Correio B

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Associação de escritores quer ampliar número de leitores

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EDUARDO FREGATTO

31/08/2016 - 16h30
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“A arte naïf expressa a alma do povo, o sentimento popular”, afirma Yara Penteado, curadora da exposição de arte naïf que será inaugurada hoje, às 19h30min, no Espaço Energia (Avenida Afonso Pena, 3.901, Centro).

No local, os visitantes poderão conhecer as obras de 13 artistas sul-mato-grossenses que se dedicam à arte naïf, estilo conhecido por oferecer maior liberdade de criação. “É uma arte que não depende de curso ou alguma formação de pintura, um estilo que não demanda técnica apurada. O artista solta na tela sua expressão, imaginação, aquilo que sente no coração”, define o artista Lúcio Laranjeira, que terá nove de suas obras integrando a mostra.

Promovida pela Energisa Mato Grosso do Sul, a exposição ficará aberta ao público, com entrada gratuita, até o fim de novembro. O horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 13h.

O ESTILO

A arte naïf, popularmente conhecida como “ingênua”, é definida como aquela que se constitui a partir da vontade do artista de representar seu cotidiano com recursos próprios, para compor quadros de paisagens, festas populares, lazer, ambientes de trabalho, entre outros temas.

“Decidi destacar a arte naïf primeiramente, porque temos artistas excelentes que nos representam muito bem, a maioria deles premiada em salões no Brasil todo”, destaca a curadora, Yara. “O estilo desperta muito bem a nossa alma, conta muito sobre o folclore, discute questões ambientais e contempla esse lado do homem do campo, da vida rural, de festas tradicionais”, explica.

O artista plástico Cecílio Vera, que terá cinco obras na mostra, relata que registra na tela suas lembranças da infância vivida na área rural. “Eu nasci em Amambai, fui criado em fazenda, chácaras, sítios”, conta. “Eu acho muito importante mostrar a vida rural dos meus trabalhos, para não perder a memória desses costumes.  Eu retrato muito o trabalhador do campo, o peão, o vaqueiro. Na minha época, era tudo manual. Hoje em dia, é tudo feito com máquinas”, reflete.

SALÕES

O autodidatismo é uma das marcas da arte naïf. “Eu sou artista autodidata, comecei a pintar praticamente sozinho. Gostava de desenhar, mas não tinha conhecimento nenhum. Fui desenvolvendo e não parei mais. Hoje, tenho vários prêmios, várias participações em salões de arte”,  orgulha-se Cecílio.

A mesma trajetória de descoberta e aprendizagem é compartilhada por Lúcio. “Eu vi o trabalho de outros artistas e fui criando o meu estilo”, relata.

Para a professora Maria Adélia Menegazzo, em um artigo publicado sobre o estilo, o autodidatismo faz com que o artista não se submeta a regras ou sistemas de representação, criando um estilo próprio ao representar sua realidade e cultura local.

Apesar dos traços aparentemente simples da arte naïf, Yara Penteado esclarece que o estilo requer muito empenho e talento. “Por muito tempo, a arte naïf foi chamada de primitiva e infantil; mas, na verdade, é uma arte que exige muita elaboração e muito conhecimento. Ela é altamente  expressiva”, define.

A ARTISTA PLÁSTICA
Helney, que também estará na exposição, acredita na importância do seu trabalho.  Em suas obras, ela resgata festas folclóricas, como a Festa de São João, Festa do Divino e  Festa de Santo Antônio. “Eu, como artista, amo fazer o que faço. Acredito que, por meio do meu trabalho, eu resgato o folclore que está se perdendo. Então, é de suma importância, é uma forma de manter essas tradições vivas na memória das pessoas”, conclui.

LITERATURA

"Vozes Invisíveis", de Marina Duarte

HQ-reportagem retrata as vivências e os desafios de ser mulher LBT em Campo Grande

15/01/2025 10h15

Marina Duarte, autora de

Marina Duarte, autora de "Vozes Invisíveis: Relatos de Resistência LBT em Campo Grande (MS)" Foto: Divulgação

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A HQ-reportagem “Vozes Invisíveis: Relatos de Resistência LBT em Campo Grande (MS)” busca retratar as vivências de mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais (LBTs) na capital de Mato Grosso do Sul, unindo dados e fatos históricos às invisibilidades enfrentadas por essas mulheres, tudo apresentado com sensibilidade artística.

