Há pelo menos três anos a diarista Maria Virginia da Rocha, de 64 anos, buscava junto à prefeitura evitar que a árvore em frente a sua casa destruísse o lar em que vive com o esposo e a filha, na Rua Elpídio Espíndola, no Jardim das Nações. A casa com dois quartos, sala e sozinha foi destruída por volta das 11h desta quarta-feira (5) durante as fortes chuvas que atingiram grande parte da Capital.
A queda do pé de Guapuruvu de aproximadamente 10 metros destelhou grande parte da residência que foi amplamente danificada, sobretudo no quarto da filha, como relatou Maria ao Correio do Estado.
"Perdi tudo, apesar disso, o meu quarto não foi atingido tanto quanto o da minha filha, onde a queda das telhas destruiu a cama e todo o guarda-roupa", declarou a diarista. Apesar das perdas materiais, nem ela, o marido e a filha foram atingidos pela queda dos galhos.
No momento em que a árvore caiu, Maria Virgínia faxinava a casa de uma de suas vizinhas, enquanto sua filha foi "salva" por atender uma de suas netas que estava no portão da casa.
À reportagem, ela detalhou que sentiu necessidade de ligar para a filha durante a forte chuva, feito que foi interrompido por seu marido, que já estava no portão do seu local de trabalho, justamente para avisar sobre o ocorrido.
"Senti que deveria ligar para minha filha. Ligava e ela não atendia, então eu me desesperei, quando vi o meu marido no portão do meu local de trabalho, ele veio justamente para avisar sobre a queda da árvore", falou. ,
Os objetos foram removidos pelo Corpo de Bombeiros. Galhos e paus também destruíram parte da casa de Adriano Barboni, idoso de 70 anos, motorista aposentado.
Como detalhou, a família buscava evitar que a grande árvore pudesse destruir a casa, adquirida em 2006 por meio da Agência Municipal de Habitação (Ehma). Desde 2022, Maria busca ajuda junto da prefeitura municipal, que conforme relatou, sempre se dispôs a solucionar o problema, entretanto, sem nenhum retorno efetivo.
Prejuízo
Além de Maria, o trabalhador autônomo Luiz Carlos de Lima, perdeu o trailer em que vendia frutas na Avenida Gunter Hans. O espaço de trabalho e o Volkswagen Santana que utilizava para comprar as frutas foram completamente destruídos após uma árvore atingir ambos por volta das 11h. Preocupado, disse não saber o que iria fazer neste momento, já que o espaço era alugado por R$ 200 e foi completamente prejudicado pela chuva e fortes ventos.
"Em relação a mercadoria, acredito não ter perdido nada, mas em relação ao trailler e meu carro, o prejuízo foi de pelo menos R$ 20 mil", destacou.
Chuvas
Após os estragos causados pela chuva, a Prefeitura Municipal de Campo Grande colocou equipes nas ruas para contenção de danos nesta quarta-feira (5), em diversos pontos da cidade.
As equipes estão atuando na remoção de árvores caídas e prestando suporte a famílias que residem em áreas de vulnerabilidade social, apoio que será mantido por pelo menos mais um dia.
O Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec) informou que, em apenas vinte e cinco minutos, o volume de chuva que atingiu a Cidade Morena chegou a 27,5 milímetros, com ventos de até 88,9 quilômetros por hora.
Estrutura
Por determinação da prefeita Adriane Lopes, equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), da Agência Municipal de Habitação (Emha), da Agência Municipal de Trânsito (Agetran), da Defesa Civil e de outros órgãos municipais estão envolvidas na operação de rescaldo, que não tem hora para terminar.
"Já temos equipes nas ruas e atuando em parceria. De domingo até hoje, já registramos mais de 50 chamados apenas pela Defesa Civil", ressalta o coordenador municipal de Proteção e Defesa Civil, Enéas de Carvalho Netto.
Segundo informações do Executivo municipal, a Central 156 recebeu em torno de 40 solicitações referentes à queda de árvores.
Além disso, a cidade segue em alerta laranja devido à possibilidade de novas tempestades nas próximas 48 horas.
Reconstrução
Além da remoção de árvores caídas, o trabalho envolve a distribuição de lonas para proteção imediata de telhados danificados.
A Agetran deslocou equipes para atuar em pontos críticos ainda durante o temporal, principalmente em locais com risco de acidentes por queda de árvores ou acúmulo de água na pista.
Restabelecimento de serviços
Equipes de sinalização e manutenção semafórica seguem trabalhando para restabelecer os semáforos afetados.
Em alguns trechos, a falta de energia elétrica ainda impede o pleno funcionamento dos equipamentos, o que deve ser normalizado tão logo o fornecimento seja restabelecido pela concessionária responsável.
A prefeita Adriane Lopes determinou que todas as equipes permaneçam mobilizadas até que as situações emergenciais sejam solucionadas e o atendimento à população seja feito com prioridade.
*Saiba
De acordo com a Tenente do Corpo de Bombeiros, Edilene Borges, em 24 horas, a corporação atendeu ao menos 50 ocorrências no último domingo (2). "De domingo pra cá, nós recebemos vários chamados. Porém, a gente vai atendendo conforme a prioridade, sempre orienta a pessoa a fazer essas folgas de emergência, se tiver uma árvore acrescentando risco, já tentar remover", declarou.






