Campo Grande pode reviver amanhã (22) o caos da falta de ônibus presenciado nesta terça-feira (21), caso os motoristas de ônibus não recebam o adiantamento de seus salários, o qual deveria ter sido pago nesta segunda-feira (20) e que sequer o Consórcio Guaicurus tem previsão de quando será liquidado.
"Se não pagar hoje, amanhã também está parado. Vamos ter problema com Ministério Público, os caras vão vir pra cima, não quero nem saber, eles vão ter que atender a categoria", aponta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande, Demétrio Ferreira.
Ele explica que, antes que pensem que um dia de atraso foi o suficiente para indignar toda a categoria, o não pagamento foi apenas a gota d'água para os motoristas dos coletivos de Campo Grande.
"O consórcio simplesmente comunicou que não ia fazer o pagamento da nossa antecipação que era ontem. Não falou que ia pagar dia 21, 22. Falou sem previsão, alegando que tem um compromisso com a Prefeitura que ela não está cumprindo; óleo diesel, que está subindo com frequência, isso achatou e não teria recurso para pagar", expõe.
Sobre a forma inesperada que a paralisação aconteceu, Demétrio diz que um movimento desses não teria efeito se fosse cumprir a legislação e comunicar a todos com 72 horas de antecedência e soltar edital.
"Foi espontânea a paralisação porquê a gente cansou. Chegou num ponto que até feriado, por exemplo, quem trabalha recebe 100% e a empresa pediu que não tem condição de pagar isso. Perguntou se podia ser compensado em folga e a gente atendeu. E o motorista, categoria putos, porque quem não quer receber hora extra, mas mesmo assim trabalhando. Até chegar o vale que não foi pago. Foi a gota d'água, então a gente vai parar e seja o que Deus quiser", comenta o presidente.
Demétrio conta que ainda ontem (20), pela manhã, o Consórcio havia comunicado a categoria que o adiantamento poderia não sair. Ainda assim os motoristas aguardaram, até o segundo aviso, no fim do dia, de que de fato o pagamento não seria feito por falta de verba.
"Sei que prejudicou um monte de gente, tem um monte que tá bravo comigo, mas cara, se não for desse jeito nós não fechamos", afirma.
Ele ressalta que para a manobra ser efetiva, foi preciso chegar duas e meia da manhã para impedir que o primeiro veículo saísse.
"Tem ônibus que sai da garagem para buscar motorista, eu tive que parar ele. O carro ia sair e não saiu, e os outros motoristas que foram chegando a gente foi mandando embora. Foi assim que parou 100%. Se avisa não para, chega aqui e já está cheio de polícia", destaca ele.
Ainda que a categoria se mostre aberta à conversa, o Sindicato alega que a decisão foi tomada e os ônibus só voltam amanhã caso haja o pagamento.
"Zero, sem chances de voltar hoje. Todos os motoristas já estão em casa, os que saíam cedo, os da tarde nem vão vir, já estão sendo avisados. Vou ficar o dia inteiro aqui, mesmo pagando", finaliza ele.