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Wagner Chagas: "Por que não diminuir privilégios politicos?"

Wagner é professor-mestre de História, formado pela UFGD

DA REDAÇÃO

27/11/2016 - 01h00
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Infelizmente o Brasil passa por uma profunda recessão econômica, fruto de erros cometidos na gestão Dilma Rousseff (PT), somado aos escândalos de corrupção praticados por parte do Partido dos Trabalhadores, a crise na relação com o Congresso Nacional, e, por que não dizer, aos interesses de uma mídia seletiva que tem divulgado de forma mais enfática a podridão de apenas um grupo político.

Veio o impeachment, o novo governo - aliado ao velho sistema político - de Michel Temer (PMDB) e impôs, como forma de ajustar as contas públicas, a Proposta de Emenda à Constituição do Teto dos Gastos Públicos, famosa PEC 241 (atual PEC 55) que prevê o congelamento dos gastos públicos, em diversos setores, por um período de 20 anos.

À base da conquista dos estômagos dos parlamentares aliados ao governo, após deliciosos jantares oferecidos pelo presidente, pagos por meio de nossos tributos, a proposta vem sendo aprovada. Já passou na Câmara dos Deputados e agora está em discussão no Senado. Algo muito perigoso para a classe trabalhadora que sempre paga a conta dos desmandos políticos. 

Conforme nota da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgada no início deste mês, a PEC “é injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres [...] beneficiando o capital financeiro ao não estabelecer teto para o pagamento de juros”. Por outro lado, a PEC não apresenta nenhum corte nas despesas com privilégios que possuem os representantes políticos brasileiros. Só para se ter uma ideia, vou listar aqui algumas dessas benesses que existem e que muitos cidadãos nem sabem.

Inicio pelas vergonhosas pensões vitalícias que recebem ex-governadores de ao menos 10 estados brasileiros, entre eles nosso Mato Grosso do Sul, que chegam a aproximadamente R$ 20 mil/mês. O benefício é pago aqueles que administraram as unidades federativas antes da Constituição de 1988, sem que eles precisassem contribuir com a previdência. 

No caso de Mato Grosso do Sul, o ex-governadores Marcelo Miranda e Pedro Pedrossian ainda recebem. Wilson Barbosa Martins recebeu a pensão até 2011, quando optou por abrir mão da mamata. A viúva do ex-governador Ramez Tebet recebe a pensão desde o falecimento do esposo, em 2006. Segundo matéria do jornal Correio Braziliense, de 7 de fevereiro de 2016, em todo Brasil 104 ex-governadores e 53 viúvas são beneficiados por isso, o que gera um gasto de 41 milhões de reais aos cofres públicos.

O Congresso Nacional brasileiro custa mais de R$ 1 bilhão por ano. São tantas regalias. Os ditos representantes, de acordo com pesquisa da ONG Transparência Brasil, recebem: verba indenizatória, destinado aos gastos nos estados que representam, tais como combustíveis, alugueis e assessores; 25 litros de combustível por dia; auxílio-moradia, de mais de 3 mil reais; passagens aéreas; cota postal; cota telefônica; gráfica (mais de 8 mil reais para impressão de materiais relacionados à atuação parlamentar). Tudo isso pago por nós contribuintes. E para finalizar, pasmen! Os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique e Lula, recebem uma “bolsa-combustível” no valor de3 mil reais mensais, pagos pela Presidência da República. A ex-presidenta Dilma acaba de requerer o benefício.

Sendo assim, é possível afirmar que outras fontes de recursos existem para cobrir o rombo da crise econômica. Percebe-se que já é passada a hora do Brasil rever as regalias garantidas aos representantes políticos. Outra possibilidade muito discutida seria uma reforma tributária séria, onde ricos pudessem pagar mais; regulamentar o imposto sobre grandes fortunas, como prevê o inciso VII, do artigo 153 da Carta Magna. Enfim, o que não se pode, é mais uma vez, como sempre ocorreu na história deste País, querer que a população menos favorecida pague por esta conta.

EDITORIAL

É preciso passar um pente-fino na Cosip

O que a sociedade exige e com razão é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte

20/12/2025 07h15

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A deflagração da Operação Apagar das Luzes, nesta sexta-feira, pelo Grupo Especializado de Combate à Corrupção (Gecoc) do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), é mais um daqueles episódios que deixam claro que a iluminação pública de Campo Grande guarda muito mais sombras do que se imaginava.

E, ao que tudo indica, ainda há muito a ser revelado sobre contratos, cifras e responsabilidades envolvendo um serviço essencial para a cidade.

Campo Grande figura entre os municípios que mais arrecadam no Brasil com a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip). Trata-se de uma arrecadação robusta, bilionária ao longo dos anos, paga mensalmente pelo cidadão na conta de energia elétrica.

Ainda assim, a realidade vista nas ruas é contraditória: bairros inteiros convivem com postes apagados, avenidas mal iluminadas e áreas que se tornam vulneráveis à criminalidade justamente pela ausência de luz.

