Cidades

SEM PREVISÃO PARA ENTREGA

Com recurso a conta-gotas, obra da Ernesto Geisel atrasa

Com aproximação do período de chuvas, intervenções devem ser ainda mais prejudicadas

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Com o primeiro lote previsto para ser entregue no aniversário de Campo Grande, comemorado no dia 26 de agosto, as obras de contenção e revitalização do Rio Anhanduí, na Avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande, não têm data para terminar. O motivo para tal atraso é a demora no repasse de quase R$ 4 milhões, que deveriam ter sido pagos pelo governo federal ao município, mas, desde junho, vêm sendo protelados, conforme o secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Rudi Fiorese, sob a administração do prefeito Marcos Trad (PSD). 

De acordo com o secretário, os problemas com repasses já  têm ocorrido desde primeiro trimestre de 2019. “Começou em março deste ano, mas nada que comprometesse o andamento das obras”, contou.  Fiorese revela que no mês passado faltava um valor de R$ 2 milhões, referentes a junho, que somado ao restante de julho e agosto chega aos R$ 4 milhões não pagos.

Como consequência, a Dreno Construções – Eireli EPP e a Gimma Engenharia Ltda., empresas licitadas para a obra, não estão recebendo de forma regular para o serviço e diminuíram a prestabilidade da mão de obra. Equipe do Correio do Estado esteve no local e constatou que poucos funcionários estão em trabalho e o maquinário está parado. O valor que precisa ser repassado pela União para Campo Grande é de R$ 3,5 milhões mensais, o que não vem ocorrendo desde junho e está acarretando problemas para a obra, conforme informações do secretário. 

Com a incerteza em relação aos repasses, não há prazos para o término da intervenção. Como agravante, no dia 21 de setembro, o inverno acaba e a primavera começa. A estação é conhecida por ser chuvosa, sendo inimiga das obras, principalmente as que são realizadas em córregos e rios, como no caso da Ernesto. “Não há previsão para o término porque a gente precisa pagar a empresa para eles continuarem o serviço. A gente pode fazer um outro cronograma também e agora vai vir o período de chuva; vai atrasar mais”, disse o secretário, ao Correio do Estado

HISTÓRICO

A revitalização do Rio Anhanduí é um projeto antigo. No ano passado, a prefeitura recuperou os recursos alocados junto ao Ministério das Cidades e fez a licitação. A intervenção faz parte de um conjunto de ações que beneficiará diretamente os moradores dos bairros Marcos Roberto, Jockey Clube, Jardim Paulista e Vila Progresso.

Iniciadas em fevereiro de 2018, as obras de drenagem e revitalização do fundo do vale do Rio Anhanduí estão orçadas em R$ 48.497.999,21 e tinham previsão de término para este mês, conforme o Portal Mais Obras, página que acompanha as intervenções realizadas pela prefeitura da Capital.

No começo de agosto, o secretário Rudi Fiorese disse que a pretensão era entregar a obra no aniversário de Campo Grande, o que também não ocorreu. Somente o lote 3 tinha estimativa de 30 meses de duração, sendo o término previsto para agosto 2020. 

Conforme o Portal Mais Obras, página que acompanha as intervenções realizadas pela prefeitura da Capital, cerca de 60% de toda a obra na Ernesto está feita. São 75% concluídos do primeiro lote; 55% do segundo; e 50% do terceiro lote. 

 

CRÍTICAS

No dia 10 de julho, Marcos Trad reclamou da falta de repasses do governo federal e disse que iria acionar a bancada de Mato Grosso do Sul no Congresso para que Campo Grande conseguisse o recurso.  “Nós estamos enfrentando uma escassez de recursos, tanto da União quanto do Estado. Campo Grande tem sobrevivido na graça e na bênção de Deus.

