Gostaríamos que os bombeiros tivessem com os hospitais públicos de Campo Grande o mesmo rigor que têm para liberar o funcionamento das empresas privadas – pequenas, médias ou grandes.
Nesta sexta-feira, completa uma semana o incêndio no Hospital Badim, no Rio de Janeiro (RJ), tragédia que matou 14 pessoas e agravou o estado de saúde de algumas dezenas de pacientes. O incidente comoveu o Brasil, sobretudo por levar ainda mais sofrimento a pessoas que, junto a seus familiares, já vivenciam o cotidiano de superar as próprias doenças.
Hospitais são lugares de busca da cura, onde a esperança e a luta pela vida estão presentes a todo instante. Em meio a rotina frenética, tratamentos, internações e atendimentos, estes são os locais com mais humanidade na essência. São nos hospitais que as pessoas, os pacientes e os profissionais que lá trabalham têm consciência de suas limitações, e é a partir desta conscientização que eles avançam em busca da cura: que é a vitória sobre a dor.
Mas hospitais também tem o seu lado frio. Seus protocolos. Não se deve brincar com eles, porque, na guerra contra doenças, lesões e tudo que faz o ser humano sofrer, é necessário seguir as regras rigorosamente. A notícia triste que trazemos adiante, nesta edição, é que os hospitais de Campo Grande não estão seguindo estas regras, cuja aplicação deveria ser mais rígida, e estão expondo seus pacientes a risco de tragédia semelhante à do Hospital Badim, do Rio de Janeiro, na semana passada.
Impressiona o pouco-caso que os principais hospitais públicos de Campo Grande têm com as normas que devem ser atendidas. Eles usam a sua finalidade – que é nobre – para desprezar notificações do Corpo de Bombeiros. A Santa Casa, por exemplo, está há anos descumprindo os requisitos para ter o alvará de funcionamento.
Também é preciso lembrar que o Corpo de Bombeiros, por ser uma instituição militar, em que a hierarquia e a disciplina integram os pilares que a mantém em pé, falha por não ser rígido com os hospitais.
Gostaríamos que os bombeiros tivessem com os hospitais públicos de Campo Grande o mesmo rigor que têm para liberar o funcionamento das empresas privadas, sejam elas pequenas, médias ou grandes. Nas inspeções anuais, o Corpo de Bombeiros sempre recomenda revisões, reformas, instalações de itens de segurança, planos de evacuação, brigadas de incêndio, entre outras medidas de prevenção. Com os hospitais, são – no mínimo – mais flexíveis.
Os hospitais usam há anos o argumento de que não podem ser fechados ou interditados, sob risco de gerar um caos na cidade. De fato, poderia existir um caos, mas, ao mesmo tempo, o Corpo de Bombeiros e toda a sociedade precisam ser respeitados.