Artigos e Opinião

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Monica Portella: "Empresas avaliam habilidades interpessoais na hora de contratar"

Pós-doutora em psicologia pela PUC-Rio

Redação

18/02/2019 - 02h00
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Ao observarmos o mercado de trabalho, podemos constatar que este está mudando, e a forma como as pessoas são avaliadas atualmente vem sofrendo transformação. Hoje, os empregadores estão mais preocupados com as habilidades de relacionamento dos funcionários, ou seja, com as habilidades interpessoais.

Pesquisas realizadas em diversos países, em cerca de 500 corporações, agências governamentais e organizações sem fins lucrativos chegaram a conclusões semelhantes no que se refere à importância das habilidades sociais nos dias de hoje. As conclusões desses trabalhos apontam de uma forma geral para o papel predominante de fatores como a inteligência emocional (habilidades intra e interpessoais) na obtenção de excelência no trabalho (qualquer tipo de trabalho).

Atualmente, as pessoas necessitam de certas qualidades, como iniciativa, capacidade de adaptação, resistência, otimismo, habilidades interpessoais, etc. Nas décadas de 60 e 70, as pessoas subiam na vida frequentando as escolas apropriadas e cursando-as com distinção. O mundo de hoje está apinhado de pessoas bem treinadas, que se mostraram promissoras, mas que estacionaram em um determinado patamar de suas carreiras e/ou descarrilaram em função de dificuldades interpessoais.

Podemos observar que em muitos campos não competimos com pessoas que carecem de inteligência específica para ingressar e permanecer em um determinado campo de atuação, mas sim com um pequeno grupo que conseguiu vencer as barreiras da escolaridade e outros desafios cognitivos para ingressar em uma determinada área.

Fatores como as habilidades inter e intrapessoais não são usados tanto quanto o QI como fator de seleção para o ingresso em uma série de campos profissionais. Desta maneira, existe entre os profissionais uma variação muito maior no que se refere a tais habilidades do que no que diz respeito ao QI. Ou seja, é muito grande a diferença entre os que estão na extremidade superior e inferior da escala de inteligência emocional.

Em suma, para se obter um desempenho de ponta em todas as funções, em todos os campos, as competências intra e interpessoais têm o dobro de importância das capacidades puramente cognitivas.

Alguns estudos constataram que as pessoas que trabalham com Tecnologia da Informação são notórias por possuírem altos níveis de habilitação técnica. No entanto, em geral, esses indivíduos não se relacionam bem com as pessoas (baixo nível de competência interpessoal). De acordo com tais estudos, esses indivíduos tendem a carecer de habilidades sociais, como a empatia. Em suma, parece que em inúmeras áreas (mesmo na ciência e nas exatas), a excelência não tem a ver apenas com a competência técnica, mas com fatores relacionados a habilidades intra e interpessoais.

O século XXI apresenta um mundo em constante mudança e altamente interligado, ou seja, uma pessoa hoje em dia pode conquistar muito mais se estiver buscando a integração, e para fazer isso com eficiência precisa aprender a desenvolver suas habilidades interpessoais. Em suma, cada vez mais, o sucesso pessoal e/ou profissional dependerá de nossa habilidade para lidar com o outro (habilidade interpessoal).

Vale frisar que as competências interpessoais caminham em bloco. Ou seja, para obter um desempenho de excelência, uma pessoa precisa dominar uma combinação de competências interpessoais e não apenas duas ou três dessas habilidades. Descobrimos que os profissionais de sucesso não são habilidosos apenas algumas atividades, por exemplo, capacidade empática e autoapresentação positiva. Ou seja, essas pessoas possuem pontos fortes na maioria das habilidades interpessoais.

ARTIGOS

O poder e as narrativas

04/01/2025 07h45

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Anos atrás escrevi um pequeno livro intitulado “Uma Breve Teoria do Poder”. Hoje está na quarta edição, veiculado pela Editora Resistência Cultural, que se notabilizou pela primorosa apresentação gráfica de suas edições. As edições anteriores foram prefaciadas por dois saudosos amigos: Ney Prado, confrade e ex-presidente da Academia Internacional de Direito e Economia, e Antonio Paim, confrade da Academia Brasileira de Filosofia. A atual tem como prefaciador o ex-presidente da República e confrade da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Michel Temer.

Chamo-a de “Breve Teoria” por dedicar-me mais à figura do detentor do poder, muito embora mencione as diversas correntes filosóficas que analisaram a ânsia de governar, através da história.

Chamar um estudo de breve é comum. Já é mais complicado chamar uma teoria de breve. As teorias ou são teorias ou não são. Nenhuma teoria é breve ou longa, mas apenas teoria. Ocorre que, como me dediquei fundamentalmente à figura do detentor do poder, e não a todos os aspectos do poder, decidi, contra a lógica, chamá-la de “Breve Teoria”.

Desenvolvi no opúsculo a “Teoria da Sobrevivência”. Quem almeja o poder, luta, por todos os meios, para consegui-lo e, como a história demonstra, quase sempre sem ética e sem escrúpulos. Não sem razão, Lord Acton dizia, no século 19, que “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

Ocorre que, no momento que o poder é alcançado, quem o detém luta para mantê-lo por meio da construção de narrativas, cada vez tornando-se menos ético e mais engenhoso, até ser afastado. As narrativas são sempre de mais fácil construção nas ditaduras, mas são comuns nas democracias e tendem a crescer quando elas começam a morrer.

