Cidades

Saúde Pública

Governo quer alterar Política Nacional de Atenção Básica da saúde

A proposta prevê a possibilidade de financiamento de outros modelos

Correio Braziliense

11/08/2017 - 10h10
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O Ministério da Saúde apresentou nesta quinta-feira (10/8), as novas propostas para a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Entre as alterações relacionadas à gestão estão a possibilidade de financiamento de outros modelos de atenção básica, além da Estratégia de Saúde da Família (ESF), e a unificação das funções dos agentes comunitários e de combate às endemias. Há ainda mudanças no acesso às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e implementação obrigatória do prontuário eletrônico.

Segundo o ministério, ao possibilitar o financiamento de outros modelos de atenção básica, será possível aumentar o número de equipes assistidas pelos Núcleos de Apoio à Família (Nasf). Atualmente, apenas equipes da Estratégia de Saúde da Família recebem suporte. 

Outra alteração é que, pela nova PNAB, cada UBS teria autonomia para compor as equipes como julgar necessário. Hoje, elas são formadas por, no mínimo, um médico generalista ou especialista em Saúde da Família, um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Dentistas podem integrar o grupo. 

O governo também quer que a UBS passe a receber a indicação de um gerente, que não precisaria ser da área de saúde - hoje há muitos enfermeiros com a incumbência. E aposta na integração da atenção básica com outras áreas, como a vigilância em saúde. Com isso, o Agente de Combate à Endemia poderia compor as equipes com Agentes Comunitários de Saúde. Dessa forma, haveria a unificação do agente comunitário com o de combate às endemias. 

"O que estamos fazendo é adequar o PNAB à realidade do País", afirmou ontem o ministro da Saúde, Ricardo Barros. De acordo com ele, as propostas devem começar a ser implementadas no fim deste mês - os municípios têm autonomia para aderir ou não às mudanças 

As medidas foram criticadas por especialistas e entidades ligadas à saúde pública. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) lançaram notas oficiais contra as propostas. "O texto repete várias vezes que a Saúde da Família é estratégica, mas rompe com essa suposta prioridade ao estabelecer que usará verbas específicas para financiar outras formas de atenção básica", afirma a pesquisadora Ligia Giovanella, da Ensp-Fiocruz. 

Para as instituições, ao permitir que o gestor municipal flexibilize equipes de atenção básica, a revisão da PNAB revoga a prioridade do modelo assistencial de Saúde da Família. Segundo Lígia, a mudança poderá minar um dos aspectos que tornou a ESF uma "iniciativa exemplar", reconhecida internacionalmente. "Hoje, os profissionais das equipes trabalham em tempo integral, e isso é uma característica fundamental para estabelecer o vínculo com os pacientes de cada comunidade. Na nova conformação, qualquer grupo de profissionais, independentemente da carga horária, será considerado de atenção básica - e drenará os recursos." 

'Desinformação'

O ministro da Saúde saiu em defesa das propostas. "Há uma desinformação muito grande. Alguns setores alegam prejuízos que não existem com a nova PNAB", afirmou Barros. De acordo com ele, a flexibilização da atuação das equipes de Saúde da Família vai "facilitar o trabalho e as ações desempenhadas pelos profissionais". 

O diretor do Departamento de Atenção Básica do ministério, Alan Nunes, disse que não haverá retirada de investimento da área de Saúde da Família. "Reconhecemos que é preciso haver investimentos em outros modelos de organização. Estamos ampliando as possibilidades de reconhecimento, sem prejuízo ao orçamento já destinado à saúde da família." 

O epidemiologista Luiz Augusto Facchini, ex-presidente da Abrasco e coordenador da Rede de Pesquisas em Atenção Primária em Saúde, observa que o sistema atual "dá cobertura a 60% da população e é preciso de fato expandi-lo". "É razoável fazer alterações na PNAB para incluir no Saúde da Família a população hoje atendida por unidades tradicionais. Mas, quando se faz uma mudança nas políticas de saúde, é preciso assegurar recursos para isso. O ministro não deixou isso claro." 

Financiamento

Hoje, para financiar a atenção básica, o governo federal transfere aos municípios o Piso de Atenção Básica (PAB), que é proporcional à população - cerca de R$ 24 por habitante por ano. Além do PAB fixo, os municípios recebem recursos extras se adotarem equipes de Saúde da Família - o PAB variável, a partir de R$ 7 mil por equipe. "O PAB fixo é muito baixo. O governo deveria aumentá-lo para apoiar investimentos na rede básica de saúde e articular o Saúde da Família com as unidades tradicionais. Do jeito que está sendo feito, a revisão vai tirar dinheiro da área, promovendo iniquidades", defendeu Facchini. 

