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Vacina contra Chagas é testada com sucesso em camundongos

Vacina contra Chagas é testada com sucesso em camundongos

exame

12/02/2015 - 13h30
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Uma vacina brasileira capaz de estimular o sistema imunológico a combater o Trypanosoma cruzi – parasita causador da doença de Chagas – foi testada com sucesso de forma terapêutica em experimentos com camundongos.

De acordo com os resultados publicados na revista PLoS Pathogens, no fim de janeiro, o imunizante aumentou de zero para 80% a sobrevivência de animais infectados e ainda diminuiu a carga parasitária e reduziu sintomas como arritmias cardíacas.

Os estudos para o desenvolvimento da vacina vêm sendo coordenados há 20 anos por Maurício Martins Rodrigues, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com apoio da FAPESP em diversos projetos de pesquisa.

O novo estudo é resultado de uma parceria com diversas instituições, por meio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas, envolvendo o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Unifesp e a Universidade de Massachusetts Medical School, nos Estados Unidos.

“Mais de 10 milhões de indivíduos na América Latina convivem com a doença de Chagas já na fase crônica e o tratamento convencional muitas vezes não funciona. A vacinação terapêutica levaria à redução dos sintomas, queda da mortalidade e melhora da qualidade de vida dos doentes”, disse Rodrigues.

Entre as principais complicações crônicas da doença de Chagas estão o alargamento dos ventrículos do coração (condição que afeta cerca de 30% dos pacientes e costuma levar à insuficiência cardíaca) e a dilatação do esôfago ou o alargamento do cólon (que acomete até 10% dos infectados e pode levar à perda dos movimentos peristálticos e à dificuldade de funcionamento dos esfíncteres).

Embora medicamentos como o benzonidazol tenham eficácia razoável contra o parasita na fase aguda da infecção, eles apenas conseguem retardar o progresso da enfermidade quando esta evolui para a fase crônica, o que acontece em 30% dos casos.

Na ausência de um tratamento específico, os médicos recorrem a medicamentos usados para combater outras doenças do coração ou do sistema digestivo, capazes apenas de atenuar os sintomas.

A vacina desenvolvida na Unifesp também poderá ser usada para promover uma imunidade profilática contra o T. cruzi, mas, na avaliação de Rodrigues, o impacto para a saúde pública seria maior se ela fosse usada de forma terapêutica.

“Para usá-la profilaticamente seria preciso imunizar milhares de pessoas, e os países que ainda possuem altas taxas de transmissão do parasita, como a Bolívia, a Venezuela e o Peru, não têm recursos para esse tipo de campanha”, disse.

O Brasil possui a logística necessária para a imunização em massa.

A transmissão do T. cruzi no país, entretanto, foi praticamente eliminada, ocorrendo apenas em casos isolados e geralmente por ingestão de alimentos contaminados pelas fezes do barbeiro.

“Mas ainda há por aqui muitos pacientes sofrendo com as complicações da fase crônica. Tratar apenas as pessoas já infectadas é economicamente mais viável e factível no médio e longo prazo”, disse Rodrigues.

O mecanismo de ação do imunizante promove a indução de linfócitos T do tipo CD8 contra dois antígenos do parasita: uma proteína (rAdASP2) da superfície do amastigoto (parasita em seu estágio intracelular) e a enzima trans-sialidase, presente na forma tripomastigota (fase extracelular, que circula no sangue).

Desta forma, a resposta imune é gerada para as duas formas infectantes do parasita, cobrindo todo o seu ciclo de vida dentro do organismo humano.

“Usamos vírus recombinantes com essas duas proteínas importantes para induzir a imunidade contra o parasita. Uma vez injetados no organismo, os vírus não são capazes de se reproduzir, mas entram nas células e produzem as proteínas dentro delas”, explicou Rodrigues.

Redução da patologia

No experimento descrito na PLoS Pathogens, camundongos infectados pelo T. cruzi foram imunizados, acompanhados durante 250 dias e, ao final, comparados com outros dois grupos de animais: um não infectado (controle) e outro infectado e não imunizado.

