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ARTIGO

Sônia Puxian: "Cada um deles subia no burrico"

Jornalista

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Conta a lenda que certa vez caminhavam por um vilarejo um senhor de idade, um menino e um burrico carregado de bagagens. Durante a caminhada iam conversando e apreciando os locais por onde passavam...  

Como a caminhada era longa “cada um deles subia no burrico” para evitar um cansaço maior durante a caminhada e assim iam alternando, entre uma conversa e outra. Em alguns momentos o velhinho sentava-se no burrico, em outros o menino, e em outros ainda o burrico ia sozinho para que também pudesse descansar de mais peso nas costas.

Durante a trajetória, com a passagem em cada novo vilarejo, as pessoas teciam comentários a respeito do que viam. Em um deles o velhinho estava sentado no burrico e atravessaram a região dessa maneira para que pudesse descansar um pouco da caminhada.

As pessoas que viram essa cena comentaram: “Nossa que velhinho insensível, deixa o garoto pequeno caminhar e ele vai sentado”. Depois de algum tempo o velhinho desceu e colocou o garoto sentado no burrico. Ao passarem por outro vilarejo as pessoas comentaram: “Puxa como esse menino tem coragem de ir sentado e deixar o velhinho ir a pé!”.

Em outra ocasião o burrico foi sozinho, sem ninguém sentado em suas costas, para evitar o sobrepeso e também descansar. Ao verem essa cena as pessoas comentaram: “ Que velhinho insensato, por que não vai sentado no burrico?”. E ainda em outra ocasião comentaram: “Por que o burrico não leva o menino sentado pra ele não se cansar da caminhada?”.

Moral da história: “Não importa a atitude que você vai tomar, porque cada qual vai ter sua opinião e fazer comentários a respeito da sua decisão”. Muitas vezes o que está certo pra você, para o outro é inconcebível. Outras vezes o que poderia estar correto para o outro pode não estar para você. O que pensar disso tudo? Pensar sobre isso, tudo bem, o que não pode é delegar ao outro a resposta para as suas decisões.

Achou correto? Faça porque ninguém vai concordar com o seu ponto de vista ou atitude, até mesmo porque quem traçou o plano da caminhada foi você, e só você sabe onde chegar e como chegar. Decisão e firmeza de propósito caminham juntos. Qualquer alteração impensada pode mudar o roteiro de forma drástica.

Muitas vezes os comentários podem servir de alteração de rota e ponto de vista. Mas uma coisa é certa, fica difícil seguir a opinião de todos, porque cada qual tem a sua. Imagine o ping - pong de erros e acertos durante uma caminhada ou escolha mais apurada de que rumo seguir.

Nem sempre é possível agradar a todos, uma vez que a decisão é pessoal e o caminho é sempre individual na hora de seguir por novos rumos.  O que importa é a sua atitude, seu ponto de vista e escolha. Cada qual sabe que rumo tomar e qual atitude escolher durante a trajetória que é pessoal e intransferível. Já pensou nisso?

Permita que o burrico que está no comando da caminhada levando sua carga pesada seja dirigido por você. Em algum momento você se senta, em outro o menino, em outro ainda o burrico vai sozinho, e em meio a essas alternativas o caminho vai se tornando mais curto e agradável. Prossiga!

A chegada ao destino vai mostrar quem estava com a razão, afinal o caminho é seu e a trajetória foi traçada por você. Veja bem: “Nessa caminhada uniram-se o velhinho que tem larga experiência e o menino que foi aprendendo através dessa convivência”. Uma boa medida para um e outro!Boa caminhada, muitas alegrias e grandes realizaçõesssss... Ah! Não se esqueça de levar água e se hidratar bastante. Brincadeirinha, hehehe, é só pra descontrair... Meus textos nascem assim, no calor da emoção, logo ao acordar e então corro para a máquina e digito no momento da inspiração.... Agora sim vou tomar meu café da manhã. Servido?

EDITORIAL

Mobilidade em risco no momento mais crítico

Em dezembro, quando a cidade deveria estar focada em avançar economicamente e aquecer o comércio, o risco de paralisação do transporte coletivo soa como um alerta vermelho

06/12/2025 07h15

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A ameaça de paralisação do transporte coletivo em pleno fim de ano é tudo o que Campo Grande não precisava enfrentar. Em um período naturalmente sensível para a economia – com comércio aquecido, maior demanda por serviços e intensa circulação de pessoas –, qualquer instabilidade se transforma em prejuízo social e financeiro.

A cidade depende do funcionamento do sistema de ônibus para manter seu ritmo, e qualquer incerteza coloca em risco não apenas o deslocamento diário da população, mas também o desempenho econômico de diversos setores. A engrenagem urbana, especialmente em dezembro, não tolera paradas bruscas.

O Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo da Capital, afirma que enfrenta dificuldades financeiras severas e que não dispõe de recursos para pagar o 13º salário de motoristas e demais funcionários. Alega atrasos em repasses de subsídios públicos, que são parte importante da equação econômica do sistema.

Por trás da disputa técnica entre governo, prefeitura e consórcio, há um fato concreto: se os ônibus param, quem paga a conta é o cidadão – aquele que depende do transporte para trabalhar, estudar, acessar serviços de saúde ou simplesmente fazer suas compras de fim de ano.

É preciso compreender que a paralisação do transporte coletivo não afeta apenas quem usa o ônibus. O impacto econômico é profundo e imediato. Sem mobilidade, trabalhadores podem faltar, empresas reduzem fluxo, o comércio perde movimento e serviços deixam de ser prestados.

