A crise econômica atrelada à crise política parece estar impedindo a equipe econômica do governo federal de criar soluções para uma infindável lista de problemas que se avolumaram no País, em todos os segmentos de atividades. As preocupações com as investigações e com os inquéritos em andamentos no Poder Judiciário têm tirado os gestores públicos do foco principal do governo, qual seja, administrar as coisas públicas, das mais simples àquilo que consideramos como mais complexas; por isso, agem como birutas de aeroporto, girando constantemente, de acordo com a direção dos ventos.
A economia do setor público pode ser comparada ao setor privado e, por que não, à economia doméstica, eis que, uma vez equilibrada, tal situação se verifica pela entrada de recursos realizada para os gastos na mesma proporção e, se possível, para reservar uma parcela das receitas para utilização em gastos não previsíveis. É para isso que existe o Orçamento Público, para os três níveis de governo; porém, são quase sempre desrespeitados e, assim, surgem os conhecidos deficits orçamentários. Na economia familiar, também quando há um descontrole nos gastos e as contas não fecham, a inadimplência surge, e as soluções são dolorosas.
Como tentativa para fechar as contas públicas, o governo encontrou a solução mais cômoda para si, autorizando a elevação no preço dos combustíveis, via impostos. Isso funciona como desvestir um santo para cobrir outro. Senão, vejamos: o transporte de todos os produtos de origem animal e vegetal, e também industrial, são feitos por meio de rodovias, nem sempre em boas condições; portanto, se os empresários não reajustarem o valor do frete, não conseguirão operar as suas frotas e, então, todas as mercadorias transportadas fatalmente terão seus preços ajustados ao consumidor final – e parece que a sociedade não possui margens para absorver esses arrochos.
O momento exige criatividade dos agentes políticos, e os administradores públicos deveriam voltar suas atenções à malha ferroviária na antiga Noroeste do Brasil, exigindo sua reestruturação com a máxima urgência, posto que seria uma maneira de baratear o custo dos transportes de combustíveis e demais produtos oriundos da Região Sudeste para o Centro-Oeste, aquecendo também o comércio com os países do Mercosul, talvez, uma saída para a retomada do desenvolvimento econômico de nosso estado, revitalizando o comércio e a indústria instalados ao longo da ferrovia.