Política

EX-GOVERNADOR

Zeca do PT passa por procedimento cardíaco e está internado na UTI da Cassems

Com 73 anos, o deputado vinha sentindo dores no peito há alguns dias, ontem à noite foi internado às pressas e passou por cateterismo

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O ex-governador e atual deputado estadual José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, que completou 73 anos em fevereiro, foi internado às pressas ontem à noite e passou por cirurgia cardíaca após sentir fortes dores no peito.

Conforme a assessoria, o procedimento foi satisfatório e agora ele está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Cassems, em Campo Grande.

Ainda de acordo com a assessoria, ele vinha sentindo dores no peito faz alguns dias e depois de exames ontem à noite, foi submetido a cateterismo e colocação de dois stents (pequeno tubo) para desobstrução das artérias.

Embora ainda esteja na UTI, seu estado de saúde é considerado satisfatório e provavelmente deve ir para o quarto ou até mesmo ter alta hospitalar ainda hoje. 

Em vídeo publicado nas redes sociais, disse que está se “recuperando depois do susto, está tudo bem. Acho que ainda hoje vou pra casa, tranquilo e pronto pra outra. Beijo pra todo mundo.”.

Mas antes desta possível alta, terá de passar por novos exames ao longo do dia para descobrir a real gravidade do entupimento das  artérias e confirmar se o procedimento da noite passada foi o suficiente para restabelecer a saúde. 

O problema cardíaco do deputado surge em meio a uma série de embates que está tendo com companheiros petistas por conta de seu discurso, na semana passada, contra a invasão de indígenas numa área rural de Rio Brilhante. 

Zeca, que além de ter sido governador por dois mandatos, deputado federal, deputado estadual e vereador de Campo Grande fundamentou a crítica suas críticas contra a invasão ao afirmar que os índios estariam errados em invadir a área, a fazenda do Inho, de quase 400 hectares,  porque ela é produtiva e que nem era parte de algum estudo antropológico para investigar se seria, ou não, terra indígena. 

Desde o pronunciamento desastroso do deputado, vários movimentos e lideranças, se posicionaram de forma contundente contra a referida manifestação do deputado Zeca", cita trecho de uma nota distribuída à imprensa nesta segunda-feira (13) pelo presidente regional do PT, Vladimir Ferreira, associado à sigla desde 1994, 28 anos atrás.

O Cimi (Conselho Missionário Indigenista) informou ao Correio do Estado que a área ocupada é estudada como eventual território indígena desde 2007, há 16 anos.

No comunicado, Ferreira foi mais longe: "essa indignação, tem como justificativa que tal posicionamento em que o deputado questiona de forma veemente e incoerente com relação a sua própria história e a do Partido dos Trabalhadores, o direito de luta e resistência dos povos indígenas e também dos trabalhadores sem-terra, vítimas da exclusão histórica em nosso país e particularmente nesse caso da cultura latifundiária e concentradora de terras no Brasil".

A terra em questão, a fazenda do Inho, é propriedade do presidente do PT, em Rio Brilhante, José Raul das Neves Junior.

Quanto a isso, o comandante regional do PT, também se manifestou: "Na vida e na política é preciso ter coerência. O fato de a área Tekora Laranjeira Nanhanderu [fazenda do Inho], estar na posse de um companheiro do PT, não pode fazer com que mudemos de posição em defesa dos direitos dos indígenas de recuperar seu território tradicional".

Por fim, o presidente do PT de MS, escreveu: "reafirmo que o posicionamento do deputado Zeca é um posicionamento isolado e equivocado, e de forma alguma representa o que o PT historicamente defende e que o governo do Presidente  também".
 

ENTREVISTA - MURILO HIDALGO

"Pesquisas podem influenciar o comportamento do eleitor, mas não determinam o resultado da eleição"

Ele também destacou que a polarização política dificulta a captação de eleitores indecisos e exige que os institutos de pesquisa sejam mais precisos ao identificar nuances entre diferentes grupos

19/10/2024 09h30

Murilo Hidalgo, sócio-diretor do Instituto Paraná Pesquisas (IPP)

Murilo Hidalgo, sócio-diretor do Instituto Paraná Pesquisas (IPP) Foto: Arquivo

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Sócio-diretor do Instituto Paraná Pesquisas (IPP), Murilo Hidalgo concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio do Estado e falou dos desafios de uma instituição do tipo nos dias atuais. 

