Artigos e Opinião

OPINIÃO

Vanderlei Porto: "O Cref e sua responsabilidade social"

Profissional de educação física

Redação

30/08/2015 - 00h00
Continue lendo...

É possível que a sociedade em geral pouco saiba sobre a atuação dos conselhos profissionais e talvez saibam mais sobre a atuação dos não profissionais, aqueles criados por ato pelo governo.

Segundo o Tribunal de Contas da União, os conselhos profissionais exercem influência porque se revelam de extrema importância para o desenvolvimento sustentável de nosso País, na medida em que asseguram o exercício daquela profissão com atribuições previstas em lei. Portanto, ao fiscalizar a atividade profissional, ele opõe-se, como se um guerreiro fosse, ao exercício ilegal de profissão regulamentada.

Qual a razão de se chamar a atenção para isso? A criação dessas entidades, com naturezas jurídicas de autarquias especiais, além dessa segurança, se reveste da preocupação de preservar a sociedade dos possíveis aventureiros, que sem hesitação alguma de consciência atuam como se profissionais habilitados fossem. Portanto, inescrupulosos, causando danos graves à sociedade.

Entre os conselhos de fiscalização das atividades profissionais, destaco a atuação do Conselho Federal dos Profissionais de Educação Física e seus pertinentes conselhos regionais pela consecução de uma Educação Física de qualidade, integrada à educação e à saúde com dimensões sociais, econômicas e políticas, sem desconsiderar o grande mérito dos demais.

Trata-se de um conselho “jovem”, isto é, de pouco tempo na relação com outros demais que fazem tradição, criado por força da Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 1998, que regulamentou a profissão Educação Física, prerrogativa do profissional graduado em Curso Superior de Educação Física com atuação destinada à educação e/ou à saúde. 

Em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, o Conselho Regional – Cref11/MS-MT tem promovido, de forma pedagógica e construtiva, a fiscalização em academias e escolas; o combate ao exercício ilegal da profissão; o convencimento dos profissionais de Educação Física a fim de observar a ética profissional; e sua atualização técnica.

Mas sabe-se que, para tanto, ele há de se envolver também na naquela dimensão cultural, econômica e política da realidade, que ocorre, naturalmente, em nossa sociedade. Isso significa dizer que o foco é, em síntese, a responsabilidade social no exercício profissional.

Nesse sentido, fazer com que não só a sociedade beneficiada pelo serviço prestado pelo profissional de Educação, e este devidamente habilitado e inscrito no Cref, conheça a nobre tarefa deste conselho, mas cada um, na proporção da sua responsabilidade individual e coletiva, promova o entendimento de que com relação à saúde, educação e cidadania a boa orientação faz a diferença, de modo que é fundamental para a prática de atividades físicas o entendimento que esta proporciona bem-estar e melhoria da qualidade de vida, adoção de hábitos positivos e saudáveis.

A mídia, em todas as suas formas de expressão, os pesquisadores, médicos e demais profissionais da saúde são equânimes diante da prosperidade e relevância da atividade física, assim como uma consciência coletiva começa a se forjar contra o atual estilo de vida moderno, em que impera várias práticas que conduzem o indivíduo a uma forma de vida mais passiva e cômoda.

Nesse paradoxo, a questão da prevenção é consenso, hoje, como também é o papel do profissional de Educação para compensar tais comodismos, e ele é o único habilitado a promover os benefícios do exercício corporal.

Não é demais destacar, nesta oportunidade, que a Organização Mundial de Saúde afirma que as doenças chamadas “não-comunicáveis” (cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças crônicas respiratórias) estão aumentando quantitativamente, causando mais morbidade e deficiências, num quadro de projeções negativas para o ano de 2020.

Por conta desta reflexão, é de bom alvitre provocar o desejo de saber à sociedade do Mato Grosso do Sul, que duas relevantes circunstâncias para a Profissão Educação Física estarão ocorrendo neste próximo setembro: o dia do Profissional de Educação Física comemorado em 1º de setembro.

Editorial

Fato e opinião: diferença que sustenta a verdade

Separar fatos de opiniões é mais do que um exercício intelectual, é um passo necessário para preservar a democracia, a informação qualificada e a própria lógica

16/05/2025 07h15

Arquivo

Continue Lendo...

Uma das distinções mais fundamentais no campo do jornalismo – e também na vida em sociedade – é a que separa fato de opinião. O fato é uma informação objetiva, passível de verificação por meio de documentos, registros ou observações. Não depende da visão de quem relata. Já a opinião é uma interpretação subjetiva, vinculada a crenças, sentimentos ou julgamentos individuais. O fato pode ser checado; a opinião, debatida. No entanto, essa diferença essencial parece cada vez mais ignorada.

Vivemos um tempo de confusão cognitiva coletiva, em que muitas pessoas têm dificuldade de identificar o que é constatação e o que é interpretação. Esse problema é agravado por redes sociais, onde os conteúdos circulam sem mediação e sem compromisso com a verdade. Notícias falsas, opiniões disfarçadas de fatos e discursos sem base concreta ganham o mesmo espaço – e o mesmo peso – que análises técnicas e dados verificados.