A suspensão da frota significa atrasos em entregas, queda no faturamento e um ciclo negativo que se espalha rapidamente pela economia local. Em um momento em que Campo Grande tenta equilibrar sua atividade econômica e superar dificuldades após a pandemia e a crise fiscal, o risco de colapso do transporte coletivo é preocupante.

No centro do impasse estão os repasses públicos – atrasados, segundo o consórcio – em um período crítico, tanto para o governo do Estado quanto para a prefeitura. O Estado enfrenta diminuição no ritmo da arrecadação, algo que afeta diretamente sua capacidade de ampliar aportes.

A prefeitura, por sua vez, vive um quadro de aperto financeiro evidente, inclusive com dificuldades para honrar seu próprio 13º salário. Não é a melhor combinação para um sistema que depende fortemente do equilíbrio entre tarifas e subsídios para funcionar.

O transporte coletivo, por sua natureza, exige previsibilidade. Quando esse elemento desaparece, todo o sistema fica vulnerável. A população, já acostumada a enfrentar ônibus lotados, longas esperas e limitações estruturais, não pode ser penalizada novamente por questões administrativas ou disputas financeiras.

É momento de responsabilidade de todas as partes: o consórcio precisa demonstrar transparência sobre suas contas; o poder público precisa oferecer clareza sobre repasses e obrigações; e ambos precisam agir com rapidez para evitar que a cidade pare.

Em dezembro, quando Campo Grande deveria estar focada em avançar economicamente, aquecer o comércio e garantir a normalidade da rotina urbana, o risco de paralisação do transporte coletivo soa como um alerta vermelho.

Não se trata de um problema setorial, mas de uma ameaça ao funcionamento da cidade como um todo. A solução precisa ser imediata, dialogada e comprometida com a continuidade do serviço. A população não pode – e não deve – ser a parte mais prejudicada dessa equação.

ARTIGOS

Trump e Maduro: uma questão de legitimidade

O campo para debate a respeito da conduta das duas figuras políticas é fértil e tende a ativar muitas paixões

05/12/2025 07h45

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O tensionamento da relação entre Estados Unidos e Venezuela nos últimos tempos tem produzido uma série de reflexões sobre os motivos (reais ou alegados) acerca de tal panorama e o impacto que a disputa pode produzir no Brasil em termos geopolíticos, dado o posicionamento do governo federal atual sobre a situação e, especificamente, sobre os mandatários Donald Trump e Nicolás Maduro. Em última análise, a questão diz respeito ao conceito de legitimidade, ponto que merece alguma discussão.

A noção de que algo é legítimo se refere ao fato de que uma determinada situação está de acordo com o direito ou com a concepção social de justiça, ou seja, além da mera aferição formal de legalidade. Assim sendo, o campo para debate a respeito da conduta das duas figuras políticas é fértil e tende a ativar muitas paixões.

Primeiramente, há que se verificar a legitimidade do mandato presidencial de Maduro para, na sequência, refletir acerca da legitimidade da ação de Trump em relação à Venezuela. Ainda que sejam assuntos teoricamente independentes, parece difícil negar a vinculação existente entre os assuntos, com maior ou menor relevância, a depender da ótica do analista.

A eleição presidencial na Venezuela, ocorrida em 2024, colocou diante de Nicolás Maduro a oposicionista María Corina Machado, que foi impedida de concorrer, sendo substituída por Edmundo González Urrutia como figura principal de contraponto ao presidente durante o pleito.

Sob acusação da oposição e de observadores internacionais de falta de clareza na contagem de votos, não houve o reconhecimento da vitória de Maduro, que está no cargo desde 2012, primeiro interinamente (em substituição a Hugo Chávez) e, depois, por meio de eleições, realizadas em 2013 e 2018, mas a última vitória também havia sido objeto de muita discussão em decorrência da suspeita de fraude.

Nos últimos meses, sob o argumento de combate ao tráfico de drogas na América Latina, o governo norte-americano tem aumentado a pressão sobre maduro, alegando que ele teria ligação com o Cartel de los Soles, inclusive estabelecendo uma recompensa de US$ 50 milhões por informações aptas a levar à captura do atual presidente venezuelano.

A chegada do gigantesco porta-aviões USS Gerald Ford à região do Mar do Caribe reforçou a tensão e a possibilidade de que uma atitude mais drástica possa ocorrer a qualquer momento. A caracterização de grupos criminosos ligados ao narcotráfico como terroristas, responsáveis por efeitos nocivos no território norte-americano, é utilizada como argumento por Trump para justificar a ação mais incisiva.

O Brasil, como principal potência regional da América do Sul, é claramente agente interessado no desenrolar dos fatos, pois o conflito envolve a nação mais forte militar, política, cultural e economicamente do mundo e um país fronteiriço.

A grande questão é que está se aproximando, cada vez mais, o momento em que o posicionamento brasileiro pode trazer consequências concretas mais efetivas ao País, do ponto de vista político e econômico, muito além da questão da ampliação das tarifas.

A legitimidade de Maduro e Trump com relação a suas ações é pressuposto inafastável para a consideração desse complexo contexto internacional. O Brasil não pode se furtar a tomar uma posição em relação a isso em algum momento, pois muitos dos agentes envolvidos têm ligação com o País, seja historicamente ou por meio de organismos internacionais.

Ainda que, algumas vezes, certas figuras influentes politicamente queiram passar a falsa impressão de que determinadas situações complexas possam ser resolvidas de modo simples, com uma conversa, é evidente que o caso envolvendo Trump e Maduro pode ter implicações muito sérias para a sociedade brasileira, dado o problema nacional envolvendo o narcotráfico.

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