A narrativa não se limita aos dados estatísticos, mas foca principalmente nas vozes de mulheres importantes do movimento LGBTQIA+ e em suas experiências de luta e resistência em um dos estados que mais registrou assassinatos de pessoas LGBTQIA+ no Brasil.

A HQ é de autoria de Marina Duarte, mulher bissexual, com cinco anos de experiência em escrita, ilustração e pesquisa em quadrinhos. Marina tem trabalhos publicados em veículos como Revista Badaró, Mina de HQ, Le Monde Diplomatique e Catraca Livre. 

As mulheres LBTs enfrentam uma dupla invisibilidade: primeiro, por serem mulheres e, segundo, por não se enquadrarem nas normas da heteronormatividade.

Além de, em 2023, Mato Grosso do Sul ter registrado o maior índice de mortes violentas da população LGBTQIA+ do País, segundo o Observatório de Mortes e Violências LGBTI+, o feminicídio corresponde a 58% dos assassinatos de mulheres no Estado.

Apesar desses dados alarmantes, ainda faltam muitas informações, e essa ausência de dados oficiais compromete a formulação e a defesa de políticas públicas, perpetuando a exclusão e a violência.

O formato HQ-reportagem utiliza uma linguagem acessível, com elementos visuais que tornam os dados e as histórias mais didáticos, explorando as sensibilidades por meio de expressões artísticas. Marina Duarte tem vasta experiência em jornalismo em quadrinhos e integra o Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (Nupeq) da UEMS.

Publicada pela Avuá Edições, em formato de e-book, a obra será disponibilizada gratuitamente, com o objetivo de democratizar o acesso às informações e promover a ampliação da discussão sobre o tema.

O site: marinaduarte.com.br/hq-vozes-invisiveis/ disponibilizará após o lançamento a HQ completa para leitura on-line, além de uma versão em audiodescrição, conteúdos complementares e informações sobre o projeto e a equipe.

Nas palavras de Marina, “trabalhar no ‘Vozes Invisíveis’ no último ano foi um desafio por vários fatores. Primeiro, pelo fato de ser um tema urgente – e essa urgência se dá não somente pelos dados, mas observamos dentro de cada mulher LBT as dinâmicas violentas que muitas de nós passam no dia a dia. Segundo, pelo fato de que é um tema que me atravessa diretamente enquanto mulher bissexual, enquanto quem observou amigas e conhecidas perdendo suas vidas, sua dignidade e sofrendo muito por conta da LGBTfobia latente em nosso estado e em nossa cidade”.

LANÇAMENTO

Marina Duarte, autora de "Vozes Invisíveis: Relatos de Resistência LBT em Campo Grande (MS)"

O lançamento da HQ ocorrerá amanhã, às 19h, na Casa de Cultura (Av. Afonso Pena, nº 2.270), e contará com um bate-papo sobre o processo de criação e as vivências das mulheres LBTs em Campo Grande. Além da autora, participarão as entrevistadas Daniele Rehling, Loren Berlin e Karla Melo, com mediação de Mayara Dempsey. A entrada é franca.

O evento terá também uma apresentação do coletivo (a)seita, um grupo de mulheres artistas que utilizam performances e o slam para reivindicar espaço e amplificar as vozes femininas. O coletivo se apresentará com as artistas Pretisa, Ale Coelho, Giulia Scarcelli, Lady Afroo e Jeizzy.

O projeto foi viabilizado pela Lei Paulo Gustavo e realizado com apoio da Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.

EQUIPE

A equipe do projeto é composta por Fabio Quill (consultor artístico e editor), Mayara Dempsey (produtora e preparadora de texto), Gabriely Magalhães (consultora e pesquisadora preliminar), Guilherme Correia (análise dos dados jornalísticos), Dudu Azevedo (diagramação) e Matias Rick (edição da audiodescrição).

