A seriedade com que tratamos o tema saúde, nos levou a tomar a decisão de não mais noticiar as paralisações relâmpago dos funcionários da Santa Casa.
Se existe algo que é repugnante, é brincar com a saúde das pessoas. Qualquer ser-humano, em praticamente todos os lugares do mundo, respeitam a dor do enfermo. Assim é, por exemplo, na história das guerras, em que as tropas poupavam os hospitais de campana dos inimigos. Assim também ocorre na vida particular. Em que pese a diferença entre as pessoas, um grupo, ou um povo, os que não estão em condições físicas são sempre poupados de ataques.
Com algumas coisas não se brinca. A saúde é uma delas. É por meio dela, que a energia vital de um ser se manifesta. Não é justo competir com alguém em situação inferior. Por isso, por exemplo, quando algum humorista, ou um político, ataca alguém enfermo, ou a memória de alguém, é condenado até mesmo por seus aliados.
A seriedade com que tratamos o tema saúde, nos levou a tomar a decisão de não mais noticiar as paralisações relâmpago de enfermeiros e médicos da Santa Casa de Campo Grande. E o motivo é muito simples: não vamosmais nos propor a sermos instrumentos de chantagem, nem tampouco, contribuir para uma realidade que nunca se altera.
Se a notícia da última quarta-feira (7) for comparada com outras, do inícios dos meses passados, deste ano, e de 2018 e de 2017, veremos uma realidade que se repete a cada 30 dias: os funcionários da Santa Casa não recebem seus salários no quinto dia útil do mês, ameaçam paralisação, paralisam suas atividades, a prefeitura de Campo Grande - mesmo sem ter recebido o repasse do Ministério da Saúde - antecipa recursos ao hospital que, enfim, retoma suas atividades. Médicos, enfermeiros retornam às suas atividades, até a mesma sequência repetir-se no mês seguinte.
Um dos critérios para um fato transformar-se em notícia é o ineditismo. Pois bem. O atraso do salário dos funcionários da Santa Casa há tempos não se enquadra neste requisito.
Continuaremos a levar a saúde a sério, e fiscalizaremos a aplicação das volumosas verbas municipais, estaduais e federais aplicadas no hospital. O convênio da prefeitura com a Santa Casa, se aproxima dos R$ 300 milhões por ano, uma quantia muito significativa para fecharmos os olhos.
Não seremos mais instrumento de chantagem quando houver atrasos de salários e de repasses. Mas é certo que continuaremos sendo um instrumento de defesa do cidadão que precisa da saúde pública, e que depende da boa aplicação do dinheiro oriundo dos impostos no hospital.