas são apresentados aos entrevistados, Adriane Lopes aparece com 48% das intenções de voto, enquanto Rose Modesto tem 41,6% da preferência. Os que não sabem ou não responderam representam 3,7% do total de eleitores, e os votos brancos e nulos, 6,7%.

Rejeição

Sobre a rejeição, o levantamento apontou que os que não votariam em Rose Modesto de jeito nenhum são 37,6%, e os que não votariam em Adriane Lopes de jeito nenhum, 32,1%.

Na outra ponta, 37,6% disseram que com certeza votarão em Adriane, enquanto 29,6% também estavam certos que votarão em Rose.

Quanto às possibilidades de voto, 27,9% disseram que poderão votar em Rose ou em Adriane. É o chamado voto não convicto. Os que não conhecem Adriane suficientemente para opinar representam 1,6%, e os que não conhecem Rose, 1,4%.

Os que não quiseram responder sobre Adriane representam 0,9%, e sobre Rose, 1,6%.

A pesquisa, registrada sob o número MS-06954/2024, foi realizada entre os dias 10 e 13 de outubro. Foram entrevistados 700 eleitores.

*Com informações da Agência Brasil

Assine o Correio do Estado

TROCA DE COMANDO

Em 2 anos à frente da bancada, Vander conseguiu R$ 700 milhões para MS

O deputado federal assumiu a coordenação quando o presidente lula iniciou o seu terceiro mandato no Planalto

22/10/2024 08h00

Vander Loubet (PT) durante encontro com prefeitos eleitos e reeleitos em Mato Grosso do Sul

Vander Loubet (PT) durante encontro com prefeitos eleitos e reeleitos em Mato Grosso do Sul Foto: Gerson Oliveira

Continue Lendo...

Ao participar na tarde de ontem do encontro com os prefeitos eleitos e reeleitos dos 78 municípios de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, no âmbito do programa MS Ativo Municipalismo, o deputado federal Vander Loubet (PT) anunciou que era o último dia dele à frente da coordenação da bancada do Estado no Congresso Nacional e que, a partir de hoje, a função será exercida por outro parlamentar pelos próximos dois anos.

“Os últimos dois anos foram uma experiência muito exitosa. Primeiro, coordenar uma bancada em que os únicos petistas eram eu e a deputada federal Camila Jara não seria uma tarefa fácil. Entretanto, consegui me entender com os três deputados federais do PSDB, bem como com os demais deputados federais e com os três senadores, sem contar o aval do governador Eduardo Riedel [PSDB]”, disse com exclusividade ao Correio do Estado. Vander Loubet explicou que o fato de o terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estar começando também contribuiu.

“Isso também pesou muito, e ao fazer a análise dos últimos dois anos como coordenador da bancada, posso dizer que o balanço é positivo, pois conseguimos ser, em nível nacional, a bancada federal que mais destinou recursos de emendas em projetos estruturantes para o seu estado de origem”, revelou.

Ele detalhou que 45% das emendas de bancada foram para projetos estruturantes e que em alguns estados grandes, como São Paulo, as bancadas estavam mais preocupadas em atender os interesses pessoais, e não da unidade da federação a qual pertenciam.

“Na nossa bancada, isso não acontecia, pois fechávamos consenso sobre a destinação dos recursos para obras que fossem trazer melhorias para Mato Grosso do Sul”, afirmou.

Ao todo, conforme o deputado federal, sob a sua coordenação, a bancada federal do Estado no Congresso destinou  R$ 700 milhões para obras estruturantes.

“A maioria, ou quase na sua totalidade, foi para obras estruturantes, seja para a aquisição de equipamentos, seja para infraestrutura básica. Isso foi uma coisa que a gente construiu muito em cima da unidade, em cima do consenso. Nesse período, não tivemos nenhum momento de disputa interna”, assegurou.

Vander Loubet completou que, se a bancada escolhia 15 emendas, essas 15 seriam priorizadas, levando em consideração a base de atuação de cada parlamentar e um pouco do tamanho de cada cidade.

“Nós também aproveitamos muito os programas do governo federal. Nessa parte, o fato de eu ser do PT e ter uma boa articulação com o presidente Lula ajudou bastante”, argumentou. Ele citou como exemplo as concessões da BR-262, entre Campo Grande e Três Lagoas, e da BR-267, de Bataguassu a Nova Alvorada.

“Comigo à frente da coordenação, acredito que a bancada federal cumpriu um papel muito importante, porque não é fácil o governo federal delegar para um governador que não é do seu partido a autorização de fazer concessões de rodovias federais. Isso mostrou que o presidente Lula tem uma característica muito forte, que é essa coisa de delegar, de fazer as coisas, que as coisas aconteçam”, analisou.

Sobre a nova coordenação da bancada federal do Estado no Congresso, Vander Loubet disse que pretende continuar ajudando. “Espero que a minha sucessora dê continuidade ao trabalho de manter a bancada unida na construção das decisões coletivas como eu dei, quando herdei da ex-senadora Simone Tebet [MDB], e como ela fez, quando herdou do senador Nelsinho Trad [PSD]”, projetou.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).