Enquanto no grupo infectado e não imunizado todos os animais morreram após o término do experimento, no grupo vacinado houve uma sobrevivência de 80% – índice equivalente ao do grupo controle.

“Com 250 dias de vida os animais já estavam idosos, algo equivalente a 60 anos humanos. Ou seja, os ratos vacinados passaram a vida toda doentes e sobreviveram tanto quanto os animais não infectados”, comentou Rodrigues.

A vacinação também foi capaz de reduzir em cinco vezes a carga parasitária.

A porcentagem de animais que sofriam de arritmia cardíaca no grupo imunizado caiu de 100% para 33%, de acordo com o pesquisador.

“Houve uma melhora considerável na função cardiológica de maneira geral. Esse dado, aliado à queda na carga parasitária, mostra que houve melhora na qualidade de vida dos animais”, avaliou Rodrigues.

Embora a vacina tenha apresentado resultados promissores neste experimento e em anteriores nas quais ela foi testada profilaticamente, ainda é necessário desenvolver uma formulação segura para o uso em humanos antes de avançar para a fase de estudos clínicos.

Até o momento, nenhuma vacina contra a doença de Chagas, uma das doenças tropicais consideradas negligenciadas, foi testada em humanos e um dos principais obstáculos é a falta de financiamento e de interesse dos laboratórios farmacêuticos.

“Ainda que a doença não tenha um índice de mortalidade grande, representa um enorme custo econômico para os países pobres, pois os infectados muitas vezes ficam impossibilitados de trabalhar”, comentou Rodrigues.

Estima-se que a enfermidade cause mundialmente a perda de 750 mil anos de vida produtiva e de US$ 1,2 bilhão anualmente.

Malária vivax

Em outro projeto financiado pela FAPESP, Rodrigues coordena estudos para o desenvolvimento de uma vacina profilática contra a malária causada pelo Plasmodium vivax, que responde por aproximadamente 80% dos casos da doença no Brasil.

Os estudos ainda estão em fase pré-clínica e o grupo da Unifesp trabalha atualmente no desenvolvimento de uma formulação que possa ser testada em humanos.

Nos próximos meses deve ser licenciada a primeira vacina contra malária causada pelo Plasmódio falciparum, desenvolvida pelo laboratório farmacêutico GlaxoSmithKline (GSK).

A doença causada pelo P. falciparum é predominante na África e é considerada mais grave – matando cerca de 660 mil pessoas por ano, muitas delas crianças.

As mortes pelo P. vivax são estimadas entre 10 mil e 20 mil por ano no mundo. A doença, porém, costuma causar recaídas que aumentam seu impacto econômico e mantêm altas as taxas de transmissão.

Tecnologia

Viasat lança no Brasil serviço de conexão direta do satélite ao celular

O serviço ainda é inédito no País e tem como objetivo atender áreas remotas.

22/04/2025 21h00

Viasat lança no Brasil serviço de conexão direta do satélite ao celular

Viasat lança no Brasil serviço de conexão direta do satélite ao celular Divulgação

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A empresa americana Viasat anunciou nesta terça-feira, 22, a chegada ao Brasil do serviço de conexão por satélite direto no celular, tecnologia chamada de direct to device , ou D2D, que dispensa a instalação de antenas locais.

O serviço ainda é inédito no País e tem como objetivo atender áreas remotas, que não contam com as redes tradicionais de telefonia e internet. A tecnologia é importante também para atender situações em que a infraestrutura terrestre foi danificada, como em desastres climáticos.

Embora a internet rápida já esteja difundida nas cidades, a cobertura ainda é deficitária na maior parte do território. Apenas 18% do mapa geográfico do País tem sinal de celular, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Nesta fase inicial, a conexão D2D será bastante limitada. Nada de chamadas de voz ou envio de fotos e vídeos. Por enquanto, o sinal será de 2 kilobytes por segundo, algo suficiente apenas para o envio de mensagens de texto (SMS) e alertas de emergência O serviço deve ajudar em funções básicas de comunidades rurais, missões táticas, socorristas, trilheiros e afins.

