Depois de duas semanas de estiagem (interrompida ontem) a epidemia de dengue já dá sinais de refluir e deve ir embora junto com o mês de março. O último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde aponta esta tendência. A nona semana de 2010 apresentou a média diária de 331 notificações, 27% menor que as 421 apuradas três semanas antes, abrangendo fevereiro, até aqui o mês que apresentou o pico do número de pacientes atendidos nas redes pública e privada de saúde, com sintomas da doença. Segundo o secretário de Saúde, Luiz Henrique Mandetta, outros indicadores reforçam este cenário favorável. Caiu pela metade, de 80 para 40%, o índice de positividade. Ou seja, em fevereiro, de cada 10 casos que passaram por exame de laboratório, em oito, era positivo o diagnóstico de dengue. Hoje, esta proporção caiu para quatro. O número de solicitações de hemogramas diminuiu 30%. Indício de que os médicos diagnosticaram como virose, não dengue, os casos dos pacientes que atenderam com sintomas parecidos com os da doença. Este quadro, de estabilização e queda das notificações, que antes era só uma aposta (considerada otimista) do secretário Luiz Henrique Mandetta, agora tem o apoio de especialistas, como o infectologista Rivaldo Venâncio, que chegou a prever 40 mil notificações neste mês. Ele aponta outro fator determinante para o fim da epidemia (além da estiagem): a queda da temperatura à medida que se aproxima o inverno. Sem chuva, para renovar a água dos “reservatórios” de reprodução do mosquito e o calor mais ameno, elimina-se o ambiente adequado para ele atingir a idade adulta. Queda no movimento O movimento nos postos das regiões mais afetadas pela epidemia – bairros Tarumã, Coophavila, Aero Rancho, na saída para Sidrolândia – começa a entrar num ritmo de normalidade. “Nossa unidade 24 horas da Coophavila II, que entre as nove, era a que tinha o menor volume de atendimento, saiu do nono lugar para o primeiro, superando a da Coronel Antonino, do Nova Bahia e da Vila Almeida, que passaram a receber pacientes que normalmente eram atendidos no Guanandy e no Aero Rancho (outras unidades onde o movimento cresceu muito)”. Na unidade 24 horas da Coophavila II, que chegou a atender 350 pessoas por dia, desde sábado o movimento caiu pela metade. “Agora está até rápido”, revela Mari Moreira, residente no Bairro Tarumã, que depois de quatro dias de dores no corpo, febre e vômito começa a se recuperar. “Cheguei aqui na quarta-feira às 8h30min da manhã e só saí às 11 horas, depois de permanecer internada para reidratação. “Fui atendida logo porque o meu estado era considerado grave. Depois tive que vir todos os dias para fazer o acompanhamento das plaquetas”, revela, além de pegar o atestado para justificar a ausência do trabalho. Outra paciente que percebeu que o tempo de espera de atendimento diminuiu é a autônoma Maria Lemos dos Santos, que chegou há 15 dias de Ponta Porã já com os sintomas da dengue. A epidemia aumentou a demanda nos postos de saúde justamente num período – os meses de janeiro e fevereiro – em que o quadro de médicos da prefeitura (que tem defasagem de 300 profissionais) – foi desfalcado porque 60 médicos se licenciaram para prestar o serviço militar e outros porque vão fazer residência. Novos números O último boletim da Secretaria de Saúde, divulgado ontem, mostra que já são 21.889 notificações, sendo 3.018 em março. Agora são sete mortes confirmadas e cinco sob investigação.