“A arte naïf expressa a alma do povo, o sentimento popular”, afirma Yara Penteado, curadora da exposição de arte naïf que será inaugurada hoje, às 19h30min, no Espaço Energia (Avenida Afonso Pena, 3.901, Centro).
No local, os visitantes poderão conhecer as obras de 13 artistas sul-mato-grossenses que se dedicam à arte naïf, estilo conhecido por oferecer maior liberdade de criação. “É uma arte que não depende de curso ou alguma formação de pintura, um estilo que não demanda técnica apurada. O artista solta na tela sua expressão, imaginação, aquilo que sente no coração”, define o artista Lúcio Laranjeira, que terá nove de suas obras integrando a mostra.
Promovida pela Energisa Mato Grosso do Sul, a exposição ficará aberta ao público, com entrada gratuita, até o fim de novembro. O horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 13h.
O ESTILO
A arte naïf, popularmente conhecida como “ingênua”, é definida como aquela que se constitui a partir da vontade do artista de representar seu cotidiano com recursos próprios, para compor quadros de paisagens, festas populares, lazer, ambientes de trabalho, entre outros temas.
“Decidi destacar a arte naïf primeiramente, porque temos artistas excelentes que nos representam muito bem, a maioria deles premiada em salões no Brasil todo”, destaca a curadora, Yara. “O estilo desperta muito bem a nossa alma, conta muito sobre o folclore, discute questões ambientais e contempla esse lado do homem do campo, da vida rural, de festas tradicionais”, explica.
O artista plástico Cecílio Vera, que terá cinco obras na mostra, relata que registra na tela suas lembranças da infância vivida na área rural. “Eu nasci em Amambai, fui criado em fazenda, chácaras, sítios”, conta. “Eu acho muito importante mostrar a vida rural dos meus trabalhos, para não perder a memória desses costumes. Eu retrato muito o trabalhador do campo, o peão, o vaqueiro. Na minha época, era tudo manual. Hoje em dia, é tudo feito com máquinas”, reflete.
SALÕES
O autodidatismo é uma das marcas da arte naïf. “Eu sou artista autodidata, comecei a pintar praticamente sozinho. Gostava de desenhar, mas não tinha conhecimento nenhum. Fui desenvolvendo e não parei mais. Hoje, tenho vários prêmios, várias participações em salões de arte”, orgulha-se Cecílio.
A mesma trajetória de descoberta e aprendizagem é compartilhada por Lúcio. “Eu vi o trabalho de outros artistas e fui criando o meu estilo”, relata.
Para a professora Maria Adélia Menegazzo, em um artigo publicado sobre o estilo, o autodidatismo faz com que o artista não se submeta a regras ou sistemas de representação, criando um estilo próprio ao representar sua realidade e cultura local.
Apesar dos traços aparentemente simples da arte naïf, Yara Penteado esclarece que o estilo requer muito empenho e talento. “Por muito tempo, a arte naïf foi chamada de primitiva e infantil; mas, na verdade, é uma arte que exige muita elaboração e muito conhecimento. Ela é altamente expressiva”, define.
A ARTISTA PLÁSTICA
Helney, que também estará na exposição, acredita na importância do seu trabalho. Em suas obras, ela resgata festas folclóricas, como a Festa de São João, Festa do Divino e Festa de Santo Antônio. “Eu, como artista, amo fazer o que faço. Acredito que, por meio do meu trabalho, eu resgato o folclore que está se perdendo. Então, é de suma importância, é uma forma de manter essas tradições vivas na memória das pessoas”, conclui.