 

BEM-ESTAR ANIMAL

Em maio, Consultório Móvel da Subea atenderá em três bairros da Capital

Os bairros Vivendas do Parque, Vila Margarida e Nova Campo Grande receberão atendimento

28/04/2025 17h20

Prefeitura divulga agenda do Consultório Móvel da Subea

Prefeitura divulga agenda do Consultório Móvel da Subea FOTO: Divulgação

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No mês de maio, a Prefeitura de Campo Grande, através da Superintendência de Bem-Estar Animal (Subea), realizará atendimento veterinário gratuito em três bairros da Capital, sendo eles: Vila Margarida, Vivendas do Parque e Nova Campo Grande.

O consultório móvel da Subea tem o objetivo de facilitar o acesso a serviços de saúde animal para a população. Além disso, a ação visa atender pelo menos 100 animais por semana, oferecendo consulta veterinária, vacina antirrábica, vacina polivalente (para caninos) vermífugo, carrapaticida, microchipagem, além de avaliação para castração em uma das clínicas credenciadas com a prefeitura, tudo de forma gratuita, para cães e gatos.

A iniciativa da Prefeitura Municipal de Campo Grande pretende reforçar a importância dos cuidados preventivos, contribuindo para a saúde pública e o controle populacional de animais.

COMO FUNCIONA?

Os atendimentos serão realizados por distribuição de senhas, sendo 5 para consultas e 5 para castração, por período.

Para atendimento, é necessário que o tutor leve documento com foto, comprovante de residência e o comprovante de cadastro no NIS atualizado nos últimos 24 meses. É importante que os tutores mantenham os animais devidamente contidos com coleiras ou em caixas de transporte.

Confira os locais e datas de atendimento em maio:

12/05 a 16/05 – Associação Vila Margarida
Rua Naviraí, 692 – Vila Margarida
Horário: 8h às 11h / 13h às 15h

19/05 a 23/05 – Associação dos Moradores Vivendas do Parque
Rua José Vicente Pereira Neto, 345 – Vivendas do Parque
Horário: 8h às 11h / 13h às 15h

26/05 a 30/05 – Praça Nova Campo Grande
Rua Sessenta com Rua Cinquenta e Nove – Nova Campo Grande
Horário: 8h às 11h / 13h às 15h

Transporte público

CPI do ônibus é marcada por treta e gafe com vereador "Coruja"

Primeiro dia de depoimentos teve bate-boca de vereadores e especialista falando por videoconferência

28/04/2025 17h15

Vereadores se irritaram com postura de mesa diretora e deixaram CPI

Vereadores se irritaram com postura de mesa diretora e deixaram CPI Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Marcada por duras críticas à fiscalização da Prefeitura Municipal em relação ao transporte público de Campo Grande, a primeira oitiva da CPI do ônibus, realizada nesta segunda-feira (28) ficou marcada por treta entre vereadores e uma gafe em relação ao nome do vereador Junior Coringa (MDB).  

Tudo ocorreu em meio a audiência da engenheira civil Lúcia Maria Mendonça Santos, especialista em mobilidade urbana. Convidada, ela participou do encontro conduzido no plenarinho Edroim Reverdito, na Câmara Municipal de Campo Grande. 

A primeira confusão foi protagonizada pelo vereador Landmark (PT), que questionou se ele e outros parlamentares que não fazem parte da mesa diretora poderiam participar diretamente das perguntas aos depoentes, fato rechaçado pelo presidente da CPI, vereador Lívio Viana (União). 

"Segundo o regimento da comissão, apenas os membros da mesa podem fazer perguntas", respondeu o petista. Após o contraponto, destacou que, os demais parlamentares poderiam perguntar, desde que as questões fossem escritas e repassadas à depoente. 

“Estou fazendo isso para ser regimental, a gente não pode abrir mão num regimento simplesmente para contemplar uma situação, até porque essa é uma das muitas oitivas que nós teremos. Então para o bom andamento do trabalho a gente precisa que isso seja organizado dessa forma”, disse Viana. 

Diante da situação, Landmark se levantou, criticou a ausência do demais vereadores e anunciou sua retirada da sessão. "Vou me retirar. Existe toda uma expectativa em cima dessa CPI. Nossa, dos vereadores. E não se permite a gente contribuir, de vir aqui falar, de contribuir com ideias. Então vamos nos retirar", declarou ao deixar o plenário, seguido por  Francisco Carvalho (União) e Marquinhos Trad (PDT), que também protestaram.

Em resposta, Junior Coringa ponderou o entreveiro e disse que a CPI, acima de tudo, é democrática. “O presidente colocou só a questão do regimento. Mas nós podemos fazer uma votação aqui. Nessa oitiva, a gente abre duas, três perguntas para os senhores vereadores. Mas só nessa oitiva”, falou Coringa. 