Nós vamos acionar os senadores e os deputados federais para saber qual a razão de uma capital que vai atingir quase 1 milhão de habitantes, dos 5.570 municípios, que vai ser a décima oitava cidade do País a atingir um milhão de habitantes, ficar de fora de recurso. O que engorda o cofre da união é o imposto do campo-grandense. Eles estão pegando nossos imposto, estão distribuindo para São Paulo, para Belo Horizonte, Salvador e não estão devolvendo para a nossa cidade”, disse, referindo-se à publicação extra do Diário Oficial da União, do dia 8 de julho, em que foram lançadas 34 portarias, com desembolso de R$ 920,3 milhões em recursos que atendem municípios de 25 estados. 

MEIO AMBIENTE

Com deficit de chuva, Pantanal de MS enfrenta novo ano de seca

No verão, só 2 estações registraram volume de chuva satisfatório; outras 10 estão com níveis negativos

24/03/2025 09h30

Reflexos da seca no Pantanal de Mato Grosso do Sul são sentidos principalmente no Rio Paraguai

Reflexos da seca no Pantanal de Mato Grosso do Sul são sentidos principalmente no Rio Paraguai Foto: Rodolfo César/Arquivo

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As condições críticas do clima em 2024 ainda não se afastaram totalmente do Pantanal e do Estado. Acompanhamento contínuo estatal e de outras instituições sinaliza que a estiagem não vai embora neste ano, que, justamente no período que seria o mais chuvoso (dezembro a março), acumula deficit de chuva até fevereiro. 

Esses dados foram apresentados no Comitê Estadual do Fogo de Mato Grosso do Sul, durante as discussões sobre prevenção e combate a incêndios, no fim do mês passado.

Na avaliação do acumulado de chuva das estações instaladas na região do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, 2 unidades tiveram chuvas acima da média e outras 10 não alcançaram números positivos. Esse cenário, analisado dentro do contexto de estiagem, ainda sugere grande preocupação. 

Em 2024, indicadores que cruzam informações da Agência Nacional das Águas, da Marinha do Brasil e do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) mostram que houve deficit de chuva no Pantanal de cerca de 1.000 milímetros, o equivalente a um ano normal de chuva no território.

Sem ter chovido o que seria normal durante um ano, a recuperação sinaliza ainda não estar garantida neste ano.

"O estudo aponta para um cenário de mudanças climáticas seguindo o que tem sido observado nos últimos anos, com períodos mais longos de estiagem e ondas de calor intensas. Em grande parte do Estado, as chuvas variam entre 400 mm e 500 mm, com exceção das regiões leste, nordeste e oeste, onde a precipitação média fica entre 300 mm e 400 mm nesse período. Já as temperaturas médias variam entre 24°C e 26°C, com ligeira elevação na região Noroeste (26°C a 28°C), enquanto nas regiões Sul e Sudeste ficam entre 22°C e 24°C", divulgou o Cemtec-MS em nota técnica.

Para fazer essa leitura da tendência meteorológica, os técnicos do Cemtec-MS compilaram diferentes estudos, entre eles, a previsão do Ensemble da Organização Mundial de Meteorologia (WMO), que é o conjunto de seus modelos meteorológicos.

A proposta desse trabalho é subsidiar políticas públicas em Mato Grosso do Sul para mitigar os problemas causados por essas condições. Entre essas consequências estão um maior risco e a antecipação do período de registro de incêndios florestais no Pantanal, ocorrência de doenças associadas ao calor extremo, possível falta de abastecimento de água em algumas regiões e impactos negativos para a agricultura e a pecuária.

"A conclusão dos técnicos é de que as chuvas devem ficar ligeiramente abaixo ou próximo da média histórica para o período de fevereiro/março/abril de 2025 em Mato Grosso do Sul. Associado a isso, as temperaturas tendem a ficar acima da média histórica, provavelmente favorecendo a formação de ondas de calor durante períodos de ausência de nuvens e chuvas", trouxe a nota do Cemtec-MS. 

RISCOS IMINENTES

A Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado (Fundect) indicou em 2024 que as mudanças climáticas em Mato Grosso do Sul estão causando efeitos significativos em ecossistemas, sociedade e economia. Também ponderou que o Estado está altamente vulnerável.

"Aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos e mudanças nos padrões de chuva e seca, afetando a produção agrícola, com prejuízos em safras e aumento de pragas e doenças. Declínio e extinção de espécies de plantas e animais, resultando em perda da biodiversidade regional. Impactos na saúde humana, que agravam os riscos ao aumentarem a propagação de doenças transmitidas por vetores como mosquitos, piorando a qualidade do ar e amplificando doenças relacionadas ao calor, especialmente em populações vulneráveis. Desafios à segurança alimentar e hídrica. Ampliação das desigualdades sociais e econômicas", elencou a Fundect, que abriu uma série de chamadas para subsidiar até 45 estudos.

Esses trabalhos científicos estão em andamento desde o ano passado, quando foram liberados R$ 6 milhões para subsidiar os pesquisadores. 

Com relação à prevenção dos incêndios florestais, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul divulgou que está fazendo a manutenção de equipamentos para atuar no possível combate. Também há treinamentos em andamento. 

"Vamos realizar uma série de cursos para preparação e aperfeiçoamento dos nossos militares. Para que o combate, quando houver necessidade, ocorra sempre de forma eficiente, especialmente no Pantanal", explicou o major e subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental (DPA) do Corpo de Bombeiros, Eduardo Teixeira.

O Prevfogo/Ibama ampliou seu período de permanência e estabeleceu uma base fixa em Corumbá, no Parque Municipal Marina Gatass. Agora, a cessão do espaço para a unidade federal vai até 2028 e está prevista a ampliação do número de brigadistas. 

Desde dezembro de 2024, o Prevfogo está com uma brigada permanente em funcionamento, algo inédito no Brasil. Antes, os brigadistas só eram contratados a partir de julho ou agosto para os períodos mais críticos.
Organizações também estão se mobilizando-se.

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que tem sede em Corumbá, confirmou que está com sua brigada ambiental atuando desde janeiro e já promoveu uma ação de educação ambiental com crianças da Escola Municipal Rural de Educação Integral Polo São Lourenço e Extensões, que fica na comunidade Aterro do Binega, no Pantanal. 

No ano passado, o fogo chegou próximo dessa unidade de ensino e as crianças precisaram evacuar o local, ficando mais de uma semana sem aula. Também já houve o plantio de cerca de 3 mil mudas na região da Serra do Amolar.

ALERTA

Polícia Civil apura vazamento de dados em massa de hospitais

Golpistas se passam por funcionários de hospitais para cobrar de pacientes internados na Capital procedimentos feitos pelo SUS

24/03/2025 09h00

Golpistas ligam para o contato de pacientes internados para pedir dinheiro para procedimentos ou remédios de atendimentos do SUS

Golpistas ligam para o contato de pacientes internados para pedir dinheiro para procedimentos ou remédios de atendimentos do SUS Foto: Marcelo Victor/Correio do Estado

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Prática criminosa que tem se tornado cada vez mais comum, o golpe do falso médico pode estar atrelado a um vazamento indevido de informações de pacientes internados nos hospitais de Campo Grande.

Essa situação, a qual tem sida investigada pela Polícia Civil, fez com que a Santa Casa de Campo Grande, o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS) e o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) emitissem, nos últimos meses, alertas informando que golpistas estavam entrando em contato com os familiares de pacientes para pedir transferências bancárias para a “realização de cirurgias emergências” – procedimentos, no caso, que são cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Em entrevista para o Correio do Estado, o titular da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Centro, Rodrigo Camapum, informou como é o modus operandi desse tipo de crime.

“O criminoso entra em contato com os parentes, informando que o paciente precisa de um procedimento médico urgente ou uma medicação especial que não é coberta pelo SUS. Sob a justificativa de ser uma emergência, eles exigem que a família faça depósitos ou transferências bancárias com urgência”, detalhou.

“Os golpistas costumam utilizar informações reais sobre o paciente e a sua internação. Isso faz com que a história pareça convincente. Já a família, em um momento de fragilidade, acaba cedendo à pressão emocional e enviando o dinheiro solicitado”, descreveu o delegado.