A característica maior da narrativa é transformar uma mentira em uma verdade e torná-la para o povo um fato inconteste, ora valorizando fatos irrelevantes, ora, com criatividade, forjando fatos como, aliás, Hitler conseguiu com a juventude alemã com a célebre frase: “O amanhã pertence a nós”.

Nas democracias, a luta pelo poder é mais controlada, pois as oposições desfazem narrativas e os Poderes Judiciários neutros permitem que correções de rumo ocorram. Mesmo assim, as campanhas para conquistar o poder são destinadas não a debater ideias, mas literalmente destruir os adversários. Quando Levitsky e Ziblatti escreveram “Como as Democracias Morrem”, embora com um viés nitidamente a favor do partido democrata, desventraram que as mais estáveis democracias do mundo também correm risco.

O certo é que, através da história, os que lutam pelo poder e os que querem mantê-lo, à luz da teoria da sobrevivência, necessitam de narrativas, e não da verdade dos fatos, manipulando-as à sua maneira e semelhança, com interpretações “pro domo sua” das leis, reescrevendo-as e impondo-as, quanto mais força tem sobre os órgãos públicos, mesmo nas democracias, e reduzindo a única arma válida em uma democracia, que é a palavra, a sua expressão menor, quando não a suprimindo.

É que, infelizmente, há uma escassez monumental de estadistas no mundo e um espantoso excesso de políticos cujo único objetivo é ter o poder e, quando atingem seu objetivo, terminam servindo-se mais do que servindo ao povo, pois servir ao povo é apenas um efeito colateral, e não obrigatoriamente necessário.

Os ciclos históricos demonstram, todavia, que, quando, pela teoria da sobrevivência, os limites do razoável são superados, as reações fazem-se notar, não havendo “sobrevivência permanente no poder”. As verdades, no tempo, aparecem, e, perante a história, as narrativas desaparecem e surge “a realidade nua dos fatos”.

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Caminhos da vida

04/01/2025 07h15

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Novo ano. Novos caminhos. Novos sonhos. Novas esperanças. Com certeza serão muitas as pessoas olhando pela porta desse novo ano com uma maneira nova de olhar. Estarão mais cautelosas ao planejar e ao decidir em seus negócios e em seus projetos.

Esperemos que as lições do ano que findou sirvam de ponto de referência para os novos projetos, até mesmo para os caminhos dos sentimentos do coração e das forças da fé. Pois tudo o que acontecer será para o crescimento dos relacionamentos e das partilhas dos bens e da comunhão de vidas.

Esses sentimentos e essas atitudes serão sempre motivos no crescimento pessoal e comunitário das obras e das opções pela vida e pela fé. A palavra deus será a luz para quem se encontra na busca e será alimento seguro para quem se puser a caminho da felicidade. Mostra que, enquanto houver sonhos, haverá esperança. 

Assim acontecerá ao chegar até nós a palavra do escritor sagrado. Assim será a maneira de Deus se revelar ao mundo. Os seres humanos têm sua maneira. Deus também tem seus momentos e suas maneiras. Não haverá comparação. Haverá isso sempre, maneiras próprias e muito pessoais quando fala aos seres humanos.

Assim ele se revela em uma de suas cartas (Ef. 4, 30-45): “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus. Toda a amargura, toda a irritação sejam desterradas do meio de vocês. Afeiçoem-se do bem e do amor. Sempre que houver razões de queixa de uns pelos outros, perdoem-se, assim como Deus sempre perdoa. Vivam na concórdia e na harmonia”.

E o autor sagrado continua dizendo: “Evitem o mal. Amem o bem. Principalmente eliminem entre vocês toda a discórdia e todas as ofensas. Edifiquem a misericórdia e o perdão. Progridam na caridade a exemplo de Jesus Cristo que em tudo nos amou e sempre se entregou como oferta sagrada e perfeita”.

O exemplo permanece e permanecerá sempre vivo e edificante. Nada guardou para si. Tudo sacrificou por amor e pelo resgate de tantos prisioneiros da maldade desse mundo. Em tudo deixou sua marca de doador do bem e da graça. E tudo na gratuidade.

As portas do novo ano estão se abrindo em nossa frente. A esperança de dias melhores, não apenas diferentes, deverá alimentar a esperança, o bem, marcar o pensar e o agir de cada ser humano. E que em tudo possa se orgulhar de ter o rumo correto em seu viver e em seu agir iluminado pela fé em Deus.

Entramos no caminho do otimismo. Nele, não haverá espaço para os pessimistas. Não haverá também para os medrosos, os inseguros e para os descrentes. Não haverá lugar ainda aos vingativos e para quem guarda mágoas ou invejas. Para esses, permanecerá um vazio do tamanho de sua fragilidade em acreditar.

É preciso acreditar no Deus misericórdia, no Deus bondade e no Deus generosidade. É preciso acreditar no Deus que acredita em todos. Mesmo os que não creem nele. Ele os ama e neles confia pelo simples motivo de ter um coração bom e uma alma generosa.

Ano novo. Alma renovada. Espírito novo. Sentimentos renovados. Em tudo manter a pureza no ser, o correto no agir. E Deus nos abençoe.

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