As mágoas e os ressentimentos daqueles que disputaram os pleitos eleitorais e não conseguiram atingir os seus propósitos não são privilégios apenas dos políticos nacionais. Esse sentimento alcança os protagonistas de pleitos eleitorais em todas as nações democráticas. E, por uma razão muito simples – a política desperta na população, especialmente no eleitor uma paixão própria e inerente a todos os que tem a pátria no coração e a esperança fundamenta de que os seus líderes políticos lhes ofereçam trabalho, salário digno, moradia, saúde e segurança para poder criar a sua prole e ser partícipe do desenvolvimento do seu país. Não desejam mais nada.
Em razão disso não interessa aqui trazer à baila as causas do insucesso eleitoral dos seus candidatos. O que interessa fortemente é a repercussão que esses sentimentos podem representar para o conjunto da população esparramada em todos os quadrantes da geografia do país, quando conversas perigosas começam a fluir dos lábios daqueles que precisavam ser os luminares do povo, a grande e segura bússola para orientar na difícil caminhada que o país atravessa mergulhado na crise econômica, política e social sem precedentes em nossa história. Os reflexos da disputa saem do campo da racionalidade e passa inexoravelmente para um outro campo – a dos insultos, das discórdias, das trocas de acusações infundadas, que podem muito bem no contexto em que resultarem produzidas arrastar a nação para uma luta de consequências imprevisíveis.
As palavras ofensivas e temerárias que ouvimos recentemente de ilustres personalidades do mundo político e dos movimentos sociais remetem-nos para essa direção. Máxime quando elas são proferidas, de uma forma consciente e responsável, e sem o nervosismo que possa dar ao interprete das mensagens outro entendimento que não se coaduna com o espírito do pensamento dos seus autores. Nessas circunstancias podem ter desdobramentos futuros dependendo das situações que os fatos políticos chancelarem, essas ações nefastas. Refiro-me ao discurso do líder do MST proferido dentro do Palácio do Planalto, e sob os olhares complacentes da nossa presidente e de seus principais assessores ao convocar seus companheiros a “ pegarem em armas “ para defender o governo legitimamente eleito. Ou ainda aquela outra frase proferida pelo ex-presidente Lula quando afirmou que para acalmar a situação, mandaria colocar nas ruas o “ Exército do Stédile “ sem se olvidar que outro ex-presidente da República, da tribuna do Senado Federal, chamou de “ Filho da p.... “ o Chefe do Ministério Público Federal. E para completar o palco dos grandes espetáculos temos a colocação precipitada do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao pedir a renúncia da mandatária da nação, ignorando a força das nossas instituições.
Essas colocações, a população só tomou conhecimento porque a grande imprensa noticiou. E as outras tantas conversas nojentas e sórdidas que abundam nos gabinetes das mais altas autoridades da República, e que não tomamos conhecimento ? Isso seguramente ninguém sabe a não ser as próprias consciências venais daqueles que se colocam nesses colóquios. E mesmo que a população tivesse conhecimento o horror e a desilusão para o homem simples do povo não seria nem maior nem menor, porque a política elevada, e bem propositada, aquela que o homem simples do povo quer e deseja protagonizar não pode ser discutida ou mesmo tratada com esses comportamentos da pior espécie que resultam exteriorizadas por grande parte dos nossos representantes políticos.
O povo brasileiro nunca soube o que é uma conflagração sangrenta. As que tivemos e que estão esculpidas em nossa história pátria nem de longe podem ser consideradas algo que levassem dor e luto para os nossos lares a não ser a Revolução Constitucionalista de 32, ainda assim, de curta duração e restrita a uma parte insignificante do território nacional. A nossa Independência Política, a substituição da Monarquia pela República a própria ascensão de Vargas ao poder em 1930 e a derrubada de Jango em 1.964, foram movimentos políticos que alcançaram a nação, mas em nenhum deles assistimos o conflito armado, o derramamento de sangue, o furor, o ódio e a desgraça esparramada em todo o território nacional.
Em razão disso é que essas conversas de cunho eminentemente político e avassalador ainda que consertadas, a posteriori, podem jogar o país, para um abismo profundo. O nosso rumo, não pode ser esse. Ele tem que ser o do respeito à Constituição; do respeito ao diálogo; do respeito ao bom senso; do respeito às nossas instituições, mas, sobretudo, o de mostrar para o mundo inteiro que o nosso povo é pacífico, é amante da paz e da concórdia, e que sobretudo, respeita a lei, a ordem e a autoridade constituída.