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Lei que estabelece novas regras para multas de trânsito em MS entra em vigor hoje

Agora, as multas de trânsito consideradas leves e médias poderão virar advertência por escrito

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A partir desta segunda-feira (28), as multas de trânsito de natureza leve ou média podem ser convertidas em advertências por escrito, caso o infrator não tenha cometido nenhuma outra infração nos últimos 12 meses. 

Segundo a nova lei, sancionada pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) e publicada no Diário Oficial do Estado de hoje, para se livrar de possíveis multas o motorista fica condicionado a ter um bom comportamento no período de um ano, imediatamente anterior à infração observada. 

Ou seja, caso não tenha cometido outra infração nos últimos 12 meses, o condutor poderá se livrar de possíveis multas de natureza média ou leve. 

Isso porque, antes de aplicar a multa, o agente fiscalizador deverá examinar o Sistema Nacional de Trânsito (SNT) sobre as informações contidas no prontuário dos condutores e veículos.

"Antes de ser aplicada a penalidade de multa às infrações de natureza leve ou média, devem ser examinadas as informações contidas no prontuário dos condutores e veículos junto do Sistema Nacional de Trânsito (SNT) para avaliar a aplicação da penalidade da advertência por escrito, caso o infrator não tenha cometido nenhuma outra infração nos últimos 12 (doze) meses", diz o novo artigo da lei.

"É nula a penalidade de multa aplicada quando o infrator se enquadrar nos requisitos estabelecidos no art. 267 do CTB", acrescenta a nova redação.

A lei muda pontos da Lei número 4.282, de 2012, que trata dos valores de taxas da Tabela de Serviços do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS).

Presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Gerson Claro (PP), autor do Projeto de Lei na Casa com coautoria do deputado Paulo Duarte (PSB), justificou, na ocasião da apresentação do PL, que a medida é "a fim de evitar prejuízo ao direito dos condutores e a arrecadação indevida de multas que deveriam ser convertidas em advertências escritas". 

Multas de trânsito

Pelo Código de Trânsito Brasileiro, infrações cometidas por condutores de veículos são passíveis de penalidade, que pode varia conforme a gravidade, com a seguinte classificação: 

  • Leve: R$ 88,38 e 3 pontos na CNH
  • Média: R$ 130,16 e 4 pontos na CNH
  • Grave: R$ 195,23 e 5 pontos na CNH
  • Gravíssima: R$ 293,47 e 7 pontos na CNH

As mais diversas infrações podem gerar uma multa média, como dirigir usando fones de ouvido; não dar passagem para veículos mais rápidos, ficar sem combustível ou até mesmo jogar lixo pela janela. 

Já as multas leves são aquelas que não trazem risco imediato a segurança no trânsito, como estacionar na calçada ou acostamento; uso de buzina em lugares proibidos (como hospitais) ou ainda transitar pelas faixas que são reservadas exclusivamente para o fluxo dos ônibus. 

No recorte de Campo Grande, por exemplo, é possível notar uma diminuição no total de multas aplicadas entre 2023 e 2024 na Capital, quase 19 mil a menos no comparativo entre os anos. 

Esses dados, fornecidos pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) por meio do Sistema de Controle de Contas Municipais (SincomWeb) e publicados no Correio do Estado, indicam certas características do trânsito local. 

Como por exemplo o fato de o maior volume de multas ser referente ao excesso de velocidade, infração que lidera o "ranking" de notificações recebidas pelos motoristas de Campo Grande, ao lado do avanço de sinal vermelho e a conversão proibida.

Em entrevista ao Correio do Estado, o diretor de trânsito da Agetran, Ciro Ferreira, esclarece que certos fatores contribuíram para que a velocidade fosse a principal ocorrência registrada, como o fato da cidade ser composta por avenidas com pistas largas.

Apesar do uso do celular contribuir para o total de notificações, Ciro esclarece que as notificações dessa infração estão um pouco abaixo das já mencionadas, o que não tira o perigo de conduzir o veículo enquanto manda mensagens, por exemplo. 