Uma das possíveis linhas investigativas, isto é, de como esses golpistas entram em contato com os familiares de pacientes, é o vazamento de dados hospitalares provenientes de prontuários médicos.

“A polícia considera a possibilidade de vazamentos de dados quando investiga esse tipo de golpe. É possível que existam indícios de conluio entre criminosos e funcionários ou prestadores de serviços que têm acesso aos sistemas internos dos hospitais”, comentou Camapum.

“A Lei Geral de Proteção de Dados [LGPD] tem um papel importante, pois os dados de saúde são considerados sensíveis e devem ser protegidos com rigor”, citou o delegado.

Além dessa possibilidade, conforme o titular da Depac Centro, os dados podem ser obtidos de outras formas, até mesmo por meio de redes sociais, uma vez que familiares costumam divulgar informações sobre a internação de um ente querido, por exemplo.

De acordo com Camapum, a Polícia Civil orienta a população a desconfiar de ligações ou mensagens urgentes sobre procedimentos cirúrgicos. Ainda, aconselha a procurar orientações da equipe médica presencialmente.

“Se receber um telefonema informando sobre a necessidade de um pagamento imediato para um tratamento ou um procedimento médico, mantenha a calma e desconfie. Nenhum hospital ou clínica solicita esse tipo de transação diretamente com familiares. Se possível, vá até o hospital para verificar a situação. Falsos médicos raramente aparecem pessoalmente, e esse é um dos modos mais seguros de evitar o golpe”, concluiu o delegado.

CASOS 

Conforme boletins de ocorrências, pelo menos dois casos do golpe do falso médico foram denunciados à Polícia Civil no fim de janeiro. No primeiro caso, os golpistas entraram em contato com as vítimas informando ser um médico. No segundo, disseram ser do setor da Santa Casa.

Para aplicar o golpe, em um dos casos, o golpista comunicou que o paciente – parente da vítima do golpe – havia adquirido uma bactéria, cujos exames não eram cobertos pelo SUS, e que para realizar 
os devidos procedimentos médicos a vítima deveria enviar o valor de R$ 4.930,00.

Na outra ocorrência, foi dito que o esposo da vítima teria que fazer com urgência um exame e que precisava tomar medicamentos – para tanto, era necessário pagar o valor de R$ 7,1 mil.

Os dois casos ocorreram no mesmo dia, em 28 de janeiro, e as vítimas só se deram conta que cairam em um golpe após a transferência dos valores solicitados.

HOSPITAIS

A Santa Casa de Campo Grande, por meio de nota, informou ao Correio do Estado que “não entra em contato com acompanhantes ou pacientes para solicitar nenhum tipo de complementação financeira para o tratamento. Todas as vagas relacionadas a atendimento no município são reguladas e custeadas completamente pelo SUS”.

Ainda, afirmou que existe na instituição um setor específico que recebe doações voluntárias para o hospital. Caso houver interesse, esse setor deve ser procurado pela pessoa que tem a intenção de realizar uma doação para a entidade filantrópica.

Dentro da Santa Casa, folhetins informativos orientam que se um paciente ou um acompanhante receber ligações dessa natureza, o mesmo deve procurar a polícia para o registro da ocorrência.

Já o Humap-UFMS disse que “todos os serviços prestados à população são 100% gratuitos, seguindo as diretrizes do SUS”.

“Não há nenhuma cobrança por consultas, exames ou procedimentos realizados na instituição. Pedimos à população que, ao receber qualquer solicitação de pagamento em nome do Humap-UFMS, entre em contato imediatamente com a Ouvidoria do hospital para denunciar essas ações criminosas”.

SAIBA

O Humap-UFMS informou que tomou conhecimento dos golpes após receber uma denúncia no setor de Ouvidoria da unidade. O denunciante disse que ficou sabendo de outros quatro casos de tentativa de golpe em nome do hospital.

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