Ele também defendeu o autofinanciamento de pesquisas, pois para ele isso pode oferecer oportunidades para empresas menores demonstrarem a qualidade de seu trabalho. Confira a seguir.

Conte-nos sobre a história do IPP. Como surgiu o instituto e como construiu sua história?

O Instituto Paraná Pesquisas é um instituto de pesquisa brasileiro fundado em 1990 por mim, na cidade de Curitiba (PR). Inicialmente, era focado em levantamentos de opinião pública no estado do Paraná, expandindo-se gradualmente para cobrir todo o território nacional e, mais recentemente, atuando em eleições internacionais, como em Portugal e nos Estados Unidos.

Desde a sua fundação, o IPP tinha como visão se especializar em pesquisas eleitorais e de opinião. Ao longo dos anos, foi ganhando reconhecimento por suas análises durante campanhas eleitorais e conquistando a confiança dos seus clientes e dos maiores formadores de opinião no campo político.

Sua credibilidade foi construída com base em metodologia rigorosa, na transparência de seus dados, no respeito pela opinião dos entrevistados e, sobretudo, por suas altas taxas de acerto em períodos eleitorais.

Além de atuar em eleições, o IPP realiza estudos em áreas como comportamento do consumidor e questões sociais. Hoje, é considerado um dos mais influentes no Brasil, frequentemente citado pela mídia nacional.
 
Qual a sua opinião sobre o autofinanciamento de pesquisas eleitorais?

O autofinanciamento de pesquisas eleitorais não deve ser proibido, pois pode oferecer oportunidades valiosas para institutos menores – e que ainda não têm grande visibilidade nacional – demonstrarem a qualidade de seu trabalho. Inclusive, esse foi um grande motor para auxiliar a projeção do nome do Instituto Paraná Pesquisas ao nível nacional.

Proibir essa prática poderia limitar a entrada de novos atores no mercado, favorecendo apenas os grandes institutos, que já têm recursos e reconhecimento.

Além disso, o autofinanciamento permite que esses institutos produzam dados relevantes, sem depender de encomendas externas, e mostrem sua competência e sua credibilidade ao público.

O foco deve estar na regulamentação e na fiscalização rigorosa das metodologias e na transparência dos resultados, a fim de evitar pesquisas de má qualidade ou tendenciosas, em vez de restringir a capacidade de autofinanciamento.
 
O excesso de pesquisas eleitorais e de institutos acaba por tirar a credibilidade dos levantamentos de intenção de voto?

O excesso de pesquisas eleitorais ou a quantidade de institutos não tiram a credibilidade dos levantamentos. Pelo contrário, a diversidade de institutos e pesquisas fortalece o processo democrático, permitindo que diferentes metodologias e visões sejam apresentadas.

O importante é que haja transparência nas metodologias utilizadas e que os resultados sejam auditáveis.

É necessário aqui destacar que a credibilidade de um instituto não se constrói pela quantidade de pesquisas, mas sim pela consistência e pela precisão dos seus dados ao longo do tempo.

A competição saudável entre institutos estimula a melhoria contínua, o que beneficia tanto o eleitor quanto o processo eleitoral em si.
 
As pesquisas eleitorais ainda são uma das melhores armas da democracia?

Sem dúvida, as pesquisas eleitorais ainda são uma das melhores ferramentas da democracia brasileira. Elas fornecem um termômetro do que a população pensa e deseja, ajudando tanto a nortear as campanhas eleitorais quanto pautar o debate público.

Ao dar visibilidade à opinião do eleitorado, antes mesmo dos resultados das eleições nas urnas, as pesquisas garantem que as demandas sociais sejam ouvidas e discutidas, promovendo maior transparência no processo político, antecipando as demandas dos eleitores e a forma como estão fazendo o seu constructo de decisão de voto.

Além disso, ao serem conduzidas de forma ética e com metodologias rigorosas, as pesquisas ajudam a evitar manipulações e desinformações.

A qualidade e a credibilidade desses levantamentos são essenciais para fortalecer a democracia e manter o eleitor bem informado. O que deve ser combatido é a desinformação e o que deve ser estimulado é tanto a fiscalização quanto a transparência na condução das pesquisas eleitorais.
 