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LITERATURA

Médico e escritor, Ewerton Carvalho lança hoje "O Anjo do Poço"

Livro de romance com enredo que se passa em sua terra natal, o Rio Grande do Norte, e tem ilustrações inspiradas nos famosos cordéis nordestinos; a apresentação da obra é de Delasnieve Daspet e o prefácio, de Ana Maria Bernardelli

15/01/2025 10h00

"O maior diferencial da obra é o toque regional usado na escrita. Contar a história sem esse linguajar nordestino tiraria todo o sentido e a graça", afirma Carvalho Foto: Divulgação/Raquel de Souza

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Um romance que referencia e homenageia sua terra natal, assim resume o médico e escritor Ewerton Carvalho sobre seu novo livro, “O Anjo do Poço”, que será lançado hoje, a partir das 19h, na cafeteria Doce Lembrança. Nascido em Natal, Rio Grande do Norte, ele mora em Mato Grosso do Sul há cerca de 12 anos, e no último ano decidiu desengavetar a ideia de uma história que se passasse por lá.

“Eu tinha o desejo de escrever uma história se passando no interior do Nordeste, mostrando o dia a dia, o linguajar, a fé, os coronéis e as agruras, e me veio esse presente. É uma homenagem ao meu Nordeste, ao meu estado natal, Rio Grande do Norte”, explica Carvalho.

A história pode ser definida como um passeio pelo interior do Nordeste sofrido, de gente humilde a lutar contra os homens e as privações da natureza, tendo ao lado a fé inabalável no divino.

“Pode-se dizer que é a superação do homem sobre as agruras, tanto dos homens quanto da natureza, a partir do momento que se tem um propósito. Ou quem sabe dizer que é uma história de amor à vida, crença na vida após morte, que fala do embate ciência x religião, das crendices populares e das escolhas. É um passeio por múltiplas paisagens. De quebra, ainda convido o leitor a tentar descobrir o mistério que permeia o enredo”, define o autor.

TRAMA

A trama se passa em torno da criação do mito do Anjo em uma pequena cidade, a partir de um ingênuo menino que começa a ter sonhos proféticos e atrai a atenção dos coronéis da região. De um lado, a idolatria dele como um ser divino, e de outro, a descrença e a perseguição de quem o vê como um falso Messias. Lobisomens, mulas sem cabeça e outros personagens folclóricos permeiam a história e fazem parte do mistério envolvido.

A apresentação da obra é de Delasnieve Daspet, o prefácio de Ana Maria Bernardelli e o texto de orelha da professora Eliane Maria de Oliveira, um trio de escritoras gabaritadas do cenário sul-mato-grossense. O livro se utiliza de expressões regionais e traz ilustrações que remetem ao estilo usado nos cordéis nordestinos. Elas são assinadas por Giovanna Carvalho, filha do autor, aluna do curso de Artes da Universidade de São Paulo (USP).

TOQUE REGIONAL

“O maior diferencial da obra é o toque regional usado na escrita, motivo que me fez esperar tanto para publicá-lo. Após conversar com as escritoras Delasnieve Daspet e Ana Bernardelli, elas me encorajaram e resolvi desengavetá-lo. Contar a história sem esse linguajar nordestino tiraria todo o sentido e a graça. Para revisar a escrita, recorri ao meu irmão Edwardo e à minha amiga Rosette Menezes, artista plástica e escritora potiguar, que me lembraram de expressões e termos regionais que, por estar fora da minha terra há muitos anos, eu já havia esquecido”, detalha.

Ewerton Carvalho é médico cardiologista e escritor, membro do PEN Clube do Brasil-MS e da União Brasileira de Escritores (UBE-MS). Ele tem outros três livros publicados, cada um com um estilo próprio, sendo o último deles um compilado de histórias folclóricas de MS.

“Sempre gostei muito de ler, desde pequeno, isso vai se acumulando dentro de você, criando uma base, e quando você menos espera surge uma ideia que é fruto de todas essas inspirações. As ideias começam a fervilhar e eu vou escrevendo, anotando, organizando”, conta o escritor.

SERVIÇO

O livro “O Anjo do Poço”, do escritor Ewerton Carvalho, publicado pela editora Clube dos Autores, será lançado hoje, a partir das 19h, na Cafeteria Doce Lembrança, localizada na Rua Dom Aquino, nº 2.055, Centro. Evento aberto ao público e com entrada gratuita.

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