Há um homem ferido e violentado em sua dignidade. Há uma mulher explorada e abandona em sua honra, aguardando alguém que lhe estenda a mão, a reerga do chão e lhe proporcione nova vida e novas esperanças. Há um jovem ferido e machucado vendo seus sonhos se diluírem por falta de solidariedade.
Em toda parte se encontram homens e mulheres caídos à margem da vida e da dignidade. São seres humanos açoitados pelo desemprego, pela falta de moradia, de escola e de saúde. São seres humanos feridos e machucados, entregues ao desânimo e à solidão, aguardando alguém que lhe abra o coração e se compadeça, proporcionando uma vida honrada e saudável.
Apesar disso, existem homens e mulheres de coração generoso e procurando oportunidade de praticar o bem, de salvar vidas e garantir alegria e bem estar. Querem praticar a generosidade. Querem um mundo melhor, querem uma sociedade mais humana e um amor mais concreto.
Conforme lemos na Bíblia Sagrada, um homem, tocado pelo desejo de possuir uma vida pautada pelo bem e por atos de grandeza de alma, aproximou-se do Mestre e perguntou: “O que devo fazer para garantir a salvação?” O Mestre, como resposta, faz-lhe uma outra pergunta: “O que está escrito na Lei e como é que lês?”
Isso foi suficiente para esse homem recordar aquilo que havia aprendido em sua infância, mas andava um tanto esquecido. Por isso, respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus de todo o coração e ao próximo como a ti mesmo”. E o Mestre lhe diz: “Respondeste bem. Faze isso e viverás.
A resposta agradou enormemente. E despertou algo muito sério em sua mente. Pela Lei, todo o bom judeu aprendera que deveria amar os amigos e odiar os inimigos. E agora está sendo desafiado a abrir mais o campo do amor. Está se sentindo questionado a buscar algo a mais.
Não poderia permanecer nessa atitude. Precisava entender melhor o que o Mestre estava propondo. E surge a pergunta: “E quem é meu próximo?”. O assunto está sendo envolvente. Começou entender que não seria mais amar os amigos tão somente. Seria preciso estender mais a exigência de amar.
E o Mestre o coloca diante de um fato comum: um homem viajava de Jerusalém a Jericó. Foi assaltado e quase morto. Passam por ele um sacerdote e um levita. Olham e seguem seu caminho. Tinham motivos pessoais. Valorizaram mais seus motivos do que um ser humano necessitado de socorro.
Quem o socorre é um pagão da Samaria. Alguém sem nome e estrangeiro. Mas o coração falou mais alto do que a razão. Assumiu a dor do caído e deu-lhe a devida assistência. Amou o estranho e salvou-lhe a vida.
Ficou muito claro e convincente que amar não é observar mentalmente os mandamentos da Lei, mas será arregaçar as mangas, debruçar-se ao nível do caído e dar-lhe a assistência solidária e fraterna.
Amar não será fazer o bem a quem também nos faz. Vai bem mais além. Sua expressão se manifestará quando abrirmos o coração e estendermos as mãos, acolhendo quem sofre, curando quem se encontra enfermo, alimentando os famintos e salvando a quem está caído.