“O manusear o celular tira a atenção do trânsito, e tudo que tira a atenção leva a um tempo de reação maior para algum perigo que pode haver na pista, o que pode contribuir para um acidente”, conclui. 
**(Colaborou Leo Ribeiro)

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Entrevista

"Nós autorizamos que a mediação de conflitos seja feita nos cartórios"

O desembargador Ruy Celso Barbosa Florence fala das estratégias para tornar a prestação jurisdicional mais rápida e eficiente, do futuro dos cartórios em meio à digitalização e da advocacia predatória

24/05/2025 09h00

Desembargador Ruy Celso Barbosa Florence

Desembargador Ruy Celso Barbosa Florence Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, o corregedor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), desembargador Ruy Celso Barbosa Florence, abordou os principais desafios enfrentados pela Corregedoria-Geral de Justiça do TJMS atualmente, com destaque para o combate à advocacia predatória e o excesso de judicialização no País.

Com décadas de experiência na magistratura, Florence defende uma atuação mais orientativa da Corregedoria, voltada à prevenção de abusos no sistema judicial e à promoção de soluções extrajudiciais.

“As pessoas gostam de ir à Justiça, reclamam, mas vão”, afirmou, ao enfatizar a cultura brasileira de recorrer ao Poder Judiciário até mesmo em situações que poderiam ser resolvidas fora dele.

Nesse contexto, uma das estratégias adotadas sob a sua gestão é a ampliação do uso da mediação como ferramenta de desjudicialização.

Florence revelou que o Estado já autorizou a realização de mediações diretamente em cartórios, o que representa uma nova frente de atuação para os serviços extrajudiciais e um alívio para o Judiciário.

“Nós estamos autorizando aqui no Estado que a mediação seja feita nos cartórios”, disse o corregedor, ao explicar como essa medida pode tornar o acesso à Justiça mais célere, eficiente e menos oneroso para a população.

Qual o grande desafio da Corregedoria-Geral de Justiça do TJMS atualmente?

Hoje nós temos um grande problema, que é o excesso de judicialização. Temos de verificar os gargalos, verificar o que pode ser feito para diminuir, na verdade, o trabalho do juiz. E também reduzir esse excesso de judicialização. Inclusive, nós temos um núcleo para exatamente detectar as demandas predatórias.

Na verdade, muitos desses processos são fraudulentos, não?

Nós temos alguns [processos] que são desnecessários. São algumas demandas controversas que não precisariam ir para o Poder Judiciário. As pessoas vão para o Judiciário, [mas] são induzidas a erro. Vão em busca de direitos que elas não têm. Então, são demandas desnecessárias, podemos colocar assim.

E temos demandas que são predatórias, que são fraudulentas, e elas são propostas por determinados escritórios de advocacia, que criam demandas que, na verdade, não existem. Eles chegam a juntar documentos falsos. Nós estamos fazendo um levantamento e um estudo para detectar essas demandas. Em muitos casos, os autores da ação têm o mesmo endereço, e percebemos que, na verdade, aquilo pode não ser verdadeiro.

E vocês têm atuado em conjunto com o Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS) nesses casos?

Toda vez que apuramos uma demanda predatória, com um escritório trabalhando dessa forma, nós comunicamos à OAB-MS.

Há um volume dessas demandas já mapeado?

Ainda não temos um quantitativo. Estamos mapeando, mas temos sim um volume alto. Inclusive, aqui em Mato Grosso do Sul, foram detectados dois escritórios que são os maiores do País em termos de demandas predatórias.

Eles estão no sul do Estado, e podemos considerá-los os maiores predadores do sistema de Justiça do Brasil, com causas espalhadas por todo o território nacional, com procurações em [seccionais da] OAB de outros estados e, em muitos casos, fazendo sociedade com escritórios de outros estados.

Quais ações concretas para reduzir a advocacia predatória e melhorar o fluxo de processos?

Criamos, na atual gestão, um novo modelo de correicional. Modelo praticamente de orientação, de participação dos juízes. O juiz participa das correições, ele mesmo indica, fala e reclama. E em nossas visitas às comarcas, nós procuramos dialogar com os servidores e com os juízes de uma forma bem espontânea e resolver a situação deles.

Primeiro de tudo, [trazer] orientação, porque o que é um corregedor, na verdade? É um juiz mais experiente. Eu tenho 40 anos que sou juiz. Já aprendi uma série de coisas que os juízes mais novos ainda não aprenderam.

