O homem de 36 anos, que assassinou brutalmente sua própria irmã, Renata Andrade de Campos Widal, de 39 anos, em Campo Grande (MS), foi preso em flagrante e confessou o crime, alegando questões familiares como motivação. O crime aconteceu por volta das 16h30, da última sexta-feira (22), na casa em que a família morava, localizada no Jardim Centenário, em Campo Grande.
A brutalidade com que o homem agiu chocou tanto os moradores quanto os agentes que atenderam à ocorrência. Isso porque, após uma discussão, o autor teria atingido a vítima com socos. Quando ela desmaiou, ele desferiu pedradas contra ela. Para "finalizar", serrou seu pescoço utilizando um serrote.
"Ela foi morta de uma forma muito brutal. Ele usou uma pedra muito grande e a golpeou várias vezes no rosto até desfigura-la", relatou a delegada Rafaela Lobato, durante a coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje (23), na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).
Ainda de acordo com a delegada, após cometer o crime, o irmão da vítima tomou banho e chegou até a deixar a residência, para onde retornou pouco depois. Foi a mãe de ambos que acionou a Polícia, ao chegar em casa e se deparar com o corpo da filha.
Inicialmente, quando ainda estava no local do crime, o autor criou versões sobre o ocorrido, alegando que a casa teria sido invadida. Durante perícia, a Polícia identificou uma peça de roupa do homem coberta de sangue, e a prisão em flagrante foi decretada.
Durante depoimento, já na Delegacia Especializada, o homem confessou o crime. Testemunhas teriam apontado ainda que o autor fazia o uso de entorpecentes, fato que, segundo a delegada, ainda precisa ser apurado. De qualquer forma, Lobato avalia que ele se mostrou consciente de seus atos durante a oitiva.
Segundo ele, a motivação para o crime, além da discussão, teria sido questões familiares anteriores. Apesar das tentativas de justificar o crime durante o interrogatório, a delegada afirmou que as "desculpas" utilizadas para tal crime não cabiam na brutalidade do caso.
"Na minha percepção, ele estava consciente [quando cometeu o crime], porque ele tomou o banho, ele esteve na casa, ele elaborou uma história estrategicamente para que não seja culpabilizado", opinou a delegada.
A mãe do autor e da vítima foi ouvida inicialmente no local e posteriormente na delegacia. Em seu relato, ela afirmou que o filho poderia sim ter sido o autor, já que ultimamente ele estava muito agressivo.
Terceiro feminicídio em uma semana em MS
Renata foi a terceira vítima de feminicídio em um período de dois dias em Mato Grosso do Sul.
Na quinta-feira (21), Givanilda de Paula, de 41 anos, foi morta a tiros pelo ex-marido ao chegar em um velório, realizado no bairro Santa Luzia, em Três Lagoas.
Na noite de sexta-feira (22), Dayane Xavier da Silva, de 29 anos, foi morta a facadas pelo marido. Segundo testemunhas, eles teriam se desentendido ao chegar em casa, após beberem em uma conveniência. Dayane deixa três filhos, de um, cinco e oito anos.
HISTÓRICO
Em 2023, 30 mulheres foram vítimas de femincídio no Estado. O ano anterior, 2022, havia sido o recorde no número de casos desde que a lei foi instituída, em 2015. Foram 44 vítimas registradas no sistema da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp).
Em 2021, o Estado registrou 37 feminicídios. No ano de 2020, 41 mulheres foram mortas por serem mulheres. Em 2019, foram 30 vítimas; e em 2018, 36.
Fonte: Sejusp
Em 2017, o número de vítimas foi de 33 mulheres. No ano de 2016, o Estado computou 36 feminicídios, e em 2015, 18.
DENUNCIE
Sem sair de casa:
Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher faz uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.
O serviço também fornece informações sobre os direitos da mulher, como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso: Casa da Mulher Brasileira, Centros de Referências, Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam), Defensorias Públicas, Núcleos Integrados de Atendimento às Mulheres, entre outros.
A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. São atendidas todas as pessoas que ligam relatando eventos de violência contra a mulher.
O Ligue 180 atende todo o território nacional e também pode ser acessado em outros países.
Registre a denúncia no site da Polícia Civil
Se não puder sair de casa ou usar o telefone, acesse o site www.pc.ms.gov.br, clique no link “B.O. ONLINE – DELEGACIA VIRTUAL” e, no Serviço ao Cidadão, clique em “REGISTRAR DENÚNCIA – Violência contra a mulher”, preencha os campos com as informações solicitadas (você não precisa se identificar). Nesse canal, também é possível fazer denúncia de violência contra criança e de violência contra pessoa idosa.
É possível também fazer a denúncia online na Polícia Civil, por meio de aparelho celular, no aplicativo MS DIGITAL, no ícone Segurança. O aplicativo está disponível nas nas lojas virtuais para versões IOS e Android, o MS Digital foi desenvolvido para reunir o máximo de serviços públicos, ocupando pouco espaço nos aparelhos celulares.
SE PUDER COMPARECER À UMA DELEGACIA, você fará o registro do boletim de ocorrência, narrando os fatos para a autoridade policial e dando início à investigação criminal.
Em Campo Grande, em caso de violência contra meninas (menores de idade) ocorrida no período noturno ou finais de semana, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), localizada na Casa da Mulher Brasileira, faz o atendimento e posterior encaminhamento para a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DEPCA) .
CASA DA MULHER BRASILEIRA
Casa da Mulher Brasileira instalada em Campo Grande completou 8 anos em 3 de fevereiro de 2023. Inauguarada em 2015, o local é a primeira Casa da Mulher Brasileira criada no país.
Em 8 anos de funcionamento, a instituição acolheu 108.248 mulheres e realizou 917.585 atendimentos, entre encaminhamentos e retornos.
O local oferece acolhimento de mulheres e filhos, triagem, serviço de saúde, hospedagem temporária, apoio psicossocial, delegacia, juizado, Ministério Público, Defensoria Pública, promoção de autonomia econômica, atenção com os filhos da mulher como brinquedoteca, alojamento de passagem e central de transportes.
Órgãos do governo do Estado e prefeitura estão vinculados a Casa da Mulher Brasileira, como Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), Secretaria de Assistência Social (SAS), Centro de Referência da Saúde da Mulher (CEAM), Casa Abrigo, Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL), Polícia Militar (PMMS), Polícia Civil (PCMS), entre outros.
De acordo com a subsecretária de políticas para as mulheres de Campo Grande, Carla Stephanini, para baixar índices de feminicídio, é preciso uma consciência social coletiva, de que não podemos conviver em sociedade com a violência doméstica.
"É importante dizer que, ainda assim, nós sabemos que há uma subnotificação da violência doméstica e familiar e da violência contra as mulheres. Os nossos números são expressivos, são superlativos, sim, mas assim como o nosso compromisso de manter o bom funcionamento da Casa da Mulher Brasileira. Dessa forma promovemos a dignidade das nossas mulheres", disse a subsecretária em 3 de fevereiro de 2023.
A Casa da Mulher Brasileira está localizada na rua Brasília, Jardim Imá, em Campo Grande, próxima ao Aeroporto Internacional da Capital.
O local funciona 24 horas, inclusive em finais de semana e feriados. O telefone para contato é o (67) 2020-1300.