A Justiça Eleitoral aumentou a fiscalização sobre os institutos de pesquisas. Em sua avaliação, o que é necessário fazer?

O aumento da fiscalização pela Justiça Eleitoral é positivo, pois contribui para a transparência e a credibilidade das pesquisas eleitorais.

Além de intensificar a fiscalização, é fundamental garantir que todos os institutos sigam metodologias científicas rigorosas e sejam claros na divulgação de suas amostras e margens de erro.

Um dos fatores que gostaríamos de ver, enquanto instituto, é a criação de um diálogo constante com outros institutos, estabelecendo regras que não sejam excessivamente burocráticas, mas que garantam a integridade dos resultados. Promover o debate e a reflexão conjunta auxiliaria não só a criar regras mais realistas, como garantiria maior transparência entre as empresas do ramo.

Outro fator não menos importante é de que os órgãos de representação de classe estivessem presentes não só na fiscalização, como também nesse diálogo.

Conselhos federais como os de estatística e advocatícia poderiam se fazer mais presentes nesses momentos, inclusive para auxiliar no entendimento das regras de pesquisa por promotores e pela classe de advogados que julgam a veracidade ou não de uma pesquisa ou ainda se ela poderá ou não ser divulgada pela mídia.

O eleitor acaba por votar no candidato que a pesquisa indica que vai ganhar?

De fato, as pesquisas eleitorais podem influenciar o comportamento do eleitor, mas não determinam o resultado da eleição. Muitos eleitores levam em consideração as pesquisas ao definir seu voto, principalmente aqueles que tendem a votar no candidato “mais forte” ou que têm receio de desperdiçar o voto em candidatos com poucas chances de vitória.

Ainda, aqueles que visam auxiliar no engajamento à eleição, para não permitir que determinado candidato à frente de pesquisas divulgadas ganhe, ou até mesmo que querem fomentar o voto útil, muito falado nas últimas reflexões.

No entanto, essa influência tem limites. Pesquisas são fotografias do momento, retratando a intenção de voto em determinado contexto, mas não são previsões definitivas.

O comportamento do eleitorado pode mudar até o dia da eleição, e fatores como debates, campanhas e novas informações/fatos políticos podem alterar o cenário.

É crucial que as pesquisas sejam vistas como uma ferramenta de informação, e não como um mecanismo que decide o pleito. Ao analisar essa temática, conclui-se que, embora haja uma influência, o voto é determinado por múltiplas variáveis e que a pesquisa apenas reflete as tendências de um momento específico, e não a decisão de uma eleição.
 
O comportamento do eleitor tem mudado nos últimos anos?

O comportamento do eleitor brasileiro tem mudado significativamente nos últimos anos, e essas mudanças têm impactado diretamente o trabalho dos institutos de pesquisa.

Uma das transformações mais evidentes é o aumento da polarização política, com eleitores cada vez mais decididos e leais a suas preferências partidárias e ideológicas. 

Essa polarização dificulta a captação de eleitores indecisos e exige que os institutos sejam mais precisos ao identificar nuances entre diferentes grupos.

Outro fator importante é o crescimento das redes sociais, as quais têm influenciado o debate público e permitido que os eleitores acessem tanto informações quanto desinformações em tempo real.

Isso tem tornado a opinião pública mais volátil e sujeita a mudanças repentinas, o que representa um desafio para a confiabilidade das pesquisas.

Eleitores, antes expostos principalmente à televisão e aos meios tradicionais de comunicação, agora se informam por diversas fontes, criando bolhas de opinião que dificultam a percepção ampla do cenário eleitoral.

Além disso, o eleitor moderno está mais crítico em relação às instituições e à política em geral, o que tem elevado o nível de desconfiança em relação às próprias pesquisas eleitorais.

O fenômeno das fake news e a crescente desinformação também tornaram os eleitores mais céticos sobre os dados apresentados pelos institutos. E essas mudanças no comportamento exigem que os institutos adaptem suas metodologias.

Por exemplo, é necessário um equilíbrio entre diferentes metodologias, formas de extração de amostras e seleção de entrevistados. Também se faz necessária uma segmentação mais detalhada das amostras, levando em conta fatores como redes sociais, hábitos de consumo de informação e até emoções políticas.

Dessa forma, o trabalho dos institutos está cada vez mais focado em acompanhar as rápidas mudanças de opinião ao longo da campanha.

