A renúncia de Zeca do PT da pré-candidatura ao governo de Mato Grosso do Sul, ao menos por enquanto, frustra a proposta de campanha do presidenciável Lula, que fica sem palanque aqui no Estado.
Plano do ex-presidente, líder nas pesquisas até agora divulgadas na corrida pela sucessão do presidente Jair Bolsonaro, do PL, é o de percorrer as capitais e as principais cidades do País para atrair votos.
Balde de água fria caiu sobre o propósito de Lula logo na manhã de ontem, com a nota emitida pelo comando estadual do PT. “Razões pessoais” teriam motivado a desistência de Zeca, que governou MS por dois mandatos (1999-2006).
“Diante disso [renúncia], essa executiva informa que, ouvindo todas as forças políticas internas do PT, vai, nos próximos dias, apresentar uma nova pré-candidatura ao governo estadual”, diz trecho do comunicado petista, assinado pelo presidente estadual do partido, Vladimir Ferreira.
Horas depois, o deputado federal Vander Loubet, sobrinho de Zeca, decifrou o termo usado pele ex-governador que justificaria a renúncia, “razões pessoais”, no caso.
Publicou o parlamentar em redes sociais: “Zeca do PT fez a opção de se dedicar a cuidar do seu caso judicial e pediu ao PT de Mato Grosso do Sul para que seu nome fosse retirado da disputa pelo governo do Estado em função disso. É uma decisão que deve ser respeitada”, escreveu o parlamentar, que seguiu:
“Ele [Zeca] entende que sua situação gera incerteza ao PT e por isso acredita ser melhor dar ao partido o tempo adequado e a liberdade de escolher outro nome para a disputa estadual”.
A DENÚNCIA
Zeca do PT, enquanto governador, foi denunciado por suposto esquema de desvio de recursos por meio das agências de publicidade que prestavam serviços ao governo. O caso ganhou, na época, apelido de “farra da publicidade”.
Na primeira instância, Zeca foi inocentado, mas, quando o caso caiu no Tribunal de Justiça, despacho o condenou por mau uso da verba pública. Daí, o ex-governador recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que ainda não julgou a questão.
POSSIBILIDADES
Até a tarde de ontem, em conversas com petistas jovens e antigos, a reportagem pouco avançou em um prognóstico que poderia indicar a eventual nova pré-candidatura.
Ainda pela manhã, surgiram rumores de que o professor universitário Tiago Botelho poderia substituir Zeca. No entanto, pelas redes sociais, ele mantém firme o discurso de estrear na política concorrendo a uma vaga no Senado.
O professor disse, inclusive, em suas redes sociais, que tem recebido apoio de amigos, professores e políticos da esquerda, mas pela campanha ao Senado.
Destacou-se também no campo das especulações acerca da desistência de Zeca, o nome do ex-prefeito de Mundo Novo Humberto Amaducci, que concorreu ao governo de MS pelo PT em 2018.
Ocorre que até fevereiro deste ano, Amaducci, que é vice-presidente regional do PT, aparecia também, ao lado de Zeca, como pré-candidato ao governo. O partido anunciou logo no início daquele mês que Amaducci teria aberto mão da pré-candidatura e a preferência foi dada a Zeca.
A legenda anunciou ainda que estava preparando um programa com a intenção de criar aqui em Mato Grosso do Sul uma frente pró-Lula e pró-Zeca. Desde então, próximos a Amaducci dizem que ele deva concorrer a vaga de deputado estadual.
Depois disso, em entrevistas à imprensa sul-mato-grossense, o ex-governador afirmou, por seguidas vezes, que concorreria à sucessão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). O petista afirmava até mesmo que já viajava pelo interior do Estado como pré-candidato.
Outro nome surgido como possível substituta de Zeca é o da advogada Giselle Marques, que também quer concorrer ao Senado. Ela divulga o desejo de concorrer à vaga desde a primeira quinzena de março passado.
O ex-senador paulista, hoje vereador por São Paulo, Eduardo Suplicy, inclusive participou de uma cerimônia, em Campo Grande, onde os petistas anunciaram a pré-candidatura de Giselle Marques.
Até ontem à tarde, a advogada não tinha se manifestado quanto à hipótese de concorrer ao governo, e não ao senado.
Partido tem dificuldade nas majoritárias
Com a desistência de Zeca do PT da pré-campanha para o governo de Mato Grosso do Sul, o Partido dos Trabalhadores fica com dificuldade nas eleições majoritárias locais. No Senado, Giselle Marques e o professor Thiago Botelho disputam candidatura.