Por isso, nesta edição, destacamos um fato: desde que a Lei do Pantanal foi sancionada, o desmatamento no bioma caiu. A queda registrada é, inclusive, a maior entre todos os biomas brasileiros. Trata-se de um dado objetivo, apurado por fontes técnicas de monitoramento ambiental. Independentemente da opinião de qualquer grupo político, setor econômico ou indivíduo, o resultado é mensurável: o ritmo de supressão vegetal diminuiu.

É interessante observar que a lei foi aprovada justamente em um contexto de alta no desmatamento, ou seja, ela foi uma reação a uma realidade ambiental crítica. E teve efeito concreto: com regras mais claras, restrições maiores e monitoramento por satélite, ficou mais difícil desmatar. A legislação passou a funcionar como uma barreira efetiva à destruição do bioma, e os números refletem isso.

É claro que há quem discorde da existência da lei, de seu conteúdo ou de sua rigidez. Isso é opinião, e opiniões são bem-vindas – desde que reconhecidas como tal. O que não se pode fazer é negar o efeito que uma norma mais rígida teve sobre o desmatamento. Isso não é mais uma questão de perspectiva, mas de evidência.

A legislação ambiental, como se vê, não é inimiga da produção ou do desenvolvimento. É instrumento de equilíbrio e de ordenamento. E, quando ela funciona, como agora no Pantanal, o resultado positivo é algo que precisa ser reconhecido como fato, não como narrativa.

Separar fatos de opiniões é mais do que um exercício intelectual, é um passo necessário para preservar a democracia, a informação qualificada e a própria lógica. Sem isso, corremos o risco de viver em um país onde qualquer crença pode se impor como verdade – ainda que desmentida pela realidade.

Assine o Correio do Estado

ARTIGOS

Quando a esquerda vai voltar a ter pautas próprias?

14/05/2025 07h45

Arquivo

Continue Lendo...

Agora é essa conversa da camisa da seleção. Minhas redes sociais, cheias de amigos e conhecidos progressistas (dos lulistas aos marinistas, dos saudosistas aos pós-modernos), todos ulularam de satisfação: “Agora eu compro!”; “Vamos pra rua de camisa vermelha da seleção!”; “Quero ver a cara dos patriotas!”.

Gente, que pobreza de ideias é essa? Sou do tempo em que a gente comprava a camisa vermelha na barraquinha da Rua XV, junto com o broche do Henfil com a graúna indignando-se com alguma coisa. Mas na hora da Copa era a amarelinha ou a azul do manto de Nossa Senhora, a padroeira, porque futebol é crença e também é sofrimento.

Quem pautou essa bizarrice de tornar a sagrada camisa do penta em símbolo de passeata política foram os caras do “mito”. Uma tristeza, uma apropriação indébita, uma profanação cultural com o símbolo máximo do nosso futebol, envergada com galhardia por um Pelé, um Garrincha, um Gerson, um Rivelino, Tostão, Sócrates, Falcão, Júnior, Zico. Ah, tantos nomes gloriosos e inesquecíveis. 

A esquerda fica empolgada com essa peraltice da CBF porque perdeu o rumo de sua própria narrativa e vive hoje como a cacatua de uma tia minha, que só sabe repetir as palavras que ela ensina. Muito malandra, minha tia ensina frases para desconcertar as visitas, como “Já não está tarde, comadre?” ou “Ai, que tá na hora da minha novela!”. Essa última, minha tia jura que ela repete, mas nunca ouvi. De qualquer forma, achei genial. Para uma cacatua, não para as forças progressistas do País.

Será que acabaram as pautas? Estaremos mesmo com nossos problemas todos resolvidos e nos resta apenas ficar arengando com os bolsonaristas, respondendo às provocações deles? E olha que isso eles fazem muito bem. Esses dias, teve um vereador em Curitiba (PR)que disse que a Ku Klux Klan era contra as armas para os negros e (eita raciocínio louco esse!), por isso, os negros foram desempoderados. Tudo isso para defender uma homenagem aos CACs. E dá-lhe indignação na internet, mostrando o rostão do vereador, feliz e contente com o marketing indireto. 

O Brasil é um país de democracia deficitária. Tá tudo para ser feito – começando na escola, que deveria ter aulas sobre a Constituição como tem de Matemática. Ninguém tá satisfeito, porque nossa democracia é nota 6. Tá sempre passando raspando. Por isso, quem realmente se importa com ela deveria estar falando dela o tempo todo, sendo didático, lembrando das conquistas tão duramente alcançadas, como a saúde pública, a universidade pública, as políticas de atendimento aos mais pobres.

Mas também deveria estar falando do que falta, do que precisa ser feito, de como é importante garantir cidadania e bem-estar para todos e não só para os 140 mil que quase não pagam imposto. E tem de entender que conflito é da natureza da democracia e, por isso, criticar e ser criticado faz parte do jogo e que não dá para substituir um “mito” por outro, porque até os gregos já largaram mão desse negócio de mito há mais de 2.500 anos e a gente ainda fica nesse rame-rame.

O denuncismo sem proposta é, para dizer o mínimo, chato pra caramba. E há muito tempo os progressistas andam sem propostas visíveis. Sei que nos cursos de pós-graduação, nos fóruns acadêmicos e nas revistas especializadas circula muita ideia boa. Mas aqui no rés do chão, onde vivemos nós, simples mortais, na planície, é só baixaria, de todo lado. E agora tem mais essa história da camisa da seleção. Que tristeza!

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).