Sem citar a família Bolsonaro, se referiu a eles como "verdadeiros traidores da Pátria. Não se importam com a economia do País e os danos causados ao nosso povo."
Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na noite desta quinta-feira, 17, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exortou o nacionalismo, chamou o tarifaço imposto pelos EUA de "chantagem inaceitável", criticou políticos que apoiam a iniciativa, classificando-os de "traidores da Pátria", e disse que não há "vencedores em guerras tarifárias".
Antes, em evento da União Nacional dos Estudantes (UNE) e em entrevista à CNN Internacional, ele afirmou que as big techs americanas devem ser tributadas no Brasil.
No pronunciamento com tom de campanha política, Lula afirmou que negociadores brasileiros fizeram "mais de dez reuniões com o governo dos Estados Unidos". "Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos", afirmou.
O presidente citou as redes sociais dizendo que "a defesa da nossa soberania também se aplica à atuação das plataformas digitais estrangeiras no Brasil". "Ninguém - ninguém - está acima da lei", disse. Na justificativa do tarifaço, Trump se queixou de suposta censura do Judiciário do País às plataformas digitais. Ontem, o americano voltou a reclamar das restrições impostas pela Justiça a conteúdos veiculados nas redes sociais.
Sem citar a família Bolsonaro, que patrocina a investida do republicano contra o Brasil, o presidente afirmou que "a indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros". "São verdadeiros traidores da Pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do País e os danos causados ao nosso povo."
Apesar da retórica, o governo espera que as tarifas sejam revistas por meio de uma negociação técnica, como disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista exclusiva ao Estadão.
Entrevista e agenda
Antes do pronunciamento oficial, durante o 60.º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Goiânia, Lula afirmou que o Brasil não cederá à pressão da Casa Branca para aliviar a regulação e a tributação das plataformas de redes sociais no País. "Vamos cobrar imposto das empresas americanas digitais", afirmou, sem especificar como isso aconteceria.
Também ontem, em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, disse que Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, e não ser o "imperador do mundo". "Ele (Trump) foi eleito para governar os Estados Unidos, e não para ser o imperador do mundo", afirmou.
Em resposta, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, rebateu afirmando que Trump, "não está tentando ser o imperador do mundo". "O presidente certamente não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também é o líder do mundo livre."
Pix
Em seu pronunciamento em rede nacional, Lula também questionou a investigação comercial que o governo americano abriu sobre o Brasil, que mira até o Pix. "O Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo, e vamos protegê-lo", afirmou o presidente.
Por fim, o presidente disse que "não há vencedores em guerras tarifárias". "Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre nações, disse Lula. Segundo ele, em seu atual mandato, o País "abriu 379 novos mercados para os produtos brasileiros no exterior".