Isso implica a realização de pesquisas mais frequentes e de diferentes tipos de estudos qualitativos, como grupos focais, para entender os fatores emocionais e comportamentais que moldam as decisões dos eleitores.

Quanto mais diversificadas e frequentes são as sondagens e os levantamentos realizados, maior a probabilidade de acerto da pesquisa.

Hoje, sem dúvida nenhuma, o desafio [de fazer levantamentos políticos] é muito maior que há 30 anos, quando começamos, mas também oferece uma oportunidade para que os institutos demonstrem sua capacidade de adaptação e sua relevância.
 
Qual o método que o IPP utiliza?

O Instituto Paraná Pesquisas utiliza uma combinação de métodos de coleta de dados, dependendo do tipo de pesquisa, do público-alvo e da situação específica.

Entre as principais abordagens estão as entrevistas por telefone [Computer Assisted Telephone Interviewing ou Cati] e presenciais em domicílio e, em alguns casos, métodos on-line. Cada um desses métodos tem suas vantagens e seus desafios, e a escolha depende do objetivo da pesquisa e das condições operacionais.

As entrevistas por telefone, por exemplo, são eficientes para obter respostas rápidas e alcançar uma amostragem ampla em diversas regiões, principalmente em eleições em que a agilidade é fundamental.

Esse método permite um maior controle sobre a amostra e, com o auxílio de softwares, facilita a tabulação dos dados. No entanto, pode haver limitação no alcance de públicos que têm pouco acesso ou até mesmo o hábito de usar o telefone, além de um certo nível de recusa em participar.

Já entrevistas presenciais em domicílio oferecem um contato mais direto com o eleitor e costumam gerar taxas de resposta mais altas.

Elas são mais adequadas quando o pesquisador precisa captar nuances do comportamento e do ambiente do entrevistado, bem como quando a seleção da amostra exige múltiplos estratos. No entanto, esse método é mais caro e demorado.

Entrevistas por fluxo contínuo em locais públicos são úteis em pesquisas de mercado ou de opinião pública. Um problema que surge, porém, é que algumas vezes nem todos os segmentos sociais estão presentes nesses locais. Por isso, se exige que múltiplos estratos sejam atendidos para a seleção do entrevistado.

Já as pesquisas on-line, por adesão voluntária, têm ganhado espaço com o crescimento do acesso à internet, especialmente entre os mais jovens.

Elas permitem coleta de dados de forma rápida e a um custo menor, mas apresentam limitações quanto à representatividade, uma vez que muitos eleitores, especialmente de classes mais baixas ou em áreas rurais, podem não ter acesso à internet ou não participar dessas plataformas.

Todos os métodos têm seus prós e contras. E justamente por esse motivo não há um método considerado mais eficiente universalmente. Cada técnica tem o seu papel dependendo do contexto.

A melhor abordagem é sempre aquela que combina a representatividade da amostra, a precisão dos dados e a adequação ao tipo de estudo, razão pela qual o IPP está sempre aberto a adotar múltiplos métodos conforme a necessidade.
 
Os entrevistados estão cada vez menos receptivos aos institutos de pesquisa?

Sim, e essa tendência tem se intensificado nos últimos anos muito pela desinformação, pela propagação de informações inverídicas sobre a seriedade dos institutos, com a divulgação de notícias classificando as empresas entre confiáveis e não confiáveis, que acertam ou que não acertam.

Já foi dito que a pesquisa se traduz em uma ferramenta estratégica para trazer a opinião, os anseios e as pautas do eleitor, consumidor, etc., mas nunca um instrumento de previsão – no máximo revelamos tendências.

Tentamos antever resultados, sim, mas não há uma cobrança excessiva, pois há o entendimento sobre o cerne do trabalho de um instituto de pesquisa: fornecer dados para traduzi-los em informação estratégica.

Uma das principais causas desse fenômeno, portanto, é a crescente desconfiança por parte do público em relação às instituições em geral.

Perfil - Murilo Hidalgo

Natural de Curitiba (PR), é formado em Economia, pós-graduado em Marketing e ex-professor da UniCuritiba e da Universidade Positivo. Atualmente, é sócio-diretor do Instituto Paraná Pesquisa (IPP), que atua há 34 anos no mercado brasileiro e é uma referência em pesquisa política, de opinião e de mercado.

