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Em MS, assédio eleitoral, casos de racismo e discriminação tornam-se recorrentes

Polícia Civil e Ministério Público conduzem apuração de situações registradas em ao menos seis municípios do Estado

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A polarização extrema na eleição deste ano, principalmente em torno da definição para presidente, gerou repercussões negativas para o comércio em ao menos seis cidades de MS, além de investigações conduzidas pela Polícia Civil e o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).

Casos de assédio eleitoral, racismo, discriminação e crime em relações de consumo entraram na lista de apurações e geraram embates.

Os problemas com maior repercussão ganharam notoriedade entre a noite de domingo (30 de outubro), após o resultado do segundo turno da eleição, e esta sexta-feira e foram registrados em Campo Grande, Dourados, Costa Rica, Maracaju, Nova Andradina e Corumbá. 

Em todos esses municípios há relação de denúncias formais feitas à polícia ou diretamente ao Ministério Público para que sejam apurados os fatos. 

Os atos relacionados às reclamações formais estão ligados a pessoas que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva. 

O resultado apertado das urnas (50,90% para Lula, contra 49,10% para Bolsonaro) fomentou mais ainda os ânimos dos bolsonaristas. A diferença nominal foi de 2.139.645 votos, o que corresponde a menos de 2% do eleitorado que votou neste segundo turno.

Conforme apurado na Polícia Civil, os casos que foram registrados estão sendo investigados e, se houver materialidade, vão ocorrer denúncias ao Ministério Público. Já por parte do órgão fiscalizador, o Núcleo Eleitoral do MPMS está voltado para analisar todas as denúncias que forem feitas, principalmente envolvendo os casos que podem atrapalhar o comércio local. 

“O Ministério Público está analisando caso a caso se há algum crime. Cada pessoa ou comércio atingido pode ingressar diretamente com ação judicial para defender seus direitos, sem prejuízo”, apontou o promotor de Justiça do Núcleo Eleitoral, Moisés Casarotto.

Nessa lista de casos de violência e ataques, o mais recente envolve denúncias ligadas ao diretor clínico do Hospital Regional Francisco Dantas Maniçoba, Ygor José Saraiva, de Nova Andradina. Ele alegou que quem votasse no PT não seria atendido por ele.

“O MPMS instaurou um inquérito civil para apurar a situação. No entanto, não será possível dar detalhes, para não atrapalhar o andamento do caso”, divulgou MPMS.

Ainda foi registrada ocorrência ligada à atitude de um adolescente. Em Corumbá, desde o domingo à noite, o vídeo de uma estudante de escola particular, bolsista, viralizou por conta dos xingamentos proferidos. 

A jovem, de 15 anos, destilou falas de cunho xenofóbico e racista contra grupos sociais e pessoas que foram caracterizadas pelo eleitorado bolsonarista como defensores de Lula e responsáveis por votação que derrotou o presidente nas urnas. “Odeio pobre, nordestino, arrombado tem que morrer”, foi uma das falas da adolescente.

O vídeo da adolescente foi feito em um bar famoso de Corumbá e acabou ganhando várias telas de celulares pela cidade. A repercussão foi tão grande que o colégio onde ela estuda decidiu emitir nota para desvincular a imagem do ocorrido da instituição, que está ligada à Igreja Católica.

“Não apoiamos qualquer ato discriminatório ou xenofobia, repudiamos qualquer ação do tipo. Educação e respeito começam em casa. Cada um é responsável pelo que fala e faz”, detalhou o comunicado do Colégio Salesiano de Santa Tereza, que fica no Centro de Corumbá.

INVESTIGAÇÃO

A Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e Idoso de Corumbá (Daiji) recebeu a denúncia e instaurou ato infracional ligado a racismo. O caso já foi concluído e encaminhado para o Ministério Público local analisar.

Depois do registro policial e da repercussão negativa, a estudante fez um vídeo, de 1 minuto 28 segundos, de retratação e publicou em redes sociais. 

“Venho pedir desculpas, minhas sinceras desculpas a todas as pessoas e a todo mundo que se sentiu ofendido, principalmente aos nordestinos, que eu mencionei. Quero dizer que eu errei, sim, mas somos todos humanos, todo mundo erra. A vida é assim, feita de erros e acertos. [...] Não é essa a educação que eu recebo dentro de casa, tampouco da instituição que foi exposta. Não desejo a morte de ninguém, jamais. Não foi algo do fundo do meu coração que eu quis dizer, foi no calor do momento”, alegou a jovem, que nesta semana não compareceu às aulas.

Além da estudante, um professor do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul em Nova Andradina também foi gravado questionando o processo eleitoral e ressaltando a ditadura militar, o que gerou críticas e nota oficial do órgão. 

Conforme o IFMS, foram iniciados os trâmites para apurar a conduta do professor por meio da Comissão de Ética e do Núcleo de Apoio à Correição.

“Eu tenho 46 anos, lembro pouco da era da ditadura militar, mas meus pais, meus avós, você pergunta para quem quiser da ditadura militar – a entre aspas ditadura militar –, quem trabalhou, quem não fazia bagunça, foram os melhores anos das vidas deles, 90% é a favor”, discursou. (Colaborou Rodolfo César)

Consequências

Conforme apurado pelo Correio do Estado na Polícia Civil, os casos que foram registrados em seis cidades de Mato Grosso do Sul como assédio eleitoral, racismo e xenofobia estão sendo investigados. Se houver materialidade, vão ocorrer denúncias ao Ministério Público.

