O procurador de Justiça afastado e candidato a prefeito de Campo Grande, Sérgio Harfouche (Avante), colocou seu filho, o designer de interior Sérgio Harfouche Filho, na disputa para vereador da Capital, nas eleições de 2020. O ato - considerado como uma manobra aos “45 do segundo tempo” por alguns correligionários críticos, foi realizado dia 26 deste mês, data final para o prazo estipulado pela Justiça Eleitoral para o registro das candidaturas.
Conforme apurado pelo Correio do Estado, membros do partido disseram que não houve nenhum comunicado antecipado e ele teria se aproveitado de desistência de 14 pré-candidatos para incluir o nome do filho na lista final do partido. Em contrapartida, o vereador e único candidato a reeleição do partido a uma cadeira na Câmara Municipal, Pastor Jeremias Flores, alegou que o ato se deu pela desistência de outros nomes, porém ele reforça a legenda nas eleições, que trabalha na expectativa de eleger apenas um parlamentar, em um melhor cenário, no máximo dois.
“Antes tínhamos a possibilidade de eleger nomes pelo voto da coligação, mas após a não validade dos votos proporcionais, nossa legenda se viu obrigado a lançar o máximo de nomes permitidos, além de nomes fortes que poderiam puxar votos. É o caso de Horfouche Filho, ele carrega o nome do pai, o que pode ser um diferencial para a nossa coligação”, explicou.
Para o parlamentar, o nome do designer de interior traz para a coligação a atenção das classes A e B, ou seja, melhora a pluralidade dentro da legenda.
“Eu, por exemplo, sou muito conhecido no meio evangélico, outros do meio jurídico, outros militares, e assim por diante. Sobre alguns companheiros não gostaram do nome do candidato, é legítimo também, cabe a nós tentarmos explicar. Para mim a questão internamente já foi superada”, argumentou.
Harfouche, que é procurador de Justiça, navega no espectro eleitoral do não político de carreira. Discurso esse que elegeu o governador de São Paulo, João Doria, o governador afastado do Rio de Janeiro Wilson Witzel e, até o mesmo o atual presidente do país, Jair Bolsonaro, que apesar dos anos na política, sempre se portou como alguém oriundo da carreira militar e da nova política.
A reportagem procurou o candidato Harfouche e perguntou sobre os questionamentos de lançar o filho como candidato a vereador. Sobre divergências com colegas de legenda, Harfouche afirmou que não chegou a ele nenhum tipo de manifestação contrária dos correligionários.
Já em relação ao ato em si, ser considerado como algo referente à “velha política”, o candidato foi enfático em explicar que a decisão de concorrer ao pleito deste ano não partiu dele, mas do filho.
“O que pode ser considerado velha política, são os filhos repetirem as falcatruas dos pais. Sérgio Harfouche Filho tem sua identidade própria, foi educado sob preceitos e valores de honestidade e faz escolhas por si mesmo. Não planejei isso, mas também não vejo problema algum na decisão dele. Ele apenas decidiu, por vontade própria, nesse momento, colocar-se à disposição do partido e entrar nesta empreitada”, finalizou.