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FALA O QUE QUER...

Para "fugir" da Justiça, João Catan usa Assembleia Legislativa de esconderijo

O deputado estadual foi interpelado criminalmente por fazer acusações sem provas contra o presidente da Cassems

19/10/2024 08h00

Foto: Luciana Nassar/ALEMS

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Na velha máxima do ditado popular de quem fala o que quer ouve o que não quer, o deputado estadual João Henrique Miranda Soares Catan (PL) está recebendo o troco, por via judicial, por falar sem medir as palavras.

O Correio do Estado recebeu a informação de que o parlamentar foi interpelado criminalmente pelo presidente da Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul (Cassems), Ricardo Ayache, por proferir, sem provas, diversas acusações contra o médico durante as sessões realizadas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) nos dias 16 e 22 de maio.

Porém, a reportagem apurou que, para notificar Catan, a oficial de Justiça Rosana Marckin de Paula Ribeiro teve de se desdobrar e, mesmo assim, não obteve êxito, em razão de o deputado estadual ter se esquivado usando de todas as formas possíveis e inimagináveis.

Após inúmeras tentativas infrutíferas, finalmente no dia 9 de julho, às 10h06min, Rosana foi obrigada a usar a modalidade de notificação por hora certa, que visa garantir que o destinatário seja formalmente notificado de atos processuais mesmo que esteja se ocultando.

E isso depois de enfrentar uma verdadeira brincadeira de gato e rato dentro da Alems. Rosana cansou de fazer parte do papelão desempenhado por Catan – que usou a Casa de Leis como esconderijo – e optou por esse tipo de notificação.

Basicamente, a modalidade é utilizada quando o oficial de Justiça não consegue encontrar a pessoa a ser citada e tem a impressão de que ela está se esquivando.

MARATONA

Em razão de não encontrar por diversas vezes o deputado estadual nos demais endereços sabidos, a oficial de Justiça resolveu procurá-lo na Alems para entregar a notificação, porém, a exemplo dos demais locais, ela enfrentou uma verdadeira maratona para conseguir cumprir a determinação judicial – e isso mesmo no ambiente, onde, em teoria, ele deveria passar a maior parte do seu tempo legislando em prol dos eleitores que o elegeram.

Na primeira tentativa de notificação, Rosana foi até a Casa de Leis na manhã do dia 3 de julho, onde, após as formalidades legais, se dirigiu ao gabinete do deputado.

No local, ela foi atendida por Rogers Valério, chefe de gabinete de Catan, o qual – após solicitar e ouvir a leitura do teor do mandado e da contrafé – informou que o parlamentar estava viajando e que ela poderia deixar um contato telefônico, a fim de marcar dia e horário para que a notificação fosse cumprida.

A oficial de Justiça assim o fez, contudo, até o dia seguinte, nada ocorreu. Por esse motivo, Rosana retornou no dia 4 de julho, também no período da manhã, quando, após não encontrar nem o chefe de gabinete nem o deputado, foi atendida por uma pessoa identificada apenas como Josiane, que tornou a informar que o parlamentar continuava em viagem para Paranaíba.

Porém, a funcionária do deputado mandou mensagens para Valério, que a solicitou informar à oficial de Justiça que Catan a receberia no dia 9 de julho. Sendo assim, após tê-la procurado por duas vezes, Rosana deixou o contato telefônico funcional com o chefe de gabinete.

Por ter sido caracterizada a suspeita de ocultação do notificado, a oficial de Justiça intimou Josiane que voltaria no dia 9 de julho, quando novamente a ação foi agendada às 10h, e que caso não encontrasse o deputado notificaria ele na modalidade por hora certa.

Na data e no horário marcados, Rosana retornou à Alems. No gabinete de Catan, foi informada de que ele estaria no plenário da Casa de Leis, para onde ela se dirigiu. Apesar de constar no painel eletrônico de que o deputado estava de fato presente, a oficial de Justiça não o encontrou mais uma vez. 

Rosana retornou ao gabinete do parlamentar e, novamente, foi informada de que o deputado estava com Valério no plenário da Alems, para onde a oficial de Justiça foi parar outras duas vezes, não tendo encontrado nenhum dos dois no local.