Também preparamos nossos juízes auxiliares para solucionar várias situações. Fazemos cursos com juízes de forma que eles levem essas orientações às comarcas. E os servidores do TJMS também são orientados pelos próprios servidores da Corregedoria. Afinal, nós temos pessoas aqui que trabalham na Corregedoria há algumas décadas.

Quanto ao fluxo, nós analisamos diariamente. Para que se tenha uma ideia, quando um juiz dá uma sentença lá na comarca, nós sabemos da sentença aqui [no TJMS]. Hoje, a informatização é tudo. Podemos acompanhar em tempo real o que está acontecendo nas comarcas.

Então, nós podemos detectar e dizer “olha, esse processo aqui está parado com o juiz há tantos dias”, analisando se a culpa é do juiz ou do fluxo. 

De repente, o processo foi para o juiz antes da hora. E isso nos ajuda a detectar onde estão os gargalos.

E sobre o papel da Corregedoria?

A nossa função aqui é de orientação. É como se fosse uma empresa e houvesse uma gerência – que é para gerir, fazer o negócio funcionar, fazer a coisa andar. Essa é a nossa visão de corregedoria.

Além da questão da demanda predatória, gostaria que o senhor explicasse sobre a Operação Ultima Ratio. Haverá processos administrativos disciplinares?

Nesse caso, não, porque envolve desembargadores, e os desembargadores ficam sob a competência do Superior Tribunal de Justiça [nos processos judiciais] e da Corregedoria Nacional de Justiça [nos processos administrativos].

O que pode sobrar para a gente são alguns servidores envolvidos, e isso poderemos apurar por aqui. E assim mesmo, caso isso venha ocorrer, vamos receber uma competência delegada do corregedor nacional para fazer isso. Porque o trabalho do corregedor [nacional] atrai todos, tudo o que envolver desembargador vai para lá.

Para o servidor que aparece no inquérito da Polícia Federal, um eventual processo administrativo pode ocorrer via Conselho Nacional de Justiça (CNJ)?

Vai para lá, mas o que ocorre é que o corregedor nacional deve mandar para cá o que não for da competência deles.

Isso vai ocorrer somente após a denúncia oferecida ou esse compartilhamento de informação é imediato?

Atualmente, nós temos uma investigação policial e nada além disso. A Corregedoria Nacional de Justiça, na verdade, não abriu nenhum procedimento administrativo ainda. Logicamente que, no atual estágio, esse procedimento administrativo é mais rápido que o procedimento comum, porque já existe uma apuração.
Quando se começa um procedimento do zero, uma denúncia que vem da Corregedoria-Geral de Justiça e vai para a Corregedoria Nacional de Justiça, por exemplo, aí é feito todo o procedimento. Nesse caso, há um procedimento, tudo o que já está sendo apurado vai servir para instruir o procedimento administrativo. Então, nesse caso, deverá ser um procedimento muito mais rápido.

Voltando ao tema do excesso de judicialização e sobre os gargalos do Poder Judiciário. A adesão ao sistema eProc deve colaborar para acelerar os processos e reduzir o atraso em processos. Como esse novo sistema deve ajudar no trabalho da Corregedoria-Geral de Justiça?

Vai ajudar muito. Tanto em nosso trabalho interno, para fiscalização e orientação, como também no trabalho dos próprios juízes. Nós estamos orientando os juízes, inclusive, a trabalharem nesse sentido.

Mesmo no eSaj, nós já temos – mas bem menos que com o eProc – umas partes [do sistema] que são apenas digitalizadas, porém, já temos robôs [inteligência artificial] e uma série de tecnologias que ajudam, e uma das funções da Corregedoria é exatamente essa: orientar os juízes a utilizarem essas ferramentas.

E tem juízes que não utilizam, ou porque não conhecem ou porque não gostam. E naqueles casos em que não utilizam porque não sabem, nós levamos uma equipe para orientar, com um curso inclusive na própria comarca, para servidores e juízes, para que eles possam utilizar os recursos mais modernos.

O trabalho extrajudicial pode ajudar na redução da morosidade? O conceito que leva a sociedade a precisar de cartórios, com o avanço de ferramentas de certificação on-line, como o blockchain, está ficando para trás?

