Os salários atrasados e a falta de perspectiva para o pagamento do 13º em várias prefeituras proporcionarão efeito ainda mais devastador na já debilitada economia.
O serviço público terá um fim de ano caótico. Pelo menos é este o cenário que se desenha, sobretudo nas administrações municipais, as primeiras que demonstram não ter fôlego para honrar o pagamento de salários de seus servidores. As prefeituras conforme reportagem publicada ontem no Correio do Estado, têm poucas alternativas com o dinheiro disponível em caixa e têm de fazer opções como por exemplo: pagar seus funcionários em dia ou investir em infraestrutura. Nem mesmo a manutenção dos serviços essenciais, como iluminação pública e limpeza urbana - como estamos assistindo em Campo Grande - estão garantidos.
Os salários atrasados e a falta de perspectiva para o pagamento do 13º em várias prefeituras de Mato Grosso do Sul proporcionarão efeito ainda mais devastador na já debilitada economia. Todo o comércio deverá sentir o impacto dos milhões de reais a menos em circulação, e a consequência disso será ainda mais desemprego, e muito pessimismo para o ano que se aproxima, um péssimo sinal.
Em Campo Grande, por exemplo, o enredo que vem sendo escrito ao longo deste ano e esperado para os próximos meses é de filme de terror. Ontem, o prefeito Alcides Bernal anunciou um deficit de R$ 158 milhões nas contas do município até o fim do mês de setembro; para 2016, a expectativa é que a administração municipal continue trabalhando no “cheque especial”. Ou seja, gastando mais que arrecada.
O efeito avalanche da crise, diga-se de passagem, é um dos fatores que mais prejudica a arrecadação de impostos pelo poder público, porque quase toda a tributação brasileira é baseada em operações envolvendo dinheiro. Sendo assim, quanto mais um imóvel se valoriza, proporcionalmente, mais IPTU a prefeitura vai recolher. O mesmo ocorre com o setor de serviços. Mercado pujante, com forte demanda para esta área, reforça a arrecada do Imposto sobre Serviços (ISS).
Assim são os outros tributos, que taxam as transmissão de bens imóveis (municipal), heranças (estadual), circulação de mercadorias (estadual), renda da população (federal) entre outros. A economia desaquecida enfraquece o Estado, que acaba arrecadando menos e, num ciclo vicioso, o mercado fica mais desaquecido ainda, pois reduz ainda mais o dinheiro em circulação.
Não há praticamente nada que leve gestores públicos, comerciantes e a maioria dos cidadãos a ficarem otimistas e encontrarem uma saída para superar a crise. Primeiro, porque não há medidas, no curto prazo para aumentar a liquidez da economia. O setor público, que é quem pode dar uma injeção de recursos na veia da economia, não dá conta de pagar sua força de trabalho, e não têm fôlego suficiente para investir em setores estratégicos, como o de infraestrrutura e construção civil. Estamos praticamente sem luz no fim do túnel.