Ao voltar para o gabinete, uma funcionária identificada como Tarsila Dias Acosta Sales Marzola também não soube informar Rosana a respeito do paradeiro de Catan.

“Pelos motivos acima, notifiquei por hora certa o sr. João Henrique Miranda Soares Catan, deputado estadual, na pessoa da sra. Tarsila Dias Acosta Sales Marzola, funcionária do setor Jurídico do gabinete [do parlamentar], por todo o conteúdo do mandado e da contrafé, a qual, após ouvir a leitura, exarou o seu ciente e aceitou as cópias que lhe ofereci”, escreveu a oficial de Justiça.

ENTENDA O CASO

Em duas sessões da Alems, o deputado estadual João Henrique Catan usou a tribuna para acusar Ricardo Ayache de não prestar contas de suas atividades enquanto presidente da Cassems e ainda afirmou que os servidores estaduais “estão sendo assaltados por um estelionatário eleitoral”, referindo-se ao médico.

Além disso, o parlamentar também associou supostos desvios de verbas à figura de Ayache, bem como afirmou que o fato de a Cassems ter capital social de R$ 50 mil, considerando o orçamento de mais de R$ 1 bilhão, isso seria crime de estelionato.

A despeito da gravidade das acusações, que produzem efeitos tanto na esfera criminal quanto na cível, Catan deixou de apresentar qualquer prova das suas afirmações nem mesmo sequer pôde fazê-lo, o que confirma a sua atuação manifestamente temerária, ilegal e irresponsável.

Afinal, se tais elementos existissem, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) já teria instaurado uma ação penal em desfavor do presidente da Cassems, o que até o momento não ocorreu.

Como se não bastassem as alegações da sessão realizada em 16 de maio, já na sessão do dia 22 de maio o deputado levantou, também na tribuna da Casa de Leis, suspeitas sobre a licitude da aquisição de uma aeronave, indicando que Ayache teria praticado irregularidades na compra e na posterior transferência do avião.

Ele fez diversas afirmações de cunho dúbio, por meio de retóricas, buscando atribuir ao presidente da Cassems conduta negativa, em exposição indevida e na tentativa de execração de sua imagem, como é possível observar na seguinte manifestação.

“Me pergunto como é que o presidente de uma das maiores instituições de saúde do Estado é proprietário dessa aeronave. Como que o presidente da Cassems tem tanto sucesso profissional para comparar um avião desse porte?”, questionou.

Ainda, na mesma sessão, Catan afirmou que a aeronave “milionária” teria sido adquirida ilicitamente por Ayache com outros sócios que são proprietários de empresas de oncologia, diagnósticos, etc. que trabalham diretamente dentro da Cassems.

“Para comprovar a extensão dos prejuízos que vêm sendo causados ao requerente com a conduta do requerido, vale anotar que as referidas alegações resultaram inclusive em publicação de matéria em 24/5/2024 no portal eletrônico MS Conservador3”, assegurou trecho do pedido de interpelação criminal.

“As alegações de irregularidade suscitadas em tribuna não foram pautadas em nenhum documento nem em outro meio de prova, mas tão somente em uma foto da aeronave e em documentos referentes à sua transferência, demonstrando o descuido, a despreocupação, do requerido com institutos comezinhos de direito, especificamente de responsabilidade civil e penal, e ainda a temeridade e a irresponsabilidade em sua conduta, incompatível com a relevância da posição atualmente exercida”, continuou o texto.

Diante do exposto, o advogado de Ayache requereu ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) o deferimento do pedido de interpelação de Catan nos termos do artigo 144 do Código Penal brasileiro, que se refere ao pedido de explicações em juízo quando alguém se considera ofendido por alusões, frases ou referências que possam implicar calúnia, difamação ou injúria.

“Para que preste esclarecimentos a respeito da finalidade das alegações suscitadas em tribuna da Alems nas sessões realizadas nos dias 16/5/2024 e 22/5/2024, bem como das postagens realizadas em suas redes sociais, a respeito de ter acusado o requerente de praticar crime de estelionato e estelionato eleitoral, bem como sobre a ilicitude da aquisição e da transferência de aeronave, apresentando, por certo, as provas necessárias para corroborarem suas alegações”, trouxe trecho do pedido de interpelação criminal contra Catan, que foi distribuído ao desembargador Nélio Stábile, do Órgão Especial do TJMS.

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