A segurança jurídica não depende apenas da atuação do Poder Judiciário. É claro que cabe à Justiça, em última instância, garantir o cumprimento das leis, dos contratos e dos acordos firmados entre as partes.
Mas a previsibilidade – elemento central da segurança jurídica – é construída por todos, e depende de uma cultura de respeito à palavra dada, de compromisso com o que foi pactuado e de responsabilidade com os efeitos das próprias decisões.
Segurança jurídica é algo que muitos nem imaginam mas é cultural. Um país em que os compromissos são cumpridos tende a ter relações mais estáveis, economias mais fortes e cidadãos mais confiantes.
Quem tem a cultura de cumprir acordos e de se esforçar para mantê-los é, na prática, quem faz a segurança jurídica acontecer. Por outro lado, o descumprimento de promessas e contratos gera desconfiança, alimenta disputas judiciais e corrói o ambiente de estabilidade que a sociedade precisa para funcionar.
Instabilidade é ruim em qualquer setor – e, quando vem da falta de gestão, seus efeitos são ainda piores. Desta vez, mostramos o caso do subsídio para o transporte coletivo de Campo Grande, prometido há alguns anos pela prefeitura e pelo governo do Estado.
O atraso no repasse do subsídio coloca em risco o funcionamento do sistema de transporte da Capital, que depende desse aporte para equilibrar custos e garantir o serviço à população.
Não entraremos no mérito do subsídio em si. Ainda que sobrem motivos para se discordar desta prática, é fato que o compromisso assumido precisa ser respeitado.
Atrasar ou deixar de pagar o que foi combinado é descumprir um acordo, e o descumprimento de acordos gera insegurança jurídica.
O poder público, quando age assim, dá um péssimo exemplo à iniciativa privada e à própria sociedade: o de que contratos e promessas podem ser relativizados conforme a conveniência política ou financeira do momento.
Para quem não tem condições de cumprir acordos, o melhor é não fazê-los. Pactos sem responsabilidade são sementes da desordem. E a desordem, uma vez instalada, cobra caro – em confiança, em credibilidade e em desenvolvimento.
Governos, empresas e cidadãos só conseguem avançar quando sabem que o que foi combinado será cumprido. Essa é a essência da segurança jurídica: uma confiança construída no cotidiano, sustentada não apenas por juízes e tribunais, mas por cada um que entende que palavra empenhada é palavra honrada.



