O presidente da República, Michel Temer, afirmou neste sábado (8) que volta ao Brasil "tranquilíssimo" depois de participar de reunião da cúpula do G20, grupo que reúne as 20 principais economias do mundo, em Hamburgo, na Alemanha.
Temer decidiu voltar ao Brasil antes do encerramento oficial do evento. Ele embarcou para Brasília na manhã deste sábado.
A declaração do peemedebista acontece em meio ao pior momento de Temer na Presidência da República. Na próxima segunda-feira (10), o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), deve apresentar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara seu relatório sobre denúncia contra o presidente.
O parlamentar do Rio de Janeiro é considerado pelo Palácio do Planalto como integrante da ala independente do PMDB.
Na semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Janot acusa o presidente de ter praticado corrupção passiva com base nas delações dos donos e executivos da holding J&F, controladora do grupo JBS.
Caberá ao plenário da Câmara decidir se a peça do Ministério Público seguirá ou não para o Supremo (para isso, precisa do apoio mínimo de 342 parlamentares).
Se chegar ao STF e os ministros da Corte aceitarem a denúncia, Temer, então, vai virar réu e será afastado do mandato por até 180 dias. Nessa hipótese, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assume interinamente por ser o primeiro na linha sucessória.
Mesmo com a crise política, questionado por jornalistas sobre se voltava ao Brasil tranquilo, Temer respondeu que estava "tranquilíssimo". Ele afirmou ainda que vai "continuar trabalhando" para fazer com que "todos fiquem em paz".
"Continuar trabalhando pelo país, fazendo a economia crescer, como está crescendo, sem nenhum problema. E fazendo com que todos fiquem em paz", declarou o presidente.
A previsão é de que Temer desembarque em Brasília por volta das 18h15 deste sábado. Na capital federal, o peemedebista terá de retomar os esforços para barrar o avanço da denúncia na Câmara.
Desembarque tucano
Nesta semana, cresceu o movimento dentro do PSDB, um dos principais partidos da base de Temer, de desembarque do governo. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) disse que a legenda paga um preço "altíssimo" ao manter apoio ao governo "mais impopular da história".
Segundo o tucano, seis dos sete deputados do PSDB na CCJ vão votar pela admissibilidade da denúncia contra Temer. Para Cunha Lima, o partido deve ficar "ao lado" de seus parlamentares e deixar os "cargos confortáveis" que possui no governo.
Em conversa com investidores na última quinta-feira (6), o parlamentar paraibano chegou a dizer que dentro de 15 dias o país teria um novo presidente. Depois, ele afirmou que foi uma "força de expressão".
Já o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), declarou que Temer estava perdendo a capacidade de governar o país. Tasso também disse que Rodrigo Maia teria condições de reunir os partidos em uma eventual transição até 2018.
Segundo o Blog do Camarotti, a cúpula tucana vai se reunir na próxima segunda (10) para debater sobre a saída da legenda do governo.
Foto e gafe
Mais cedo neste sábado, Temer publicou em seu perfil no Twitter uma foto com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no encontro do G20. Segundo Temer, o norte-americano "elogiou o desempenho da economia brasileira".
Nesta sexta-feira (7), Temer cometeu uma gafe em um vídeo divulgado também no Twitter. Na filmagem, o presidente da República afirma que o governo tem feito "voltar o desemprego".
"Eu pude fazer um relato do que estamos fazendo no Brasil, gerando, exatamente, inflação baixa, reduzindo os juros, fazendo voltar o desemprego e combatendo a recessão", diz o presidente no vídeo em que resume o que fez durante a sexta-feira na Alemanha.