Cidades

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Clientelismo eleitoral e propaganda irregular

Clientelismo eleitoral e propaganda irregular

Redação

22/02/2010 - 03h38
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Estamos em um ano de eleições federais e estaduais, mas ainda não entramos no prazo de oficialização das candidaturas. Assim sendo, a propaganda eleitoral ainda não está autorizada pela justiça. Mas os políticos sempre dão um jeitinho de burlar as normas disfarçadamente: espalham outdoors pelas cidades e anúncios nos jornais desejando boas festas, comparecem a inaugurações de obras, visitam os bairros carentes, promovem festas e churrascos e fazem outras coisas do tipo. Reparei que nos últimos tempos nossos homens públicos têm apelado para uma estratégia ainda mais sínica de promoção da sua imagem política. Tenho visto nas ruas, praças e outros locais faixas publicitárias onde se podem ler frases do tipo: “a população de nossa cidade agradece o deputado ‘fulano de tal’ pela realização de tal obra”. É óbvio que quem manda confeccionar essas faixas são os próprios políticos homenageados e seus correligionários. Quem mais seria? Eu, particularmente, não sinto que deveria agradecer publicamente aos políticos pelas suas realizações, nem acho que o restante da população tem esse dever. Quando governantes e parlamentares entregam uma obra, eles nada mais estão fazendo que sua obrigação funcional, afinal de contas foram designados pelo povo para ser representantes do interesse coletivo. Não estão fazendo favor a ninguém. Os recursos das obras e das ações sociais não saem do bolso deles, mas do erário público, que é sustentado pelo dinheiro do contribuinte. Aliás, não é pouco o que pagamos de impostos, inclusive para bancar os altos salários e demais benefícios daqueles que nos representam nos poderes executivo e legislativo. Imaginem que absurdo seria se, por exemplo, um professor mandasse colocar uma faixa na frente da escola ou universidade em que leciona onde estivesse escrito: “nós, alunos, agradecemos ao nosso mestre pelas aulas ministradas”. Seria o cúmulo, pois o docente é pago justamente para assumir a obrigação de ensinar. Mas, na política, tudo é diferente. O historiador Victor Nunes Leal, em sua obra magistral intitulada “Coronelismo, enxada, voto” e escrita há várias décadas, já diagnosticava que a tradição política brasileira comporta em larga escala as práticas do clientelismo e do patrimonialismo. Aquele que assume um cargo eletivo trata a coisa pública como se fosse propriedade particular e concede “favores” aos apadrinhados em troca de apoio e votos. Cria-se assim a cultura do “beija-mão”. A carência econômica acaba aprisionando certas pessoas nesse sistema de cooptação eleitoral. Quanto maior a miséria, mais propícias são as condições para se exercer a dominação e a exploração do eleitorado. Para quem tem fome, basta distribuir uma cesta básica. Quem não vota no candidato que se elege corre o risco de não ser contemplado pelas políticas públicas. Acontece que a escolaridade do povo vem crescendo a cada ano. Como reflexo, aumenta a conscientização social. As pessoas não são mais tão ingênuas e alienadas. Muita gente já não se deixa iludir facilmente. Essa é uma das explicações para o enorme descrédito que a nossa sociedade atribui à classe política nos dias atuais. Também, com tantos escândalos vindo à tona, como o mensalão e o caso Arruda, fica difícil mesmo não desconfiar das intenções de nossos políticos.

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Casa de ex-prefeito de Campo Grande vai a leilão para pagar dívida de pensão

Alcides Bernal deixou de pagar pensão quando foi cassado, em 2014, e dívida ultrapassa R$ 112 mil a filho que mora no Tocantins

20/06/2025 17h33

Casa de Alcides Bernal, em Campo Grande, vai a leilão

Casa de Alcides Bernal, em Campo Grande, vai a leilão Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal, terá uma casa levada a leilão devido a uma dívida de pensão que ultrapassa o valor de R$ 112 mil. A sentença é da 1ª Vara da Família e Sucessões de Palmas (TO), onde mora o filho do ex-prefeito.

De acordo com os autos do processo, na época em que ainda era prefeito, Bernal e o filho celebraram acordo em processo que tramitou em Campo Grande, onde ficou estabelecido que seria descontado o valor de três salários mínimos diretamente de seus subsídios de prefeito, inclusive o 13º salário, e seriam depositados na conta do filho.

O acordo foi homologado por sentença que transitou em julgado. No entanto, Bernal foi cassado em 2014 e, sem o desconto em conta, ele deixou de cumprir a obrigação com o filho.

“Por ocasião de sua cassação, por pura liberalidade, por humanidade e generosidade do Exequente, mesmo sofrendo as agruras da falta de pagamento da pensão (contraindo dívidas para continuar se mantendo), pensando que o seu pai, até lhe seria grato, por deixar passar um tempo razoável para se recompor, deixou passar alguns meses, contudo, após esse tempo, o Exequente começou a tentar contato, para tentar uma composição amigável com o Executado, não conseguindo nem uma resposta”, diz a ação.