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Petroleiros mantêm início da greve nacional dos petroleiros para a segunda-feira, 15

A Petrobras diz que respeita o direito de manifestação dos empregados

12/12/2025 22h00

Crédito: Fernando Frazão / Agência Brasil

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos reafirmaram nesta sexta-feira, 12, que está mantida a deflagração de uma greve nacional a partir da zero hora de segunda-feira, 15. A Petrobras disse que segue aberta à negociação.

A decisão foi tomada na última quarta-feira, após a apresentação, pela companhia, de uma segunda contraproposta para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), considerada insuficiente pelas entidades que representam a categoria. O comunicado de greve foi enviado à empresa nesta sexta.

A Petrobras diz que respeita o direito de manifestação dos empregados e, em caso de necessidade, adotará medidas de contingência para a continuidade de suas atividades.

Divergência

A FUP diz que o ACT não avança nos três pontos centrais discutidos desde o início das negociações e, por isso, os sindicatos notificarão nesta sexta a empresa sobre a paralisação A agenda de reivindicações inclui os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.

A FUP e seus sindicatos afirmam que, além de não apresentar respostas conclusivas sobre o tema, debatido há quase três anos com o governo e entidades de participantes, a Petrobras não trouxe soluções consistentes para outras pendências acumuladas durante o processo de negociação.

A proposta de aprimoramento do plano de cargos e salários e garantias de recomposição sem aplicação de mecanismos de ajuste fiscal e o fortalecimento da Petrobras são os outros dois pontos que motivam a paralisação.

Desde a quinta-feira, um acampamento foi montado em frente ao prédio da Petrobras no Rio de Janeiro. A estatal diz manter um "canal de diálogo permanente com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas promovidas".

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Brasil fica entre os 10 países mais violentos do mundo em ranking; veja lista

O levantamento lista as 50 nações com os níveis de violência mais severos e classifica a situação como extrema, de alta intensidade ou turbulenta

12/12/2025 21h00

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O Brasil está entre os 10 países mais violentos do mundo, de acordo com o Índice de Conflito da instituição Armed Conflict Location & Event Data (Acled), divulgado nesta quinta-feira, 11

A Acled é uma organização sem fins lucrativos e independente que monitora, avalia e mapeia dados sobre conflitos e protestos. Ela recebe apoio financeiro do Fundo de Análise de Riscos Complexos da Organização das Nações Unidas (ONU).

O ranking analisa a intensidade dos conflitos em todos os países do mundo com base em quatro indicadores: letalidade, perigo para civis, difusão geográfica e número de grupos armados.

Veja a lista:

1 - Palestina

2 - Mianmar

3 - Síria

4 - México

5 - Nigéria

6 - Equador

7 - Brasil

8 - Haiti

9 - Sudão

10 - Paquistão

O levantamento lista as 50 nações com os níveis de violência mais severos e classifica a situação como extrema, de alta intensidade ou turbulenta. Os dados foram colhidos entre 1º de dezembro de 2024 e 28 de novembro de 2025.

O Brasil aparece na sétima posição, com um conflito classificado como extremo - atrás até da Ucrânia, que enfrenta uma guerra contra a Rússia desde 2022. Segundo o índice, nos últimos doze meses, o Brasil registrou 9.903 eventos de violência política - expressão usada pela Acled para definir o uso da força por um grupo com propósito ou motivação política, social, territorial ou ideológica, incluindo violência contra civis e força excessiva contra manifestantes, por exemplo.

Apesar do resultado negativo, o País caiu uma posição em relação ao levantamento do ano passado. A instituição aponta que a violência de gangues foi um dos fatores que alimentou os conflitos no Brasil.

O mesmo motivo se repete no Haiti, no México e, principalmente, no Equador, que subiu 36 posições em apenas um ano, com mais de 50 grupos armados envolvidos ativamente em atos de violência no período, incluindo quase 40 gangues. "Mais da metade dessas gangues estiveram envolvidas nos mais de 2,5 mil ataques contra civis", afirma a Acled.

Praticamente todas as pessoas na Palestina foram expostas à violência, o que fez do território o pior classificado na lista. "A Palestina também apresenta o conflito geograficamente mais difuso, o que significa que a Acled registra altos níveis de violência em quase 70% da [Faixa de] Gaza e da Cisjordânia", disse a organização. Em letalidade, a região só perde para a Ucrânia e o Sudão. Em segundo lugar no ranking geral está Mianmar, seguido por Síria, México e Nigéria.

No geral, os conflitos se mantiveram em níveis estáveis ??nos últimos 12 meses, com 204.605 eventos registrados no período, contra 208.219 eventos no levantamento anterior. "Esses eventos violentos resultaram - em uma estimativa conservadora - em mais de 240 mil mortes", aponta a Acled.

O ranking é feito com base em dados coletados quase em tempo real pela organização, em mais de 240 países e territórios, ao longo dos 12 meses anteriores à análise.

A Acled também listou 10 países e regiões que, segundo suas projeções, enfrentarão conflitos armados, instabilidade política e emergências humanitárias em 2026. Entre eles estão a América Latina e o Caribe, devido à crescente pressão dos Estados Unidos na região, o que pode alimentar uma maior militarização da segurança e da violência no ano que vem.
 

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