A alta demanda por mão de obra em Três Lagoas tem possibilitado a abertura de oportunidades de capacitação, trabalho e renda também para aqueles que estão encarcerados, cumprindo pena nos presídios do município, ou que passam por programa de reabilitação devido à dependência química.
A avaliação é de que falta mão de obra em todos os setores, mas dois deles, a construção civil e o setor têxtil e de confecção, são os mais atingidos. No caso deste último, os proprietários calculam que sobram vagas suficientes para abrigar 30% a mais de pessoal. Levando em conta que o setor, em Três Lagoas, emprega 2 mil pessoas, é possível dizer que faltam pelo menos 600 profissionais.
A empresa Sultan Indústria Têxtil, que produz enxovais, recorreu ao presídio feminino, para suprir a mão de obra que falta. Assim, 20 das 42 detentas que cumprem pena – 85% por tráfico de drogas – estão sendo treinadas pelo Senai, dentro da própria unidade prisional e com equipamentos da empresa.
O convênio para o treinamento foi assinado pela prefeitura, empresa Sultan, diretoria do presídio e por Sérgio Longen, presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), na presença da vice-governadora, Simone Tebet, na semana passada, mas a capacitação já está em andamento. As internas receberão três quartos do salário mínimo vigente, o equivalente a R$ 400,00 mensais, pela confecção de roupa de cama e mesa. Além disso, para cada três dias trabalhados, conquistarão um dia de redução da pena.
No presídio feminino, outras seis internas trabalham para a empresa Health Nutrição, prestando serviços na cozinha, com salários também de três quartos do salário mínimo.
No setor da construção civil, que projeta empregar pelo menos oito mil operários neste ano, em Três Lagoas, o Senai também tem oferecido chances a pessoas deslocadas do mercado de trabalho por problemas com dependência química. Internos da ONG Desafio Jovem Peniel, que atende homens de várias idades que passam pelo programa de recuperação da dependência de álcool e drogas, estão sendo treinados para as áreas de armador, pedreiro, elétrica e hidráulica, tendo já encerradas duas turmas de carpintaria de formas e armador, com 20 vagas cada.
“Quando eles concluírem o tratamento, estarão prontos para trabalhar e terão vagas quase que garantidas, porque o mercado está com escassez demão de obra qualificada. É uma perspectiva para que não voltem à dependência”, afirmou o pastor Marcos Rogério Martins Araújo, diretor da casa de recuperação.
Outra medida para capacitar mão de obra de apenados foi anunciada na semana passada, quando a prefeitura repassou R$ 200 mil para que o Conselho da Comunidade construa um galpão para treinamento profissional no presídio semiaberto da cidade. O projeto é mediado pelo Ministério Público, visando dar ocupação aos presos ao mesmo tempo em que são capacitados para a reinserção social. Ainda não foi definida a instituição que fará as capacitações, mas a obra do galpão será executada por presos do regime fechado. Atualmente, cerca de 200 pessoas são condenadas ao regime semiaberto no município.