Aos 28 minutos de ontem, o ônibus da empresa Nova Integração embarcou os últimos passageiros do Terminal Heitor Laburu e seguiu viagem para Alta Floresta (MT). Melancólico, o momento histórico, que encerrou 37 anos de atividades da rodoviária “velha”, como já é conhecida entre a população, foi acompanhado apenas por funcionários da empresa. Houve confusão entre passageiros que deveriam embarcar no novo terminal, mas foram para o velho e pegaram carona com ônibus de outras empresas para conseguir viajar. Policiais do 1º Batalhão da Polícia Militar fizeram rondas pela região e abordaram pedestres e pessoas que estavam nos bares do terminal. Oficialmente, o veículo da Nova Integração não seria o último a deixar o terminal, mas, devido ao atraso de sete horas, provocado pela quebra do veículo, os passageiros que o aguardavam foram os que “apagaram as luzes” da rodoviária. O ônibus nem mesmo pôde ficar na plataforma, pois funcionários contratados pela Prefeitura de Campo Grande já haviam cravado estacas na entrada pela Rua Barão do Rio Branco para iniciar o fechamento da área com tapumes. O embarque acabou acontecendo no meio da Rua Dom Aquino. Confusão O aposentado Andres Lenis Mamami, de 80 anos, chegou de Dourados, anteontem à noite, e pretendia ir para Corumbá. Como as partidas para esta cidade foram concentradas para depois da meia-noite no Terminal Antônio Mendes Canale, o idoso precisou de uma carona em van cedida pela empresa. “Não sabia que iria mudar. Vou pegar o ônibus na nova rodoviária, agora”. Transtorno maior passou Secundina Herrera, que mora em Corumbá e queria voltar para casa. Ao chegar à rodoviária velha, já por volta das 23h40min, foi informada de que não havia mais ônibus e que o embarque aconteceria na saída para São Paulo. “Pensei que fosse dar tempo”, disse. Preocupada, começou a procurar ajuda entre os funcionários, até que conseguiu uma carona, em um ônibus da Queiroz que estava levando passageiros para o recéminaugurado terminal. A acadêmica de Enfermagem Thaís Evelin Alves Lima, de 20 anos, foi uma das últimas passageiras a desembarcar na rodoviária Heitor Laburu, vinda de Vilhena (RO). “Fiquei em dúvida sobre onde desceria, se na nova ou na velha. Até para combinar com quem virá me pegar foi mais difícil e agora não sei se ele foi para a nova”. Curioso O técnico em informática Rafael Oliveira, de 28 anos, não acompanhava ou esperava ninguém na rodoviária. Porém, fez questão de registrar toda a movimentação com uma câmera fotográfica. “Sabia que este era o último dia de funcionamento. Estava passando pelo centro e decidi ver o movimento. É um momento histórico e quero guardar as imagens”, relatou. A professora Elizabeth Guimarães, de 50 anos, veio para a Capital para visitar familiares e embarcaria para Andradina (SP). “Fiquei sabendo que seria inaugurada a nova rodoviária e até fiquei um pouco confusa sobre onde deveria embarcar. Acho que a nova obra é mais compatível com o que vi em Campo Grande, que é uma cidade bonita, bem planejada. Não merecia uma rodoviária como esta, que é meio arcaica”.