Pesquisas divulgadas na última semana pela Fecomércio de Mato Grosso do Sul revelam, conforme reportagem do Correio do Estado publicada nesta quinta-feira, explícito pessimismo com relação às vendas tanto na Black Friday quanto no Natal e no Ano-Novo.
Pesquisa feita pela instituição aponta retração de 18% e 38%, respectivamente, na comparação com as expectativas de venda do ano passado.
A mesma edição também apontou retração de 41% na contratação de crédito, principalmente, para a safra de verão, cujo plantio está na fase final. Isso significa que, se até agora os produtores não foram ao banco em busca de financiamento, dificilmente irão.
Porém, não é só o financiamento para o plantio de soja que encolheu. Os pecuaristas, os comerciantes e as indústrias do setor também estão com o pé no freio.
As explicações, tanto para o campo quanto para a cidade, parecem ser simples: os juros estão muito altos e a quantidade de gente endividada extrapolou os limites do razoável. Dos cerca de 2,9 milhões de sul-mato-grossenses, em torno de 1,2 milhão estão com alguma conta em atraso.
Não é que tenham dívidas, o que por si só não chega a ser algo ruim, o problema é que toda esta gente está com dívidas que já deveriam ter sido pagas.
Em se confirmando a queda das vendas no comércio e dos investimentos menores no agronegócio, uma das consequências será a recuo ainda maior na arrecadação de impostos estaduais.
Automaticamente, também haverá retração nos repasses às prefeituras. Assim como muitos consumidores comuns, alguns governantes também já anunciaram corte nos gastos, embora os resultados sejam praticamente invisíveis até agora.
Porém, em vez de fugirem do endividamento, como estão fazendo milhares de produtores rurais e consumidores, tanto a Prefeitura de Campo Grande quanto o governo do Estado estão a todo vapor buscando empréstimos multimilionários, os quais serão pagos, em sua grande maioria, por gestões futuras.
Tanto um quanto outro têm na folha salarial a pior pedra no sapato. Os administradores falam em cortar gastos com água, luz, combustíveis e até copinhos de plástico para o tradicional café.
Colocar um freio, e olha que nem se fala em colocar um fim, nos supersalários no Executivo, no Legislativo, no Judiciário, no Ministério Público e na Defensoria Pública, além de reduzir o número de comissionados, nem mesmo chega a ser ventilado.
O ano está acabando e, assim como costuma acontecer, projetos para a criação de novas benesses para determinados integrantes da elite do funcionalismo já estão engatilhados.
E, assim como ocorre historicamente, sofrerão resistência zero, já que é muito mais cômodo buscar dinheiro no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, no BNDES, no Bird ou em outras instituições para poder “mostrar serviço” à sociedade do que confrontar certas elites do funcionalismo e, assim, estancar pelo menos parcialmente um ralo pelo qual escorrem milhões e milhões em recursos públicos.
Uma pesquisa divulgada nesta semana mostra que o Brasil aparece em primeiro lugar no ranking que analisou supersalários do funcionalismo em 11 países. O levantamento compara a elite do serviço público no Brasil com profissionais da Alemanha, Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, França, Itália, México, Portugal e Reino Unido.
O estudo aponta que o Brasil tem 53,5 mil servidores ativos e inativos que recebem acima do teto constitucional de R$ 46.366,19. Os gastos com esses supersalários chegam a R$ 20 bilhões por ano, cifra 21 vezes maior que a da Argentina, segunda colocada.
Nesse ranking, os magistrados são os mais bem pagos, e os de Mato Grosso do Sul estão no topo da pirâmide.


