O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) identificou, por meio do Índice Integrado de Seca (IIS), que a seca extrema – a categoria mais grave, considerada excepcional – está predominando no Pantanal neste mês.
O relatório parcial do órgão federal para o mês foi divulgado nesta semana e auxilia a consolidar uma condição que está sendo observada na prática no território.
Ontem, com a contribuição dessa condição de estiagem, mais de 13% do Pantanal foi atingido pelos incêndios florestais, o que equivale a mais de 2,03 milhões de hectares queimados.
O avanço da devastação do fogo atingiu um nível intenso neste mês. No prazo de 20 dias, entre os dias 2 e 22, os números que mostram a evolução do fogo também indicam um aumento de área queimada de 107%.
No começo deste mês, reportagem do Correio do Estado alertou sobre a aproximação do montante de 1 milhão de hectares queimados.
Ainda como comparativo, os dados do Laboratório de Aplicações de Satélites da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ) sinalizaram que demorou sete meses para o fogo queimar perto de 1 milhão de hectares.
Porém, em 20 dias, os incêndios conseguiram avançar neste mês para a marca de 1,05 milhão de hectares.
Como órgão de pesquisa, o Cemaden apontou que o nível de seca atual causa diferentes impactos socioeconômicos e ambientais negativos, ampliando a preocupação não só para o Pantanal, mas também para a Bacia do Rio Paraná, que está em um dos extremos de Mato Grosso do Sul.
“A projeção do Índice Integrado de Seca para agosto deste ano alerta um agravamento da seca em diversas regiões do Brasil, com destaque para Amazonas, Acre, Mato Grosso, Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
Essa situação exige atenção e ações preventivas para minimizar os impactos socioeconômicos e ambientais”, informou o relatório técnico.
“Na Bacia do Rio Paraná, a seca continua se intensificando, variando de severa a extrema em grande parte da região. Esse cenário mantém a área em estado de alerta, demandando medidas estratégicas para mitigar os impactos, especialmente o risco de incêndios”, complementou.
Atualmente, não há uma definição de impacto que aborda o cenário de prevenção dessas condições de estiagem extrema. As medidas a serem tomadas neste momento são de caráter emergencial, a fim de tentar mitigar os impactos negativos que já estão sendo sentidos.
Um deles envolve a fumaça que passa a ser registrada em municípios com maior proximidade aos incêndios.
Em Corumbá e Ladário, ontem, o sol não conseguiu aparecer por conta da densa fumaça que cobriu o céu desde as primeiras horas do dia até noite adentro.
O Ministério do Meio Ambiente colocou em andamento o 2º Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAB) em uma tentativa de dar resposta a esses problemas de estiagem.
Essa ferramenta, que conta com o envolvimento do Cemaden, deve ser ampliada para áreas além do Nordeste, e a Região Centro-Oeste estaria na rota para a questão dos efeitos das secas ser trabalhada.
“Reconhecemos a importância de ampliar o escopo desse plano para além do semiárido, abrangendo todo o território nacional”, afirmou a pesquisadora do Cemaden Ana Paula Cunha, durante evento realizado em junho.
PREJUÍZOS
Outra medida em andamento é incluir na pauta da 22ª reunião ordinária do Conselho Deliberativo do Desenvolvimento do Centro-Oeste, em 12 de setembro, a criação de uma linha de financiamento para mitigar os prejuízos econômicos que empresários do setor de turismo, comércio e serviços, além de pecuaristas, estão tendo com o fogo no Pantanal.
A partir dos incêndios, o turismo sofre pane, por exemplo. A discussão envolve oferecer juros de até 6% ao ano e recurso extra para que seja captado pela iniciativa privada.
Em 2021, após a tragédia dos incêndios do ano anterior, houve a liberação de cerca de R$ 160 milhões.