Há 10 dias os profissionais da enfermagem de Mato Grosso do Sul já apontavam para uma possível greve, confirmada em assembleia, pelo Sindicato dos Trabalhadores em Enfermagem do Município de Campo Grande (Sinte/PMCG), para a próxima segunda-feira (24), enquanto a prefeita busca consenso com a categoria.
Durante agenda na manhã desta sexta-feira (24), Adriane repetiu o discurso sobre os cortes feitos ao final de 2022, para ajustar a gestão. "Nós diminuímos despesas de custeio com pessoal e vamos avançando aí", comentou.
Conforme a prefeita, a secretária de Finanças de Campo Grande, Marcia Hokama, deve apresentar um relatória para a Câmara Municipal, e também para a população, com a greve já em curso.
Segundo o presidente do Sinte/PMCG, Angelo Macedo, a categoria decidiu em assembleia ainda, na quinta-feira (23), por deflagrar a greve no município de Campo Grande.
"Por conta do descaso e a falta de reconhecimento por parte da prefeita Adriane Lopes, que descumpre a lei do Plano de Cargos e Carreiras", justifica o presidente do Sindicato.
Por sua vez, Adriane cita que as tratativas acontecem desde o primeiro mês de 2023, em conversas entre a comissão da categoria, e equipes da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).
"É um direito dos nossos servidores e a gente vai trabalhar buscando consenso", afirmou Adriane, sobre a greve que já começa no dia 27.
Ainda no dia 14 deste mês, a equipe do Correio do Estado acompanhou o protesto da classe, realizado em frente ao Hospital Regional na Capital.
Do micro ao macro
Não somente em Campo Grande, mas também nacionalmente, os profissionais da enfermagem buscam por melhores condições em suas carreiras.
No último dia 14 houve protesto na Capital, que faz parte de uma mobilização nacional pelo piso salarial, onde o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem do Mato Grosso do Sul (Siems), Lázaro Santana, confirmou que o Estado pode sofrer até mesmo uma greve geral, caso as coisas não se resolvam até 10 de março.
Estabelecido por lei em 2022, o piso salarial aprovado precisou ser suspenso já que, segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, é preciso uma fonte de recursos para viabilizar esse pagamento.
Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos apontam que, em 2022, o país registrou 1.067 greves, sendo que a maioria (59%) se concentrou no setor público.
Dessa maioria, as greves se concentraram entre funcionalismo (54%, com 70% das horas paradas) e estatais (5%). Ainda 40% foram no segmento privado e quase 1% em ambas as áreas, segundo o balanço.
Dentro do funcionalismo público, os números apontam que justamente a demanda por reajuste salarial é dominante (54%), item que ocupa lugar de maior frequência nas estatais (39%).
Já a questão do pagamento dos pisos salariais, ocupa um importante segundo lugar na pauta do funcionalismo público (46%), mas sem a mesma intensidade em nenhuma das outras categorias de trabalhadores.