A vinculação do DEM ao escândalo de corrupção no governo do Distrito Federal, primeiro com o governador José Roberto Arruda e agora com o vice em exercício, Paulo Octávio, abriu guerra no comando nacional do partido e a crise reflete-se em alguns estados. Os dirigentes democratas admitem o desgaste do partido em ano eleitoral. Em Mato Grosso do Sul, os líderes do DEM e do aliado PSDB estão apreensivos, mas não esperam sofrer os efeitos colaterais do escândalo que abalou a política do Distrito Federal. Para o vice-governador Murilo Zauith, presidente regional do DEM, a população sabe que o partido condenou o episódio porque desde as primeiras denúncias de corrupção no Governo Distrital pediu o afastamento de Arruda. Por esta razão, acredita no discernimento do eleitor em não misturar um caso isolado no Distrito Federal com os demais estados. “Os partidos são pilares da democracia e devem zelar pela boa conduta de seus governantes”, afirmou Zauith, lembrando que o DEM “repugnou o episódio” e determinou o afastamento de Arruda da sigla logo que o assunto surgiu. “É o primeiro caso de prisão de um governador no Brasil, mas ele está fora do partido há muito tempo”, destacou o democrata. Conforme Murilo Zauith, no caso dos escândalos no Governo de Brasília, “não está em julgamento o partido e sim os atos do governador”. Para o vice-governador, “todos, inclusive secretários, foram desfiliados. Esse grupo já não tem nenhuma ligação partidária com o DEM”. Murilo lembrou que, embora seja o primeiro caso de prisão, outros governadores já foram afastados dos cargos sem que isso afetasse os partidos. Citou, inclusive, que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o primeiro mandato enfrentou comissões parlamentares de inquérito (CPIs) em seu governo. “Mesmo assim, o presidente continua com grande índice de popularidade”, afirmou. Para o deputado estadual Professor Rinaldo, do PSDB, partido aliado ao DEM no Bloco Democrático Reformista (BDR), que também inclui o PPS, o escândalo que culminou com a prisão de Arruda “foi um caso isolado de um governador que pertencia ao DEM, mas foi desfiliado”. “Não é o partido envolvido em corrupção. A Justiça agiu com rigor, cumpriu seu papel. O partido também, ao afastar Arruda logo no início do episódio”, disse. Na verdade, foi Arruda que pediu desfiliação do DEM. Para o tucano, a prisão de Arruda não terá reflexo negativo na imagem do DEM nos demais estados. “Claro que em Brasília o partido está atingido pela acusação de adversários. Mas outros partidos já enfrentaram situação semelhante e a população hoje é consciente para não confundir o partido com atos de um ou outro integrante”, afirmou Rinaldo. “Como político, a gente fica triste, a população paga impostos e espera que seus representantes administrem com equidade”, considerou. Racha Já em nível de cúpula nacional, o DEM está rachado. O senador Demóstenes Torres (GO) declarou guerra contra a direção nacional do partido, comandada pelo deputado Rodrigo Maia (RJ). “Enquanto o DEM se desgasta, ele faz ouvidos de mercador e só cuida do futuro, da aliança com o PSDB de José Serra para presidente”, reclama Demóstenes. “Podíamos ter expulsado o Arruda no primeiro minuto, demos uma semana e foi só piorando. A exigência de todos os filiados saírem dos cargos também deveria ter sido feita há muito tempo. O partido está sempre atrasado, correndo atrás do prejuízo. Isto é inconcebível”, completou. Amigo pessoal do governador, Rodrigo Maia nega que a legenda tenha hesitado sobre a decisão de expulsá-lo ou não – Arruda acabou desfiliando- se. “É injusto e um equívoco completo achar que é um prazo longo levar apenas oito dias para se expulsar o único governador do partido”, afirma.