Os cartórios de serviços sociais estão correndo atrás da informatização. Estão correndo atrás da tecnologia, e eles têm que se aperfeiçoar porque, caso contrário, eles vão acabar perdendo espaço novamente. Mas sempre vai ficar um resíduo da necessidade do humano colocar lá o seu carimbo, colocar a sua fé, que é a chamada fé pública. Porque, se deixar tudo isso para um blockchain da vida, aí realmente o cartório fecha.

Para você ter uma ideia, isso se chama tokenização, que significa colocar, por exemplo, um contrato entre eu e você na nuvem, que tem a mesma garantia quase, pois está lá na nuvem e a qualquer momento podemos apagar ou acionar. Então, ele acaba valendo quase como uma escritura.

Então, se um cartório não correr realmente atrás disso, pode chegar o tempo em que eles se tornem desnecessários. O que torna o cartório necessário hoje? A fé pública. O que sobra para eles é isso, da seguinte forma: “Esse contrato foi feito, eu presenciei, realmente ele existe...”. Ou seja, a escritura pública e os documentos públicos todos.

Para a sociedade, os cartórios podem se aperfeiçoar em termos de acesso, financeiramente falando? O custo das taxas cartorárias pesa em cima da classe média, e é essa classe média que migra para ferramentas como blockchain, por exemplo. Ainda há espaço para aperfeiçoar o acesso ao sistema extrajudicial?

O que o serviço extrajudicial está fazendo hoje e o que a gente incentiva que faça? Que procure outros caminhos, de não ficar preso só a isso há mil anos.

Por exemplo, nós estamos autorizando aqui no Estado que a mediação seja feita nos cartórios. É uma nova fonte de renda [para os cartórios], e eles vão ajudar na desjudicialização, diminuir a demanda na Justiça, e isso é uma nova fonte de renda para eles, não tem implicação se é classe média, baixa ou alta. Basicamente, 
a classe que é financeiramente baixa vai ser isenta. Mas essa mediação não vai onerar, ela vai desonerar, porque o cidadão vai ao cartório – e vai ficar mais barato para ele.

A mediação é uma das possibilidades. Para ter uma ideia, conseguimos a autorização do CNJ para que os cartórios possam contratar mediadores de forma temporária. Se aparece um caso de mediação, o cartório contrata um mediador para aquele caso apenas.

É bem interessante, é uma nova frente. E outras frentes podem ir surgindo. Na verdade, compete mais a eles fazer as propostas para aperfeiçoar o [seu próprio] serviço.

Essa mediação via cartórios tem espaço reduzir fluxos no Judiciário?

Sim, pois a mediação é para exatamente esse tipo de caso: problemas de vizinhança, problemas de família que não envolvam menores, tudo isso pode ser tratado por meio da mediação. É um espaço que eles [cartórios] podem utilizar, não envolve serviços judiciais e fica mais barato para as partes.

Agora, isso precisa ser divulgado, precisa ser aceito. É uma questão de cultura, porque, na verdade, as pessoas no Brasil gostam de ir para a Justiça. Reclamam, mas vêm, não é mesmo? Tanto é que o Brasil está cheio de processo, temos 90 milhões de processos no País.

Mas os cartórios têm que se reinventar, se recriar, e não ficar mais com esse sistema cartorial, carimbando.

Na questão do acesso à Justiça, como está a transição do período pós-pandemia? Ainda existe o home office?

Todo mundo já voltou [a trabalhar presencialmente]. Nós temos algumas exceções, que é quando o Tribunal de Justiça detecta que é melhor a pessoa ficar fora do que permanecer [trabalhando] aqui dentro.

Agora, por exemplo, nós estamos reformando aqui dentro da Corregedoria-Geral de Justiça, então temos alguns servidores que estão trabalhando fora enquanto termina a reforma, mas a produtividade não diminuiu. Pelo contrário, aumentou. E são pessoas que não necessariamente precisam estar aqui no Tribunal, não atendem ao público. Mas a ordem foi voltar todo mundo.

Perfil

Ruy Celso Barbosa Florence

Exercendo o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) há mais de 40 anos, Ruy Celso Barbosa Florence é mestre e doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). É professor na Faculdade Insted e membro da Academia Internacional de Jurisprudência e Direito Comparado (AIJDC). Tendo diversos artigos e livros publicados, atualmente é corregedor do TJMS.

