Cidades

CAMPO GRANDE

Educação 'investiga' caso de agressão contra aluno autista na rede municipal

Semed diz que adolescente com TEA nível 3 foi agredido durante período de atestado da profissional de apoio especializado

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Após vir à tona episódios de violência contra um aluno autista, o adolescente Yan Gabriel de 13 anos, estudante da Rede Municipal de Ensino (Reme), a pasta da Educação em Campo Grande afirma que está "apurando" a situação junto à família e à escola. 

Diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3, a última gota d'água para a mãe de Yan foi o achado de um corte no braço do adolescente quando Ana Paula Aparecida Pereira foi buscá-lo após mais um dia de aula, na escola Nerone Maiolino.

Ao Correio do Estado, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) confirma o registro da ocorrência na última terça-feira (04), que segundo a Pasta envolveu a mãe de um aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e uma servidora da unidade.

Conforme a Semed, a profissional que seria encarregada dos cuidados de Yan na unidade escolar localizada no bairro Vida Nova, neste dia específico, estaria de atestado. 

Sendo que a Pasta aponta que na terça-feira (04) em que Yan foi agredido ele estaria sob os cuidados de  uma assistente educacional inclusiva, a Semed afirma que nenhum intercorrência teria sido registrada ainda durante o período de aula. 

"Ao final do turno, a responsável compareceu à escola trazendo a questão, que foi registrada em ata", cita em complemento a nota da Secretaria Municipal de Educação da Capital.

Além disso, a Semed diz ser contra qualquer forma de violência, com o caso sendo acompanhado atualmente pelos setores responsáveis, de forma a assegurar a "proteção do aluno, o respeito aos profissionais e o compromisso permanente com o acolhimento e a integridade de toda a comunidade escolar", diz.

Abaixo, você confere na íntegra a posição da Semed sobre a agressão ao aluno autista em escola da Reme: 

A Secretaria Municipal de Educação informa que, no dia 4 de novembro de 2025, foi registrada uma ocorrência na Escola Municipal Nerone Maiolino envolvendo a mãe de um aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e uma servidora da unidade.

O aluno é acompanhado por uma profissional de apoio especializado, que nesta data encontrava-se em atestado médico, sendo substituída por uma assistente educacional inclusiva. Durante o período de aula, não houve registro de intercorrências.

Ao final do turno, a responsável compareceu à escola trazendo a questão, que foi registrada em ata.

A SEMED esclarece que repudia qualquer forma de violência e acompanha o caso por meio dos setores competentes, assegurando a proteção do aluno, o respeito aos profissionais e o compromisso permanente com o acolhimento e a integridade de toda a comunidade escolar.

Entenda

Segundo repassado pela mãe do adolescente autista, Ana Paula explica que Yan estuda no período matutino, com o próprio filho tendo indicado o ferimento e sinalizando alguns arranhões e marcas de unha na pele. 

Ana diz que segue em luta no que chama de "saga da mãe atípica", pois não é a primeira vez durante esse ano letivo que seu filho aparece com marcas na região do braço, que ela aponta ser compatível com hematomas de quem foi segurado à força ou puxado. 

"Meu filho é privado às vezes de um recreio, de uma convivência maior, não participa das coisas e apresentações... Eles pegam, quando vai fazer uma atividade, vai lá e tira três, quatro, meia dúzia de fotos para dizer que o Yan participou e já retira ele também", relata. 

Ao Correio do Estado, a genitora detalhou que no dia que percebeu a violência só saiu da escola após acionar a polícia, registrando um boletim de ocorrência de maus tratos qualificado, uma vez que o crime teria sido praticado contra pessoa menor de 14 anos. 

"Eu pedi um celular na escola, ninguém me arrumou nem sequer um telefone, nem da escola. Com muito custo, eu consegui ligar e só sair de lá com a polícia, porque se eu tivesse ido pra minha casa, a conversa ia ser outra. Porque a polícia é testemunha também que eu estava saindo da escola com meu filho daquele jeito. Aí, segui todos os trâmites. Delegacia, Corpo Delito, Conselho... para ver se esse quadro muda a minha esperança", confessa.

Ana Paula expõe que, muitas mães atípicas às vezes não encontram forças para levar em frente as agressões que seus filhos sofrem, mas teme que esses episódios evoluam e algo mais grave aconteça. 

"Hoje é um arranhão, amanhã falta um dente, depois é um empurrão que pode lançar a cabeça do meu filho contra o solo... Eu temo pela vida do meu filho nessa escola. Tenho medo de uma hora quererem matar o Yan, mas tenho que levá-lo na escola", diz. 

Feito o exame de corpo de delito, a mãe destaca que a própria médica legista confirmou que nesse caso o ferimento era compatível com cortes provocados por unhas.

Já junto ao Conselho Tutelar, Ana foi orientada de que o órgão buscaria um parecer da diretora, mas comenta o temor de que a unidade escolar apenas conte uma "história triste" e  uma "desculpa esfarrapada" sem que as coisas mudem de fato.