Também conforme a ação, o filho tentou várias formas de contato, por meio de ligações em celular pessoal e na prefeitura, assim como por meio de conhecidos e amigos próximos, que também tentaram contato via ligação e pessoalmente com Bernal, mas sem sucesso. 

Assim, foi protocolizada nova petição, para execução dos débitos que haviam sido deferidos para desconto em folha, totalizando 36 meses pendentes, contando com dois 13º salários, que não foram pagos de janeiro a abril de 2013 e de abril de 2014 até setembro de 2016.

O montante devido, com juros de mora e atualização monetária e capitalização simples, até o mês de setembro de 2016, é de R$ 112.252.23.

Na ação, é citado também que o pagamento da pensão alimentícia é a obrigação mínima de Bernal, já que, segundo os autos, há abandono afetivo desde o nascimento de seu filho.

O filho relata que está passando por necessidades financeiras e que a ajuda do pai, que não está sendo paga, está fazendo falta. Dentre as dificuldades citadas, está o fato de que o rapaz tem "inúmeros gastos diários" e que parou de estudar por falta de recursos financeiros.

Desta forma, foi pedido a intimação para que Bernal efetuasse o pagamento do débito pendente no prazo de três dias e, caso não realizasse a quitação, que fossem penhorados bens, quanto bastassem para o adimplemento da da dívida.

Sem o pagamento, o imóvel a ser leiloado é uma casa localizada no Jardim Paulista, em Campo Grande, que se encontra penhorada, com a devida intimação do devedor. Na ação, não consta quando será realizado o leilão.

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Justiça bloqueia R$ 40 milhões de família que provocou "muralha de fogo" em MS

Segundo investigação, pai e filhos são responsáveis por queimadas que causaram danos ambientais severos em áreas públicas e privadas na região pantaneira

20/06/2025 17h00

"Muralha de fogo", em Corumbá, em 2024 Foto: Divulgação

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 A Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 40,7 milhões em bens de uma família acusada de provocar incêndios criminosos para criação ilegal de pasto em Corumbá, região do Pantanal sul-mato-grossense. A ação, movida pelo Ministério Público Federal (MPF), envolve o pecuarista Carlos Augusto de Borges Martins, conhecido como “Carlinhos Boi”, e seus três filhos, que, segundo a investigação, são responsáveis por queimadas que causaram danos ambientais severos em áreas públicas e privadas, incluindo a chamada “muralha de fogo” que viralizou nas redes sociais em junho de 2024 durante a tradicional Festa de São João.

O incêndio teve como ponto de ignição propriedades utilizadas pela família, como a Fazenda Pira-Retã e o Sítio São Domingos, área inserida em uma Área de Preservação Permanente (APP) às margens do Rio Paraguai, nas proximidades de um ponto de captação de água que abastece a cidade de Corumbá.

De acordo com laudos da Polícia Federal, a ocupação irregular e as construções precárias no local impedem a regeneração da vegetação nativa e geram lançamento de esgoto e lixo diretamente no solo, aumentando o risco de contaminação do rio.

O MPF aponta que a família Martins utilizava irregularmente o cadastro da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro-MS) para movimentar e criar bovinos em áreas pertencentes à União, na região conhecida como “Retiro Tamengo”. As terras, além de públicas, incluem áreas privadas sem cercas delimitando os perímetros, o que favorecia a ocupação ilegal.

O objetivo da ação civil pública é obter a desocupação imediata das áreas invadidas, com a retirada dos bovinos, demolição das construções irregulares e recuperação ambiental do espaço por meio da implantação de um Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). Também foi solicitado o pagamento de indenizações pelos danos ambientais, restituição dos lucros obtidos ilegalmente e compensação por danos morais coletivos.

A propriedade já havia sido alvo de fiscalização pela Polícia Militar Ambiental em 2013, quando foram constatadas construções ilegais e a degradação ambiental do local. Agora, com as novas provas e a reincidência da prática, o caso avança na 1ª Vara Federal de Corumbá, vinculada ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

O processo segue em tramitação na esfera federal, e os acusados poderão apresentar defesa nas próximas etapas judiciais.

"Muralha de fogo"

Terra do Banho de São João, considerada a maior festa junina do Centro-Oeste, Corumbá foi o município que mais queima em todo o Brasil em 2024. O triste extremo, entre a festa e os incêndios que devastam o Pantanal, foi registrado pela corumbaense Elisa Márcio, e compartilhado em uma rede social, em junho do ano passado.

Segundo o Painel Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a região pantaneira registrou mais de 14 mil focos de incêndio. 

Além disso, conforme noticiado anteriormente, a população do município sofre com a fumaça que vem das queimadas, que associada às altas temperaturas e à baixa umidade relativa do ar, tornam o cenário ainda mais crítico.

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