Depois de alegar superlotação e suspender a admissão de novos pacientes no começo da semana, a "pressão" evidenciada pela Santa Casa surtiu efeitos e garantiu um aumento de repasses para a Instituição por parte do Governo do Estado e Prefeitura de Campo Grande.
Por parte da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), os repasses da Prefeitura de Campo Grande, que atualmente são da ordem de cinco milhões de reais, devem ter um valor em torno de R$1 milhão adicionado ao novo aditivo contratual firmado com a Santa Casa.
Já a Secretaria de Estado de Saúde (SES) firmou um repasse de R$25 milhões ao Fundo Municipal do setor, que será pago em três parcelas até o mês de junho, com a primeira paga até 20 de abril.
Esses pontos saíram como resultado da reunião feita com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), representantes da SES, Sesau e diretoria da Santa Casa no prédio da Procuradoria-Geral de Justiça nesta quinta-feira (27).
Segundo o MPMS, a Santa Casa ficará encarregada de definir e apresentar, em até dez dias, um cronograma dos pagamentos prioritários, ou seja, o que diz respeito a prestadores de serviço; materiais médicos; medicamentos; insumos; órteses; próteses, etc, bem como:
- Apresentar até 30 de abril de 2025 um plano de reestruturação hospitalar, elaborado pela Fundação Dom Cabral;
- Encaminhar relatórios da Consultoria Dom Cabral e balanços financeiros referentes aos exercícios de 2023 e 2024, até 30 de abril de 2025, via digital à 32ª e à 76ª Promotorias de Justiça de Campo Grande.
Santa Casa
Em 24 de março, a Santa Casa indicou os níveis críticos de sua superlotação e apontou que não admitiria novos pacientes, em comunicado emitido à imprensa, na figura de seu diretor técnico, Dr. William Lemos.
"E continua a pressão pelo número de pacientes que têm chegado. Não estamos conseguindo dar a vazão necessária para pacientes ortopédicos e clínicos, diante de um volume crescente que pressiona gravemente a assistência no nosso hospital que infelizmente pede socorro", disse o diretor na ocasião.
Ainda no começo de março, o Correio do Estado abordou o déficit mensal de R$ 13,2 milhões, conforme alegado pela Santa Casa, em dados apresentados ao Ministério Público Estadual.
Conforme o balanço de 2024, a Santa Casa alega faturamento de R$ 383,5 milhões e teve custos que somaram R$ 542,4 milhões, com o déficit sendo praticamente o mesmo valor recebido pelo hospital por parte da Prefeitura e Governo do Estado.
Esse cenário da falta de recursos, por exemplo, já resultava em uma suspensão de cirurgias ortopédicas que se estendia desde setembro, com aproximadamente 360 procedimentos suspensos no período.