"Não é de hoje que eu pego meu filho com marcas, ele é autista não verbal e disseram que meu filho fala palavrão na escola, sendo que ele não fala nem mãe. Eles não tem argumento... 'ah, o guri estava agitado e segurei o braço dele', segurar é uma coisa, cravar a unha é outra", diz. 

Enquanto mãe, ela conta que a escola já chegou a sugerir que uma professora ministrasse aulas para Yan em casa, o que ela diz que não irá aceitar uma vez que esse é o desejo da escola. 

"Não vou tirar o Yan dessa escola, é isso que eles querem, que eu desista, que eu fale que não vou trazer mais, não querem ele na escola. Falei não! Ele vai na escola, vai brincar, porque se eu receber a professora duas vezes na semana na minha casa, cadê a proposta pedagógica? Cadê a tal da inclusão? Ele não é igual a todos, por quê tem que ir para casa?", questiona. 

Através do setor de comunicação da Prefeitura de Campo Grande, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) foi procurada para prestar esclarecimentos, bem como evidenciar a posição da Escola e do corpo responsável pela unidade, porém, até o fechamento da matéria não foi obtido retorno. 

Problemas há tempos

Há aproximadamente dois anos, na mesma Escola Municipal Nerone Maiolino, Yan já havia sido alvo de maus-tratos e falta de cuidados diante da ausência de assistente educacional inclusivo. 

De marcas de unha pelo corpo; não deixar a criança brincar no intervalo; encontrar o filho trancado no banheiro com a professora e até todo defecado, as reclamações se acumulam. 

Entre 2022 e 2023, a Rede Municipal de Ensino registrou um salto de 3,2 mil alunos com algum tipo de deficiência para mais de quatro mil estudantes entre um ano letivo e outro. 

Porém, no que diz respeito ao total de alunos autistas no período, nota-se uma redução de 1,4 mil estudantes diagnosticados com TEA em 2022 para 1.277 em 2023.

Na época, a saga por uma educação de qualidade teve um triste episódio de descaso, quando Ana encontrou seu filho todo defecado ao buscar a criança na escola. 

"Fui pegar meu filho e ele estava todo 'cagado', com fezes até no cabelo, na orelha. Eles tentaram limpar meu filho, trocaram ele com a roupa que mando na mochila, mas o despreparo é nítido", comentou.

Sobre o episódio de encontrar o filho defecado, através da Semed, a direção da unidade escolar justificou à época que a situação aconteceu próximo ao horário da saída, e o aluno foi levado para o banheiro, momento em que a mãe chegou para buscá-lo, conforme o texto.

Ainda, a nota da Semed aponta que: "conforme relatado pela escola, a professora estava acompanhada de outra profissional que a auxiliava no momento em que realizava a higiene do aluno".

"É a coisa mais triste você ir buscar seu filho na escola e ele todo cheio de merd*. Disseram que deram um banho, porque eu mando roupa reserva, mas que ele tinha feito na sala e foi tirando a roupa, pisando em tudo. Pelo que eu sou mãe eu sei, ficou muito tempo com as fezes e ele começou a enfiar a mão na roupa e jogar para fora, a ficar nervoso e pisotear. Já fui pegar meu filho até ensanguentado, tem uma marca na testa que derrubaram ele e não sei nem como. E eu tive que me virar, para levar no posto, no médico, tem a cicatriz até hoje", conclui a mãe.

 

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Fiscalização

Sefaz-MS envolve ícone global da joalheria em possível fraude milionária

Designer Ara Vartanian e advogado Augusto de Arruda Botelho, pedem à Justiça para impedir inquérito criminal sobre subfaturamento de joias em Mato Grosso do Sul

13/12/2025 05h00

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian Site oficial/reprodução

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O economista e joalheiro Ara Vartanian, sócio da Avartanian Comércio Ltda., ingressou com habeas corpus na Justiça de Mato Grosso do Sul para barrar a abertura de inquérito policial no qual poderá ser investigado por fraude tributária contra o fisco estadual.

O fisco sul-mato-grossense flagrou, em 1º de outubro deste ano, a empresa de Vartanian enviando joias com valor subfaturado para Cuiabá (MT). Na nota fiscal do carregamento, constavam 126 peças de joias avaliadas em R$ 1,9 milhão, mas, após contagem física realizada por auditores tributários da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul, verificou-se que o carregamento, na verdade, continha 248 peças de joias de alto padrão, avaliadas em R$ 22,6 milhões.

Para piorar, a empresa em Cuiabá que seria o destino das joias, a Fernando S. Perez Lerez Ltda., não possuía em seus registros qualquer vínculo com o comércio de joias ou de metais preciosos. A atividade principal da empresa é o comércio de móveis e, a secundária, a representação comercial.

Diante da constatação dos auditores tributários de Mato Grosso do Sul, a nota fiscal foi considerada inidônea. A Avartanian tentou, 12 horas após a apreensão, utilizar uma nova nota fiscal, desta vez com a discriminação correta dos produtos, mas já era tarde demais.