A investigação que apura fraudes estimadas em R$ 62 milhões lança uma pergunta inevitável: como é possível faltar iluminação em um município que arrecada tanto?

Reportagem publicada pelo Correio do Estado no ano passado mostrou que a Cosip de Campo Grande superava, à época, a arrecadação de Curitiba – cidade com mais que o dobro da população. Mesmo assim, a capital sul-mato-grossense convive com um serviço precário e reclamações recorrentes da população.

O mais preocupante é que essas suspeitas de irregularidades surgem em meio a um discurso constante de crise financeira propagado pela administração municipal.

Se confirmadas, as fraudes não estariam ocorrendo em um cenário de escassez, mas sim em um verdadeiro manancial de recursos. Isso agrava ainda mais o quadro, pois revela que o problema pode não ser falta de dinheiro, mas falhas graves de gestão, fiscalização e zelo com o dinheiro público.

É legítimo esperar explicações detalhadas sobre os contratos firmados, os critérios de pagamento e a execução dos serviços. Mas isso, por si só, não basta. O que a sociedade exige – e com razão – é transparência permanente sobre a aplicação da Cosip. Trata-se de uma contribuição pesada no bolso do contribuinte, que deveria retornar em forma de ruas iluminadas, mais segurança e melhor qualidade de vida.

Nesse contexto, o trabalho do Gecoc merece reconhecimento. Mais uma vez, o MPMS cumpre seu papel institucional de investigar, cobrar respostas e iluminar áreas em que a administração pública falhou.

Combater a corrupção não é apenas punir culpados, mas também criar condições para que os serviços públicos funcionem melhor e com mais eficiência.

Iluminação pública não é luxo. É segurança, mobilidade e dignidade urbana. Se há dinheiro sobrando e luz faltando, algo está profundamente errado – e precisa ser corrigido com urgência, transparência e responsabilidade.

ARTIGOS

Redes sociais: o "estacionamento" da reputação corporativa

Qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial

19/12/2025 07h45

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No ambiente corporativo contemporâneo, a fronteira entre opinião pessoal e responsabilidade profissional se tornou quase invisível. Com a hiperconectividade, qualquer manifestação nas redes sociais tem potencial para alcançar ampla visibilidade. Um único comentário ofensivo de um funcionário é capaz de comprometer a confiança interna, afetar a reputação da marca e desencadear litígios.

Quando as manifestações de funcionários ultrapassam o limite da crítica construtiva e se convertem em acusações ou declarações com potencial de impactar negativamente a imagem e a credibilidade da organização, abre-se espaço a um debate essencial: qual é o limite entre a liberdade de expressão do trabalhador e a proteção da honra e da imagem empresarial?

A repercussão, em casos como esse, costuma ser imediata. Colegas, clientes, fornecedores e demais parceiros têm acesso ao conteúdo, potencializando seus efeitos e ampliando o risco reputacional.

Qualquer que seja o caminho de resposta, a análise jurídica deve ser cuidadosa. A Consolidação das Leis do Trabalho (art. 482, alíneas j e k) prevê a possibilidade de dispensa por justa causa quando o empregado pratica ato lesivo à honra ou à boa fama de qualquer pessoa “no serviço”, especialmente quando dirigido ao empregador ou superiores hierárquicos.

A jurisprudência tem entendido que publicações em redes sociais podem produzir efeitos equivalentes aos de condutas praticadas no ambiente físico de trabalho, legitimando a aplicação da penalidade.

A Constituição Federal (art. 5º, incisos IV, V e X) assegura a liberdade de expressão, mas estabelece limites claros quando essa manifestação viola direitos relacionados à honra, à imagem e à dignidade. Já o Marco Civil da Internet reforça mecanismos de responsabilização de plataformas mediante notificação, permitindo respostas mais ágeis a conteúdos ilícitos.

Com a evolução da sociedade, a linha que separa opinião de ofensa se tornou cada vez mais tênue. A liberdade de expressão é garantida, mas não é absoluta: quando a crítica se transforma em injúria ou difamação, há quebra de confiança, podendo configurar justa causa, inclusive quando a conduta ocorre fora do expediente.

O desafio, agora, reside na interpretação. A definição do que constitui “crítica legítima” ou “falta grave” ainda é variável entre diferentes julgadores, o que aumenta o risco de reversão de penalidades, pedidos de indenização e danos à reputação corporativa.

Em um ambiente empresarial cada vez mais exposto ao escrutínio público, sobretudo nas redes sociais, torna-se imprescindível que as organizações adotem políticas claras, protocolos seguros de apuração e documentação robusta para fundamentar suas decisões e que as decisões e a gestão de tópicos sensíveis considerem estratégia, cautela e respaldo técnico.

Condutas inadequadas de colaboradores podem gerar impactos relevantes, mas a resposta empresarial deve estar alinhada à legislação e às melhores práticas de governança.

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