A segunda e última temporada da saga mais humana de Star Wars não desaponta os fãs e nos faz mudar a maneira que olhamos para a franquia.
Nas últimas semanas venho guardando um segredo que dói não poder contar para todos, mas finalmente será possível partilhar com o lançamento da temporada final de Andor: é a melhor série de 2025.
Sim, estou ciente de que ainda estamos em abril, que há muito por vir ao longo do ano, que The Last of Us está sensacional e que é cedo para lacrar. Não importa: Andor é a melhor série de 2025 — e mais, é a melhor série de toda a franquia Star Wars.
Mas se você não é fã da franquia de George Lucas, e não foi impactado fortemente por alguma das três trilogias que formaram a imaginação de várias gerações desde 1977, vai achar que estou exagerando. Não importa.
Há várias divisões entre os fãs da saga: ela se ampliou de tal forma que os originais meio que se perdem no universo de personagens e Jedis (eu ainda sou fiel ao Luke Skywalker). Portanto, aqui temos os que idolatram a trilogia original e que, depois dela, também amam Rogue One. Para acompanhar Andor, e amar, é preciso estar nesse grupo.
Esclarecido o seu time, vamos entrar na rebelião e entender o desafio assustador que a segunda temporada de Andor tinha pela frente e que — SEM SPOILERS — superou com brilhantismo ímpar. O filme Rogue One bateu recorde de bilheterias em 2016 e pegou um fiapo da história criada por George Lucas em 1977 para desenvolver o que era crucial para toda a saga:
“Espiões rebeldes conseguiram roubar planos secretos para a arma suprema do Império, a ESTRELA DA MORTE, uma estação espacial blindada com poder suficiente para destruir um planeta inteiro.”
Sabemos que o “primeiro” filme da franquia mostra a princesa Leia sendo perseguida por Darth Vader para levar essa informação à base rebelde, mas… quem foram esses espiões secretos? O que houve com eles? Por que nunca são sequer mencionados?
Bom, coerência nunca foi o forte de Star Wars, mas Rogue One se esforçou — e conseguiu — amarrar muitos pontos, deixando toda a aventura com um tom ainda mais heroico e trágico. É uma vertente “séria” em um mundo de ficção científica, e por isso mesmo tão espetacular.
Não há Jedis ou outros seres com poderes: são a ralé, os abandonados, os oprimidos que se rebelaram contra o Império e — literalmente — deram a vida para destruí-lo. Cassian Andor, vivido por Diego Luna no filme, nem é o protagonista, porque essa missão cai nos ombros de Jyn Erso (Felicity Jones), mas o considero a perfeita mescla de Luke Skywalker (antes de virar Jedi) e Han Solo. Em outras palavras: o herói perfeito.
Poderíamos ter explorado os anos da juventude de Jyn, que é igualmente trágica, mas foi ele quem ganhou o spin-off que estreou em 2022, com grande sucesso de crítica. Um problema no projeto era que a série começa cinco anos antes de Rogue One, com vários flashbacks, relatando como Cassian acaba se envolvendo na Rebelião.
Cinema B+: A Rebelião Venceu: Andor é a Série do Ano - DivulgaçãoSua história é muito triste e há um número impressionante de outras personagens interessantes que cruzam seu caminho. Nesse conceito original, seriam necessárias outras quatro temporadas, mas a Disney disse “vocês têm mais uma”. Ou algo assim, porque efetivamente Andor volta com 12 episódios para distribuir quatro intensos anos, amarrando tantas pontas que em algum momento você vai achar que algo vai ser esquecido. Fica o aviso: nada fica solto.
Retomamos a trama um ano depois de onde paramos e, a partir daí, a cada três episódios avançamos outros 12 meses, até que paremos — literalmente — onde começa Rogue One.
Tudo é mais intenso, mais assustador e até mais violento, o que nos faz finalmente compartilhar o conflito político porque testemunhamos quem efetivamente sofre com o Império (não são Senadores ou Mercenários): são os desconhecidos de cidades pobres, planetas explorados pelos ricos e que não têm esperança.
Cassian Andor é um deles (os Skywalker seriam também, mas como Luke e Anakin foram levados ainda jovens para serem treinados como Jedis, isso não é desenvolvido).
Queria contar em detalhes cada episódio, mas corro o risco de revelar o que não devo — e, nesse caso, a surpresa é essencial. Aposte na série: ela vai te emocionar até a última cena. Daqui a um mês falaremos mais sobre ela.
Sei que os cínicos não entenderão como os jornalistas que tiveram acesso à temporada completa já lacraram que ela é a melhor do ano, mas confie: Andor é. É tudo o que resgata o encantamento pela saga Star Wars, representando todos que buscam superar suas dificuldades diante de um universo massacrante. Sou muito fã de Cassian Andor — e adorei cada segundo da temporada. Um dos pontos altos de 2025.