Em novembro último, o superintendente de Administração Tributária da Sefaz-MS, Bruno Gouveia Bastos, enviou notícia-crime à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações Falimentares e Fazendários (DEDFAZ), da Polícia Civil, para a abertura de inquérito criminal pela prática de crime tributário.

“Sobreleva ressaltar que os atos e fatos caracterizadores da infração tributária de que decorre a notícia-crime ultrapassam, em termos de gravidade, as fronteiras da própria infração, porquanto se tratam de evidências de fraude e de ilícitos fiscais tributários que adentram o campo do crime contra a ordem tributária”, argumentou o superintendente.

No mesmo documento, Bastos pede que a Polícia Civil desvende a real natureza e a finalidade da operação envolvendo o transporte das joias e identifique os partícipes envolvidos — inclusive eventuais beneficiários ocultos — na suposta fraude e nos possíveis ilícitos fiscais tributários.

O superintendente ainda solicitou que a Polícia Civil apure a possível existência de outros atos ou fatos da mesma natureza, ou até mesmo a ocorrência de um “esquema estruturado”.

Assinatura do pedido

O habeas corpus ajuizado por Ara Vartanian é assinado pelo advogado Augusto de Arruda Botelho, que ganhou notoriedade por integrar o Grupo Prerrogativas, formado por advogados de viés progressista.

Mais recentemente, Botelho voltou ao noticiário após viajar no mesmo jatinho que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli para Lima, no Peru, onde ambos assistiram, no mês passado, à final da Copa Libertadores da América entre Palmeiras e Flamengo.

A final ocorreu poucos dias antes da decisão de Toffoli de concentrar em seu gabinete as decisões para ampliar o sigilo da investigação da Polícia Federal sobre fraudes de bilhões de reais no Banco Master. Botelho é advogado de um dos envolvidos na investigação.

No caso do designer de joias Ara Vartanian, Botelho pede que a investigação sequer seja aberta pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele ancora seu pedido na Súmula Vinculante nº 24, que estabelece que crimes contra a ordem tributária somente se consumam com a constituição definitiva do crédito tributário, o que, segundo ele, não seria o caso da notícia-crime.

Por isso, no pedido de habeas corpus, Botelho alega que seu cliente foi submetido a constrangimento ilegal. O pedido foi distribuído ao Núcleo de Garantias da comarca de Campo Grande. Ainda não houve decisão.

O joalheiro

Ara Vartanian é um dos nomes mais respeitados e reconhecidos da joalheria contemporânea brasileira, com projeção internacional. Fundador da marca que leva seu nome, ele construiu uma assinatura própria ao romper padrões tradicionais da alta joalheria, criando peças autorais marcadas por design arquitetônico, inovação estética e uso ousado de gemas.

Seu trabalho ganhou destaque mundial especialmente pela releitura dos anéis de diamantes negros e pelo uso de cortes e cravações não convencionais, que ajudaram a reposicionar a joalheria brasileira no circuito global de luxo.

Formado em joalheria em instituições internacionais e herdeiro de uma tradição familiar no setor, Ara Vartanian transformou o ateliê em São Paulo em um laboratório criativo que dialoga com arte, moda e arquitetura. Suas joias são usadas por celebridades e vendidas em mercados estratégicos como Estados Unidos, Europa e Ásia, consolidando sua reputação como referência global em alta joalheria autoral.

Mais do que criar peças, Ara é visto como um inovador que ampliou os limites estéticos da joia, tornando-se um ícone da joalheria contemporânea.

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Cidades

Petroleiros mantêm início da greve nacional dos petroleiros para a segunda-feira, 15

A Petrobras diz que respeita o direito de manifestação dos empregados

12/12/2025 22h00

Crédito: Fernando Frazão / Agência Brasil

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos reafirmaram nesta sexta-feira, 12, que está mantida a deflagração de uma greve nacional a partir da zero hora de segunda-feira, 15. A Petrobras disse que segue aberta à negociação.

A decisão foi tomada na última quarta-feira, após a apresentação, pela companhia, de uma segunda contraproposta para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), considerada insuficiente pelas entidades que representam a categoria. O comunicado de greve foi enviado à empresa nesta sexta.

A Petrobras diz que respeita o direito de manifestação dos empregados e, em caso de necessidade, adotará medidas de contingência para a continuidade de suas atividades.

Divergência

A FUP diz que o ACT não avança nos três pontos centrais discutidos desde o início das negociações e, por isso, os sindicatos notificarão nesta sexta a empresa sobre a paralisação A agenda de reivindicações inclui os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.

A FUP e seus sindicatos afirmam que, além de não apresentar respostas conclusivas sobre o tema, debatido há quase três anos com o governo e entidades de participantes, a Petrobras não trouxe soluções consistentes para outras pendências acumuladas durante o processo de negociação.

A proposta de aprimoramento do plano de cargos e salários e garantias de recomposição sem aplicação de mecanismos de ajuste fiscal e o fortalecimento da Petrobras são os outros dois pontos que motivam a paralisação.

Desde a quinta-feira, um acampamento foi montado em frente ao prédio da Petrobras no Rio de Janeiro. A estatal diz manter um "canal de diálogo permanente com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas promovidas".

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