É preciso reduzir os custos fixos. Nos últimos dois anos, o gasto com energia e gás de cozinha, por exemplo, teve grande alta
O desafio deste segundo semestre para o Brasil não será somente o de colocar a economia nos trilhos para a retomada do crescimento, mas também o de melhorar o cotidiano dos brasileiros, que tem sido bastante difícil desde que a crise econômica ganhou força, em 2016. A principal medida a ser tomada não é somente a de aumentar o trabalho e a renda da população, mas também reduzir o custo de vida, sobretudo em serviços essenciais como energia, gás, água e telefonia.
Os indicadores de inflação, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apontam para um ano de inflação controlada – e muitíssimo abaixo da meta. O motivo, claro, não é somente o controle inflacionário por parte do Banco Central, mas a fraca demanda em quase todos os setores da economia. Sem demanda, não há porque os preços subirem. Em alguns setores – sobretudo os ligados à alimentação – o caso é de deflação.
Mas em que pese a inflação baixa e a tímida retomada no crescimento no segundo trimestre (0,4%), é preciso mais para melhorar o cotidiano do brasileiro (não estamos falando de crescimento); é preciso reduzir os custos fixos. Nos últimos dois anos, o gasto com energia e gás de cozinha, por exemplo, teve grande alta, e isso atinge de forma incisiva as famílias de baixo poder aquisitivo.
No caso do setor empresarial, energia cara significa produtos menos competitivos, ruim para a indústria e para o comércio. Em tempos em que a economia cresce pouco (há pouca liquidez no mercado), é preciso sobrar mais, reduzindo os custos essenciais. É nesse sentido que os governos – estadual, federal e municipal – devem trabalhar.
Nesta edição, trazemos duas iniciativas que poderão resultar nesta redução de custos. A primeira deles, intermediada pelo governo de Mato Grosso do Sul, permite a importação de gás liquefeito de petróleo (GLP) da Bolívia. O objetivo é baratear o produto.
Também mostramos nesta edição que a chamada pública da Transportadora do Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) teve muitos interessados, entre eles a Petrobras (que é quem compra e distribui o gás atualmente). A grande adesão à compra direta do produto pelas empresas brasileiras mostra que o gasoduto – que impulsionou o consumo de gás natural no País, há 30 anos – continua atraente como opção de energia barata.
O reflexo deste grande interesse em comprar gás da Bolívia poderá resultar em dois pontos positivos: o primeiro, a redução dos custos de produção, já defendida neste espaço. O segundo, no incremento da arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), algo que a administração estadual tem precisado bastante, sobretudo neste segundo semestre.