Além disso, a conexão D2D só funcionará em alguns celulares mais novos e ajustados para reconhecer o sinal enviado diretamente pelos satélites. Por fim, o serviço só ficará disponível para o consumidor final após a Viasat fechar parcerias com as operadoras locais, o que deve acontecer em breve.

"As funcionalidades iniciais ainda são restritas, mas é apenas o começo de uma revolução", disse o Diretor Geral da Viasat no Brasil, Leandro Gaunszer, em entrevista. "Este é o primeiro passo para acabar com as zonas de sombra (sem conexão) no País", afirmou.

A multinacional fez a demonstração da tecnologia e o potencial do seu desenvolvimento em um evento em Brasília com presença de membros da Anatel, de ministérios e do Congresso. Outras empresas também estão se mexendo na mesma direção. A Claro e a Lynk fizeram, em março, testes de conexão direta entre satélite e celular no Maranhão.

Com o ganho de escala da tecnologia, Gaunszer acredita que haverá um desenvolvimento natural do setor, assim como ocorreu com a internet tradicional. É bem possível que, em menos de cinco anos, alguém possa escalar o Monte Roraima e fazer uma transmissão de vídeo ao vivo lá de cima sem depender de antenas terrestres, estima.

A Viasat avalia também o lançamento de uma nova geração de satélites de baixa órbita, com capacidade de prover uma conexão mais rápida em um futuro próximo. Para isso, assinou um memorando de entendimento com a Space 42, empresa de tecnologia espacial com sede nos Emirados Árabes Unidos. Ambas estão desenvolvendo estudos técnicos para embasar o projeto.

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Anatel vai investigar implicações do número crescente de satélites em órbita

Empresas como a Starlink, de Elon Musk, e a Amazon, de Jeff Bezos, estão despontando como os maiores competidores neste segmento.

16/04/2025 23h00

Anatel vai investigar implicações do número crescente de satélites em órbita

Anatel vai investigar implicações do número crescente de satélites em órbita Divulgação

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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai intensificar os estudos sobre os efeitos decorrentes do número cada vez maior de satélites não geoestacionários em órbita, usados como provedores de internet rápida, serviços de monitoramento e outras atividades.

Empresas como a Starlink, de Elon Musk, e a Amazon, de Jeff Bezos, estão despontando como os maiores competidores neste segmento, com operações relevantes no Brasil. Na última semana, a Starlink recebeu aval da Anatel para colocar mais 7,5 mil satélites na órbita, onde já tem 4,4 mil. Já a Amazon vai lançar 3,2 mil satélites.

"A crescente concentração de satélites por grandes conglomerados empresariais pode comprometer a dinâmica concorrencial do setor espacial, restringindo o acesso de novos entrantes e de operadores de menor porte", afirmou, em nota, o conselheiro Alexandre Freire, presidente do Comitê de Infraestrutura de Telecomunicações (C-INT) da Anatel, responsável pelos estudos.

Um ponto colocado em debate no C-INT é a possibilidade de as posições orbitais acirrarem tensões entre países e entre agentes privados, ampliando o risco de assimetrias regulatórias e de conflitos de interesses com implicações sensíveis para a segurança internacional.

Na visão de Freire, é necessário que sejam desenvolvidas regulações internacionais, levando em conta as potenciais implicações geopolíticas advindas da ocupação das órbitas. O conselheiro defende o envolvimento da União Internacional de Telecomunicações (UIT) na definição das posições orbitais e das frequências de rádio pelas empresas.

Entre outros pontos que devem ser analisados está a potencial utilização militar de satélites, a possibilidade de monitoramento transfronteiriço e o aumento exponencial da poluição orbital.

Para esses estudos, a Anatel prevê a realização de discussões com diversos órgãos, incluindo o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), além de empresas reguladas e representantes da sociedade civil.

 

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