Gafe 

O vereador Junior Coringa também foi protagonista da gafe da tarde. Ao questionar a especialista Lúcia Maria sobre a necessidade de inversão de órgãos públicos na gestão do transporte público da Capital, chamou o vereador diversas vezes de "Coruja", gafe corrigida após alguns instantes pela vereadora Luiza Ribeiro.

"O vereador é Coringa, tá? É o vereador Coringa.", disse Luiza, que aproveitou a situação para enaltecer o trabalho do colega. "Esse nosso é Coringa. O vereador Coringa, é um dos mais inteligentes dessa nossa CPI. É um homem experiente, homem trabalhador, que vem do periferia.", frisou. 

Em resposta, a especialista disse "Desculpa. A Coruja é aquela, né? Não fala nada, mas presta uma atenção em tudo", declarou. Todo o plenário se divertiu com a situação. 

A CPI 

A relatora da CPI, vereadora Ana Portela, reforçou a importância do município manter uma estrutura permanente de fiscalização do consórcio Guaicurus.

“A Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) tem recursos para fiscalizar e entregar para a população as respostas necessárias, mas não o está fazendo. Está sendo negligente”, afirmou a vereadora.

Coringa enalteceu que a CPI vai em busca de mais informações a respeito da arrecadação do consórcio. “Vamos solicitar do Consórcio, da Agereg e da Agetran a questão das receitas do transporte público. Há vários requerimentos que serão desdobramentos da oitiva que tivemos hoje. Saímos daqui subsidiados de muitas informações”, disse.

Já o vereador Maicon Nogueira (PP) adiantou que vai apresentar requerimento para que a comissão ouça o vereador Marquinhos Trad, que foi prefeito de Campo Grande de 2017 a 2022.

“Eu senti a necessidade e o interesse do ex-prefeito Marquinhos Trad de participar da CPI. Vou apresentar o requerimento para que ele possa ser ouvido. Por ter sido prefeito de Campo Grande por seis anos, ele pode contribuir e muito em relação às dúvidas que temos sobre a fiscalização do Poder Público Municipal, que não está sendo feita”, argumentou Maicon.

Por fim, o presidente da CPI, vereador Doutor Livio, adiantou que mesmo com o início da segunda fase dos trabalhos investigativos, a comissão seguirá apresentando requerimentos, além de detalhar o cronograma de coleta de depoimentos. “Já temos oito oitivas agendadas. A Fase 1 de coleta de informações não se encerrou, pois esse trabalho será constante”, afirmou o presidente da CPI.

A próxima oitiva da CPI do Transporte Público será do diretor-presidente da Agereg, José Mário Antunes da Silva, prevista para a segunda-feira (5), a partir das 14h, no plenarinho Edroim Reverdito, na Câmara Municipal de Campo Grande.

A oitiva

Primeira a ser ouvida na segunda fase da CPI do ônibus, a engenheira civil Lúcia Maria Mendonça Santos, especialista em mobilidade urbana, não poupou críticas à gestão municipal.

Em sua oitiva, ela destacou que neste momento, o maior problema do transporte público de Campo Grande não é o valor da passagem paga por quem utiliza o serviço, e sim, a falta de gestão da prefeitura em fiscalizar os contratos firmados junto ao Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte público oferecido aos campo-grandenses desde 2012. 

“Eu acho que o problema não é o valor da tarifa, seja ela cara,  média, ou zero. Quando não há gestão na Prefeitura, quando não há compromisso público, o sistema sempre será ruim”, declarou Lúcia, ouvida por meio de videoconferência.

De acordo com a especialista, quando os responsáveis não fiscalizam e não estão presentes no dia-a-dia das operações, infelizmente as pessoas que estão operando, ou seja, neste caso o Consórcio Guaicurus, também não possui tais obrigações. “Os empresários fazem aquilo que a prefeitura permite. Ela (prefeitura) não permite que a gente tenha acesso a esses dados.”, disse Lúcia. 

Estrutura da CPI

Aberta no dia 18 de março, a CPI fiscalizará  três frentes:

  • Emprego de frota com idade (média e máxima) dentro do limite contratual e o estado de conservação dos veículos, nos últimos cinco anos;
  • Equilíbrio financeiro contratual após a aplicação dos subsídios públicos concedidos pelo Executivo Municipal de Campo Grande à empresa concessionária por meio das Leis Complementares 519/2024 e 537/2024;
  • Fiscalização da Prefeitura Municipal, pela Agereg e pela Agetran, no serviço de transporte público prestado pelo Consórcio após a assinatura do Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) perante o TCE-MS, em novembro de 2020.

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