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POLÊMICA

Janja cita modelo chinês ao defender regulação das redes

Lá, crianças só podem usar telas a partir de 11 anos, não podem ter rede social. Tem toda uma regulamentação e, se não seguir a regra, tem prisão", disse Janja

24/05/2025 07h18

A primeira-dama participou de podcast do jornal Folha de S. Paulo e voltou a ser questionada sobre a viagem à China

A primeira-dama participou de podcast do jornal Folha de S. Paulo e voltou a ser questionada sobre a viagem à China

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A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, citou o modelo chinês implementado para regulamentar as redes sociais, que inclui censura e prisão, ao justificar por que defende a discussão do tema no Brasil. A declaração foi feita nesta sexta-feira, 23, durante entrevista ao podcast Se ela não sabe, quem sabe, do jornal Folha de S.Paulo.

"O presidente Xi (Jinping) falou que eles também têm problemas dentro da China, apesar de ter uma regulação muito forte (das redes sociais). Lá, crianças menores de idade só podem usar telas a partir de 11 anos com horário específico, não podem ter rede social. Tem toda uma regulamentação e, se não seguir a regra, tem efeito, tem prisão. Por que é tão difícil a gente falar disso aqui?", afirmou a primeira-dama. "Não é uma questão de liberdade de expressão, a gente está falando de vida e de crianças", disse ela.

Janja negou na entrevista ao podcast ter quebrado o protocolo ou causado qualquer mal-estar ao criticar o TikTok na presença do líder chinês, Xi Jinping, na semana passada. Integrantes da comitiva brasileira em Pequim relataram que a primeira-dama protagonizou um momento "constrangedor" ao pedir a palavra para falar com Xi Jinping sobre a rede social, que considera ter algoritmo favorável a conteúdos da direita.

Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a primeira-dama. "Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança para a gente discutir a questão digital, sobretudo o TikTok. E aí a Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e as crianças. Foi só isso", declarou o presidente.

A afirmação de Lula de que teria pedido ajuda da China para debater a regulação das redes repercutiu mal e gerou críticas da oposição. Na China, o controle e a vigilância da internet são rígidos. O governo estabelece o que pode ser visto e censura críticas. Facebook, Instagram, X e outras redes não operam no país e os celulares chineses não permitem conexão com o Google. Posts nas redes sociais costumam ser censurados, quando trazem críticas ao Partido Comunista Chinês ou defendem movimentos pró-democracia.

'Limites'

Na entrevista veiculada ontem, Janja disse que não é um "biscuit de porcelana". "Quer dizer que eu não posso falar? Eu não sou um biscuit de porcelana. Eu não vou num jantar só para acompanhar meu marido. E ele nunca disse: 'Não fale, fique quieta'", declarou a socióloga. "Vamos combinar que eu tenho bom senso. Me considero inteligente, sei muito bem os limites e os assuntos mais delicados."

Janja também se queixou das "pedradas" da opinião pública e afirmou que não pretende seguir carreira na política institucional. Ela disse "não passar pano" para comentários machistas de Lula e avaliou que o petista está "forte e bem" para concorrer à reeleição na disputa de 2026.

Como mostrou o Estadão, Janja não tem cargo no governo federal, mas conta com uma equipe "informal" que exerce funções de assessoria à primeira-dama e a acompanha durante viagens ao exterior. O time de Janja conta com pelo menos 12 pessoas. Despesas de Janja com deslocamentos internacionais viraram alvo da oposição e passaram a ser questionadas na Justiça.

Contatos

Ontem, Lula declarou que vai começar a pedir o telefone dos presidentes com os quais se reúne. Por outro lado, o petista afirmou que os líderes mundiais vão receber o número da primeira-dama e de assessores da Presidência da República.

"A partir de agora, todo presidente com quem eu tiver uma reunião, eu vou pegar o telefone dele e vou dar o meu telefone. Como eu não tenho telefone, ou eu dou os telefones dos meus assessores ou eu dou o telefone da Janja", afirmou o presidente

Segundo Lula, uma conversa entre dois presidentes demora mais de duas semanas para acontecer, por motivos burocráticos entre os governos.

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